quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Chumbo (1)

O limite de uso de alguns metais pesados

Carlos Roberto de Lana*
 
O mega-recall promovido por uma multinacional fabricante de brinquedos infantis chamou a atenção para a presença de chumbo nas tintas usadas na pintura daqueles produtos. A seriedade de expor consumidores a doses excessivas de um metal pesado e, por conseqüência, tóxico, foi consideravelmente agravada pelo fato de se tratarem de crianças, que são fisiologicamente muito mais vulneráveis do que adultos.
Essa foi uma das razões pelas quais o fabricante montou uma gigantesca operação para recolher milhões de unidades comercializadas pelo mundo. É natural que a divulgação desses fatos desperte perguntas em consumidores preocupados, principalmente pais temerosos pelos riscos ocultos num inocente bonequinho:



  • Afinal, se o chumbo é tóxico, porque ele é utilizado na fabricação de brinquedos?

  • Como o chumbo afeta a saúde?

  • Como saber se brinquedos e outros produtos infantis são quimicamente seguros?

    O que o chumbo faz ali?

    O chumbo foi um dos primeiros metais utilizados pelo homem para construir artefatos, por ser abundante, fácil de modelar e versátil. Com o tempo passou a ser utilizado não apenas na sua forma metálica, mas também na forma de óxidos e compostos, que serviam como agentes químicos para variadas aplicações.
    Como resultado dessa antiga, fácil e ampla utilização do chumbo, os romanos já registravam os sintomas de doenças provocadas pela contaminação, chamadas de saturnismo, referência ao deus Saturno, ou plumbismo, derivado do nome latino do metal (Plumbum).
    Desde então e mesmo com tal histórico, o chumbo continuou (e continua) sendo utilizado em uma enorme gama de aplicações, estando presente em tantos produtos do dia-a-dia que é quase impossível evitar algum contato direto ou indireto com eles - artefatos metálicos, componentes eletrônicos, soldas, baterias, plásticos, vidro e por aí vai.
    Se essa proximidade com um metal pesado causador de doenças graves parece ameaçador, que dizer dos produtos para tintura de cabelos que apresentam compostos de chumbo em sua composição ou das obturações odontológicas, cujo amálgama é uma liga de mercúrio e prata? Além disto, durante décadas, a gasolina automotiva foi aditivada com chumbo-tetra-etila, cujos resíduos impregnados de chumbo eram lançados à atmosfera nos gases de escape.

    Metais pesados

    O fato é que se os males dos metais pesados são conhecidos de longa data, suas propriedades os tornam ainda uma matéria-prima indispensável em uma longa lista de aplicações, sendo que seu uso pode ser considerado seguro desde que respeitadas as especificações técnicas de dosagem e composição aprovadas pelos órgãos competentes de controle.
    No caso específico das tintas, só nas últimas décadas o chumbo vem sendo gradativamente banido das formulações, uma vez que desde os primórdios era utilizado na produção de pigmentos e secantes.
    Compostos sintéticos vem substituindo os pigmentos metálicos, principalmente os considerados de risco ambiental e para a saúde, mas o chumbo não foi banido da lista de matérias primas e seu uso não é proibido pela legislação, desde que respeitados os limites máximos admitidos.
    No caso dos brinquedos, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) utiliza a tabela abaixo para aprovar ou reprovar um produto testado no requisito:

    Tabela INMETRO – Limites para Metais Pesados
    Elemento
    Concentração máxima (mg/Kg)
    Antimônio
    60
    Arsênio
    25
    Bário
    1000
    Cádmio
    75
    Chumbo
    90
    Cromo
    60
    Mercúrio
    60
    Selênio
    500

    Se os critérios técnicos e regulamentares admitem o uso do chumbo dentro das tolerâncias definidas e consideradas seguras, resta considerar os fatores econômicos dentre os que influenciam a continuação do uso desta matéria prima.
    Tintas a base de chumbo podem custar até um terço do valor das isentas de igual característica, o que pode ser decisivo na opção por elas, quando a busca por custos competitivos é posta acima de outras considerações.

    Como ocorre o envenenamento pelo chumbo?

