segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Falhas geológicas brasileiras - onde estão localizadas?

O terremoto de 4.9 graus Richter ocorrido na cidade de Itacarambi, no norte de Minas Gerais, despertou a curiosidade dos brasileiros, que sempre acreditaram que o país estivesse livre desse tipo de fenômeno natural. Talvez o fato do abalo ter feito uma vítima fatal, a primeira no Brasil devido a um terremoto, tenha contribuído para chamar a atenção do público, que se perguntou: afinal, no Brasil existem terremotos? Quais foram as causas? 


Por incrível que pareça muitas pessoas creditaram o fato à "ganância humana", que destrói a natureza, causa o aquecimento global e destrói a camada de ozônio. Outros explicaram o fato de maneira mais simplista e apontaram a "ira divina" como causa do abalo. No entanto, existe uma explicação bem mais científica e natural para o fenômeno, chamada falha geológica.

Placas Tectônicas

 
Os terremotos de grande intensidade ocorrem ao longo da região onde duas ou mais placas tectônicas se encontram. Ali, as rochas comportam-se como corpos elásticos, onde se deformam e acumulam muita energia proveniente da pressão e do stresse provocado pelo movimento entre as placas. A tensão é tanta que em um dado momento ocorre uma ruptura da região e toda a energia acumulada é liberada de uma única vez ou em eventos sucessivos. Isso é um terremoto.


O globo terrestre é formado por doze placas principais e diversas placas secundárias. O Brasil se localiza no centro da placa sul-americana, um local geologicamente estável, mas nem por isso livre de abalos, como pode pensar a maioria das pessoas.

Um estudo feito em 2002, coordenado pelo professor Allaoua Saadi, ligado à Universidade Federal de Minas Gerais, culminou com a apresentação do primeiro Mapa neotectônico do Brasil. Nele, Saadi e sua equipe identificaram pelo menos 48 falhas-mestras no território Nacional. "É justamente ao longo do traçado dessas falhas que se concentram as ocorrências de terremotos", explica Saadi.

Falhas geológicas
 
"Toda placa é recortada por vários pequenos blocos, de várias dimensões. Esses recortes, ou falhas, funcionam como uma ferida que não cicatriza: apesar de serem antigos, podem se abrir a qualquer momento para liberar energia. Se você tem um bloco recortado e o comprime de um lado e de outro, ele rompe onde já existe a fratura”, completa.
Segundo o professor, o maior número de falhas se concentra nas Regiões Sudeste e Nordeste, seguidas pela Região Norte e Centro-Oeste. A Região Sul é a que apresenta o menor número de falhas.

Para realizar o levantamento, Saadi utilizou diversos mapas topográficos e geológicos, além de uma grande quantidade de imagens de satélite e de radar. Saadi e sua equipe também foram pessoalmente a diversas localidades de Belém, Natal, Fortaleza e São Paulo e durante um mês investigaram as margens do Rio Amazonas, identificando as falhas na região. Para localizar as falhas, Saadi analisou primeiro as cartas topográficas à procura de indicadores. "Os rios são um exemplo, pois correm geralmente ao longo das fissuras", explica o pesquisador.

Em Minas Gerais
 
Com auxílio do Mapa neotectônico do Brasil, elaborado por Saadi, podemos ver que o Estado de Minas Gerais é cortado por diversas falhas geológicas: BR 24, 25, 26, 27, 28, 29 e BR 47. Chama a atenção a falha BR 47, localizada no norte do Estado e situada à margem esquerda do São Francisco, exatamente abaixo da cidade de Itacarambi, onde ocorreu o sismo de 9 de dezembro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.