terça-feira, 31 de dezembro de 2013


Os primeiros passos de novas espécies

Plantas e animais se diferenciam por meio de mecanismos surpreendentes
CARLOS FIORAVANTI | Edição 212 - Outubro de 2013
© EDUARDO CESAR

A Epidendrum denticulatum: diversificação em andamento
A Epidendrum denticulatum: diversificação em andamento

Orquídeas de flores róseas, ainda consideradas da mesma espécie, vivem em dunas próximas às praias de Marambaia, no Rio de Janeiro, e de Alcobaça, na Bahia. Embora estejam separadas por 900 quilômetros (km), deveriam gerar sementes se um dia suas células reprodutivas se encontrassem. No entanto, nenhum embrião se formou após a polinização entre plantas das duas localidades induzida por botânicos em São Paulo. Outros representantes da mesma espécie de orquídea, Epidendrum denticulatum, dos cerrados de Itirapina, em São Paulo, e de Peti, em Minas Gerais, também já deram as costas uns para os outros. Os quatro grupos de orquídeas parecem seguir seus próprios caminhos evolutivos e talvez já formem espécies diferentes, embora ainda sejam idênticos no tamanho, nas flores, nas cores e nas estruturas externas.

“Estamos vendo algo muito raro, o surgimento de novas espécies”, diz Fábio Pinheiro, pesquisador do Instituto de Botânica de São Paulo. Ele detectou a formação de espécies – ou especiação – entre representantes de uma mesma espécie. “Darwin já falava em variações entre espécies, mas não poderia imaginar que fossem relevantes a ponto de inviabilizar os cruzamentos entre populações de uma mesma espécie.” Em 2010 Pinheiro colheu pólen e induziu o cruzamento entre 258 exemplares de 13 populações de Epidendrum denticulatum, encontradas em matas no interior e no litoral da Bahia, Espírito Santo, Minas, Rio e São Paulo, mantidas no orquidário do instituto. Algumas populações, até mesmo do próprio ecossistema, acumularam diferenças genéticas que inviabilizaram a formação de embriões viáveis. A impossibilidade de as células reprodutivas de uma mesma espécie gerarem descendentes férteis – a incompatibilidade reprodutiva – “é uma das primeiras etapas da diferenciação genética que, em milhares de anos, pode levar a uma nova espécie”, diz.

Ele examinou a separação entre linhagens de uma única espécie, enquanto o enfoque habitual compara espécies distintas – e depois de terem se formado. “Essa abordagem permitiu a Pinheiro não só quantificar a intensidade de isolamento entre linhagens novas como também associar esses estágios iniciais de diferenciação com os eventos históricos de expansão e fragmentação de florestas e campos, que catalisaram a diferenciação entre populações e moldaram os padrões de isolamento reprodutivo observados”, comenta Salvatore Cozzolino, especialista em orquídeas da região do Mediterrâneo e professor da Universidade de Nápoles Federico II, na Itália, onde o botânico brasileiro fez parte de suas análises. “Conhecer os primeiros estágios de isolamento reprodutivo envolvidos na formação de novas espécies é um passo importante para entender como a extraordinária biodiversidade do Brasil, e das regiões tropicais em geral, é gerada e mantida.”
Em paralelo, um estudo com duas espécies de bromélias do Pão de Açúcar e outras formações rochosas da cidade do Rio de Janeiro – uma de flores brancas e outra de flores vermelhas – expôs um pouco mais dos tortuosos caminhos da evolução dos seres vivos.

De acordo com um conceito clássico, para serem considerados da mesma espécie, os organismos devem trocar genes entre si e não com seres de outras espécies. No entanto, as análises de Clarisse Palma Silva, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, indicaram que as populações da mesma espécie de bromélia já são geneticamente bastante diferentes entre si e muito raramente trocam genes uma com a outra, mesmo estando em morros muito próximos. Além disso, as bromélias de espécies diferentes de um mesmo lugar trocam genes, formando híbridos férteis que podem cruzar entre si e com os representantes das espécies puras de que se originaram. O inesperado rege a evolução.

Estudos recentes com forte fundamentação genética indicam que os processos observados em orquídeas e bromélias se passam também em outras plantas e animais. Os fenômenos que estão sendo descritos mostram a fragilidade das supostas regras de funcionamento de um dos processos biológicos básicos, a especiação. Agora se vê que esse processo ocorre por mecanismos mais diversificados do que se pensava. Tanto com plantas quanto com animais, seres que deveriam cruzar normalmente entre si perdem a afinidade reprodutiva, às vezes em consequência de uma alteração genética ínfima, e os que aparentemente não poderiam se reproduzir entre si geram descendentes, muitas vezes férteis. Sutis diferenças genéticas podem inviabilizar o cruzamento entre seres morfologicamente idênticos. Outras vezes, porém, as diferenças genéticas, ainda que grandes, permitem que lagartos ou anfíbios com parentesco distante, por exemplo, cruzem e – às vezes de modo rápido – formem outras espécies.
© CÉLIO HADDAD/UNESP
A Phyllomedusa híbrida, triploide (39 cromossomos): um ser improvável de acordo com as regras clássicas da evolução
A Phyllomedusa híbrida, triploide (39 cromossomos): um ser improvável de acordo com as regras clássicas da evolução

Definições frágeis

Os novos achados complicam o que já não era fácil de entender, começando pelo conceito de espécie, tão básico para a biologia como o de gene para a genética. “Até hoje não temos um bom conceito de espécie”, diz o zoólogo Célio Haddad, professor da Unesp de Rio Claro. Desde 1859, quando Charles Darwin publicou o livro A origem das espécies e reconheceu que a distinção entre espécie e linhagem – ou população – era vaga e arbitrária, a situação não melhorou muito. Em 2007, Kevin de Queiroz, biólogo do Museu Smithsonian de Washington, revisou vários conceitos de espécie – o isolamento ou reconhecimento biológico, a capacidade de viver em um mesmo espaço, coesão genética ou espacial ou a história evolutiva comum – e reconheceu que todos eram imperfeitos.

“A abordagem mais conservadora, que considera apenas os aspectos morfológicos, tende a unir várias espécies em uma só”, diz Haddad, “enquanto a chamada taxonomia integrativa, mais moderna, detalhada e precisa, que considera também variações de DNA e de comportamento, tende ao desmembramento de espécies”. Segundo ele, o conceito de espécie varia caso a caso, de acordo com o critério e o olhar. As orquídeas que não cruzam mais entre si podem ser vistas de três modos: como uma espécie se diferenciando; como representantes de espécies diferentes; ou como semiespécies, conceito que o zoólogo Ernst Mayr apresentou em 1963 para definir as populações de animais ou plantas que não completaram o processo de diferenciação.

Haddad acredita que a incompatibilidade reprodutiva vista nas orquídeas e nas bromélias deve ser comum também em animais. “Só que ainda não avaliamos devidamente.” Os exemplos são escassos. Já se viu que as populações de uma espécie de planta de flores brancas da região próxima ao Ártico, a Draba fladnizensis, apresentavam incompatibilidade reprodutiva total. Populações de crustáceos marinhos conhecidos como copépodes – da costa Leste e os da costa Oeste dos Estados Unidos – não conseguiam mais gerar descendentes férteis. Outros invertebrados marinhos, os briozoários, formavam populações incompatíveis geneticamente, ao longo do litoral dos países europeus.
Trabalhos como esses “abrem uma janela para os diferentes mecanismos envolvidos na formação de novas linhagens”, diz Samantha Koehler, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) especialista em orquídeas.

E mostram como diferenças no DNA podem determinar a formação de novas espécies e redimensionar as regras da evolução. Para essas orquídeas e bromélias, a incompatibilidade reprodutiva parece ser mais decisiva do que um fator que Darwin via como fundamental para a especiação – o isolamento geográfico, por meio do qual populações distantes geograficamente poderiam se diferenciar a ponto de formarem novas espécies.

“O fundamento da especiação é o isolamento, mas o mecanismo de isolamento não é obrigatoriamente geográfico”, diz Mário de Pinna, pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). “O isolamento reprodutivo é o resultado de algum fator que impede o fluxo de genes, que pode ser o isolamento geográfico ou alguma contingência biológica ou local que resulte em segregação de parte de uma população.”
A distância parece não ser mais tão importante para impedir a afinidade reprodutiva entre as populações de Epidendrum. Populações separadas por uma distância de mil quilômetros ainda se mostraram aptas a cruzar entre si e formar embriões viáveis, enquanto outras de uma mesma localidade não eram mais (ver diagrama).

“É o isolamento reprodutivo que efetivamente vai separar as linhagens”, reitera Rodrigo Marques Lima dos Santos, pesquisador do Instituto de Biociências da USP e professor da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) que estuda a especiação em lagartos. Espécies com parentesco distante, até mesmo de gêneros taxonômicos diferentes, podem cruzar entre si, resultando em híbridos férteis. Antes considerados improváveis, esses cruzamentos indicam que o isolamento geográfico e o acúmulo de diferenças genéticas ao longo de milhares de anos não bastam para o isolamento reprodutivo. Mais uma vez ampliando a visão clássica de evolução, o surgimento de novas espécies pode também ser imediato, até mesmo sem fases intermediárias. “Dois lagartos de espécies distintas, mas cromossomicamente compatíveis, poderiam cruzar originando filhotes híbridos que já poderiam ser espécies novas”, ele diz. “Se o híbrido for viável, já sai correndo e algumas vezes melhor que seus pais.”

