terça-feira, 29 de maio de 2012

Evolutionary anthropology: Homo 'incendius'

Nature
(2012)
doi:10.1038/nature11195
Published online
An analysis of microscopic and spectroscopic features of sediments deposited in a South African cave one million years ago suggests that human ancestors were using fire much earlier than had been thought.

http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature11195.html?WT.ec_id=NATURE-20120524

Cientistas descobrem mecanismo que coordena abertura da boca de baleias


2012-05-25 10:26


Pesquisadores americanos descobriram como as grandes baleias coordenam os músculos e ossos da mandíbula para abocanhar quantidades enormes de alimento.

Os cientistas do Instituto Smithsonian de Washington descobriram um órgão presente na mandíbula da baleia que, segundo eles, liga os músculos e ossos ao cérebro e possibilita que a baleia abra a boca e engula grandes quantidades de pequenos animais em pouco tempo.
Uma baleia azul, por exemplo, consegue abocanhar de uma vez até 100 toneladas de água cheia de krill, um micro crustáceo parecido com o camarão, em apenas dez segundos.
Escrevendo na revista especializada Nature, o pesquisador que liderou o estudo, Nicholas Pyenson, explicou que as baleias rorquais como a baleia azul, possuem "um dos métodos de alimentação mais extraordinário entre os vertebrados aquáticos".

Pyenson afirmou ainda que o órgão encontrado na mandíbula e que parece facilitar a alimentação da baleia parece com uma estrutura gelatinosa. Esta pode ser a razão de os cientistas nunca terem prestado muita atenção nele, pensando que a estrutura era apenas uma junta preenchida com fluidos entre os dois ossos da mandíbula inferior.

Estrutura complexa

Ao dissecar mais detalhadamente baleias mortas, os pesquisadores americanos encontraram uma estrutura muito mais complexa do que esperavam.

Eles descobriram na parte da frente da ponta da mandíbula inferior uma estrutura cheia de terminações nervosas. A equipe afirma que são sensores que captam sinais da mandíbula quando ela começa a se abrir.
Os nervos do órgão então enviam sinais para o cérebro, desencadeando o sistema de alimentação complexo da baleia.
O estudo foi feito em uma parceria entre os cientistas do Instituto Smithsonian, de Washington, e a Universidade British Columbia e só foi possível pelo fato de a equipe ter acesso a baleias mortas na Islândia.
Baleia fin (arquivo/AP)
Baleia fin foi um dos tipos estudados pelos cientistas
"Conseguimos trabalhar com amostras de tecidos (de baleias) que tinham acabado de morrer. Foi uma oportunidade única de examinar a anatomia destes animais detalhadamente e era isso que sentíamos falta", disse Pyenson.
Os cientistas estudaram as baleias minke e fin, dissecando e usando exames médicos com imagens de alta resolução.

Dez segundos

Pyenson afirmou que a descoberta desta estrutura "respondeu a uma série de perguntas".
"Nos mostrou como eles fazem isso tão rapidamente, coordenando a dilatação da bolsa da garganta com a abertura da mandíbula... e o fechamento da boca para evitar que as presas escapem - tudo em menos de dez segundos", disse.

Por exemplo, uma baleia rorqual, assim como a baleia azul, sente que existe alimento suficiente em suspensão na água e mergulha. Então, em algum momento durante este mergulho, a baleia abre a boca, gira o corpo e acelera para empurrar o krill para dentro da boca.
Uma baleia azul tem ossos esquerdo e direito da mandíbula separados, o que permite a expansão da boca já aberta para aproximadamente três metros de largura. Pregas de pele e gordura abaixo da boca se estendem até a barriga formando uma espécie de caverna que se estica, permitindo a acomodação de um grande volume de água.

Placas de uma estrutura parecida com um pente, que ficam na mandíbula superior da baleia, prendem cerca de 500 quilos de pequenas criaturas marinhas, o que dá, aproximadamente, 500 mil calorias engolidas em apenas uma abertura da boca.
Para Gareth Fraser, da Universidade de Sheffield, na Grã-Bretanha, a descoberta revela uma adaptação única dos mamíferos marinhos e mostra "o quanto ainda temos que descobrir, até sobre os maiores moradores do oceano".

Fonte: www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120524_baleias_mandibula_estudo_fn.shtml

H.W. Fritz, Andreas Kappler, "Encyclopedia of Geobiology"



H.W. Fritz, Andreas Kappler, "Encyclopedia of Geobiology" Sp.,.er | 2011 | ISBN: 1402092113 | 538 pages | PDF | 39,7 MB


 The interplay between Geology and Biology has shaped the Earth from the early Precambrian, 4 billion years ago. Moving beyond the borders of the classical core disciplines, Geobiology strives to identify chains of cause-and-effect and synergisms between the geo- and the biospheres that have been driving the evolution of life in modern and ancient environments. Combining modern methods, geobiological information can be extracted not only from visible remains of organisms, but also from organic molecules, rock fabrics, minerals, isotopes and other tracers. An understanding of these processes and their signatures reveals enormous applied potentials with respect to issues of environment protection, public health, energy and resource management. The Encyclopedia of Geobiology has been designed to act as a key reference for students, researchers, teachers, and the informed public and to provide basic, but comprehensible knowledge on this rapidly expanding discipline that sits at the interface between modern geo- and biosciences.

 
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Homenagem

Helmut Sick, um dos maiores ornitólogos brasileiros é o homenageado do Avistar Rio.
(foto: LC Marigo - COA RJ)
Sick foi também um ati vo observador de aves, além de ser um dos  fundadores do "COA - RJ - Clube dos Observadores de Aves do Rio de Janeiro". A homenagem a Helmut Sick acontecerá na abertura do AvistarRio, com uma palestra de José Fernando Pacheco, seguida de apresentação de vídeo.





A cada ano a organização do Avistar elege um pioneiro da Observação de Aves no Brasil para prestar uma homenagem. Essa niciativa tem como  objetivo dar o devido reconhecimento àqueles que com seu trabalho e dedicação criaram as bases para o desenvolvimento da cultura naturalista, incentivando assim o conhecimento, respeito, admiração e conservação pelas aves brasileiras.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Dilma justifica vetos ao Código Florestal

Presidente vetou artigos da lei por 'contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade'

28 de maio de 2012 | 9h 55

estadão.com.br
As explicações da presidente Dilma Rousseff para os vetos feitos ao Código Florestal na última sexta-feira, foram publicados nesta segunda, 28, no Diário Oficial da União. De acordo com a publicação, Dilma vetou alguns artigos da lei "por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade".
Veja também:

Além disso, também foi publicada a medida provisória 571, que preenche as lacunas deixadas pelo veto e torna rígidas as punições previstas no Código Florestal. Tanto a medida quanto os vetos, porém, ainda têm de passar pela análise da Câmara dos Deputados e do Senado.

Artigo 1º - sobre as normas gerais do Código Florestal
De uma forma geral, Dilma apontou que "o texto não indica com precisão os parâmetros que norteiam a interpretação e a aplicação da lei".

Inciso XI do artigo 3º - sobre a interrupção de atividades agrícolas para a recuperação da capacidade do solo (pousio)
O argumento de Dilma é de que "o conceito de pousio aprovado não estabelece limites temporais ou territoriais para sua prática", o que dá brechas para que propriedades permaneçam em regime de pousio indefinidamente e a fiscalização seja inviabilizada.

Parágrafo 3º do artigo 4º - sobre as áreas de preservação de salgados e apicuns
Segundo Dilma, "o dispositivo deixa os apicuns e salgados sem qualquer proteção contra intervenções indevidas. Exclui, ainda, a proteção jurídica dos sistemas úmidos preservados por normas internacionais subscritas pelo Brasil". A presidente argumentou que tais sistemas devem ter normas específicas.

Parágrafos 7º e 8º do artigo 4º - sobre as faixas marginais de rios, riachos e cursos d'água em áreas urbanas.
A presidente considerou um retrocesso que a distância dessas faixas sejam estabelecidas por planos diretores e leis municipais de uso do solo, segundo os conselhos estaduais e municipais de meio ambiente. Segundo ela, é necessária a observância dos critérios mínimos de proteção, a serem estabelecidos pelo Código.

Parágrafo 3º do artigo 5º - sobre o uso e conservação de reservatórios artificiais
O veto se deu pelo fato de que essa regulação se daria pelo Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, ainda não transformado em lei, o que engessaria sua aplicação.

Parágrafos 1º e 2º do artigo 26 - sobre áreas de proteção ambiental federais e municipais
"As proposições tratam de forma parcial e incompleta", o que justificou o veto.

