sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Novo dinossauro da Argentina tem braços curtos como o T. rex

Encontrado na Patagônia, o Gualicho shinyae é parente bem distante dos tiranossauros, mas possui os mesmos membros desproporcionais; animal viveu há 90 milhões de anos

Uma nova espécie de dinossauro descoberta por um grupo internacional de cientistas mostra que o T. rex (Tyrannosaurus rex)  não era o único réptil carnívoro com braços desproporcionalmente curtos. 
Assim como o T. Rex, o Gualicho shinyae, encontrado na Patagônia, sul da Argentina, é um terápode - grupo de dinossauros carnívoros bípedes que deram origem às aves - que também possui braços muito curtos com dois dedos e garras longas. Estima-se que o animal viveu há 90 milhões de anos.
Foto: Jorge Gonzalez and Pablo Lara/PA
Gualicho
Visão artística de um par de dinossauros da espécie Gualicho shinyae perseguindo presas; o animal tinha braços curtos como o T. rex, mas pertencia a outro ramo da família dos terópodes.
Mas o Gualicho pertence a um ramo diferente da família e, segundo os cientistas, isso significa que seus estranhos membros evoluíram de forma independente, em vez de terem surgido a partir de um ancestral de braços curtos comum às duas espécies.

O estudo que descreve o novo dinossauro, liderado por  Peter Makovicky, do Field Museum, em Chicago (Estados Unidos) foi publicado nesta quarta-feira, 13, na revista científica PLOS One. Também participaram da pesquisa cientistas da Universidade Maimónides (Argentina), do Instituto de Dinossauros do Museu de História Natural de Los Angeles (Estados Unidos) e do Governo da Província de Río Negro, na Argentina.
Foto: Jorge Gonzalez and Pablo Lara/PA
Gualicho
Equipe de paleontólogos trabalha no local das escavações onde foram encontrados os fósseis do Gualicho shinyae, no norte da Patagônia; o animal viveu há cerca de 90 milhões de anos.
"O Gualicho é uma espécie de mosaico de dinossauros. Ele tem características que normalmente vemos em diferentes tipos de terópodes. É realmente incomum - ele é diferente de todos os outros dinossauros carnívoros encontrados na mesma formação rochosa, mas não se encaixa totalmente em nenhuma categoria", disse Makovicky.

Segundo os autores do estudo, o Gualicho é um alossaurídeo - um ramo de dinossauros terópodes médios e grandes. O esqueleto descoberto pelos cientistas está incompleto, mas, segundo eles, é possível determinar que se trata de um predador de tamanho médio, de cerca de 450 quilos, comparável a um urso polar.
Foto: Jorge Gonzalez and Pablo Lara/PA
Gualicho
Visão artística da anatomia do Gualicho shinyae; os ossos marcados em branco correspondem às partes dos fósseis encontrados pelos cientistas na Patagônia, em 2007.
Bastante diferente dos dinossauros que viviam ao seu redor, o Gualicho se parece mais com o Deltadromeus, um dinossauro carnívoro de pernas longas e braços delgados, encontrado na África. 
Apesar do tamanho imponente do Gualicho, seus membros anteriores eram do tamanho dos braços de uma criança humana. Assim como o T. Rex, ele tinha dois dedos - o polegar e o indicador. "Estudando mais sobre como esses braços reduzidos evoluíram, talvez consigamos descobrir por que eles evoluíram", disse Makovicky.
Foto: Pete Makovicky, The Field Museum
Gualicho
A pesquisadora Akiko Shinya, chefe de preparação de fósseis do Field Museum, foi a primeira pessoa a encontrar os fósseis do Gualicho shinyae; o nome da nova espécie foi uma homenagem à contribuição de Akiko.
O nome do novo dinossauro tem relação com o contexto de sua descoberta, em uma expedição realizada em 2007 na formação Huincul, no norte da Patagônia - uma região rica em fósseis. O nome da espécie, shinyae, é uma homenagem à paleontóloga que a descobriu, Akiko Shinya. O nome do gênero, Gualicho, deriva de Gualichu, um espírito reverenciado pelo povo Tehuelche, da Patagônia, conhecido por espalhar a má sorte.
Durante a expedição, o veículo da equipe sofreu um acidente e capotou. Ninguém sofreu nada além de alguns cortes e hematomas, mas os cientistas fizeram piada com a má sorte, atribuindo o acidente à "maldição de Gualichu". 
"Encontramos o Gualicho nos últimos momentos da expedição. Pete fez uma brincadeira: 'hoje é o último dia, é melhor que vocês encontrem algo bom!'. Quase imediatamente eu encontrei algo e, na mesma hora, percebi que era algo realmente bom", disse Akiko, a descobridora do fóssil, que é preparadora chefe de fósseis no Field Museum.
Foto: Pete Makovicky, The Field Museum
Gualicho
O nome do gênero do novo dinossauro Gualicho shinyae se refere a Gualichu, um espírito associado à má sorte na cultura do povo Tehuelche, na Patagônia; o veículo da equipe de cientistas capotou durante as escavações e eles brincaram que foram vítimas da "maldição de Gualichu".

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