Criando a própria morte

Do mesmo modo que os cachorros sem raça definida tendem a ser mais vigorosos e resistentes a doenças que os de raça pura, os lagartos híbridos geralmente são mais vigorosos que os pais, mais competitivos por alimentos e espaço e podem levar os pais à extinção, já que convivem todos no mesmo espaço. “As espécie parentais estão criando um forte competidor, que pode levá-los à morte”, observa Santos. Algumas vezes, ao refazer as linhas de parentesco entre os animais, ele encontrou apenas os híbridos e não mais as espécies que provavelmente os formaram. “Apesar dos problemas de amostragens envolvidos e do impacto humano levando espécies à extinção, a hibridação também pode reduzir a biodiversidade, à medida que as espécies se fundem e depois desaparecem.”
Pererecas também podem sair de cruzamentos improváveis. É o caso de uma perereca verde das matas do Sudeste e Sul do Brasil que ganhou o nome de Phyllomedusa tetraploidea por causa de uma característica rara entre animais vertebrados: cada célula dessa espécie abriga quatro cópias de cada cromossomo, ou seja, é tetraploide (a espécie humana e a maioria dos vertebrados, com duas cópias, são diploides).
© CLARISSE PALMA-SILVA/UNESP
As bromélias do Rio: a Pitcairnia albiflos...
As bromélias do Rio: a Pitcairnia albiflos

Haddad e outros biólogos concluíram que a nova espécie deve ser o resultado do cruzamento entre machos e fêmeas de uma espécie diploide, a Phyllomedusa distincta, ou de um ancestral comum. Ela é tetraploide porque os gametas (espermatozoides e óvulos) que a originaram eram diploides; normalmente são haploides, com apenas uma versão de cada cromossomo. Os gametas formarão descendentes com 52 cromossomos em cada célula, o dobro dos 26 cromossomos da espécie parental, que lhe deu origem. “Esse é um fenômeno altamente improvável”, diz Haddad, “mas que em milhões de anos de evolução apresenta alguma chance de acontecer”.

A P. tetraploidea pode cruzar com os parentais e formar pererecas híbridas triploides, com 39 cromossomos em cada célula. Os descendentes (triploides) tentam cruzar com os parentais (diploides), mas são estéreis, pois seus gametas são defeituosos. Às vezes, porém, o resultado pode ser um animal que Haddad chama de quase estéril: os cromossomos se organizam de modo a permitir a produção de uns poucos gametas viáveis, “desrespeitando as definições clássicas de isolamento reprodutivo entre espécies diferentes”, diz ele.

Mas por que seres evolutivamente distantes conseguem se reproduzir entre si e seres muito parecidos não conseguem mais? Que diferenças são relevantes? Santos acredita que a compatibilidade reprodutiva pode ser determinada pelo número e pela forma dos cromossomos, já que espécies de lagartos com uma similaridade genética de apenas 85%, mas cromossomicamente compatíveis, podem gerar descendentes férteis. “O homem e o chimpanzé são mais de 98% semelhantes, do ponto de vista genético, e não se reproduzem entre si, em consequência, em boa parte, de deleções, fusões e rearranjos cromossômicos”, ele diz. “A espécie humana tem 46 e o chimpanzé, 48 cromossomos, e cerca de 10 grandes inversões cromossômicas também separam as espécies. É o suficiente para o isolamento reprodutivo.”

Cromossomos, cantos e cheiros

Entre os animais, mudanças sutis de comportamento – no canto de aves ou no coaxar dos anfíbios – podem dificultar o reconhecimento entre as espécies e o acasalamento, induzindo a diferenciação das linhagens. A incompatibilidade reprodutiva pode ser resultado também de diferenças morfológicas – expressas, por exemplo, na dimensão dos órgãos sexuais, que impede um cão são-bernardo de cruzar com uma poodle, embora possam cruzar com raças de tamanhos intermediários, já que todas as 400 raças de cães têm o mesmo número de cromossomos.
© CLARISSE PALMA-SILVA/UNESP
... e a P. staminea, que formam híbridos
… e a P. staminea, que formam híbridos

Entre as plantas, mudanças no odor podem deixar de atrair insetos polinizadores e servir de barreira para a reprodução. No estudo com as orquídeas, as diferenças genéticas é que pesaram, mais uma vez, de modo surpreendente. A maioria dos cruzamentos entre as representantes de Epidendrum apresentou um padrão assimétrico: o pólen retirado da flor de um lugar pode não fertilizar a flor de outro lugar, mas a fertilização no sentido inverso dava certo (ver diagrama). “O padrão assimétrico de reprodução é típico dos primeiros estágios de especiação, quando linhagens distintas começam a se diferenciar”, diz Pinheiro. “O padrão reprodutivo assimétrico deve estar disseminado na natureza”, comenta Fábio de Barros, coordenador do orquidário.

Esse fenômeno pode ser o resultado da incompatibilidade entre o DNA do núcleo das células reprodutivas e o DNA de um compartimento não nuclear, o cloroplasto, do óvulo da planta receptora. “Quase sempre se pensa apenas no DNA do núcleo, mas é a variação do DNA do cloroplasto que determina a viabilidade do embrião e a compatibilidade entre as populações”, ele concluiu, após analisar as sementes de todos os cruzamentos por meio de nove marcadores para o DNA nuclear e seis para o DNA de cloroplastos.

Pequenos trechos do genoma ou mesmo poucos genes é que talvez possam determinar a formação ou a preservação das espécies. “Os organismos devem trocar facilmente trechos do genoma que facilitam sua adaptação, mas os genes ou ilhas de especiação, que definem as características de uma espécie, como a cor das flores, não são trocados”, diz Clarisse. Essa visão explicaria por que as espécies de bromélias dos morros do Rio, mesmo formando híbridos, se mantêm distintas, uma com flores brancas e outra com flores vermelhas.

“Temos de explorar o privilégio de estarmos em um país megadiverso e coletar mais dados sobre reprodução e polinizadores, desse modo definindo os fatores ambientais que poderiam contribuir para a diferenciação das linhagens”, sugere Samantha, da Unifesp. É o que Pinheiro pretende fazer, ao planejar o transplante de linhagens de Epidendrum do litoral para o cerrado para testar sua hipótese de que o isolamento geográfico seria uma consequência, não a causa da especiação. Se der certo, ele ajudará de outro modo a atualizar as ideias de Darwin.

Projetos

1. Filogeografia das espécies de Epidendrum (Orchidaceae) integrantes do clado Atlântico (subgênero Amphiglottium) (09/15052-0); Modalidade Pós-doutorado. Coordenador Fábio Pinheiro – Instituto de Botânica; Investimento R$ 280.131,37 (FAPESP).

2. Especiação, isolamento reprodutivo e genética de populações na família Bromeliaceae: implicações taxonômicas, evolutivas e conservacionistas (09/52725-3); Modalidade Programa Biota – Apoio a Jovens Pesquisadores; Coordenadora Clarisse Palma da Silva; Investimento R$ 441.491,60 (FAPESP).

3. Especiação de anfíbios anuros em ambientes de altitude (08/50928-1); Modalidade Projeto Temático Coordenador Célio Haddad – Unesp; Investimento R$ 1.407.985,13 (FAPESP).

Artigos científicos

GRUBER, S. L. et al. Cytogenetic analysis of Phyllomedusa distinct Lutz, 1950 (2n = 2x = 26), P. tetraploidea Pombal and Haddad, 1992 (2n = 4x = 52), and their natural triploid hybrids (2n = 3x = 39) (Anura, Hylidae, Phyllomedusinae). BMC Genetics. v. 14, n. 1, p. 75, 2013 (on-line).

PINHEIRO, F. et al. Phylogeographic structure and outbreeding depression reveal early stages of reproductive isolation in the Neotropical orchid Epidendrum denticulatum. Evolution. v. 67, p. 2.024-39, 2013.

PALMA-SILVA C. et al. Sympatric bromeliad species (Pitcairnia spp.) facilitate tests of mechanisms involved in species cohesion and reproductive isolation in Neotropical inselbergs. Molecular Ecology. v. 20, 3.185-201, 2011.

Entre paredes de concreto

Mapas históricos exibem as transformações na forma e na função de rios encobertos por avenidas
CARLOS FIORAVANTI | Edição 214 - Dezembro de 2013
© GUILHERME GAENSLY / IMS
A futura metrópole Este era o Tietê e o clube de regatas na São Paulo de 1915. No mapa,  o rio e a cidade em 1930
A futura metrópole Este era o Tietê e o clube de regatas na São Paulo de 1915.

Mais uma vez, nesta época do ano, quando as chuvas estão mais fortes e frequentes, os rios e córregos da cidade de São Paulo voltam a ser vistos e lembrados, ao empurrarem para as ruas o excesso de água que não conseguem mais transportar. Os rios apenas respondem ao modo pelo qual foram moldados ao longo de décadas – “do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento, mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”, diria o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Os rios que cruzam a maior cidade do país estão geralmente comprimidos e escondidos em túneis de concreto sob as avenidas, alguns ganharam outros percursos – foram retificados, diriam os engenheiros – e não podem ser lembrados como alternativa para um passeio de fim de semana.

A transformação dos rios paulistas foi intensa e rápida. No início do século XX, os paulistanos se divertiam aos domingos nadando, pescando ou passeando de barco no rio Tietê – nas margens havia clubes, restaurantes e espaços para piquenique. A alegria acabou à medida que aumentava a descarga de resíduos das casas e das empresas no rio que na década de 1950 já era, como hoje, um esgoto a céu aberto, expondo o descaso com a natureza e o desapego à estética na cidade mais rica do país. Desde 1995, a despoluição do Tietê, o principal rio que cruza a metrópole, consumiu o equivalente a US$ 1,6 bilhão e reduziu o alcance da poluição, que chegava até Barra Bonita, a 260 quilômetros da capital, e hoje chega apenas até Salto, a 100 km, mas não terminou. 