Artigo 43 - sobre a recuperação de áreas nativas por parte de empresas concessionárias de serviços de abastecimento de água e de geração de energia hidrelétrica
O artigo, afirma Dilma, não impõe a essas empresas o dever de recuperar, manter e preservar as áreas de toda a bacia hidrográfica em que houver uma instalação. Segundo a presidente, o estabelecimento da recuperação apenas parcial da bacia é desproporcional e contraria o interesse público.

Artigo 61 - sobre a recuperação das margens de rios
A justificativa é de que o texto é "impreciso e vago" e parece conceder anistia aos que descumpriram a legislação, eliminando "a possibilidade de recomposição de uma porção relevante da vegetação do País". A presidente também critica a falta de parâmetros ambientais para a recomposição das margens, uma vez que não são estabelecidas regras levando em conta a dimensão dos imóveis rurais envolvidos.

Artigo 76 - sobre a conservação dos biomas nacionais
Dilma vetou o artigo devido ao estabelecimento de prazo para que o Poder Executivo envie projetos de lei ao Congresso. Segundo ela, isso fere o princípio da separação dos Poderes da Constituição.

Artigo 77 - sobre o impacto ambiental de obras
O artigo se refere às "Diretrizes de Ocupação do Imóvel", mas não há definição desse termo ao longo do Código Florestal, não havendo, portanto, forma de definir o que deve ser apresentado pelos empreendedores.

MP sobre Código Florestal defende 'uso sustentável' de floresta

28 de maio de 2012 | 12h 19

REUTERS
A medida provisória publicada pelo governo nesta segunda-feira para preencher lacunas do Código Florestal estabelece o foco da legislação "na proteção e uso sustentável" de florestas, promovendo o desenvolvimento econômico, segundo publicação no Diário Oficial da União, que trouxe ainda detalhamento dos 12 vetos à lei aprovada no Congresso.

A MP retoma a essência do primeiro artigo do texto produzido pelos senadores no fim do ano passado e "estabelece normas gerais com o fundamento central da proteção e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa em harmonia com a promoção do desenvolvimento econômico", segundo texto publicado nesta segunda.

A presidente Dilma Rousseff vetou a versão mais genérica dos deputados para o primeiro artigo do código, o que pode causar problemas com a bancada ruralista na Câmara dos Deputados. A Casa aprovou em abril o texto final, que foi sancionado na sexta-feira pela presidente.
Na justificativa do veto publicada nesta segunda, Dilma argumenta que o texto enviado pela Câmara "não indica com precisão os parâmetros que norteiam a interpretação e a aplicação da lei".
Quando o código foi votado na Câmara, deputados ligados ao agronegócio rejeitaram a redação feita por senadores para o artigo, por acreditarem que o dispositivo poderia gerar interpretações judiciais desfavoráveis aos produtores.

A MP publicada nesta segunda-feira também estabelece as definições de reflorestamento em beiras de rios, levando em conta o tamanho da propriedade e a largura do curso d'água.
O texto enviado pelo Congresso ao Planalto deixava em aberto as exigências de recuperação da vegetação nas margens de rios com mais de 10 metros de largura e foi vetado pela presidente.
Dilma também retirou do texto ponto que trata da obrigação de empresas responsáveis por serviços de abastecimento de água e geração de energia elétrica de investir na recuperação, preservação e manutenção de Área de Preservação Permanente (APP) em toda a extensão das bacias hidrográficas em que atuam.
As APPs são regiões a serem protegidas em encostas, beiras de rios e topos de morros, com a função de preservar recursos hídricos, estabilidade geológica e biodiversidade, entre outros.
No despacho publicado nesta segunda, a presidente considera que a imposição a essas empresas concessionárias é "desproporcional" e "desarrazoada", principalmente por conta do tamanho das bacias hidrográficas brasileiras.
"A manutenção do dispositivo contraria o interesse público, uma vez que ocasionaria um enorme custo adicional às atividades de abastecimento de água e geração de energia elétrica no País", justificou.
A MP estabelece, no entanto, que ao instalar reservatórios artificiais para abastecimento de água e geração de energia, as empresas continuam sujeitas a licenciamento ambiental e devem respeitar a faixa mínima de 30 metros de APP, nas áreas rurais, e de 15 metros, nas áreas urbanas.

Dilma também vetou o ponto que trata da definição do regime de pousio -área da propriedade que tem suas atividades interrompidas para recuperação do solo. A MP publicada nesta segunda limita o pousio a 25 por cento da área produtiva da propriedade por um período máximo de 5 anos.
A medida também dispensa a exigência de APPs em torno de acumulações de água com superfície menor do que 1 hectare.

Outro ponto vetado permitia que órgãos municipais autorizassem supressão de vegetação em florestas públicas e unidades de conservação em poder do município.
O governo já havia anunciado na sexta-feira o veto da presidente a 12 dispositivos da nova lei ambiental, sem, no entanto, detalhar todos os trechos suprimidos, gerando um clima de incerteza sobre o conteúdo completo dos vetos e da MP.

Ao ser encaminhada ao Congresso, a medida provisória deve primeiro ser submetida à análise de uma Comissão Mista, formada por senadores e deputados. Depois, segue ao plenário da Câmara. Uma vez votada, é encaminhada ao Senado, mas se for modificada deve voltar aos deputados, que darão a palavra final sobre a matéria.

Com relação aos vetos da presidente, os parlamentares podem derrubá-los, mas para isso é necessário que o presidente do Congresso coloque o texto em votação em uma sessão mista e que a maioria absoluta dos deputados (257 votos) e dos senadores (41 votos) se posicione contra o veto.
(Reportagem Maria Carolina Marcello)

Pesquisadores encontram instrumentos musicais mais antigos do mundo

Segundo cientistas, música pode ter tido papel fundamental para superioridade do homem moderno sobre os neandertais.

28 de maio de 2012 | 13h 27

Um grupo de pesquisadores encontrou flautas feitas de osso de passarinhos e dentes de marfim de mamutes em uma caverna no sul da Alemanha e afirmou que os achados constituem os instrumentos musicais mais antigos do mundo.

Os cientistas usaram datação por carbono para descobrir que as flautas têm entre 42 mil e 43 mil anos de idade e datam da mesma época em que o Homo sapiens iniciou a ocupação da Europa.

Liderada por Tom Higham, da Universidade de Oxford, a equipe disse que o achado sugere que os humanos modernos chegaram ao Danúbio Superior antes de uma fase climática de frio extremo ter atingido a região, por volta de 39 mil a 40 mil anos atrás.

Até então se acreditava que o Homo sapiens teria chegado ao local somente após esta onda de frio.
"Estes resultados são consistentes com a hipótese que criamos muitos anos atrás, de que o Rio Danúbio foi um corredor importante para o movimento de humanos e inovações tecnológicas para o centro da Europa entre 40 mil e 45 mil anos atrás", disse Nick Conard, pesquisador da Universidade de Tuebingen.

Os cientistas argumentam que os instrumentos musicais podem ter tido um papel importante para rituais religiosos ou recreativos e alguns chegam a afirmar que a música pode ter sido um dos fatores de diferenciação dos homens modernos sobre os neandertais, que foram extintos em grande parte da Europa há cerca de 30 mil anos.

Para os pesquisadores a música pode ter servido para a manutenção de redes sociais de grande porte, o que teria influeciado uma capacidade de expansão territorial maior do que a dos neandertais. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

BBC lança no Brasil canal a cabo com séries e documentários

BBC HD estreia no país com programas consagrados como 'Sherlock' e 'Top Gear'.

28 de maio de 2012 | 16h 00

&&
O canal BBC HD começa a ser exibido pela primeira vez no Brasil nesta segunda-feira, com programas já consagrados da emissora britânica como o Top Gear, sobre o mercado automobilístico e as competições de velocidade.
A série Sherlock, que mostra o personagem de Arthur Conan Doyle nos dias atuais e venceu três prêmios Bafta, também será exibida.
O canal de TV em alta definição estará disponível, a princípio, para assinantes da operadora de TV a cabo NET.
Em junho, o BBC HD irá transmitir ainda o London Calling, série de programas preparatórios para a Olimpíada de Londres, com eventos de música, arte, moda e cultura na cidade.
O especial Amazônia, com o apresentador Bruce Parry, e a série Planet Earth Live, um projeto sobre a sobrevivência de animais selvagens derivado da série Frozen Planet, também estão entre os programas que chegarão ao Brasil.

Por enquanto, só os espectadores que assinam o pacote TOP HD, um dos mais caros e abrangentes da NET, terão acesso ao canal.
A BBC Worldwide, responsável pelo BBC HD, afirma que está em negociação com outras operadoras de TV por assinatura.

O acordo entre a empresa brasileira e a BBC Worldwide também prevê o oferecimento de programas sob demanda para os assinantes, como o canal CBeebies, voltado para crianças em idade pré-escolar.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Oscar Simões, a vinda do canal para o país reflete um aumento do interesse do público por mais opções e dos canais internacionais.

