quinta-feira, 3 de junho de 2010

Caminhos de um átomo de Carbono

No cerne do jequitibá estava incrustado um átomo de Carbono. Milhões iguais a ele construíram paredes de células alongadas, já mortas e com seus canais cheios de substâncias variadas, escuras, aromáticas e de enorme resistência. As longas cadeias de carbono, organizados em grupos e subgrupos estavam protegidos por todo arcabouço do caule do antiqüíssimo ser vivo. No passar dos séculos, desde sua incorporação à jovem planta, nada foi perdido daquele momento luminoso, quando recebeu energia suficiente para unir-se aos outros 5 carbonos que estavam unidos, dentro de um cloroplasto. Aquela mesma força vinda da luz está ainda com o Carbono. Isso não vai durar muito porque coisas estranhas ocorreram nos arredores e ameaçavam a árvore milenar. Desde alguns anos as chuvas têm um sabor diferente e as colunas capilares de água que ascendem desde as raízes, já não trazem consigo cálcio, magnésio e nem fósforo na mesma abundância de outrora. Elevar mais de 50 metros somente a água não é bom e toda a estrutura da árvore se ressente.
Antes de ser parte do jequitibá, o Carbono passou por muitas etapas, ficou milênios voando no ar e rodando todo o planeta. Agitava-se e se acelerava durante os dias quando absorvia o calor que a Terra refletia. Guardava o calor da Terra e não a deixava se resfriar. Também passou milhares de anos no mar. Entrava e saia, mas numa destas vezes seu caminho foi alterado e num facho de luz ele entrou numa pequenina planta que flutuava nas ondas iluminadas. Quase em seguida entrou com a alga pela boca de uma diminuta larva e ficou fazendo parte deste novo ser. A larvinha cresceu e foi se transformando num animal complicado e que tinha e capacidade de proteger-se, formando uma concha com listas e estrias coloridas. Quando este animal morreu, o carbono continuou na concha, que foi usada como abrigo por caranguejos e depois, já quebradiça, foi arrastada para o assoalho do oceano, onde repousou tempo enorme enquanto era recoberta por grandes camadas de detritos. Foi um longo período de frio, obscuridade e enorme pressão e ao final o Carbono estava incorporado a uma pedra. Com o passar das Eras a pedra foi elevada do mar e começou a formar parte de uma colina. Desta rocha e na sua superfície foi se formando uma camada de solo, onde cresceram diversas plantas e depois vieram as videiras trazidas pelos homens. Muitos carbonos alimentaram as videiras e alguns chegaram ao vinho e deram alegria a pessoas pobres e a soldados rudes. Navegou pelo sangue de um velho, alimentou pensamentos e afetou a transmissão entre alguns neurônios e depois foi digerido dentro de uma célula. Saiu depois numa expiração e voltou para a atmosfera. A Terra tinha se modificado bastante, existiam plantas e animais novos e de muitos tipos. Outras partes destas rochas foram usadas para erigir templos e esculpir estátuas que adornaram cidades e depois ruínas. Depois de expirado dos pulmões, o Carbono deu então inúmeras voltas no planeta até encontrar um grupo de árvores que pareciam as colunas do templo. Desceu numa lufada de ar e entrou pela fenda estomática de uma plantinha jovem e robusta e torceu para que fosse uma daquelas que formavam colunas. Era mesmo e com a ajuda do Sol, incorporou-se neste templo diferente, mas majestoso ainda, pois era vivo e palpitava de energia e de ciclos de reprodução e de evolução entre as suas hastes e sob as suas ramas.
Como se contou no início alterações nas chuvas agora ameaçavam estas árvores colunares e todo o templo tremia. Não tardou para que as raízes de sentissem fracas, o solo ficasse estranho e o Jequitibá caísse durante um vendaval. Sem a proteção da vida, em alguns anos o enorme tronco foi quebrado, lascado e penetrado por hifas de fungos e por colônias de bactérias, que dele se alimentaram. Em um instante breve o carbono foi absorvido por uma hifa e dentro de uma mitocôndria perdeu novamente a energia que tinha incorporado. A hifa cresceu e o carbono voou novamente acompanhado de dois oxigênios. Ao mesmo tempo, lá longe, no outro templo, a chuva também libertava os outros carbonos. As colunas perdiam frisos e detalhes e os carbonos voavam outra vez em busca de outros jequetibás. Para onde irá agora o Carbono?

Usando seus conhecimentos e o material fornecido neste módulo responda às seguintes questões relacionadas a este texto que aborda o ciclo do carbono:

1 - Que etapas do ciclo do carbono podem ser identificadas no texto? Porque ?
2 - Que equações descrevem quimicamente as transformações do carbono?
3 - De quais moléculas o carbono participou?
4 - De que tipos de seres vivos? Existem árvores milenares?
5 - Quais as funções desempenhadas pelo carbono em cada etapa de sua “viagem”?
6 - Quais reservatórios de carbono aparecem no texto?
7 - Porque o vinho estragado libertou o carbono?
8 - O que causou o declínio da floresta e do templo? Qual o processo?
9 - Porque duas organelas celulares foram destacadas no texto?
10- Qual a razão da incerteza quanto ao destino do carbono na atualidade?
11- Como pode ser interpretada a expressão “a chuva tinha um sabor diferente”?
12- Qual a escala de tempo desta trajetória?
13- Existe referencia ao efeito estufa?
14- Onde existe referencia á cadeia trófica?

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