Em abril de 2013, o governador de São Paulo anunciou a terceira etapa do programa de despoluição do rio Tietê, que prevê investimentos de US$ 2 bilhões – se tudo der certo, a coleta de esgotos passará dos atuais 84% para 87% e o tratamento de 70% para 84% em 2016. Outros R$ 439 milhões foram usados na despoluição de 137 dos 300 córregos da região metropolitana de 2007 a 2013. Estima-se que 
7 quilogramas (kg) de resíduos sejam lançados a cada segundo nos rios e córregos da Grande São Paulo, ainda vistos como área de descarte não só de esgoto residencial e industrial, mas também de entulho, garrafas plásticas, sofás e pneus e carros velhos.

“São Paulo afogou os rios”, sintetiza o engenheiro e advogado Rodolfo Costa e Silva, coordenador dos programas de despoluição do rio Tietê e de requalificação das marginais dos rios Tietê e Pinheiros. “Queremos despoluir e manter os rios limpos”, ele diz. “É uma despoluição hídrica e urbanística.” Os programas que ele cooordena contam com a participação dos municípios da Grande São Paulo, empresas e organizações não governamentais e preveem a construção de ciclovias, calcadões e parques ao longo dos 50 quilômetros de marginais e a navegação dos rios, até mesmo unindo, por barco, os aeroportos de Congonhas e de Guarulhos.
© ACERVO ELETROPAULO
Avenida Leopoldina, às margens do rio Pinheiros, em São Paulo, durante a enchente de fevereiro de 1929
Avenida Leopoldina, às margens do rio Pinheiros, em São Paulo, durante a enchente de fevereiro de 1929

A cidade de São Paulo, com seus rios maltratados, “é um exemplo do que pode acontecer quando o poder de decisão está concentrado em poucos grupos de poder”, diz o historiador Luis Ferla, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Curitibano radicado em São Paulo desde 1992, Ferla foi um dos curadores da exposição O tempo e as águas: formas de representar os rios de São Paulo, em cartaz até março no Arquivo Público do Estado de São Paulo, com 17 mapas, fotografias e cadernetas com registros do trabalho de campo de engenheiros e cartógrafos. Logo na entrada da exposição, um mapa de 5 metros de largura por quase 2 de altura compara o curso original – e sinuoso – dos rios Tietê e Pinheiros cruzando a Grande São Paulo em 1916, com o curso retificado, em 2013. A sobreposição dos trajetos sintetiza as ideias e interesses que resultaram em uma cidade de rios retos, encobertos, malcheirosos, cruzados por pontes com passagens de pedestres geralmente estreitas.

As pestes e a Light

No final do século XIX, o medo da morte foi o principal argumento para mudar os cursos dos rios da vila de São Paulo, inalterados por séculos. Pensava-se que a água estagnada nas várzeas, que já recebiam esgotos residenciais e acumulavam despejos de animais de criação, formando as chamadas ilhas de lodo, poderia favorecer a propagação de epidemias como as de febre amarela e febre tifoide, que acossavam os moradores das principais cidades paulistas.

Portanto, foi para fazer os rios correrem com maior velocidade e evitarem doenças que os engenheiros à frente da Comissão de Saneamento das Várzeas e, logo depois, da Comissão de Saneamento do Estado ordenaram a retificação dos trajetos e a abertura de canais no Tamanduateí e no Tietê. Em um artigo publicado em 2012, o historiador Janes Jorge, professor da Unifesp que participou do planejamento da exposição, observou que as epidemias começaram a rarear, em razão principalmente da descoberta de seus reais agentes causadores, mas o mau cheiro persistiu: em 1927 o rio Tietê recebia cerca de 30 toneladas de esgoto por dia. Outras cidades, como Chicago, Washington, Londres e Moscou, viveram problemas similares à medida que cresciam, até construírem as estações de tratamento de esgotos.

A cidade de São Paulo se expandia rapidamente, acompanhando o aumento da produção das fazendas de café no interior do estado: o total de moradores passou de 15 mil em 1850 para 30 mil em 1870, 240 mil em 1900, 580 mil em 1920 – quando São Paulo já havia se consolidado como um polo comercial e industrial –, 1,3 milhão em 1940 e 6 milhões em 1960. O crescimento urbano acelerado favoreceu a ocupação das várzeas, áreas naturalmente alagáveis, visadas para a construção de casas e fábricas, e o avanço sobre os braços dos rios: o córrego Saracura, afluente do Anhangabaú, foi o primeiro a ser coberto e desaparecer, em 1906.

Cada vez mais cercados, os rios transbordaram para além de seus limites naturais e as enchentes se tornaram mais intensas, frequentes e danosas, justificando ações mais radicais de retificação dos rios. No início, por meio de propostas como a do engenheiro sanitarista Saturnino de Brito, de 1926, planejava-se o alinhamento dos principais rios de modo a conciliar seus diferentes usos – transporte, lazer, pesca, abastecimento de água, controle de enchentes e produção de energia elétrica –, mas as coisas não saíram desse modo.
© ARQUIVO PÚBICO DO ESTADO DE SP
O trajeto original e retificado do rio Tamanduateí
O trajeto original e retificado do rio Tamanduateí

“Os projetos de retificação dos rios paulistanos foram empobrecendo e os interesses dos moradores ficaram de lado, por uma série de circunstâncias econômicas e políticas”, diz Jorge. “As mudanças favoreceram quase exclusivamente a produção de energia elétrica, as vias expressas para automóveis e apropriação privada dos terrenos da várzea.” Os planos iniciais se diluíram por causa, em boa parte, da influência da empresa canadense The São Paulo Trainway, Light and Power Company, conhecida como Light, que detinha o monopólio da produção e distribuição de energia elétrica na região de São Paulo. Para garantir mais água para a hidrelétrica de Cubatão, a Light tinha invertido o curso do Pinheiros e recebido o direito de ocupar as várzeas.

Um decreto de dezembro de 1928 determinava que “a linha máxima” da enchente de 1929 delimitaria a área que caberia à Light. Vários pesquisadores acreditam que a Light abriu as comportas da represa de Guarapiranga para ampliar a área alagada e receber mais terras, ainda que agravando os danos de uma das piores enchentes da cidade. “Daí para a frente, um fiscal de terras passou a proibir as pessoas de usarem a várzea, fosse para jogar bola ou levar cabras para beber água”, disse a geógrafa Odete Seabra em uma entrevista ao Estado de S. Paulo em 2009. Em sua tese de doutorado, apresentada na Universidade de São Paulo em 1987 e hoje um estudo clássico sobre a ocupação das várzeas dos rios Tietê e Pinheiros, Odete mostrou, por meio de depoimentos, documentos e notícias de jornais, como a Light agravou a inundação, soltando a água de suas represas.

 Segundo ela, a Light assumiu o monopólio de fato e, abrindo e fechando as comportas da represa de Guarapiranga, afugentou os barqueiros que exploravam areia e pedregulho do Pinheiros. Depois, procurou-se resolver os litígios com os proprietários de terras próximas aos rios por meio da construção das avenidas marginais, que consolidaram a ocupação das várzeas dos rios. Para reduzir as enchentes, que continuaram, a saída encontrada foi aumentar a calha do Tietê. De 2002 a 2006, o rio foi rebaixado em média 2,5 metros, com a retirada de 9 milhões de metros cúbicos de terra e lixo, a um custo de R$ 1,1 bilhão, reduzindo bastante a probabilidade de transbordamentos.

Cachoeiras encobertas

“Começamos a nos afastar dos rios quando os rios deixaram de ter a função de comunicação e de transporte”, diz a historiadora Iris Kantor, da USP. “Até o final do século XVIII havia uma cultura de valorização dos rios como forma de transporte de mercadorias e pessoas para o interior.” Uma prova desse uso estratégico dos rios, segundo ela, é a Carta geographica de projeção espherica da Nova Lusitania ou América Portuguesa e Estado do Brasil, preparada pelo astrônomo mineiro Antonio Pires da Silva Pontes Leme a partir de 80 mapas e concluída em 1798, por encomenda do governo português, interessado em consolidar as fronteiras de sua colônia na América. “Meus colegas geógrafos dizem que, comparativamente, esse mapa traz informações mais detalhadas sobre os cursos dos rios, muitos deles ainda hoje pouco visíveis nas imagens de satélite.” Os rios ainda são relevantes para o transporte de pessoas e de mercadores apenas na região Norte do país, em vista da dificuldade em construir e manter estradas em meio à floresta.