"Além da BBC, vemos isso com a Fox e com canais que já estão aqui e querem ampliar sua presença no Brasil", disse.
Para Simões, a internet também contribui para a chegada de novos canais ao país, já que o público acaba tendo contato na rede com programas ainda não disponíveis na programação nacional.
"A expectativa é de que esse crescimento se mantenha. O mercado de TV por assinatura no Brasil é um dos que mais cresce no mundo", disse à BBC Brasil BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

domingo, 27 de maio de 2012

África Incomparável: Rio Nilo (Novo link)



O rio Nilo, o mais longo do mundo, viaja pelo coração da África e deságua no mar Mediterrâneo. Apesar de grande parte de seu trajeto ocorre no meio do deserto, ele nunca seca. O que alimenta este rio e torna as terras de suas margens tão férteis?

África Incomparável: Saara


O Saara é o maior deserto do mundo, cobrindo um terço de todo o continente africano, além de ser um dos lugares mais quentes e secos do planeta. Apesar disso, existem criaturas únicas que se adaptaram para viver neste lugar.


sábado, 26 de maio de 2012

Novo raptor de Utah: Yurgovuchia doellingi
Posted: 22 May 2012 05:14 PM PDT

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Yurgovuchia
© Utah Geological Survey

Temos ouvido falar de muitas descobertas de animais extintos recentemente e a coisa só fica melhor a cada dia. Toda semana há novas descobertas sendo anunciadas e o mais novo dinossauro que eu vou lhes apresentar era um raptor nanico dos Estados Unidos. Leia sobre o achado no resto do artigo.

Cientistas descobriram ossos fossilizados próximo ao icônico Arches National Park de Utah, ossos que representam uma nova espécie de raptor que tinha o tamanho aproximado do de um coiote. O raptor está entre as várias descobertas feitas no sítio fossilífero de Doelling's Bowl, que fica há aproximadamente 370 quilômetros ao sudeste da cidade de Salt Lake. O mesmo sítio deu origem à várias descobertas de novas espécies nas últimas duas décadas, sendo a base do registro do Cretáceo em Utah.
 
Os fósseis do local são estimados em cerca de 120 a 130 milhões de anos de idade. O novo dinossauro batizado era um predador ainda desconhecido até então, cujo nome é Yurgovuchia doellingi. Segundo os pesquisadores essa é a primeira nova espécie encontrada no local, mas os pesquisadores acreditam que outras 6 espécies ainda desconhecidas tenham sido achadas no local, embora ainda não descritas oficialmente. Segundo um dos pesquisadores o local é um dos mais ricos en fósseis no país, pois recentemente todas as espécies achadas provaram ser inéditas no registro fóssil até agora.
 
O novo raptor deve ter sido um parente ancestral do grandalhão Utahraptor, dizem os paleontólogos a partir de comparações entre ossos das duas espécies. Eles apresentam certas similaridades anatômicas que indicam parentesco. O nome do animal foi escolhido com base no idioma indígena Ute, cuja palavra "Yurgovuch" significa "Coiote", pois o animal era pequeno do mesmo tamanho do mamífero em questão. Já o nome específico, "doellingi" é uma homenagem ao paleontólogo Helmut Doelling, que é do estado de Utah e cujo trabalho de mapeamento geológico da região acabou levando à descoberta do leito fossilífero.
 
A primeira vez que um exemplar de Yurgovuchia foi achado foi em 2005 e a excavação para retirada do solo começou no ano seguinte, o que levou à recuperação de vértebras e porções da pélvis. Um artigo científico com a descrição do dinossauro foi feito em colaboração entre os paleontólogos do Utah Geological Survey e Phil Senter da Universidade da Carolina do Norte, especialista em raptores. O estudo foi publicado no periódico do Public Library Science.
 
Dois outros conjuntos de ossos que também parecem ser de espécies ainda desconhecidas foram achados. Um conjunto estava a apenas a alguns centímetros do esqueleto do Yurgovuchia. O terceiro conjunto, um esqueleto distinto de cauda longa, foi ecnontrado em um sítio próximo, disse um dos pesquisadores. Ainda há muito trabalho para ser feito nos fósseis para identificação e o Utah Geological Survey planeja fazer mais excavações. Paleontólogos também estavam excavando um sauarópode que pode ser também de uma nova espécie.



Tarrasius: um peixe revolucionário
Posted: 24 May 2012 11:13 AM PDT

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© Lauren Sallan/University of Chicago

Por décadas, os cientistas acreditaram que a coluna vertebral com múltiplos segmentos era uma característica exclusiva de animais terrestres. Mas a descoberta desse mesmo traço anatômico em uma Enguia de 345 milhões de anos sugere que essa anatomia complexa surgiu separadamente e talvez até antes das primeiras espécies terrestres. O assunto está dando o que falar pessoal, então é bom ler toda a matéria e ficar por dentro das mais recentes pesquisas!

A Enguia foi nomeada Tarrasius problematicus e viveu em pequenos corpos de água no que hoje é a Escócia, durante o período Carbonífero, entre 359 e 318 milhões de anos atrás. Como muitos peixes, imaginava-se que o Tarrasius tinha uma coluna vertebral dividida em apenas dois segmentos, corpo e cauda. Mas em uma nova descrição do animal publicada no Proceedings of the Royal Society B, Lauren Sallan descreve uma coluna com cinco segmentos bem mais parecida com a anatomia da coluna vertebral de animais terrestres que são chamados de Tetrápodes, grupo que inclui até os humanos.O achado surpreendente contraria uma concepção comum usada por paleontólogos para determinar se animais antigos extintos viviam em terra ou água. Segundo Sallan, uma estudante de graduação do Programa de Biologia Integrativa da Universidade de Ciências Biológicas de Chicago, muitos traços antes atribuídos a animais terrestres e que imaginava-se serem exclusivos de animais evoluídos em terra firme surgiram primeiramente em peixes. Imaginava-se que membros e a coluna vertebral segmentada era indicativo de uma vida terrestre, mas estávamos enganados, diz o estudante, ao que tudo indica, tais características surgiram mesmo é nos peixes ainda na vida aquática.
© Lauren Sallan/University of Chicago
Os Tetrápodes, que incluem as primeiras espécies a andar na terra e também mamíferos, répteis e aves modernos, possuem vértebras organizadas em cinco segmentos distintos. Da cabeça para a cauda, categorizamos as vértebras em cervicais, torácicas, lombares, sacrais e caudais, cada uma com suas próprias características anatômicas.

Por outro lado, vértebras de peixes são tipicamente categorizadas em dois seguimentos: caudal e pré-caudal. Mas a coluna espinhal do Tarrasius mostra uma complexidade mais parecida com a dos tetrápodes, com cinco segmentos separados por transições abruptas. "A morfologia é simplesmente totalmente diferente em cada série de vértebras," disse Sallan. "Como em um tetrápode, você pode identificar qual segmento está olhando pela sua morfologia básica.
Quando Sallan começou a sua pesquisa no Tarrasius, ela não estava procurando por uma coluna incomum, mas sim em como a espécie se encaixava evolucionariamente entre outros peixes de nadadeira raiada. Enquanto examinava fósseis ainda não descritos no Museu Nacional da Escócia em Edimburgo, Sallan encontrou algumas características inesperadas. Em vez de uma notocorda flexível, que é presente na maioria dos peixes antigos, Tarrasius possuía ossos vertebrais pesados e organizados em cinco partes anatomicamente distintas. Armada dessa nova informação anatômica, Sallan re-examinou muitos outros fósseis da espécie e detectou evidência de complexidade espinhal que pesquisadores anteriormente deixaram passar despercebida.

"Isso foi em um museu diferente de onde a maioria dos espécimes estão, e cientistas só estavam olhando de novo e de novo nos mesmos fósseis de sempre," disse a pesquisadora. "É um problema que se resume basicamente em tentar encontrar o que você espera em vez do que realmente há lá no fóssil". Eu (Ikessauro) acredito que a pesquisadora quis dizer com isso, que muitos pesquisadores vão estudar fósseis já tendo em mente o que procuram e não dão chance aos fósseis de mostrar o que realmente podem oferecer, deixando passar coisas importantes porque não é o que estão procurando.

