sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Colisão indica que cratera na Lua tem água e prata

22/10/2010
Agência FAPESP – Mais segredos da Lua acabam de ser revelados graças não a astronautas ou veículos robotizados em contato com a superfície do satélite. Dessa vez, a novidade vem mais de baixo, cortesia de um foguete lançado pela Nasa, a agência espacial norte-americana, para se chocar contra uma cratera.
A missão Lunar CRater Observing and Sensing Satellite (LCROSS) teve duas partes. Inicialmente, o estágio superior e vazio de um foguete atingiu a cratera Cabeus, próximo ao polo sul lunar, em outubro de 2009. Foi seguido por um segundo veículo que analisou os fragmentos ejetados pelo impacto.
A proposta era procurar por água e verificar do que mais é composto o subsolo naquele ponto supergelado, algo nunca antes tentado. Resultados da missão, que se mostrou bem-sucedida, acabam de ser publicados em cinco artigos na edição desta sexta-feira (22/10) da revista Science.
Colisão indica que cratera na Lua tem água e prata
Foguete lançado pela Nasa para se chocar em cratera lunar revela segredos da composição do satélite, descritos em artigos na Science (divulgação)

Em um dos artigos, Peter Schultz, da Universidade Brown, e colegas descrevem que a nuvem levantada pelo choque mostrou que o solo e o subsolo lunar são mais complexos do que se estimava. Não apenas contém água, mas diversos outros compostos, como monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidroxila, amônia, sódio e até mesmo prata.
Os elementos químicos presentes nos grãos do rególito lunar – o manto de detritos que cobre a superfície – fornecem pistas sobre sua origem e como foram parar nas crateras polares, muitas das quais não veem a luz do Sol há bilhões de anos, estando entre os pontos mais frios do Sistema Solar.
Segundo o artigo, os compostos voláteis podem ter se originado dos impactos de cometas, asteroides e meteoroides que castigaram o satélite terrestre durante bilhões de anos. Os compostos depositados no rególito podem ter sido liberados pelos impactos ou serem resultantes do aquecimento pela luz solar, que forneceu a energia suficiente para que se deslocassem até os polos, onde permaneceram presos em frígidas crateras.
O impacto do foguete produziu um buraco com cerca de 25 metros de diâmetro e lançou material desde 1,80 metro de profundidade. A nuvem de detritos gerada pela colisão chegou a cerca de 800 metros acima da superfície da cratera, o suficiente para atingir a luz solar.
O resultado foi que a composição da emissão pôde ser medida por quatro minutos por diversos instrumentos de espectroscopia. O material ejetado chegou a quase duas toneladas.
Apesar do sucesso, Schultz ressalta que a missão trouxe respostas, mas também levantou novas questões. “Trata-se de um arquivo de bilhões de anos, preso em crateras em sombras permanentes. Pode haver ali pistas para a história da Lua, da Terra, do Sistema Solar e de nossa galáxia. E está tudo ali, implorando para que voltemos”, disse.
Desde 1972, com a última missão Apolo, o homem não pisou mais na Lua. Apesar de projetos de retorno das missões tripuladas para além dos ônibus espaciais, não se sabe ao certo quando esse retorno poderá ocorrer.
O artigo The LCROSS Cratering Experiment, de Peter Schultz e outros, e os demais sobre a missão LCROSS podem ser lidos por assinantes da Science (10.1126/science.1187454) em www.sciencemag.org.




  * Aqueles que desejarem o artigo devem enviar mail solicitando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.