Ao selecionar o material do período colonial para a exposição do Arquivo Público, a equipe encontrou um mapa impressionante, intitulado Planta do rio Tietê ou Anemby na capitania de São Paulo desde a cidade do mesmo nome até à sua confluência com o rio Grande ou Paraná. Iris desconfiou da autenticidade da autoria – o nome de José Custódio de Sá e Faria estava escrito a lápis no verso do mapa –, consultou a obra da historiadora Isa Adonias e a base digital da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro, e concluiu que o mapa deveria ser uma edição anônima de uma antiga carta hidrográfica do Tietê feita em 1789 pelo cartógrafo paulista  Francisco José de Lacerda e Almeida, que fez medições ao longo do curso do rio Tietê e de seus afluentes em 1788 e 1789, a pedido do então governador de Mato Grosso. A versão encontrada é um pouco posterior a 1810, pertenceu ao acervo do extinto Instituto Geográfico Geológico de São Paulo e contém muitas informações de natureza histórica e etnográfica que não constavam no mapa original de 1789.  O mapa detalha as cachoeiras, portos e fazendas que os viajantes deveriam passar rumo ao rio Paraná. “É um verdadeiro roteiro prático de navegação, no qual se indicam os lugares e pontos do percurso fluvial e terrestre por onde as canoas e as cargas deveriam ser transportadas ou empurradas por cordas e pelos braços dos pilotos e tripulantes”, observa Iris.
© ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP
As duas faces  do Noroeste: Em 1868, a mesma região era vista como “terrenos ocupados pelos indígenas feroses” no Atlas do Império do Brasil...
As duas faces do Noroeste: Em 1868, a mesma região era vista como “terrenos ocupados pelos indígenas feroses” no Atlas do Império do Brasil…

O mapa registra o salto de Itapura, quase na foz do Tietê, uma das cerca de 150 cachoeiras do Tietê encobertas pelos reservatórios das usinas hidrelétricas que transformaram também outros rios de São Paulo e de outros estados, gerando energia, mas também causando assoreamento e reduzindo a diversidade de peixes e outros organismos aquáticos. “As cidades do interior não precisam fazer as mesmas besteiras que fizemos em São Paulo”, alerta Jorge. No entanto, o que se vê, por enquanto, são as cidades do interior que tentam ser modernas canalizando, cobrindo ou aterrando rios que, quando expostos, exibem uma carga crescente de poluição.

Em 2002, somente 17% do esgoto doméstico gerado nos 645 municípios do estado de São Paulo era tratado antes de ser jogado nos rios, reduzindo a qualidade da água e a diversidade biológica, de acordo com um estudo coordenado por Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP de Piracicaba. Em 2006, Juliano Groppo e Jorge de Moraes, do mesmo grupo, verificaram que a degradação da qualidade da água da bacia do rio Piracicaba, uma das mais prejudicadas no estudo anterior, persistia. “As agências responsáveis pela qualidade da água dizem que o tratamento de esgotos aumentou, mas não vimos melhoria palpável nos rios da região”, diz Martinelli. “Não sei onde está o problema. Temos hoje um bom conjunto de leis, mas algo não está funcionando. Temos de ver onde falhamos.” Em 2013, com base em amostras colhidas em 360 pontos do estado, Davi Cunha e outros pesquisadores da USP de São Carlos e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) verificaram que a qualidade da água continuava aquém dos limites impostos pela legislação.

Rios vivos outra vez?

“Temos de entender os momentos históricos”, sugere o arquiteto Fernando de Mello Franco, secretário de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, que em 2005 concluiu seu doutorado sobre a ocupação das várzeas e planícies fluviais da bacia de São Paulo, na Faculdade de Arquitetura da USP. São Paulo, ele acentua, não é mais uma cidade de passagem para comerciantes, migrantes e imigrantes. “Estamos em um momento de inflexão, com novos conceitos, como o de urbanismo da paisagem, em que a transformação do território não é realizado prioritariamente para amparar a produção, mas para amparar a vida. A paisagem não é dada, não desfrutamos a paisagem como um viajante do século XVI, somos nós que a construímos.”
© ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP
... e como “terrenos despovoados” no mapa da Sociedade Promotora de Imigração de São Paulo
… e como “terrenos despovoados” no mapa da Sociedade Promotora de Imigração de São Paulo

Agora se procura resgatar um pouco da paisagem perdida. Prevista no programa de requalificação das marginais, a construção de uma ciclovia sobre o rio Pinheiros, unindo a Cidade Universitária ao parque Villa Lobos, deve começar em 2014. E até o final de 2014, segundo Costa e Silva, deve terminar a primeira etapa de despoluição do Tietê, que consiste na limpeza e arrumação dos afluentes e córregos de oito municípios próximos à nascente – Arujá, Mauá, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba-Mirim e Salesópolis – que abrigam cerca de 1 milhão de pessoas. “Despoluir não é só tirar o esgoto dos rios”, ele diz. Trata-se de uma operação complexa, que implica também a recuperação da vazão dos rios, redução do assoreamento, controle da drenagem e incentivo à arborização como forma de aumentar a permeabilidade das áreas urbanas. Em novembro de 2013 estudava-se a substituição das bocas de lobo, que deixam passar o lixo que segue para os rios, por grades, que retêm boa parte dos resíduos. “Estamos servindo às cidades”, diz ele. “Não adianta inventar o que as cidades e seus moradores não querem.”

À medida que os resultados se tornarem visíveis, Costa e Silva pretende promover campanhas públicas para evitar que os moradores joguem sujeira nos rios – agora, cartazes de educação ambiental não teriam efeito, ele pondera, diante da atual desmoralização dos rios. Moradores de São Paulo já se mobilizam para valorizar os córregos e rios da cidade. No início de 2013 a geógrafa Janaína Yamamoto Santos, diretora do núcleo de acervo cartográfico do Arquivo Público, participou de um bloco pós-Carnaval que percorreu o trajeto encoberto do córrego da Água Preta, na Pompeia.
O rio Tamanduateí – chamado de Sete Voltas e usado no século XVII pelos moradores da então vila de São Paulo para transportar tijolos, louças, frutas e cereais, em canoas de madeira – hoje corre acanhado sob a avenida do Estado, uma das mais áridas da cidade de São Paulo. “O Tamanduateí poderia ter ciclovia e árvores, mas é apenas esgoto, é feio que dói. Tem de ser assim?”, questiona Jorge. “Todo mundo aceita que São Paulo tem de ser feia, mas não tem. Já podemos conciliar desenvolvimento urbano e estética.”

Projeto

Implementação da tecnologia de sistemas de informações geográficos (SIG) em investigações históricas (13/05444-4). Modalidade Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa; Coordenador Luis Antonio Coelho Ferla – Unifesp; Investimento R$  51.907,60.

Artigos científicos

JORGE, Janes. Rios e saúde na cidade de São Paulo, 1890-1940. História e Perspectivas. v. 25, n. 47, p. 103-24. 2012.
JORGE, Janes. São Paulo das enchentes, 1890-1940. Histórica. n. 47, p. 103-24. 2012.
KANTOR, Iris. Mapas em trânsito: projeções cartográficas e processo de emancipação política do Brasil (1779-1822). Araucaria. v. 12, n. 24, p. 110-23. 2010.
CUNHA, D.G.F. et al. Resolução Conama 357/2005: análise espacial e temporal de não conformidades em rios e reservatórios do estado de São Paulo de acordo com seus enquadramentos (2005–2009). Engenharia Sanitária e Ambiental. v. 18, n. 2, p. 159-68. 2013.
MARTINELLI, L.A. et al. Levantamento das cargas orgânicas lançadas nos rios do estado de São Paulo. Biota Neotropica. v. 2, n.2, p. 1-18. 2002.

Biota: biodiversidade em áreas alteradas pelo homem | 10.12.2013

Áreas destinadas à agropecuária podem esconder uma alta variedade de animais silvestres
O nono e último encontro do Ciclo de Conferências Biota-FAPESP Educação, realizado em São Paulo no dia 21 de novembro, tratou dos ambientes alterados pela ação humana, como cidades e áreas agrícolas, que embora bastante degradados ainda abrigam uma grande diversidade de espécies de plantas e animais. No campus da USP da Cidade Universitária, por exemplo, vivem dezenas de espécies de aves, a apenas oito quilômetros do centro de São Paulo. Entre elas está o jacuaçu (Penelope obscura), uma ave característica da mata atlântica que emite sons semelhantes ao cacarejo das galinhas.
 Assista aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=mMp7gwQVxRU



Hoje, no entanto, um dos grandes problemas para a sobrevivência desses animais em ambientes urbanos é que as áreas arborizadas estão cada vez menores, devido, entre outras razões, ao crescimento desordenado das cidades. No Brasil, 85% da população vive atualmente em áreas urbanas.


Já as áreas destinadas à agropecuária também podem esconder uma alta variedade de animais silvestres – mamíferos, peixes, anfíbios e aves –, geralmente não valorizados, como os da cidade. Algumas aves já estão adaptadas às matas próximas às plantações, como o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), a curicaca (Theristicus caudatus) e a maria-faceira (Syrigma sibilatrix). Estima-se que até 60% das espécies de aves originais desses ambientes vivam em paisagens agrícolas alteradas.
Para saber mais sobre esse universo biológico escondido entre prédios e plantações e os desafios relacionados a sua conservação, assista ao resumo das palestras do último encontro do Ciclo de Conferências, que contou com a participação das bióloga Elizabeth Höfling, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), e Roseli Buzanelli Torres, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), e o agrônomo Luciano Martins Verdade, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP.

Toxina da carambola é isolada

Fruta abundante no Brasil é ameaça a pacientes com doenças renais
JÚLIO CÉSAR BARROS | Edição Online 12:44 25 de novembro de 2013
© DEUSXFLORIDA / FLICKR

Pesquisadores da USP conseguiram isolar e caracterizar substância como caramboxina, para facilitar a associação com o nome do fruto Averrhoa carambola (foto)
Pesquisadores da USP conseguiram isolar e caracterizar a substância caramboxina, para facilitar a associação com o nome do fruto Averrhoa carambola (foto)

Comer carambola ou tomar seu suco pode ser fatal para pacientes com insuficiência renal crônica devido a uma toxina presente na fruta que deixa de ser filtrada pelos rins. A novidade é que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram isolar e caracterizar a toxina para entender como ela age no organismo. Os autores batizaram a substância de caramboxina, para facilitar a associação com o nome do fruto Averrhoa carambola. O estudo, que busca alertar para os perigos da ingestão da toxina, estampou a capa da edição do dia 7 de novembro da revista Angewandte Chemie International, com status de VIP (Very Important Paper).