O surgimento desse tipo de organização espinhal em peixes de nadadeiras raiadas derruba o pressuposto relacionamente entre anatomia vertebral complexa e o caminhar terrestre. O Tarrasius não tinha patas traseiras e possuía uma longa nadadeira dorsal, indicando que usava seu intrincado conjunto de vértebras para nadar e não andar. E enquanto o Tarrasius viveu vários milhões de anos depois que os primeiros tetrápodes com pés e mãos surgiram, a descoberta de tal estrutura espinhal em peixes confirma que tal traço pode evoluir separadamente e independentemente do hábito de caminhar.
"Você não pode mais usar tal traço para dizer que alguma coisa foi definitivamente um ser terrestre ou para identificar tetrápodes, que é o que se fazia até agora em campo," disse Sallan. Em vez disso, as similaridades sugerem que outra pressão seletiva pode produzir evolução convergente dessa organização espinhal complexa. Também questiona se a manifestação de características genéticas (conhecida como expresão) de uma família de fatores associados a tetrápodes e responsáveis por padrões corporais - os genes Hox - é um ancestral tanto de vertebrados e peixes e verdadeiramente essencial para o desenvolvimento de segmentos espinhais. Desde que a maioria do conhecimento sobre o relacionamento entre genes Hox e desenvolvimento de padrões corporais é baseado em estudos genéticos de tetrápodes modernos, o novo achado ressalta a necessidade de mais estudo e testes em espécies de peixes.
"Parte do problema é que os dados da expressão Hox só está disponível para alguns modelos de organismos" disse Sallan. "O que realmente precisamos são dados de outros peixes de nadadeiras raiadas e tetrápodes, coisas que não sejam ratos, pintinhos ou Dânios (peixe tropical de água doce).
Precisamos tentar conseguir uma diversidade completa de expressões Hox. Não sabemos também exatamente como o Tarrasius usava sua coluna no dia a dia. A pesquisadora especula que as vértebras ósseas podem ter sido úteis para impulsionar o corpo do peixe durante um nado rápido, similar à vértebra rígida de marlins modernos.

"Acredito que deve ter ajudado a enrijecer o corpo, porque a cauda é bem flexível" completa a autora. "Se você olhar na forma geral, parece mais como um girino ou um tetrápode basal, então a coluna pode ter ajudado a manter o corpo firme enquanto sacudia a cauda." O artigo, "Tetrapod-like axial regionalization in an early ray-finned fish," foi publicado ontem no Proceedings of the Royal Society B. Sallan é a autora única da pesquisa, que foi financiada pela Fundação Nacional de Ciência, pela Associação Paleontológica, também pela Sociedade Paleontológica, a Sociedade Estadunidense de Ictiologistas e pela Fundação Evolving Earth.

Eu (Ikessauro) devo acrescentar uma observação à essa notícia. Hoje mais cedo vi em um site de notícias brasileiro a mesma notícia com um título puramente sensacionalista, que basicamente diz que a descoberta da característica no Tarrasius contraria a Teoria da Evolução.
Não há base concreta para tal afirmação, uma vez que a evolução é um fato explicado por inúmeros pesquisadores de todas as partes do mundo, com evidências de sobra para indicar que de fato aconteceu e continua acontecendo. O que a nova pesquisa faz é mudar um pouco nossa visão de como a evolução aconteceu, assim como a notícia que postei antes dessa muda nossa visão de como os Abelissaurídeos evoluíram.

A ciência é humilde e se permite errar e ser corrigida, pesquisadores descobrem novos fatos, depois nova evidência acaba alterando o entendimento do mesmo fato, mas isso não quer dizer que o mesmo é totalmente falso.

Por exemplo, se uma pessoa que viveu a vida toda com seus pais descobre depois de adulta que foi adotada, por meio de uma nova evidência, que pode ser um exame de DNA ou documento, não quer dizer que isso invalida toda a sua história. O fato de a mãe e pai biológicos do sujeito não serem os pais de criação não elimina toda a criação que os pais adotivos deram ao cidadão, não anula o fato de que a pessoa teve um pai ou mãe.

O mesmo acontece na ciência. A Teoria da Evolução é uma Teoria, sim, escrevo em maiúsculo para ressaltar que na comunidade científica Teoria é algo COMPROVADO e não apenas algo sugerido, o que é chamado de Hipótese. Nesta semana duas novas evidências vieram à tona alterando nosso conhecimento e nossa compreensão dessa Teoria Evolutiva, mas não quer dizer que a mesma esteja errada ou seja falsa.
Lembrem-se, não temos todos os animais e plantas do mundo, de todas as épocas e lugares para estudar. O registro fóssil é fragmentado e não há como alterar isso, portanto devemos estar cientes de que sempre haverá modificação dos dados e novas propostas surgirão para complementar as antigas, mas nem sempre tornarão as velhas hipóteses completamente falsas.

Enfim, era isso aí que eu tinha para comentar por enquanto, comentem aí o que acham da notícia e divulguem o blog, ajudem a compartilhar o conhecimento! Até a próxima galera!


Dilma veta 12 itens do Código Florestal, acaba com anistia e decide editar MP

Ambiente. Também serão feitas 32 modificações no texto aprovado na Câmara - 14 recuperam o projeto do Senado; versão do governo estabelece faixas proporcionais de recuperação da mata ciliar segundo o tamanho da propriedade e protege os manguezais

26 de maio de 2012 | 3h 03
 
Pressionada por setores da sociedade civil e às vésperas de ser a grande anfitriã da conferência Rio+20, a presidente Dilma Rousseff decidiu ontem vetar 12 pontos do texto do Código Florestal aprovado pela Câmara dos Deputados. O Planalto anunciou que não vai dar anistia a desmatadores, resgatou trechos da versão do Senado, desafiou a bancada ruralista e, via medida provisória, estabelecerá novas faixas para as Áreas de Preservação Permanente (APPs) à beira de rios, que serão proporcionais ao tamanho da propriedade.

Além dos 12 pontos vetados, serão feitas 32 modificações no texto da Câmara - 14 recuperam o projeto aprovado no Senado, 5 correspondem a dispositivos novos incluídos e 13 são ajustes ou adequações de conteúdo, informou ontem o ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU), durante anúncio feito ao lado dos ministros Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Mendes Ribeiro (Agricultura).

Segundo Adams, o governo vetou os artigos 1.º e 61.º, que tratam, respectivamente, dos princípios do Código e da recuperação das APPs. "As diretrizes (do governo) compreendem recompor o texto do Senado, preservar acordos e não anistiar o desmatador. Preservar os pequenos proprietários e responsabilizar todos pela recuperação ambiental: todos terão de recuperar o que foi desmatado em todas as propriedades", afirmou Izabella.

O Planalto, no entanto, não distribuiu o texto da MP nem detalhou todos os pontos vetados pela presidente, que deverão ser publicados no Diário Oficial da União na segunda-feira.
Ribeiro afirmou que no total não deve ocorrer queda na produção. Disse que quando se trata de recuperar o ambiente, "é evidente que alguma propriedade pode ser perdida no que diz respeito ao setor produtivo". "Agora, se forem examinados o número de hectares e a questão da produtividade, veremos que a produtividade vem crescendo sem aumentar a área plantada", disse.

O texto aprovado pela Câmara previa a recuperação de 15 metros de mata ciliar para rios de até 10 metros de largura, sem levar em conta o tamanho da propriedade. Na nova versão, o governo estabelece faixas proporcionais de recuperação, segundo a dimensão da propriedade.

A agricultura familiar, que tem propriedades de até 4 módulos fiscais e correspondente a até 20 hectares na maioria dos municípios, será menos exigida na recomposição da área desmatada. Os proprietários de 2 a 4 módulos, por exemplo, terão de recuperar 15 metros de mata ciliar independentemente da largura do rio, mas o total da área de APP deve ser no máximo 20% do imóvel. De acordo com Izabella, cerca de 90% das propriedades rurais do Brasil têm até 4 módulos fiscais, compreendendo 24% da área agrícola do País.
As regras serão mais rígidas para os grandes proprietários: nas propriedades com mais de 4 módulos fiscais, a recuperação deverá ser integral. De acordo com a ministra, também voltou a regra de que o proprietário tem cinco anos para fazer o Cadastro Ambiental Rural, assinar termo de compromisso e começar o Programa de Regularização Ambiental. "Até lá, quem não o fizer, em cinco anos, não terá mais acesso a crédito público. A presidente determinou o retorno dessa regra", afirmou Izabella.

Os manguezais voltam a ser APPs, retomando entendimento do Senado, informou a ministra. Além disso, foram vetados dois parágrafos que flexibilizaram regras, permitindo que os municípios definissem o que era APP - agora, a classificação do Código abrange áreas urbanas e rurais, destacou a ministra. Os porcentuais de reserva legal ficam mantidos, garantiu ela.

Decisão. Em abril, a Câmara impôs uma derrota ao governo ao modificar o texto do Senado, considerado mais equilibrado entre as reivindicações de ambientalistas e ruralistas. Dilma esperou até o último dia para bater o martelo sobre o tema.

