segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gigante dos mares antigos



Representação artística de uma baleia ‘Leviathan melvillei’ alimentando-se de uma baleia de menor porte. Os dentes dessa espécie indicam que ela era um grande predador e que tinha dieta similar à dos tubarões gigantes (arte: C. Letenneur/MNHN).

Foram encontrados no Peru fósseis de uma baleia de até 18 metros de comprimento que viveu há quase 13 milhões de anos. O cetáceo teria ocupado o topo da cadeia alimentar, alimentando-se de baleias de menor porte e outros vertebrados marinhos.

Por: Larissa Rangel

Publicado em 01/07/2010 | Atualizado em 01/07/2010

Imagine a mordida de um animal cujos dentes medem 36 centímetros de comprimento – um pé de tamanho 54 – e 12 cm de diâmetro. Não conseguiu? Tente visualizar então o encontro com uma baleia do comprimento de uma quadra de vôlei.

Pois essas são algumas das dimensões de uma baleia que viveu entre 12 e 13 milhões de anos atrás na costa do atual Peru. O crânio, a mandíbula e vários dentes dessa criatura gigantesca foram encontrados no deserto Pisco-Ica. Só o crânio mede 3 metros – o comprimento total do cetáceo podia atingir 18 metros. Essas dimensões fazem dela o maior cachalote fóssil de que se tem notícia.

As baleias cachalote foram imortalizadas no livro Moby Dick, do romancista norte-americano Herman Melville (1819-1891). A nova espécie foi batizada de Leviathan melvillei, em homenagem ao escritor. O nome do gênero é derivado de leviatã, termo hebraico usado para designar monstros marinhos gigantes em histórias míticas.

Os dentes dessa baleia sugerem que se tratava de uma espécie predadora, que ocupava o topo da cadeia alimentar do ambiente em que vivia, ao lado dos tubarões gigantes que habitavam os mesmos mares.

Os paleontólogos acreditam que a Leviathan melvillei se alimentava de maneira similar a esses tubarões e às orcas. Suas presas eram provavelmente grandes vertebrados marinhos, como baleias de menor porte.

Nesse aspecto, a espécie encontrada no Peru é bem diferente dos cachalotes modernos, que têm dentes pequenos e se alimentam por sucção, baseando sua dieta em polvos e outros invertebrados marinhos.

Além disso, a Leviathan melvillei tinha dentes nas mandíbulas superior e inferior – nos cachalotes atuais, eles estão presentes apenas na parte inferior.

A nova espécie foi descrita na revista Nature desta semana, em artigo assinado pela equipe de Olivier Lambert, do Real Instituto de Ciências Naturais da Bélgica. Seus fósseis serão expostos no Museu de História Natural de Lima, no Peru. Uma réplica do cetáceo será montada no Museu de História Natural de Roterdã, na Holanda.

Larissa Rangel
Ciência Hoje On-line

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