Os estudos começaram em 1998 e os primeiros resultados surgiram no início dos anos 2000. O isolamento da substância não foi tarefa fácil, porque a caramboxina, quando misturada em água e armazenada em temperatura ambiente, sofre uma reação que altera sua configuração e a torna completamente inativa. Segundo os pesquisadores Norberto Peporine Lopes e Norberto Garcia-Cairasco, professores respectivamente da Escola de Ciências Farmacêuticas e da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, o trabalho exigiu a união de esforços de uma equipe multidisciplinar, como nefrologistas clínicos, neurocientistas básicos e químicos estruturais e de síntese. As frutas usadas para isolar e estruturar a toxina foram colhidas de árvores que não foram tratados com pesticidas.

Testes com extrato bruto de carambola (suco) foram feitos em animais de laboratório com insuficiência renal, a fim de simular a situação dos pacientes, descrevem os responsáveis pela pesquisa. “Os animais tomaram o suco concentrado, o que produziu efeitos semelhantes aos de pacientes nas mesmas condições, incluindo convulsões e eventuais óbitos”, explica Garcia-Cairasco, lembrando que é impossível comprovar tais sintomas sem o uso de modelos animais. Os dados mais conclusivos sobre caracterização neuroquímica e neurofarmacológica da toxina foram obtidos em modelos in vitro.

Quando o fruto e/ou seu suco são consumidos por pacientes acometidos de insuficiência renal ou lesão aguda nos rins, ou por indivíduos diabéticos, a caramboxina pode induzir crises de soluços, vômito, confusão mental, agitação psicomotora, convulsões prolongadas (estado de mal epiléptico) e até a morte. Embora pessoas sem histórico de problemas renais não corram riscos, os pesquisadores recomendam que se evite abuso no consumo da carambola. Isso porque seu teor de ácido oxálico pode eventualmente produzir cálculos renais em indivíduos mais sensíveis. Isto predisporia aos efeitos neurotóxicos da caramboxina, afirma o professor Garcia-Cairasco.
Para os pesquisadores, os resultados do estudo podem ajudar a criar ferramentas para estudos de processos de excitabilidade e neurodegeneração do sistema nervoso ou mesmo para a produção de eventuais substâncias chamadas antagonistas. Para mais informações, acesse um estudo anterior que está disponível na Biblioteca Virtual.

Projeto
Desenvolvimento de uma plataforma para o estudo do metabolismo in vivo e in vitro de produtos naturais, uma necessidade para o sistema de ensaios pré-clínicos (nº 09/51812-0); Modalidade: Auxílio à Pesquisa – Programa BIOTA – Temático; Coord.: Norberto Peporine Lopes/USP; Investimento: R$ 1.563.792,01 (FAPESP)

Artigo

GARCIA-CAIRASCO, N. et al. Elucidating the Neurotoxicity of the Star Fruit. Angewandte Chemie. 2013

Nova espécie de anta da Amazônia

Animal é a quinta espécie do gênero e a primeira a ser identificada em 150 anos
RODRIGO DE OLIVEIRA ANDRADE | Edição Online 11:49 19 de dezembro de 2013

© COZZUOL, M. A. ET AL.
jiiji
A “pretinha”, como a nova espécie ficou conhecida, há tempos é caçada por índios e outros moradores da região da Amazônia

Uma espécie de anta há muito conhecida pelas comunidades ribeirinhas e indígenas de Rondônia e Amazonas foi agora descrita por pesquisadores em um estudo publicado dia 17 na revista Journal of Mammalogy.

A Tapirus kabomani, como foi batizada, é a quinta espécie do gênero e a primeira a ser identificada em 150 anos. O animal até então era considerada uma variação da Tapirus terrestris, maior mamífero terrestre da América do Sul, com 2 metros de comprimento e 300 quilos (kg).

Sob coordenação do paleontólogo Mário Alberto Cozzuol e do biólogo Fabrício Rodrigues dos Santos, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os pesquisadores analisaram amostras de tecidos e do crânio do animal, fornecidos pelos índios Karitiana e outros moradores da região, que há décadas caçam o bicho.

Apesar das semelhanças, a T. kabomani é bastante diferente da anta comum — é menor, com um peso 200 kg menor e pelagem mais escura. Segundo Cozzuol, diferentemente da espécie mais comum, a Tapirus kabomani parece preferir áreas abertas junto às florestais nos estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e na Amazônia colombiana. “Há relatos da ocorrência desse animal na Amazônia do Peru e da Bolívia, assim como é possível que ocorra em toda a Amazônia”, conta o paleontólogo.

A distribuição e o hábitat específico da nova espécie ainda serão estudados. “Ainda não é possível dizer o número de indivíduos dessa nova espécie no Brasil porque os estudos estão apenas começando”, diz Cozzuol. “Por isso precisamos avaliar se ela corre algum risco de extinção, já que sua distribuição parece ser mais restrita que a da anta comum por causa da agricultura, do desmatamento e de grandes obras de infraestrutura”, diz.

As antas são importantes para a manutenção dos ecossistemas em que vivem por agirem como dispersores de sementes, auxiliando na preservação das espécies vegetais. Elas servem de alimento para grandes predadores, como as onças-pintadas, e também para as populações nativas.

Artigo científico

COZZUOL, M. A. et al. A new species of tapir from the Amazon. Journal of Mammalogy v. 94, n.6, p. 1331-1345. dez. 2013

Critérios ignorados

Pesquisadores brasileiros sugerem forma ampliada de avaliar riscos de extinção de espécies
JÚLIO CÉSAR BARROS | Edição Online 15:22 20 de dezembro de 2013

© DARIO SANCHES / WIKI COMMONS 

O fim-fim (Euphonia chlorotica) é uma das aves brasileiras em risco
O fim-fim (Euphonia chlorotica) é uma pequena ave brasileira que habita ambiente de floresta

Mudanças ambientais, provocadas ou não pela ação do homem, têm impacto na vida selvagem e estão refletidas na extensão da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas publicada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). A listagem com 71.576 nomes de animais, plantas, fungos e microrganismos é a base para a elaboração de políticas de conservação mundo afora. No entanto, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) sustentam que a lista não deve ser o parâmetro único para planejar ações de conservação, pois aspectos ignorados pela IUCN podem colocar em xeque o êxito das medidas. Os pesquisadores brasileiros sustentam que é necessário avaliar a saúde dos ecossistemas em sua totalidade e não tomar isoladamente o risco de extinção de cada espécie.

Para fornecer dados mais fidedignos, os pesquisadores da UFG criaram um modelo para quantificar o risco de desaparecimento das espécies. Quase todas as aves do Brasil constam da tabulação feita para o trabalho científico, somando 1.557 espécies. Os brasileiros foram abrangentes, levaram em conta dados como a influência humana (caça, comércio ilegal, desmatamento), a dieta dos animais (se se alimentam de frutas, folhas, insetos), além do ambiente em que vivem (floresta, ambiente aberto, savana), os hábitos (noturno ou diurno), a quantidade de ovos por ninhada e o tamanho dos bichos, além de 15 outras variáveis.

“Aplicando nosso modelo, somos capazes de prever se o animal ou planta têm, por exemplo, 30%, 40% ou 80% de chance de se extinguir em determinado momento. Descobrimos que a maioria dos exemplares de aves mais ameaçados de nosso país não estão sequer em áreas protegidas”, explica o professor Rafael Loyola, co-autor, com a doutoranda Nathália Machado, do artigo A Comprehensive Quantitative Assessment of Bird Extinction Risk in Brazil, publicado na edição de agosto da revista PLoS ONE.

A IUCN, por outro lado, aplica somente 12 critérios para definir se uma espécies está em perigo ou não. Tamanho da população, número de indivíduos maduros, taxa de declínio, fragmentação das populações e área de ocorrência são alguns das variáveis usadas. Dessa forma, cada espécie recebe da IUCN uma etiqueta específica – dados insuficientes (DD), pouco preocupante (LC), quase ameaçada (NT), vulnerável (VU), em perigo (EN), criticamente em perigo (CR), extinta na natureza (EW) e extinta (EX).

Os pesquisadores esperam que o modelo auxilie em mais um parâmetro, a probabilidade de extinção, capaz de melhorar o planejamento das políticas ambientais. “O estudo amplia o conhecimento sobre o grau de ameaça das espécies e isso tem um peso político enorme, porque o governo só tem condições de tomar decisões mais eficientes quando conhece o nível de ameaça a uma espécie. Por exemplo, pode-se intensificar a fiscalização a uma região específica ou criar áreas de preservação para impedir a degradação daquele ecossistema”, afirma Loyola.

Características ecológicas e histórias evolutivas

O outro artigo produzido pelo Departamento de Ecologia da UFG, intitulado Conservation Actions Based on Red Lists Do Not Capture the Functional and Phylogenetic Diversity of Birds in Brazil e também publicado na edição de setembro da revista PLoS ONE, aprofunda o entendimento sobre as características ecológicas e histórias evolutivas de cada ave brasileira no ecossistema em que vive.

São aspectos pouco avaliados pelas políticas de conservação, e isso inclui a Lista Vermelha da IUCN.
O objetivo dos cientistas foi avaliar o nível de diversidade funcional e de diversidade filogenética de ambientes para saber se os mesmos são saudáveis. Com essa informação em mãos, contam os autores do estudo, a aplicação de políticas de conservação teria maior impacto. A classificação poderia, por exemplo, ajudar a determinar quais regiões terão melhor resultado dentre aquelas que já estão muito degradadas, e que precisam de outras intervenções.

