segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Terra já teve uma segunda lua, que colidiu com a atual

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GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

A Terra já teve duas luas e, mais de 4 bilhões de anos atrás, elas se chocaram.
A menor levou a pior e acabou esmagada por aquela que vemos no céu até hoje. O incidente, no entanto, deixou marcas: o satélite tem um lado "torto", assimétrico.

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É essa a explicação que uma dupla de cientistas propõe, em artigo publicado nesta quinta-feira, para explicar as enormes diferenças na superfície entre os dois lados do satélite.
Os pesquisadores acreditam que as duas luas se formaram no mesmo evento: uma colisão entre a Terra e um objeto do tamanho de Marte ainda nos primórdios do Sistema Solar.
A grande quantidade de resíduos que esse choque provocou teria dado origem aos dois satélites.
A minilua teria cerca de um terço do diâmetro da atual (1.200 km), mas apenas 4% de sua massa.
Usando simulações e cálculos avançados no computador, os autores do trabalho, publicado na revista "Nature", concluíram que o outro satélite, antes de atingir a Lua, passou milhares de anos convivendo com ela.
A minilua só não foi destruída antes devido à localização estratégica que ela acabou ocupando.
Ela se encontrava no que se chama de órbita troiana: pontos localizados à frente ou atrás da órbita da Lua, em posições onde a gravidade dela e a da Terra estavam equilibradas. Uma área mais "calma" e estável para o desenvolvimento do objeto.
Com o tempo e a expansão da órbita da nossa atual Lua, a trajetória da sua companheira acabou se desestabilizando, e elas colidiram.

Editoria de arte/folhapress
CHOQUE
 
A batida teria acontecido em uma velocidade relativamente baixa. Algo aproximadamente entre 7.200 km/h e 10.800 km/h.
Como a Lua ainda estava "mole" --não havia se solidificado por completo após a formação--, o choque "lento" teria provocado as enormes elevações de mais de 2 km presentes hoje, ao invés de uma grande cratera.
Boa parte do material --que tinha essencialmente a mesma composição do da Lua-- acabou "espalhada" por nosso satélite como uma camada muito espessa.
Com o impacto, o magma (grosso modo, rocha liquefeita) que ainda existia na Lua foi empurrado para o outro lado, o que explicaria por que certos elementos, como o fósforo e o urânio, estão concentrados na crosta.

CRÍTICA
 
"Do ponto de vista da simulação do choque entre as duas luas, o artigo é impecável. O modelo é muito bom. as hipóteses que eles colocam são bem razoáveis", avalia Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional.
Para ele. no entanto, o que ainda precisa de mais esclarecimentos são os modelos orbitais no momento da colisão entre os corpos. "É o elo fraco do artigo. Precisa ser mais esclarecido", avalia o cientista.

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