Nas últimas semanas, ganhou força nas redes sociais a campanha "Veta, Dilma", que mobilizou da atriz Camila Pitanga ao cartunista Maurício de Sousa - anteontem, o governo recebeu o registro de 2 milhões de assinaturas contra o projeto.
 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Vida pré-cambriana na China

REDAÇÃO | Edição 195 - Maio de 2012
© SHUHAI XIAO/NSF
Embriões bem conservados, com 600 milhões de anos

Shuhai Xiao e sua equipe do Instituto Politécnico e Universidade Estadual de Virgínia (Virginia Tech), Estados Unidos, estão encontrando no sul da China evidências de que animais semelhantes a corais podem ter vivido no chamado período Ediacarano, que começou há 635 milhões de anos e terminou há 542 milhões de anos, quando se iniciou o período Cambriano.

Os microfósseis de embriões bastante preservados, como os da foto ao lado, podem ter de 635 milhões a 551 milhões de anos de idade – importantes por serem um registro anterior à explosão de formas de vida ocorrida no Cambriano, possivelmente em consequência de níveis mais altos de oxigênio no planeta. Em um de seus estudos mais recentes, Xiao argumenta que o surgimento de colônias com milhares de microfósseis deve estar associado a variações locais de oxigenação em lagunas na China (Precambriam Research, janeiro).

Rochas rejuvenescidas

Camadas rochosas do Brasil Central podem ser até 200 milhões de anos mais jovens do que se pensava
CARLOS FIORAVANTI | Edição 195 - Maio de 2012
© FÁBIO COLOMBINI

Rochas expostas em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, e o rio São Francisco ao fundo: idades variam de acordo com o método empregado

Um historiador pode facilmente desnortear um geólogo se perguntar qual a idade da vasta camada de rochas sedimentares conhecida como Grupo Bambuí, que forma uma pequena área dos estados de Goiás e Tocantins e boa parte de Minas Gerais e Bahia. “Vai ser uma hora de discussão”, imagina Márcio Pimentel, geólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os geólogos começaram a estudar essa região há 30 anos, mas a idade atribuída a ela ainda é incerta: varia de 740 milhões a 550 milhões de anos, dependendo do método de análise adotado. Estudos em andamento indicam que a idade das rochas pode até ser mais recente, mas ainda não há muitos argumentos a favor dessa conclusão. O grande problema para a definição de uma data mais precisa é que as rochas do coração do Brasil são sedimentares, ou seja, formadas pela combinação e fusão de fragmentos de outras rochas e detritos terrestres ou marinhos. Outras regiões são formadas por rochas de origem vulcânica, cuja datação é bem mais simples.

Tão interessante quanto a definição de uma provável data é que os debates sobre o início da formação dessas rochas estão revelando algo que raramente se vê: o árduo processo de construção das verdades científicas, por meio da disputa – geralmente amigável – entre diferentes grupos de pesquisa, que trabalham com técnicas distintas e apresentam argumentos que tendem a ser somados, transformados ou eliminados. Cada equipe defende suas posições e, mesmo tendo analisado rochas de diferentes profundidades em lugares diferentes, supõe que as conclusões poderiam valer para toda esta vasta região. Os distintos conjuntos de rochas sedimentares do Grupo Bambuí ocupam cerca de 300 mil quilômetros quadrados. Na direção leste a oeste, estendem-se de Brasília até a serra do Espinhaço, em Minas, em profundidades de até dois quilômetros. De norte a sul, seguem de Belo Horizonte até o norte da Bahia.

Ali, quem se afasta das cidades encontra uma paisagem plana, marcada pelas plantações de soja, pelas pastagens ou um pouco de cerrado e de caatinga. Dessa terra rica em cavernas, cortada pelo rio São Francisco, já saiu muito diamante e ouro; agora se começa a extrair petróleo e gás natural, contrariando os preceitos geológicos, que determinam que terrenos desse tipo não deveriam conter hidrocarbonetos. Os geólogos argumentam que conhecer melhor a idade – ou idades – dessa região é importante, entre outras razões, para saber que outros bens minerais de valor econômico poderiam sair de lá.
“Eu quase ponho minha mão no fogo: o Grupo Bambuí tem menos de 600 milhões de anos”, diz Pimentel. “Sempre imaginamos que fosse mais velho.” Pimentel e Joseneusa Rodrigues, geóloga que fez o doutorado com ele e trabalha agora na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), no Rio de Janeiro, estão à frente da equipe da UFRGS que está rejuvenescendo o Grupo Bambuí, ao determinarem a idade de 25 amostras de cristais de zircão, mineral que resulta da modificação de granitos ou de rochas vulcânicas e se integrou aos calcários do Grupo Bambuí. O zircão pinçado de rochas coletadas em localidades como Montes Claros, norte de Minas, e morro do Chapéu, região central da Bahia, deve ter vindo das montanhas que começaram a se formar há cerca de 600 milhões de anos e dominavam a paisagem da região do atual Brasil Central, mas foram erodidas a ponto de hoje só restarem modestas serras. A equipe do Rio Grande do Sul encontrou zircões com até 550 milhões de anos, que representariam a idade máxima dos calcários a que aderiram. “Algumas amostras são ainda mais jovens que 550 milhões”, diz Pimentel, “mas ainda estamos confirmando as análises”.

Essa possibilidade aproxima o Grupo Bambuí do período geológico conhecido como Cambriano, que começou há 544 milhões de anos e terminou há 488 milhões de anos. Foi quando, possivelmente por causa do acúmulo de oxigênio na atmosfera e nos oceanos, surgiu a maioria dos grupos de animais – antes só havia vida microscópica. Porém, se as rochas do Grupo Bambuí fossem realmente tão jovens como as amostras de zircão estão indicando, já teriam sido encontrados fósseis de invertebrados, que ajudam a definir a idade de rochas. “Eu mesmo me pergunto onde estão os fósseis”, diz Pimentel. Para ele, ainda não foram vistos fósseis na região porque os paleontólogos não escavam por lá assiduamente e os geólogos teriam o olho apurado para rochas, não para fósseis.

“Marly Babinski questionou meus dados, disse que os zircões eram jovens demais, mas colocou sua equipe para trabalhar lá e agora também está encontrando coisas mais recentes”, diz Pimentel. “Estamos convergindo, aos poucos, para essa interpretação.” Os estudos pioneiros de Marly Babinski, do Instituto de Geociências (IG) da Universidade de São Paulo (USP), indicavam que o Grupo Bambuí poderia, inversamente, ser muito antigo. Ela percorreu o norte de Minas e a Bahia pela primeira vez em 1989, em uma viagem de duas semanas com muita chuva e estradas esburacadas. Por meio da análise da proporção dos raríssimos isótopos de chumbo dispersos nos carbonatos, uma técnica nova na época, ela determinou uma idade para as rochas da região: o Grupo Bambuí deveria ter 740 milhões de anos, com uma margem de 22 milhões para mais ou para menos.
© GUSTAVO MACEDO DE PAULA-SANTOS / IG-USP
Possível fóssil em carbonatos da região de Lagoa Santa, MG

“As conclusões a que chegamos não são excludentes”, acredita Pimentel. Desse modo, nem os dados dele nem os de Marly valeriam para toda a região, formada por subconjuntos de rochas com características próprias. “Conseguimos tirar zircão de toda a região, menos das camadas mais profundas, onde ela coletou.” Ricardo Trindade, professor do Instituto de Astrofísica, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP que trabalha com Marly há anos, inquieta-se: “Se esses dados novos obtidos com cristais de zircão estiverem corretos, teremos de rever tudo o que sabemos e fizemos”.

Considerar as duas idades traz consequências ainda longe do consenso: ou a deposição de rochas das camadas mais profundas às mais superficiais teria sido bastante lenta ou haveria um hiato na base do Bambuí de cerca de 200 milhões de anos. Muitos geólogos não se sentem à vontade com essas possibilidades, que Marly vê com tranquilidade: “É o que achamos hoje”, diz ela. “Amanhã podemos mudar de ideia, diante de outras evidências.” Das recentes viagens de coleta a Minas e Bahia, sua equipe tem trazido fósseis raros, em forma de fios de cabelo encurvado, cuja idade ainda é desconhecida. Ela própria, em coletas em 1995 nos municípios de Moema e Bom Despacho, a oeste de Belo Horizonte, tinha visto sinais estranhos em rochas como essas que agora lhe mostram, “mas ninguém dava importância”, recorda. O problema, ela conta, é que ninguém conseguiu identificar de que tipo de organismo esses fósseis podem ser e em que época devem ter se formado.