O nível de diversidade funcional diz respeito à diferença ecológica entre as espécies presentes nos ecossistemas. Quanto mais alto é o índice, mais “saudável” é o local, porque ali existem espécies com múltiplas funções e isso garante o equilíbrio natural. “Quando há espécies ecologicamente muito diferentes habitando o mesmo ambiente, espera-se achar ali aves que desempenhem papéis diversos, tais como dispersão de sementes, polinização e predação, diz o professor Loyola, que também participou do estudo, e que tem co-autoria do mestrando José Hidasi Neto e de Marcus Cianciaruso, também professor da UFG.

Já o nível de diversidade filogenética indica o quão diferente são as espécies daquele ambiente do ponto de vista evolutivo. “Usamos como exemplo a ema, que é uma grande ave que não voa e ocorre em áreas abertas, ao contrário do fim-fim (Euphonia chlorotica), que é pequeno e habita ambiente de floresta. Essas várias linhagens (ou grupos evolutivos) convivendo na mesma área atestam a saúde de todo do ecossistema”, explica Loyola.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Revista Biota Neotropica passa a fazer parte da rede BHL-SciELO

13/12/2013
Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Resultado de uma parceria firmada com o programa Scientific Electronic Library Online (SciELO), a revista Biota Neotropica passa a integrar, em 2014, a rede Biodiversity Heritage Library (BHL-SciELO) – parte de uma iniciativa internacional cujo objetivo é digitalizar, indexar e tornar acessíveis on-line as principais obras da literatura científica sobre biodiversidade.

Edição impressa será extinta e apenas trabalhos em inglês serão aceitos. Coordenador do BIOTA-FAPESP destaca ações do programa em 2014, como novo ciclo de conferências e chamada de propostas de pesquisa sobre espécies invasoras 

Todos os artigos publicados no periódico desde 2001 – quando foi lançado pelo Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP) – já estão disponíveis no site www.bhlscielo.org.

Segundo Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do BIOTA-FAPESP, a edição impressa será extinta em 2014 e apenas trabalhos em inglês serão aceitos. Além disso, o sistema eletrônico de submissão de artigos e gerenciamento está sendo reformulado.
“Uma das metas do programa em sua segunda década de existência é aumentar o fator de impacto da revista Biota Neotropica, que hoje é de 0,56. Queremos chegar a perto de 1 nos próximos três anos. As mudanças fazem parte desse planejamento. Uma das novidades é a disponibilização on-line imediata dos trabalhos assim que forem aprovados pelos assessores ad hoc, editores de área e editor-chefe. Isso diminuirá o tempo de editoração, tornando a publicação mais ágil e aumentando seu tempo de exposição”, disse Joly.

A revista foi criada em 2001 com a missão de divulgar os resultados das pesquisas realizadas no âmbito do programa e de abranger também estudos feitos em toda a região neotropical com a temática “caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade”.
“Uma avaliação feita pela coordenação na época identificou que a maioria das revistas brasileiras de circulação internacional era dedicada a determinados grupos taxonômicos, como a Revista Brasileira de Botânica e a Revista Brasileira de Zoologia. Havia uma lacuna a ser preenchida”, contou Joly.
Em 2012, a publicação passou a ser indexada na base de dados Web of Science, da Thomson Reuters.
“A revista já é uma referência importante na América Latina, mas é preciso ter uma presença mais forte em outras regiões do mundo. Afinal, o país que tem o privilégio e a responsabilidade de ser o número ‘um’ entre as nações megadiversas precisa ter um periódico científico reconhecido internacionalmente como de alta qualidade nessa área”, avaliou Joly.

Novo canal

Também com o intuito dar visibilidade à produção científica do BIOTA e favorecer a interação entre seus pesquisadores, foi criado no mês de setembro um boletim eletrônico bimestral batizado de Biota Highlights.

Na avaliação da bióloga Érica Speglich, que em parceria com Paula Castro edita o novo boletim, a integração dos pesquisadores é ainda mais estratégica que a integração de dados e de conhecimentos, pois reforça os objetivos do programa, fortalece sua identidade e favorece a geração de spin-offs.
“Reuniões e simpósios são uma das formas de promover essa integração, mas a distância entre os eventos fez com que a coordenação procurasse outros mecanismos, entre eles a criação de um boletim com conteúdo inédito e personalizado sobre o BIOTA, seus projetos e pesquisadores”, afirmou Speglich.
Qualquer interessado em receber as notícias por e-mail pode se cadastrar na página do programa BIOTA. O conteúdo também está disponível no endereço: www.biota.org.br/?page_id=3126.
Conferências educativas
A ampliação do diálogo com públicos além do meio científico – especialmente professores e estudantes do ensino médio e fundamental – também tem sido uma das metas do programa BIOTA nesta segunda década de vida.
Ao longo de 2013, um ciclo de conferências educativas gratuitas reuniu mais de 750 pessoas na sede da FAPESP. Durante os nove encontros, foram abordados temas relacionados à biodiversidade dos diferentes biomas brasileiros.

Uma nova edição do ciclo será realizada em 2014, desta vez com foco nos chamados “serviços ecossistêmicos”, como a polinização, a proteção aos recursos hídricos e a ciclagem de nutrientes.
“Vamos olhar mais para processos do que para fotografias estáticas. Abordar os serviços que a biodiversidade oferece para o homem, como polinização, que é importante também para a produção de alimentos. É uma abordagem moderna que já começa a fazer parte dos livros escolares. Pretendemos melhorar o entendimento desses processos”, afirmou Joly.
O ciclo de 2014, no entanto, será realizado apenas durante o primeiro semestre. Na segunda metade do ano, os pesquisadores estarão envolvidos com os preparativos para a reunião bienal de avaliação do Programa BIOTA-FAPESP, prevista para ser realizada em Campos do Jordão, entre os dias 7 e 12 de dezembro.

“Teremos mais de 80 projetos participando da avaliação este ano; será impossível apresentar os principais resultados de cada um deles. Nossa ideia é reunir os trabalhos dentro de grandes temas, como biodiversidade marinha, microrganismos, inventários e ecologia de vertebrados, por exemplo”, disse Joly.
“Para isso, ao longo do segundo semestre, vamos reunir na FAPESP os coordenadores de projetos de cada grande tema para as apresentações individuais e elaborar uma síntese do avanço do conhecimento nessas áreas temáticas. Essa síntese será apresentada para os avaliadores internacionais em dezembro”, explicou.
Outro evento já agendado para o dia 10 de fevereiro, na sede da FAPESP, é o workshop “A multidisciplinary framework for biodiversity prediction in the Brazilian Atlantic forest hotspot”, organizado pelas professoras Cristina Miyaki, da Universidade de São Paulo (USP), e Ana Carolina Carnaval, do City College of New York, nos Estados Unidos. As duas coordenam um projeto selecionado na segunda chamada de propostas de cooperação científica dos programas BIOTA-FAPESP e Dimensions of Biodiversity-National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos (leia mais em http://agencia.fapesp.br/18020).

No período entre 28 e 30 de abril, o professor da USP Roberto Berlinck promove o workshop “Thinking big about small beings: recent advances on microbial diversity, ecology and biodiscovery”. No mês de agosto, a professora da Unicamp Antonia Cecilia Zacagnini Amaral realiza um workshop do Projeto Biota Araçá/São Sebastião.

Ainda sobre a programação de 2014, Joly destacou uma chamada de propostas focada em estudos sobre espécies invasoras, prevista para fevereiro, e outra com foco na área de educação em biodiversidade, ainda sem data definida.

“A coordenação do BIOTA também planeja envolver sua comunidade de pesquisadores na efetiva implementação do Programa de Trabalho da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), que está sendo discutido e aprovado esta semana em Antalya, Turquia”, comentou Joly.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Pesquisadores desenvolvem técnica para criação em massa de abelhas sem ferrão

16/12/2013
Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Abelhas sem ferrão, como a jataí (Tetragonisca angustula) e a uruçu (Melipona scutellaris), são reconhecidas como importantes polinizadoras de diversas culturas agrícolas, como berinjela, morango, tomate e café.

Uma das principais limitações para utilizá-las para essa finalidade, no entanto, é a dificuldade em produzir colônias em quantidade suficiente para atender à demanda dos agricultores, uma vez que a maioria dessas espécies apresenta baixo número de rainhas.


Método será testado em lavouras de morango – uma das 30 culturas agrícolas beneficiadas pela polinização por esse tipo de inseto (FFCLRP/USP)

Mas uma nova técnica que pode ajudar a superar essa limitação foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores, que criou in vitro rainhas de uma dessas espécies de abelha: a Scaptotrigona depilis, conhecida popularmente no Brasil como mandaguari.

