terça-feira, 14 de maio de 2013

Iguais, só que diferentes

Cientistas tentam explicar as variações de personalidade entre gêmeos idênticos

Notícias - 13-05-2013 Saúde
Não sei se você tem na família ou na turma da escola um par de gêmeos idênticos. É impressionante como, na aparência, eles podem ser iguaizinhos: mesmos olhos, mesmo nariz, mesma boca… Por outro lado, muitas vezes, um dos irmãos é mais tímido e o outro, mais extrovertido. Ou um é mais calmo e o outro, mais brigão. Curioso, não é? Pois um grupo de cientistas alemães está tentando descobrir por que isso acontece.

Meninas gêmeas no jardim
A diferença de personalidade entre gêmeos idênticos pode ser explicada pela plasticidade cerebral, ou seja, pela capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções (Foto: Hermo Sakk / Sxc.hu)

Gêmeos idênticos dividem o mesmo genoma, ou seja, o mesmo conjunto de informações presentes no DNA – molécula que fica dentro de nossas células e ajuda a determinar nossas características, como a cor do cabelo, a altura etc. Além disso, na maioria das vezes, são criados juntos, na mesma casa e pelos mesmos pais. Por que, então, eles se tornam tão diferentes?
Os cientistas decidiram testar isso em camundongos. No experimento, usaram 40 camundongos geneticamente idênticos e criados em ambientes iguais. Ainda assim, perceberam que cada um desenvolve características próprias. A explicação estaria na plasticidade cerebral, ou seja, na capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções.
A imagem representa um corte do cérebro visto de cima. Em vermelho, está o hipocampo, onde novos neurônios se formam durante a fase adulta (Ilustração: Washington Irving / Wikimedia Commons)
A imagem representa um corte do cérebro visto de cima. Em vermelho, está o hipocampo, onde novos neurônios se formam durante a fase adulta (Ilustração: Washington Irving / Wikimedia Commons)


Mesmo em gêmeos idênticos, cada indivíduo tem um cérebro único. Segundo os especialistas, isso acontece porque o cérebro não nasce pronto – continua se formando ao longo da vida, de acordo com as experiências que cada um vive. A pesquisa monitorou o cérebro dos camundongos durante três meses e observou o surgimento de novos neurônios em uma região chamada hipocampo.
Todos os comportamentos dos camundongos foram gravados e analisados pelos pesquisadores. “Apesar de crescerem em um mesmo ambiente, as possibilidades de explorá-lo eram tantas que cada um teve experiências únicas”, conta o médico Gerd Kempermann. Os animais que exploraram mais o território, por exemplo, tinham mais neurônios ao fim do experimento.

Isso dá pistas sobre como, além de nosso material genético, nossos hábitos e experiências também ajudam a formar o cérebro. “Nossa descoberta trata do mistério e da controvérsia de como ambientes diferentes ou os modos como vivemos nossas vidas nos transformam em quem somos”, conclui Gerd.

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