A Terra coberta de neve

Há outro problema, mais difícil de resolver. Se os dados dela estiverem realmente certos, uma das primeiras glaciações do planeta, há cerca de 730 milhões de anos, teria sido global. “Para confirmar”, diz Marly, “precisamos de mais datações”. Por enquanto essa possibilidade contraria a visão mais aceita sobre a história geológica da Terra. A maioria dos geólogos prefere acreditar que uma camada de cerca de um quilômetro de gelo deve ter coberto todo o planeta, deixando tudo como a atual Antártida, apenas na segunda grande glaciação, ocorrida há cerca de 635 milhões de anos.
Alexandre Uhlein, gaúcho radicado em Belo Horizonte há quase três décadas, está à frente de uma equipe de geólogos da Universidade Federal de Minas Gerais que contesta essas duas visões. Por meio de medições de isótopos de estrôncio de rochas coletadas no município de Correntina, sudoeste da Bahia, e de comparações com rochas equivalentes da Namíbia, formadas quando a África e o Brasil formavam um só bloco, a equipe de Minas concluiu que tanto as camadas de carbonato quanto as rochas de origem glacial, mais abaixo, devem ter cerca de 630 milhões de anos.
© MARLY BABINSKI / IG-USP
Rochas do assoalho de um oceano de cerca de 740 milhões de anos

Portanto, a região teria começado a se formar como resultado do acúmulo de gelo dessa época, que coincide com uma grande glaciação do planeta, denominada Marinoana, e já bem caracterizada em outros continentes. O gelo, carregando restos de rochas, teria se acumulado sobre umas das estruturas básicas do continente sul-americano, o chamado Cráton do São Francisco. Quando o clima esquentou, o gelo derreteu e a água correu para regiões mais baixas. Parte do material trazido, porém, permaneceu, e sobre ele foram se acumulando camadas de calcário que lembram uma lasanha.

“Não é provável que tenham se passado mais do que 100 milhões de anos entre a formação das camadas mais profundas e as mais superficiais do Grupo Bambuí”, comenta Fabrício Caxito, que faz o doutorado sob a orientação de Uhlein. De março a julho de 2011, Caxito trabalhou na Universidade McGill, no Canadá, com Galen Halverson, um dos defensores da hipótese Snowball Earth, segundo a qual o gelo de uma glaciação global deve ter transformado o planeta em uma imensa bola de neve, e um dos autores de um gráfico sobre a variação dos isótopos de estrôncio no planeta. Segundo Caxito, Halverson diz que o Grupo Bambuí só pode ser da glaciação Marinoana, a única reconhecidamente global.

“Métodos diferentes levam a resultados diferentes”, reconhece Uhlein. “A análise de isótopos de estrôncio é uma metodologia mais eficiente para a datação de rochas do que a de chumbo e, claro, conta outra história, que é a que acreditamos no momento.” Do mesmo modo, Marly acredita que a técnica dos isótopos de estrôncio “não permite a obtenção de idades absolutas”, funcionaria apenas para mares abertos e “não vale para o Grupo Bambuí”. Para ela, essa região pode ter sido o fundo de um mar fechado, que começava onde hoje é Belo Horizonte, e expandiu-se rumo ao norte.

“Atualmente temos mais incertezas do que soluções”, diz Trindade. “Nas últimas décadas os geólogos mais gabaritados do Brasil chegaram a estimativas de idades do Grupo Bambuí que não passaram nem perto do que estamos encontrando.” Por sorte, os participantes desse debate são amigos e parecem gostar da confusão: “Está divertido”, diz Pimentel. À medida que analisem mais rochas tiradas do coração do Brasil, talvez os geólogos cheguem a um consenso sobre as técnicas mais adequadas – ou adotem outras, que podem levar a outros resultados – ou talvez concluam que essa vasta região tenha histórias diferentes, com idades diferentes. “Quem está errado em um ponto pode estar certo em outro”, pondera Caxito, mineiramente, “e mesmo quem está certo pode não estar certo em tudo”.
© MARLY BABINSKI / IG-USP
Jovens pesquisadores da USP e da UFMG em pedreira de Lagoa Santa

Assim são as entranhas da ciência. “Estamos sempre procurando uma verdade que quase nunca encontramos”, diz Uhlein. Se quisessem, os geólogos poderiam provocar os historiadores perguntando quando começou a Segunda Guerra Mundial. A resposta mais provável será 1º. de setembro de 1939, quando os alemães invadiram a Polônia. Essa, porém, é uma “resposta europeia”, na visão do historiador inglês Niall Fergusson. Para ele, a “resposta real” é 7 de julho de 1937, quando o Japão invadiu a China, iniciando uma guerra que em poucos meses mobilizou 850 mil soldados. Fergusson considera outras possibilidades: a guerra pode ter começado talvez antes, em 1931, quando o Japão ocupou a Manchúria, um território chinês, em um episódio sangrento que deixou 200 mil mortos, ou em 1935, quando Mussolini invadiu a Abissínia, ou ainda em 1936, quando os alemães e os italianos ajudaram Franco a conter os rebeldes na guerra civil da Espanha, já testando as táticas que usariam depois contra outros países. Talvez os geó-logos e os historiadores tenham mais em comum do que imaginam.

Artigos científicos

1. CAXITO, F. A. et al. Marinoan glaciation in east central Brazil. Precambrian Research. v. 200-203, p. 38-58. 2012.

2. BABINSKI, M., VIEIRA, L.C. e TRINDADE, R.I.F. Direct dating of the Sete Lagoas cap carbonate (Bambuí Group, Brazil) and implications for the Neoproterozoic glacial events. Terra Nova. v. 19, p. 401-06. 2007.

Humanidade precisará de 'três planetas' em 2050

Relatório 'Living Planet' analisa a forma como usamos os recursos naturais nos últimos 20 anos e faz projeções alarmantes sobre a preservação do ambiente

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Luís Bulcão
Veja.com - 17/05/2012
Se as demandas de recursos naturais utilizados na Terra continuarem a aumentar como nos últimos 20 anos, precisaremos de quase três planetas em 2050. É o que diz o relatório Living Planet, que reúne dados científicos sobre o meio ambiente e é produzido a cada dois anos pelo WWF. Divulgado nesta terça-feira, a pouco mais de um mês da Rio+20, o documento traz um segmento especial que compara a situação do planeta no caminho entre as duas conferências históricas realizadas no Brasil, a Rio 92 e a que terá início a partir do dia 13 de junho.

Segundo o relatório, as condições do planeta pioraram apesar dos esforços da Rio 92. O mundo hoje emite 40% mais gases poluentes, teve uma perda de biodiversidade de 12%, as florestas diminuíram 3 milhões de metros quadrados, o número de pessoas vivendo em cidades, que consomem 75% da energia do planeta, aumentou 45% e a produção de comida, que consome a maior parte da água doce do planeta, também aumentou 45%.

No entanto, alguns sinais são positivos, como o aumento na eficiência do uso dos recursos naturais e a queda no desmatamento de florestas. A organização acredita que até 2050 seja possível reverter a situação de degradação ambiental. "Nós temos a capacidade de criar um futuro próspero com comida, água e energia para os 9 ou 10 bilhões de pessoas que vão habitar o planeta em 2050, mas apenas se todos nós — governos, comunidades, cidadãos — nos prepararmos para esse desafio", afirma Jim Leape, diretor geral da WWF. De acordo com Leape, a Rio+20 representa o momento oportuno para que a busca práticas que enfrentem o problema seja renovada.

"Vinte anos após a histórica Cúpula da Terra, a Rio+20 pode e deve ser o momento para os governos entrarem em acordo sobre um novo caminho para a sustentabilidade. É uma oportunidade única para haver uma congregação de comprometimento, em que países de diferentes regiões ,como a bacia do Congo e o Ártico, se unam para o melhor uso de recursos que eles compartilham; em que empresas que competem no mercado unam forças para incorporar a sustentabilidade em suas cadeias de produção e para que passem a fornecer produtos que utilizem menos recursos; em que os fundos soberanos e de pensões passem a investir mais em empregos verdes", diz. Conheça os destaques do relatório:

MUDANÇA CLIMÁTICACriada durante a Rio 92, a Convenção da ONU sobre Mudança Climática (UNFCCC, sigla em inglês) conseguiu que os países assinassem o Protocolo de Kyoto, acordo em que se comprometiam a minimizar as emissões de gases causadores do aquecimento global. Sem a adesão dos Estados Unidos, o tratado caiu em desuso, principalmente após o Canadá anunciar que pularia fora em 2011. Segundo o relatório, apesar das manchetes geradas pelo fator que se tornou a principal questão ambiental conjunta, as emissões de carbono continuaram a aumentar: 40%, de 1992 a 2011, de acordo com o programa ambiental da ONU (Pnud).