O estudo foi feito por cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com colegas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), campus de Mossoró (RN).
Resultado de um trabalho de doutorado, realizado com Bolsa da FAPESP, a técnica foi descrita na edição de setembro da revista Apidologie e será testada em campo nos próximos anos por meio de um projeto realizado com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP.
“Conseguimos desenvolver uma metodologia de produção artificial de rainhas da espécie Scaptotrigona depilis, que demonstrou ter uma aplicação fantástica para a criação em larga escala dessa espécie de abelha, a fim de atender à demanda dos produtores agrícolas”, disse Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), e autor do estudo, à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, que realizou doutorado na FFCLRP sob orientação da professora Vera Lucia Imperatriz-Fonseca, a mandaguari está mais presente na região Sudeste do Brasil e pertence a um gênero de abelhas – o Scaptotrigona – que está sendo revisto e do qual, além dela, fazem parte mais oito espécies que ocorrem em todo o país e possuem ferrão atrofiado.
As colônias dessas espécies de abelhas são compostas, em média, por 10 mil operárias – cada uma com cerca de 5 milímetros – e são regidas por uma única rainha-mãe, com cerca de 1,5 centímetro e capacidade de pôr ovos.
A fim de aumentar o número de colônias de espécies desse gênero de abelha – que, além de polinizadora, também produz mel, pólen e própolis –, criadores brasileiros têm utilizado uma técnica pela qual se divide uma colônia ao meio para originar outra com uma nova rainha.
Mas só é possível utilizar o método para multiplicar as colônias da maioria das espécies de abelhas sem ferrão uma vez por ano, afirmou Menezes. “Com essa técnica, para produzir 50 mil colônias de jataí e polinizar cerca de 3,5 mil hectares de morango, seria preciso ter 50 mil abelhas rainhas”, estimou.
“O morango é uma das culturas agrícolas que dependem de polinização com menor área de cultivo no Brasil. Imagine quantas abelhas rainhas precisaríamos para polinizar lavouras de tomate, cuja área de plantação é bem maior”, comparou.

Nova técnica

Para aumentar a produção de rainhas e de colônias de mandaguari, Menezes desenvolveu durante seu doutorado, realizado entre 2006 e 2010, uma técnica pela qual fornece a larvas recém-nascidas da abelha uma quantidade seis vezes maior de alimento do que o inseto está acostumado a ingerir. Dessa forma, todas as abelhas fêmeas superalimentadas se tornam rainhas.

De acordo com Menezes, 97,9% das abelhas rainhas produzidas por esse método sobreviveram e foram capazes de pôr ovos e formar colônias in vitro. O tamanho delas pode ser igual ao de rainhas “naturais” se receberem quantidades de alimento larval suficiente, apontou.
“Otimizamos essa técnica de produção in vitro de abelhas rainhas, temos um protocolo muito bem definido e conseguimos produzir a quantidade de insetos que for necessário”, afirmou.
Atualmente, ele e os demais participantes do projeto de pesquisa aprimoram o sistema de alimentação artificial das larvas do inseto, em que usam dieta à base de soja em substituição ao alimento natural, para alimentar o número de colônias produzidas.

As abelhas são criadas em estufa, com temperatura controlada, e protegidas de inimigos naturais. “Com o avanço dessas novas técnicas de produção in vitro de rainhas de abelhas sem ferrão estamos testando a possibilidade de produzir dez colônias filhas a partir de uma mãe por ano. Com isso, daríamos origem a um método viável de produção de colônias”, disse Menezes.
Com o projeto apoiado pelo Programa PIPE, da FAPESP, os pesquisadores pretendem reunir essas técnicas em um sistema único de produção de colônias e testá-lo em campo. Em uma segunda fase, eles vão avaliar qual o efeito dos principais agrotóxicos utilizados hoje na cultura do morango sobre as abelhas.
Para isso, associaram-se à empresa produtora de agentes biológicos Promip, situada no município paulista de Engenheiro Coelho, onde foram construídas cinco estufas climatizadas para plantio de morango.
As abelhas serão introduzidas nessas estufas e expostas aos dez agrotóxicos mais utilizados para combater pragas que atacam a cultura do morango, com o intuito de avaliar qual o efeito de cada produto, individualmente, na sobrevivência das abelhas e na existência das colônias.
A partir dos resultados, os pesquisadores pretendem elaborar uma lista de recomendações para os agricultores sobre quais cuidados tomar ao utilizar um determinando agrotóxico, de modo que não mate as abelhas, ou indicar quais predadores naturais podem ser utilizados no lugar de agrotóxicos para eliminar pragas que atingem as lavouras de morango, como o ácaro rajado.
“Queremos ter ao final do projeto uma lista de recomendações para falar com embasamento e segurança ao agricultor que, se ele utilizar abelhas para a realização de polinização, não poderá utilizar determinados agrotóxicos”, disse Menezes.

Testes de eficácia

Os pesquisadores também avaliam o aumento na produtividade com a introdução de abelhas sem ferrão para a polinização em diversas culturas agrícolas.
No caso do morango, por exemplo, a medida aumentou entre 20% e 40% a produtividade agrícola – dependendo da variedade – e diminuiu em até 80% a má formação de frutos, afirmou Menezes.
Uma inflorescência – com diversas microflores juntas –, a flor do morango é visitada por diversos grupos de abelhas – incluindo as com ferrão e espécies “solitárias”. Quando várias abelhas voam e pousam sobre essa inflorescência, elas realizam a polinização dessas microflores e fazem com que o fruto seja bem formado, redondo e vistoso.

Já quando poucas abelhas visitam a flor do morango, elas realizam a polinização de apenas uma parte da inflorescência, fazendo com que os frutos fiquem deformados, segundo Menezes.
“No passado, esse tipo de má formação do morango era associado à trips – uma praga que ataca o fruto – e, por essa razão, os agricultores aplicavam mais pesticida para combatê-la e acabavam matando mais abelhas e prejudicando a produtividade da cultura agrícola”, contou.
Em princípio os testes em campo serão feitos com a mandaguari porque ela se mostrou mais resistente à multiplicação. E, inicialmente, as colônias de mandaguaris serão introduzidas em lavouras de morango porque é a cultura sobre a qual eles possuem maior conhecimento sobre o benefícios do uso de abelhas sem ferrão como polinizadoras.

A ideia, no entanto, é expandir a aplicação para outras culturas, as quais já se sabe que o processo de polinização por abelhas confere frutos maiores, com mais sementes e sabor e cor mais acentuados. “Há cerca de 30 culturas agrícolas que sabemos que podem ser beneficiadas pela polinização das abelhas sem ferrão”, estimou Menezes.

“Já estamos fazendo testes preliminares com algumas delas, como o tomate, em São Paulo, e com o açaí, em Belém do Pará, utilizando uma abelha sem ferrão do mesmo gênero da mandaguari, mas de uma espécie diferente e muito parecida com ela”, contou.
Para introduzir as abelhas nas lavouras da cultura selecionada, as colônias artificiais são mantidas confinadas, durante três a seis meses, até que a população seja composta por, no mínimo, 3 mil abelhas.
Com esse número, a colônia é levada à noite para a lavoura, com condições de temperatura amenas, e colocada sobre um cavalete para que os insetos sejam liberados para voar sobre a plantação e realizar a polinização.

Algumas das vantagens da utilização desse tipo de abelha para realizar a polinização, segundo Menezes, é que elas possuem raio de voo menor – de 900 metros, contra 2,5 quilômetros das abelhas com ferrão.
Por isso, têm maior chance de atingir a cultura-alvo para polinização. “Como o raio de voo das abelhas com ferrão é maior, se encontrarem outra planta florindo durante sua trajetória elas pousam nela, em vez de na cultura-alvo”, explicou.

“É mais difícil as abelhas sem ferrão se dispersarem durante o trajeto”, comparou.

O artigo An advance in the in vitro rearing of stingless bee queens(doi: 10.1007/s13592-013-0197-6), de Menezes e outros, pode ser lido por assinantes da revista Apidologie em www.apidologie.org/ ou em http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs13592-013-0197-6.



domingo, 15 de dezembro de 2013

Documentario : BBC – Planeta Congelado


Download BBC – Planeta Congelado

Informações do Documentário
Tamanho total: 1.42 GB
Audio: Português
Legendas: no .rar
Download: Torrent
Sinopse: “Planeta Congelado” leva você a maior das expedições polares. Esta série histórica traz à TV a vastidão congelada do Ártico e da Antártida como você nunca viu, e talvez nunca mais volte a ver. Série em 7 episódios + extras.


Deseja comprar documentários? marcuscabral@yahoo.com.br

Paleontologia: Cenários de Vida

Paleontologia: Cenários de Vida

PALEONTOLOGIA: Cenários de Vida - Volume 3

No volume 3 de PALEONTOLOGIA: CENÁRIOS DE VIDA são apresentados os principais resultados da percepção dos geocientistas sobre a importância dos fósseis em sua diversidade de aplicações e possibilidades de compreensão do mundo passado e presente. Destaque especial para os microfósseis e sua aplicação industrial na prospecção de hidrocarbonetos. Assim, os trabalhos deste volume discutem aspectos relacionados desde estruturas produzidas por cianobactérias ao registro de microfósseis no decurso do tempo geológico. Este livro é uma referência para a compreensão e aplicação em interpretações paleoambientais, paleoecológicas, paleogeográficas, bem como para a percepção da importância de resgate dos fósseis como patrimônio cultural.

Serviço

PALEONTOLOGIA: Cenários de Vida - Volume 3
1ª edição 2011
ISBN:9788571932739
Autores: Carvalho, Srivastava, Strochschoen Jr. , Lana (editores)
476 páginas - Formato: 21x28 cm
Preço: de R$120,00 por R$84,00
Promoção válida até 17/07/2013



PALEONTOLOGIA: Cenários de Vida - Volume 4

No volume 4 de PALEONTOLOGIA: CENÁRIOS DE VIDA são apresentados os principais resultados da percepção dos geocientistas sobre a importância dos fósseis em sua diversidade de aplicações e possibilidades de compreensão do mundo passado e presente. Os trabalhos deste volume discutem aspectos relacionados ao registro de macrofósseis no decurso do tempo geológico. Dividido em seções que abrangem Paleobotânica, Paleoinvertebrados, Paleovertebrados, Educação em Paleontologia, Patrimônio, Coleção e Museus, este livro é uma referência para a compreensão e aplicação em interpretações paleoambientais, paleoecológicas, paleogeográficas, bem como para a percepção da importância de resgate dos fósseis como patrimônio cultural.

