sábado, 13 de fevereiro de 2016



ANTROPOCENO: UMA NOVA ERA GEOLÓGICA?

CABRAL, M.V.1,2

1Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 2Docente;.



RESUMO

Os cientistas estão avaliando se a força e o resultado das atividades humanas na Terra são tão grandes e realmente expressivos que possam dar origem a uma nova época geológica, o Antropoceno. Para o início desta época há várias datas debatidas e estudadas, a exemplo da revolução industrial ou a era nuclear, e têm por embasamento as marcas humanas nos estratos geológicos. Nas décadas que sucederam a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, os habitantes que viviam há milhares de anos no local morreram aos milhões à custa das doenças levadas pelos europeus, bem como às guerras. O trágico drama ficou evidente na própria Terra: em 1610, a concentração de CO2 atingiu um valor mínimo que permaneceu deixou registros nas camadas de gelo na Antártica. A relação entre o dióxido de carbono e a mortandade é simples. Milhões de hectares de terra que eram anteriormente cultivados por aqueles povos foram abandonados. As florestas, nesses locais, voltaram a crescer e removeram muito dióxido de carbono da atmosfera, fato que levou a uma diminuição da concentração deste gás. Esta é uma das múltiplas memórias sobre a história da humanidade que os geólogos podem encontrar nos gelos e sedimentos mundo fora. A nossa espécie terá cerca de 200.000 anos de existência, um piscar de olhos na vida da Terra com os seus 4,5 bilhões de anos. E, no entanto, o rasto que fomos deixando é incontornável. Desde o fabrico de utensílios de pedra para a caça, que terá feito desaparecer muitas espécies de grandes mamíferos, passando pelo aparecimento da agricultura e das primeiras cidades, até à revolução industrial e ao lançamento de bombas nucleares, as atividades humanas ficaram registradas nos sedimentos dos últimos milhares de anos. Por tudo isto, surgiu recentemente a expressão "antropoceno", usada de um modo informal na geologia, arqueologia ou sociologia, para denominar a atual época geológica, dominada pelas atividades humanas, cujas consequências são visíveis nas alterações climáticas, na perda de biodiversidade e no aumento da acidez dos oceanos. Mas o conceito não tem o estatuto oficial da União Internacional das Ciências Geológicas (UICG), a entidade que define as unidades de tempo geológicas. Segundo esta união, a época que estamos agora a viver não é o Antropoceno, mas sim o Holoceno, iniciado no final da última era glacial, há cerca de 11.700 anos. Isso poderá vir a mudar. Para se tornar oficial, o Antropoceno tem primeiro, de ser bem documentado, ou seja, os geólogos e outros cientistas têm de encontrar, nas camadas estratigráficas da Terra, as marcas deixadas pelas atividades humanas que representam uma mudança global. Estas marcas terão de estar associadas a uma data.



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