    Quando assimilado pelo organismo, o chumbo pode afetar a produção da hemoglobina, causar distúrbios renais e neurológicos. Devido a sua característica de bioacumulação, ele não é eliminado pelo organismo. Por isso, a partir de certos teores contamina o cérebro, o sistema nervoso, a medula óssea e os rins. É um agente teratogênico, ou seja, pode provocar mutações genéticas.

    As crianças são muito mais vulneráveis aos efeitos, podendo sofrer, mesmo em pequena exposição, rebaixamento de inteligência, distúrbios psicológicos e retardamento mental.
    Os efeitos em crianças podem incluir doenças renais e artrite.

    Quanto ao mecanismo químico pelo qual o chumbo afeta as funções fisiológicas, segundo artigo do professor Etelvino J. H. Bechara, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP):

    "Foram propostas várias hipóteses para explicar os efeitos moleculares de íons de chumbo (Pb2+) na saúde humana, a maioria delas baseadas em duas de suas propriedades químicas:

    (1) assim como íons de outros metais pesados (Hgn+, Ag1+), o Pb2+ forma sulfetos estáveis (na verdade, mercaptetos) com biomoléculas tiólicas, tais como glutationa e proteínas, inativando-as; e

    (2) Pb2+ substitui íons de Ca2+ e de Zn2+ em várias proteínas e enzimas, também resultando perda de sua atividade biológica.

    A ligação de chumbo a essas biomoléculas e a fosfolípidos dispara eventos bioquímicos importantes que comprometem a vida celular: alteração da composição e peroxibilidade de membranas biológicas, depleção de antioxidantes como glutationa e melatonina, inibição de enzimas-chave como Na+K+-ATPase, fosfocreatina quinase e nucleases e indução da oxidação de hemoglobina.

    Ressaltamos aqui a inibição da aminolevulinato desidratase (ALAD) por chumbo, com conseqüente acúmulo e excreção urinária do ácido d-aminolevulínico (ALA) e produção deficiente do grupo heme constituinte de hemoglobina e proteínas respiratórias (citocromos), e, por isso, a classificação do saturnismo como um tipo de porfiria química adquirida."


    O tratamento do envenenamento por chumbo geralmente é longo e difícil, começando com o afastamento do paciente de todas as fontes possíveis de contaminação, seguido da administração de quimioterapia específica sob intensa supervisão médica.

  • Ácidos

    Características e propriedades

    Erivanildo Lopes da Silva*
    Jacques Antonio de Miranda**
    Este texto apresenta algumas contribuições para o estudo dos ácidos, destacando características, propriedades e algumas reações químicas.

    Ao buscarmos uma definição preliminar sobre o termo ácido, recorrendo para isto a um dicionário, podemos nos deparar com uma ampla lista de terminologias e definições paralelas. Tal análise preliminar deixaria, sem dúvida, qualquer estudante confuso e perplexo com a gama de informações.

    Entretanto, o caráter experimental da química permite-nos conhecer melhor as características dessas substâncias analisando conceitos e definições a respeito do assunto.

    A palavra "ácido" é originária do termo em latim acidu, que significa "azedo". Esta talvez seja uma das características mais facilmente encontrada nas soluções de ácidos. A evolução do termo tem nos permitido elaborar conceitos mais amplos e úteis.

    Teorias

    Três teorias se destacaram para a definição destes compostos.

    Em 1887, o químico sueco Svante Arrhenius propôs o conceito de dissociação. De acordo com ele, um ácido é uma substância que, dissociado em água, libera íons de hidrogênio (por outro lado, apenas explorando a proposição de Arrhenius, uma base seria uma substância capaz de liberar íons hidroxila quando em solução). Por exemplo:

    Reprodução
    (Esquema 1)

    Íons hidrogênio reagem com a água para formar íons hidrônio:

    Reprodução

    Embora esta seja a representação mais correta da presença de íons hidrogênio em água, para simplificar, usaremos o termo H+ neste texto.