Serviço

PALEONTOLOGIA: Cenários de Vida - Volume 4
1ª edição 2011
ISBN:9788571932746
Carvalho, Srivastava, Strochschoen Jr. , Lana (editores)
880 páginas - Formato: 21x28 cm
Preço: de R$170,00 por R$119,00
Promoção válida até 17/07/2013
Editora Interciência

Curiosity encontra evidências de água doce em Marte



A sonda americana Curiosity encontrou pela primeira vez na superfície de Marte evidências diretas da existência, no passado, de um lago de água doce no planeta vermelho, anunciaram cientistas da missão "Mars Science Laboratory (MSL)", da NASA, com a ajuda de um pesquisador do Colégio Imperial de Londres.
O grupo analisou uma caixa com afloramentos de rochas sedimentares de uma área chamada Yellowknife Bay, na cratera Gale.
curiosity-marte-rochas-lagosRegião fotografada pelo Curiosity: depósito sedimentar contém rochas típicas de rios e lagosFoto: NASA/JPL-Caltech/MSSS / AFP

Já não há água atualmente no local, mas os testes de perfurações e análises químicas realizadas pelo robô Curiosity em rochas sólidas sugerem que houve condições para que houvesse vida microbiana neste lago há 3,6 bilhões de anos.
As rochas analisadas contêm traços de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre, e teriam "proporcionado condições ideais para uma vida microbiana básica", informaram os cientistas em um estudo publicado na revista Science e analisado em uma reunião da União Geofísica Americana (AGU, na sigla em inglês), em San Francisco, Califórnia.
Formas microscópicas de vida bacteriana, conhecidas como quimiolitoautótrofas, prosperam em condições similares na Terra e no geral são encontradas em cavernas ou debaixo do mar em fontes hidrotérmicas.
- Esta é a primeira vez que encontramos realmente rochas em Marte que proporcionam evidência da existência de lagos - diz Sanjeev Gupta, professor do Imperial College de Londres e co-autor da pesquisa.
- É fantástico porque os lagos são um ambiente ideal para que uma vida microbiana elementar possa se desenvolver e preservar - afirma.
Embora não tenha sido detectada nenhuma forma de vida nas rochas, o cientista explicou que o Curiosity executou perfurações em fragmentos de pedra arenisca e barro e encontrou minerais argilosos que sugerem uma interação com a água.

Confiança no futuro da missão

A pedra arenínitca encontrada parece similar à existente nos rios da Terra, o que sugere, segundo cientistas, que um rio desaguava neste lago, que se encontra aos pés de uma pequena montanha.
Os cientistas já encontraram provas da existência de água em Marte em outro local da superfície do planeta vermelho e pesquisas feitas por sondas anteriores levam a crer fortemente na existência de lagos no passado.

O Curiosity, que chegou à cratera Gale no equador marciano em 6 de agosto de 2012 e é o veículo mais sofisticado enviado até agora a outro planeta, já constatou que o planeta vermelho foi propício para a vida microbiana em um passado distante, objetivo principal de sua missão de dois anos.
O professor Sanjeev Gupta, membro da missão e co-autor do estudo, reforça que não foram encontrados sinais de vida antiga no planeta. "A conclusão a que chegamos é a de que a cratera Gale foi capaz de sustentar um lago em sua superfície, e que isso pode ter sido favorável para a existência de vida microbiana há bilhões de anos atrás. Este é um passo muito positivo para a exploração de Marte", avalia.
Estes últimos resultados oferecem "a prova mais eloquente de que Marte teve em algum momento as condições necessárias para o desenvolvimento da vida", destacou o estudo.

A Nasa, agência espacial americana, escolheu a cratera Gale em particular por suas diferentes camadas sedimentares, que poderiam permitir datar os períodos em que Marte foi apto a abrigar vida.
A próxima etapa consistirá em analisar amostras de uma grossa pilha de rochas na superfície da cratera para reunir mais provas de um entorno habitável, disse o professor Gupta.
Estes novos resultados "nos dão confiança no futuro desta missão e no fato de que devemos continuar explorando" o planeta vermelho, prosseguiu.

A próxima fase do estudo, informa o professor, vai explorar afloramentos mais rochosos na superfície da cratera. Nessa etapa, haverá mais condições para se concluir se houve ou não vida no planeta vermelho.
Em estudos anteriores, a equipe já havia encontrado evidências de água na superfície do planeta. No entanto, o novo estudo oferece a mais forte evidência até agora de que pode ter havido vida no planeta.
O robô Curiosity, com custo total de US$ 2,5 bilhões, é operado pela Nasa do laboratório de Pasadena, na Califórnia.
Zero Hora / O Globo - 10/12/2013

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

SciELO Brasil lança blog de Ciências Humanas

09/12/2013
Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Os pesquisadores e editores de revistas de Ciências Humanas no Brasil têm agora um espaço na internet para divulgar notícias, press releases, entrevistas, resumos e comentários sobre artigos publicados em periódicos científicos da área, indexados na SciELO Brasil. Trata-se do Blog SciELO em Perspectiva – Humanas.

Criado por iniciativa da Rede SciELO – Scientific Eletronic Library Online –, o blog foi lançado durante a conferência de comemoração dos 15 anos do programa, criado pela FAPESP e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme).


Objetivo do site é disseminar na internet resultados de pesquisas publicadas nos periódicos da biblioteca eletrônica de acesso aberto


O objetivo do blog é disseminar os resultados de pesquisas publicadas nos periódicos da coleção da SciELO Brasil na internet, incluindo redes sociais, ressaltam os idealizadores.
“A ideia é que ele seja um espaço não só para dar visibilidade às produções e periódicos em Ciências Humanas indexados na coleção da SciELO Brasil, mas também compartilhar nossos trabalhos e possibilitar uma interação maior dos pesquisadores da área”, disse Teresa Cristina Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e representante titular dos editores da área de Ciências Humanas do comitê consultivo da SciELO, durante a apresentação do blog.

De acordo com Teresa, a ideia de desenvolver o blog surgiu em um encontro realizado em junho, em São Paulo, com o intuito de estabelecer uma rede mais interativa entre os editores de publicações na área de Humanidades, indexadas na base da SciELO Brasil.
A partir de então, foi feita uma consulta aos editores que integram a Rede SciELO na área de Humanas sobre o que achavam da ideia, em qual idioma o blog deveria ser escrito e quais as seções o blog deveria ter, entre outras questões.

Com base nos resultados da consulta, ele foi lançado em português e hospedado no SciELO em Perspectiva. “Fizemos a primeira solicitação de materiais aos editores de Humanas e obtivemos um retorno de 44 mensagens, que alimentaram a primeira versão do blog”, contou Teresa.
Submissão de contribuições

Os materiais submetidos à publicação são avaliados por um comitê editorial. Composto inicialmente por sete integrantes – dentre eles Teresa –, o comitê editorial do blog deverá ser progressivamente ampliado, reunindo mais editores de periódicos de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes da coleção SciELO Brasil.

“O blog representa um esforço incremental ao realizado por muitas revistas científicas da área de Ciências Humanas no Brasil, que já possuem perfis no Facebook e Twitter, além de websites bastante dinâmicos”, disse Antônio Carlos Moraes Lessa, editor da Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI), publicada pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e indexada na base da SciELO Brasil, durante o evento.

“Ele deverá colocar a produção das revistas científicas da área de Humanas no país em perspectiva, incrementando o trabalho de divulgação na internet que algumas delas já fazem individualmente com grande competência”, afirmou Lessa.

O blog está aberto à colaboração de autores, editores e equipe editorial dos periódico da SciELO Brasil.
As sugestões devem ser encaminhadas para o e-mail blog.humanas@scielo.org.

domingo, 8 de dezembro de 2013

BBC - Diário dos Bichanos

Título Original: BBC Horizon - Little Cat Diaries
Gênero: Educação | Veterinária | Biologia
Tempo de Duração: 29 min
Ano de Lançamento: 2013
Qualidade: DVDRip
Formato: AVI
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Qualidade de Áudio: 10
Qualidade de Vídeo: 10
Tamanho: 698 mb
 
Tá! Confesso que sou apaixonado por uma bela gata de nome Luna (sim, com letra maiúscula) e sei que, ou ela me ama muito ou tenho sido enganado todo esse tempo. rsrsrsrs
Tá certo que sou alguém muito feliz (93% das pessoas que têm pelos de gato nas roupas .. . é feliz).
Mas não vou tergiversar a respeito desta nossa relação: Vamos aos fatos @:)
Em A Vida Secreta dos Gatos, foram postos colares com GPS em 50 gatos, de modo a rastrear cada um de seus movimentos, e câmeras felinas, para registrar a sua visão única do mundo. Nesse experimento revolucionário, alguns gatos se destacaram. Dentre eles estão: um gato intruso – um gato não-castrado, o qual entrou no vilarejo e parece não ter dono; um caçador, o qual prefere caçar e matar sua comida a comer o que os seus donos compram para ele; e o desertor, um gato que abandonou seu lar para pertencer a novos donos.
Este documentário revela que o relacionamento entre os gatos e os seus donos não é bem o que pensamos.
Espero que gostem deste vídeo tanto quanto eu. E espero que aqueles que ainda não gostam dos bichanos (graças às imbecilidades que a Igreja começou a espargir lá na Idade Média e que resultou na Peste Negra) possam ter um novo olhar sobre estas belas e intrigantes criaturas.
 
Quer comprar documentários?
Escreva para mim...são mais de 2.400 títulos