Como consequência, o nível de carbono a atmosfera aumentou 9% desde a Rio 92 e as camadas de gelo no Ártico durante o verão diminuíram 35%, atingindo picos em 2007 e 2011. O relatório cita os esforços voluntários de países como o Reino Unido, que aprovou uma lei em 2008 que requer a redução de 80% nas emissões de gases no país até 2050. Mas afirma que apesar dos esforços, os países até agora falharam em conseguir um acordo global para metas de redução.

Não adianta chorar pelo petróleo derramado  

Liana John - 24/05/2012 às 11:19


O petróleo tem mais ou menos 500 componentes químicos, dependendo de sua origem.

 Por isso, vira um problemão quando vaza para o meio ambiente, tanto pior quanto mais complexo for o ecossistema atingido. Petróleo no mangue, por exemplo, é quase impossível de se limpar: parte dos componentes químicos se infiltra pelo solo lodoso, parte se espalha com a maré que vai e volta, parte volatiliza e compromete a respiração dos seres vivos de qualquer tamanho. A maioria desses químicos persiste por muitos anos no ambiente e não há técnicas ou produtos de limpeza capazes de tirar o conjunto de poluentes dali sem causar ainda mais dano do que o próprio derramamento.

Seria possível, então, encontrar outra maneira de remediar a situação a partir do estudo de bactérias presentes no solo (geobactérias) após um acidente com petróleo? Essa pergunta foi o ponto de partida para um grupo de 5 pesquisadores formado em 2004, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que deu origem ao atual Grupo de Pesquisa em Biotecnologia de Petróleo (CROB), com a colaboração externa dos doutores Jonathan Van Hamme, do Canadá e Bharat Patel, da Austrália, e do qual também participam alunos de iniciação científica e pós-graduação.
“Nossas pesquisas estão voltadas à descoberta de bactérias nativas em sedimentos de áreas de exploração, na Bacia Petrolífera Potiguar, que tenham capacidade de responder a um impacto de contaminação com petróleo”, informa o pesquisador Carlos Alfredo Galindo Blaha, doutor e pós-doutor em Genética e Biologia Molecular.
Segundo explica o especialista, a partir da determinação dos perfis microbianos nativos em ambientes de risco é possível organizar ações biotecnológicas para a solução de problemas ambientais. Trocando em miúdos, isso quer dizer que estimular e orientar as bactérias locais para acelerar a degradação do petróleo é mais eficiente do que adicionar químicos de limpeza a uma equação já complexa. As bactérias, quando devidamente incentivadas, podem funcionar como um verdadeiro exército de ações coordenadas. E com a vantagem de se multiplicarem bem diante do inimigo e desaparecerem quando o problema é sanado.
“Cada ‘evento de contaminação/poluição’ deve ser biorremediado de forma ‘personalizada’ para aprimorar o sucesso”, observa Blaha. “Dada a complexidade molecular dos poluentes, o processo de biorremediação deve ser otimizado utilizando uma mistura de vários tipos de bactérias ou ‘consórcios microbianos’ com capacidades individuais conhecidas e de ação sinérgica. A estratégia de tratamento é sequencial”.

Assim como nas antigas guerras primeiro se alinhava a artilharia, depois carregava a cavalaria e só então atacava a infantaria, na batalha contra o petróleo derramado no solo primeiro entram as bactérias capazes de digerir as moléculas maiores; depois vêm aquelas que pegam os químicos meio transformados e acrescentam mais uma etapa de transformação e assim sucessivamente até chegar a ‘infantaria’ das bactérias e seu poder de reduzir a poluição até chegar, eventualmente, à água mais gás carbônico.
“As bactérias degradam os constituintes do petróleo através de enzimas. Na degradação total, os produtos finais são água e CO2, num processo também chamado de mineralização, o qual é raro”, pondera o pesquisador. O mais comum é a degradação parcial feita por grupos de bactérias especializadas em uma família de componentes químicos presentes no petróleo. Em outras palavras, alguns poluentes podem ser modificados bioquimicamente pelas bactérias, tornando-se “componentes menos perigosos, menos biodisponíveis ou mais facilmente removíveis do local contaminado para um aterro onde se possa continuar com o processo de biorremediação”.

Nos casos mais frequentes, um produto de degradação bacteriano é substrato para outra bactéria do consórcio, que será novamente modificado bioquimicamente e gerará um produto, que também poderá ser utilizado por outro integrante do consórcio… E de modificação em modificação, o ambiente vai ficando mais e mais limpo.

O grupo de pesquisa da UFRN usa a metagenômica para conhecer a diversidade de bactérias que compõem um exército desses. Os diferentes ‘batalhões’ são identificados pelos genes ou sequências de genes de cada bactéria, por meio de biomarcadores moleculares.
O mais interessante é que as bactérias já identificadas também incluem espécies degradadoras de outros poluentes complicados, como metais pesados, enxofre e seus derivados (sulfatos), metano, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs, considerados cancerígenos) e outros hidrocarbonetos, além do petróleo. Ou, nas palavras técnicas de Carlos Blaha: “No bioma Caatinga e no ecossistema mangue, estudados pelo nosso grupo, já detectamos a ocorrência de bactérias alcanotróficas, redutoras de sulfato, oxidoredutoras de metais (incluindo metais pesados), metanogênicas, produtoras de biossurfactantes, degradadoras de HPAs, dentre outras”.
Esses estudos ainda são realizados no microuniverso de laboratório, mas sua aplicação em campo pode revolucionar a biorremediação ambiental. O grupo de pesquisa conta com apoio financeiro do Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural (CT-Petro) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O grupo de especialistas também estabeleceu, recentemente, uma parceria com o Laboratório de Geoprocessamento da UFRN no âmbito de um projeto financiado pela Petrobras.
Na guerra contra a poluição, portanto, nada de chorar sobre o químico derramado: a melhor estratégia é recorrer à sequência de ataques do consórcio das geobactérias potiguares!

Fotos: Liana John (mangue e caranguejos de mangue)

domingo, 20 de maio de 2012

Metabolismo Humano - interessante!!!


Saiba mais...

Tire dez dúvidas sobre a doença celíaca

Intolerância ao glúten atrofia a mucosa do intestino e causa diarreia nos casos graves

 

A doença celíaca é mais comum do que se imagina: de acordo com os especialistas, muita gente apresenta algum tipo de intolerância ao glúten, mas sequer desconfia disso. Um estudo da UNIFESP em doadores de sangue em de São Paulo identificou que há um celíaco para cada 214 pessoas. O cuidado em identificar e controlar a doença, adotando uma dieta restritiva, é fundamental. "Quanto mais cedo o paciente descobre que tem problemas para digerir o glúten, mais chances terá de levar uma vida saudável", afirma o gastroenterologista Celso Mirra, da Federação Brasileira de Gastroenterologia. No Dia Interncional do Celíaco, 20 de maio, ele e outros especialistas no assunto esclarecem algumas dúvidas sobre a doença.  
Trigo, cevada, aveia e centeio ficam fora da dieta

1. Após iniciar uma dieta sem glúten, a mucosa do intestino se recupera em quanto tempo?

A gastroenterologista Vera Lucia Sdepanian, coordenadora do ambulatório de celíacos da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, afirma que, se o glúten for totalmente excluído da dieta, o intestino leva de seis meses a um ano para voltar ao normal. "No entanto, fizemos uma pesquisa e descobrimos que cerca de 30% dos celíacos não seguem adequadamente a dieta restritiva", diz a gastroenterologista da Unifesp. Esses deslizes podem retardar ainda mais o tempo de recuperação da mucosa. 

2. A doença celíaca traz complicações apenas para o intestino?

Não, segundo a gastroenterologista Vera Lucia, uma pessoa que tem a doença e não segue a restrição ao glúten pode ter riscos maiores de desenvolver vários problemas: osteoporose, anemia, infertilidade, câncer (tanto no intestino quanto em outras partes do corpo, como no sistema linfático), entre outros.

Para evitar esses problemas, o gastroenterologista Eduardo Berger, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, recomenda ter muita disciplina na alimentação. "As complicações são gravíssimas e todas relacionadas à má nutrição, mas só ocorrem em pacientes que não se dedicam à dieta livre de glúten", diz. 

3. É verdade que alguns medicamentos podem ter glúten?

Sim, embora sejam poucos. "O paciente só terá problemas quando o medicamento possuir glúten no excipiente da cápsula (material que dá massa ao medicamento), mas hoje este ingrediente é pouco usado", afirma o gastroenterologista Celso Mirra. É importante ficar de olho nos rótulos, já que as indústrias farmacêuticas são obrigadas por lei a informar na embalagem a presença de glúten.  

4. Com que frequência é preciso realizar exames para verificar a saúde do intestino?

Uma vez por ano, pelo menos. "É preciso consultar o médico, realizar exames laboratoriais rotineiros e os testes sanguíneos específicos para doença celíaca", afirma o gastroenterologista Celso Mirra. A endoscopia e a biópsia duodenal são exames feitos quando o quadro clínico da doença se normaliza, em geral após dois anos.  