    Em 1923, Bronsted, na Dinamarca, e Lowry, na Inglaterra, agindo independentemente, sugeriram uma definição bastante interessante. Na definição de Bronsted-Lowry, ácido é uma espécie que tende a dar um próton, enquanto uma base seria uma espécie capaz de receber o próton. Esta definição permite entender, por exemplo, a atuação da água na reação abaixo:

    Reprodução
    (Esquema 2)

    No mesmo ano em que Bronsted e Lowry apresentavam seus trabalhos, o químico norte-americano G. N. Lewis fez sua proposição. De acordo com Lewis, ácido é uma espécie com um orbital vazio capaz de receber um par de elétrons, enquanto uma base seria uma espécie capaz de doar um par de elétrons para formar uma ligação covalente coordenada. Assim, o ácido seria um receptor de par de elétrons.

    Propriedades

    Tais definições nos ajudarão a entender uma série de propriedades dos ácidos. Note que na dissociação apresentada no Esquema 1 são fornecidos íons à solução. Sempre que uma espécie química apresenta tal comportamento, definimos tais solutos como eletrólitos. Vale lembrar que uma solução de um eletrólito conduzirá melhor a eletricidade que o solvente puro.

    É importante realizarmos tal comentário, deixando claro que somente quando os íons provenientes do ácido estiverem presentes é que temos uma solução condutora. O exemplo citado acima deixa claro que apesar de o HCl ser um composto molecular, trata-se de um eletrólito. (Sugestão: ler o texto Soluções aquosas - Estudo qualitativo e quantitativo das concentrações.)

    Para o caso dos ácidos, poderíamos afirmar que quando o ácido está presente somente como íons em solução (completamente dissociado, por exemplo, HCl), tem-se um eletrólito forte. Quando a solução é constituída por íons e moléculas não-dissociadas (por exemplo, HF) trata-se de um eletrólito fraco. Vale ressaltar que esta nossa aproximação foi construída considerando-se soluções não muito concentradas.

    A seguir, enumeramos alguns ácidos comuns.

    Tabela 1 - Ácidos comuns
    Ácido forte (eletrólito forte)Ácido fraco (eletrólito fraco)
    HClÁcido clorídricoH3PO4Ácido fosfórico
    HBrÁcido bromídricoH2CO3Ácido carbônico
    HIÁcido iodídricoCH3CO2HÁcido acético
    HNO3Ácido nítricoH2C2O4Ácido oxálico
    HClO4Ácido perclóricoC4H6O6Ácido tartárico
    H2SO4Ácido sulfúrico C6H8O7Ácido cítrico


    C9H8O4 Aspirina
    Fonte: KOTZ; TREICHEL Jr., 2006.

    Classificações

    Dos exemplos citados na tabela, destacaremos alguns para introduzir algumas classificações.

    É fácil perceber que o átomo de hidrogênio é comum a todas as espécies citadas acima. Contudo, a presença do átomo de oxigênio não é geral. Ácidos que apresentam o átomo de oxigênio na fórmula são classificados como ácidos oxigenados, enquanto que aqueles que não apresentam o oxigênio são chamados de ácidos não-oxigenados ou hidrácidos.

    Talvez a propriedade mais conhecida dos ácidos esteja associada à sua reação com hidróxidos metálicos, formando sal e água. Alguns exemplos são apresentados a seguir:

    Reprodução
    (Esquema 3)

    Tais reações são conhecidas como reações de neutralização.

    Além destes exemplos, é possível estender tais reações para o campo da química orgânica, analisando a reação entre ácidos e alguns corantes orgânicos.

    Alguns corantes podem sofrer protonação (receptor de H+) ou desprotonação (doador de H+) de grupos funcionais específicos, geralmente sem que ocorra (mas não necessariamente) a destruição da molécula. Trata-se de um princípio químico, que permite acompanhar a mudança de cor do corante, dependendo das características ácidas ou básicas do meio.

    Esses compostos são conhecidos como indicadores, bastante utilizados em procedimentos analíticos de titulação. Por exemplo, a fenolftaleína é um composto que apresenta características distintas quando na presença de soluções de ácidos ou bases. Quando em meio básico, esse composto apresenta-se na coloração rosa, enquanto que em meio ácido torna-se incolor.

    Talvez a compreensão fique mais clara se analisarmos o comportamento dos indicadores por meio da escala de pH. Neste texto, a escala será apenas apresentada, sem discussões sobre sua construção e potencialidades de análise:

    01234567891011121314
    ÁcidoneutroBásico
    Esquema 4: Escala simplificada de PH

    Um dos indicadores mais comuns para os ácidos é o tornassol. O tornassol azul muda para vermelho em presença de um ácido. Outros indicadores podem ser citados, mas vale ressaltar que suas características serão dependentes do pH de viragem, ou seja, a simples mudança de cor não será suficiente para classificar a espécie como ácida.