5. Por que a mucosa intestinal é prejudicada?

Eduardo Berger conta que o paciente com doença celíaca tem imunidade incompatível com uma proteína presente no glúten chamada gliadina. "Quando essa proteína é ingerida, uma enzima localizada na mucosa do intestino chamada transglutaminase atua contra ela, causando uma resposta imune, ou seja, o próprio organismo forma uma substância nociva, um autoanticorpo, que atrofia a mucosa intestinal", explica. 

6. É possível ter doença celíaca sem manifestar sintomas?

Há casos em que os sintomas podem ser muito leves e o paciente mal desconfia que é portador da doença. "O diagnóstico acontece com uma observação mais rigorosa dos poucos sinais apresentados, como gases, irregularidade, ainda que discreta, do hábito intestinal e perda de peso pouco significativa", afirma o gastroenterologista Eduardo. Sempre que há suspeita, o médico também deve pesquisar os autoanticorpos específicos da doença a partir de um exame de sangue. 
Exames são necessários pelo menos uma vez por ano

7. Algumas pessoas podem manifestar a doença só na fase adulta?

Sim, apesar de aparecer mais em crianças, a doença pode afetar qualquer idade. Segundo Eduardo Berger, o motivo de algumas pessoas só descobrirem na fase adulta pode ser a presença de poucos sintomas durante anos. "Isso faz com que o diagnóstico seja, muitas vezes, feito apenas na idade adulta, aumentando o risco de complicações", afirma. 

8. Além da restrição ao glúten, é preciso tomar suplementação?

Em alguns casos, sim. A suplementação costuma ser necessária quando o paciente demora muito para descobrir a doença ou não segue rigorosamente uma dieta sem glúten. Nesses dois casos, a mucosa do intestino estará tão atrofiada que terá dificuldades de absorver nutrientes. "O paciente pode não conseguir absorver, principalmente, as vitaminas B9 (ácido fólico), B12, D, K e os minerais cálcio e ferro", afirma Celso Mirra.  
A falta desses nutrientes pode provocar anemia, osteoporose, problemas de coagulação do sangue, entre outros problemas. "A suplementação, no entanto, precisa sempre ser feita com acompanhamento médico ou nutricional", afirma Eduardo Berger. 

9. A doença celíaca é hereditária?

Sim. Vera Lucia Sdepanian explica que, para manifestar a intolerância ao glúten, você deve apresentar predisposição genética. "Se isso não acontece, há chance mínima de desenvolver a doença e com uma intensidade pequena", conta a gastroenterologista. "A proporção encontrada em estudos é de que 6% dos familiares de primeiro grau de uma pessoa com a doença também possuem a intolerância."

10. Mesmo uma quantidade mínima de glúten pode desencadear complicações?

Dependendo da intensidade da doença, sim. "Há pessoas com doença celíaca que, se usarem a mesma faca que outra pessoa usou para passar geleia no pão de trigo, por exemplo, podem ter uma diarreia", afirma o nutrólogo Andrea Bottoni, coordenador da equipe de nutrologia do Hospital Villa Lobos. Por isso, é essencial ter o cuidado de evitar qualquer ingestão de glúten.

 

sábado, 19 de maio de 2012

 Gravuras da genitália feminina podem ser as mais antigas fromas arte em caverna de 37000 anos.

Engravings of Female Genitalia May Be World's Oldest Cave Art

on 14 May 2012, 3:10 PM | 15 Comments
 
sn-caveart.jpg
Eye of the beholder? An engraving of what might be female genitalia (inset) from France's Abri Castanet clocks in at 37,000 years, at least as old as the famous Chauvet Cave.
Credit: Courtesy of Randall White
 
Since their discovery in 1994, the spectacular paintings of lions, rhinos, and other animals in southern France's Chauvet Cave have stood out as the oldest known cave art, clocking in at about 37,000 years old.* But there have been occasional sightings of other cave art that is equally ancient, although its dating has been more uncertain. Now a team working at another site in the south of France claims to have discovered what appear to be engravings of female genitalia that are as old as or older than Chauvet, possibly making them the world's most ancient cave art.

Homo sapiens first colonized Europe from Africa around 40,000 years ago. But until the early 1990s, there was little firm evidence that our species engaged in sophisticated artistic activity that early. Many archaeologists assumed that modern humans developed their artistic skills only gradually, culminating in spectacular galleries like the 15,000-year-old painted caves at Lascaux in France and Altamira in Spain. The discovery of Chauvet changed all that and convinced most researchers that early artists had brought their skills with them from Africa.

Yet for years Chauvet seemed to stand alone, leading some archaeologists to question whether its dating—based in large part on radiocarbon samples taken directly from its charcoal paintings—was correct. Nevertheless, evidence for other art of about the same age continued to accumulate. At Fumane Cave in Italy, for example, archaeologists found depictions of animals and what appeared to be a half-human, half-beast figure, dated to about 37,000 years ago or even older, although the error ranges for the dates were fairly wide.

Since 1994, the year of Chauvet's discovery, a team led by archaeologist Randall White of New York University in New York City has been working at the Abri Castanet, a rock shelter (a shallow cave usually at the base of a cliff) in southern France's Vezere valley. Originally excavated in the early 20th century, the Abri Castanet has long been considered one of the earliest modern human sites in Europe, with occupation layers dated back to nearly 40,000 years ago. White's excavations have uncovered considerable evidence of symbolic and artistic activity at the site, including hundreds of pierced snail shells apparently used as ornaments and three limestone blocks adorned with engravings, including one the team interprets as a vulva. But the blocks, which came from the shelter's collapsed roof, were impossible to date because they do not contain the kind of organic matter necessary for radiocarbon analysis.

In 2007, however, the team began excavating another large block that had fallen from the roof and directly onto a segment of the cave floor once occupied by prehistoric humans. As White and his colleagues broke the stone slab into sections and lifted them out, they discovered that the underside had been engraved with another vulva-like image (see photo). When they sent the bones of reindeer and other animals from the cave floor to the University of Oxford's radiocarbon dating lab for analysis, the dates clustered tightly between 36,000 and 37,000 years ago. And because there was no accumulation of sediments or other deposits between the archaeological layer and the stone slab, the team argues that the painted cave ceiling must be at least as old as the bones.

That would mean that the artworks at Abri Castanet are also at least as old as those at Chauvet, White and co-workers conclude in a paper published online today in the Proceedings of the National Academy of Sciences. Because these images of vulvas are very different from the charcoal and ochre drawings at Chauvet, the team thinks that regional differences in artistic traditions were already established in Europe by that time, even at sites like Chauvet and Abri Castanet that are only a few hundred kilometers apart.

One key difference, White says, is that whereas the paintings at Chauvet are hidden deep within that cave and away from living areas, the depictions at Abri Castanet were on the rock shelter ceiling right above the spaces where prehistoric humans slept and ate, making them a kind of everyday and public art.

Harold Dibble, an archaeologist at the University of Pennsylvania, says the team's dating of the vulva engraving appears sound because it cannot be any younger than the surface onto which it fell and might even be older. "The context of the find is quite clear," Dibble says. As for the long-standing tradition among archaeologists working in France of interpreting such images as vulvas, Dibble says, "Who the hell knows" what they really represent? Dibble adds that such interpretations could be colored by the worldview of Western archaeologists whose culture probably differs greatly from that of prehistoric peoples. "Maybe it's telling us more about the people making those interpretations" than the artists who created the images, Dibble says. On the other hand, he says, the repeated use of this image at other sites in the Vezere valley suggests that it was some sort of "shared iconography" that might identify specific groups of people. Indeed, archaeologists have also identified differences in the styles of personal ornaments and other artifacts that might also reflect different groups or tribes, much as people express their group identities by the way they dress today.

Paul Pettit, an archaeologist at the University of Sheffield in the United Kingdom, agrees that the new work "provides admirable independent verification of the age of the Castanet rock art that has been suspected for decades." What's more, argues Pettit, a leader of a small but vocal group of archaeologists who have questioned the dating of the Chauvet paintings, the discovery at Abri Castanet helps make their case that the Chauvet art is too sophisticated to be 37,000 years old. "The only other examples of convincingly dated rock art in this period are the painted block from Fumane, which in terms of technical achievement is similar to the Castanet examples," he says. The reason there are so many stylistic differences between the spectacular Chauvet paintings and the relatively simple engravings at Abri Castanet, he insists, is that the Chauvet images are much younger.
*All radiocarbon dates in this story are calibrated to account for differences in the amount of carbon dioxide in Earth's atmosphere between prehistoric times and today.