    Tabela 2 - Alguns indicadores ácido-base
    IndicadorTransição de corpH de viragem
    Violeta de metilaAmarelo - azul0 - 1,6
    Azul de bromofenolAmarelo - azul3,0 - 4,6
    Alaranjado de metilaVermelho - amarelo3,1 - 4,4
    Azul de bromotimolAmarelo - azul6,0 - 7,6
    TimolftaleínaIncolor - azul9,4 - 10,6
    Amarelo de alizarina Amarelo - vermelho 10,1 - 12,0
    Fonte: BACAN et.al., 1979.

    Ácidos e metais

    Para encerrar as discussões propostas neste texto, finalizamos com a reação dos ácidos com metais. A série de atividade dos metais (Tabela 3) apresenta os metais em ordem decrescente de atividade. O hidrogênio foi propositalmente incluído na série, para que possamos compreender a reação dos ácidos com metais. Qualquer metal acima do hidrogênio nessa série deslocará o hidrogênio de um ácido (SACKHEIM; LEHMAN, 2001). Os metais superiores seriam aqueles que promoveriam tal reação com maior facilidade:

    Tabela 3 - Série de atividade dos metais
    KPotássio
    CaCálcio
    NaSódio
    MgMagnésio
    Al Alumínio
    ZnZinco
    FeFerro
    SnEstanho
    Pb Chumbo
    HHidrogênio
    CuCobre
    HgMercúrio
    AgPrata
    AuOuro

    Para qualquer metal acima do hidrogênio, teríamos reação com ácidos, produzindo um sal e hidrogênio gasoso. Por exemplo:

    Reprodução
    (Esquema 5)

    Note porque os ácidos não podem ser armazenados em recipientes desses metais ativos. Materiais cirúrgicos ou dentários, geralmente de aço inoxidável, não podem ser deixados na presença de ácidos, uma vez que estes materiais contêm ferro.

    Já os metais abaixo do hidrogênio na Tabela 3, não são capazes de substituir o hidrogênio no ácido. Ou seja, podemos esperar que a mistura de cobre com ácido clorídrico não produza hidrogênio, e isso realmente ocorre:

    Reprodução
    (Esquema 6)


    É importante ressaltar que o fato de o cobre não reagir com ácido clorídrico não generaliza seu comportamento frente ao ataque ácido. Embora não liberem hidrogênio, eles reagem com ácidos oxidantes para formar produtos de redução dos ácidos oxidantes, os sais do respectivo metal e água:

    Reprodução
    (Esquema 7)

    A reatividade (espontânea) de certo metal com ácido (H+) oxidante para liberar H é determinada pela posição do metal na série eletromotriz. Quanto mais eletropositivo e combinado com condições extremas, que combinem temperatura, superfície de contato, concentração do ácido, dentre outras, podemos interferir na velocidade da reação entre as espécies, como destacamos a seguir:

    Reprodução
    (Esquema 8)


    Curiosidades

    Ácidos fortes atacam as roupas e a pele. Fibras vegetais (algodão, linho), animais (seda, lã) e sintéticas são rapidamente destruídas por ácidos fortes. O amarelamento da pele em contato com ácido nítrico é um teste específico para proteínas.

    Áreas da pele atacadas por ácido devem ser lavadas com água em abundância. Em seguida, devem ser tratadas com bicarbonato de sódio, para neutralização de qualquer porção de ácido remanescente. Já ácidos diluídos e/ou fracos, podem ser até utilizados no interior do corpo.

    A absorção de um medicamento está bastante associada ao seu caráter eletrolítico. Em geral, os medicamentos são mais bem absorvidos através do trato gastrointestinal quando se apresentam na forma não-ionizada. Assim, medicamentos fracamente ácidos serão mantidos, na forma não-ionizada, no estômago, fracas ao seu pH ácido, facilitando sua absorção.

    Já um medicamento fracamente básico será bastante ionizado no estômago e, portanto, pouco absorvido. Um exemplo seria a aspirina (ácido acetilsalicílico). Quando em solução ácida, como no estômago, ela se apresenta mais de 90% na forma não ionizada; enquanto que em solução neutra, apenas 1%. Assim, podemos concluir que ela seria facilmente absorvida no estômago (pH próximo de 2) e mais lentamente no intestino delgado, onde o pH é superior a 7.

    Bibliografia

  • BACAN, N. et al. Química analítica quantitativa elementar. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1979.

  • KOTZ, J. C.; TREICHEL Jr, P. M. Química geral e reações químicas. 5ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006.

  • RUSSEL, J. B. Química geral. 2ª ed. São Paulo: Makron Books, 1994. V.1.

  • SACKHEIM, G. I.; LEHMAN, D. D. Química e bioquímica para ciências biomédicas. 8ª ed. São Paulo: Manole, 2001. 


  • *Erivanildo Lopes é professor assistente da Universidade Federal da Bahia.

    **Jacques Antonio de Miranda é professor adjunto da Universidade Federal da Bahia.

    Amônia

    Propriedades e usos

    Erivanildo Lopes da Silva*

    Em Química, estudamos, dentre outros temas, as características dos elementos existentes na natureza. E entre os variados elementos que existem, podemos destacar alguns mais empregados ou produzidos na indústria - e que são utilizados em outras áreas. E, entre esses, temos a amônia.

    A amônia é um gás incolor, bastante tóxico, que se dissolve bem na água. Uma vez em meio aquoso, a amônia forma o hidróxido de amônio (NH4OH):


    Página 3

    O NH3 pode ser preparado em laboratório aquecendo-se um sal de amônio com hidróxido de sódio (NaOH). Na verdade, é um teste comum para identificação de compostos de NH4+ (amônio):


    Página 3

    Diferentes aplicações

    A produção mundial de amônia é praticamente feita por meio da reação entre os gases N2 e H2, pelo processo denominado Haber-Bosch:


    Página 3

    Esta reação deve ocorrer em condições de pressão e temperatura ideais. Essas condições são favorecidas por meio do processo Haber-Bosch, para que se consiga obter um maior rendimento na produção da amônia.

    A amônia serve de matéria-prima para um número elevado de aplicações. Ela é utilizada na fabricação de fertilizantes agrícolas, fibras e plásticos, de produtos de limpeza, de explosivos, etc.

    Entre tantos empregos, podemos destacar:


    • Fertilizantes: sulfato de amônio, fosfato de amônio, nitrato de amônio e uréia.
    • Produtos químicos: ácido nítrico (utilizado na preparação de explosivos).
    • Fibras e plásticos: nylon e outras poliamidas.
    • Produtos de limpeza: detergentes e amaciadores de roupa.

      Bibliografia

    • LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa. 5ª edição, São Paulo: Edgard Blucher, 1999.
    • MAINIER et al. A água sanitária: um experimento relacionando o cotidiano ao ensino de química. Rio de Janeiro: CBE, 2001.

    Gases nobres

    Hélio, argônio, neônio, xenônio, criptônio

    Júlio C. de Carvalho*

    Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
    No final do século 19, toda uma família da tabela periódica foi isolada, quase de uma só vez: os gases nobres.

    Os gases nobres (os elementos da família 18 da tabela periódica) são gases monoatômicos que possuem a camada eletrônica mais externa completa. Por isso, são elementos de baixíssima reatividade, que chegaram a ser chamados de inertes até que se provasse que é possível fazer alguns compostos com os representantes mais "pesados" da família. Por exemplo, Kr, Xe e Rn podem formar compostos químicos (mas com o F, Cl e O, os elementos mais eletronegativos, e em condições enérgicas).

    Veja abaixo a distribuição eletrônica dos gases nobres. Repare que não há orbitais (nem subníveis) semipreenchidos, o que explica a pouca reatividade da família.

    2He
    10Ne
    18Ar

    36K

    54Xe


    86Rn
    1s2














    2s2 2p6














    3s2 3p6
    3d10












    4s2
    4p6
    4d10

    4f14









    5s2
    5p6

    5d10











    6s2

    6p6

    Quanto à descoberta tardia dessa família, vamos ver um pouco mais do histórico:

    Hélio, é claro, no Sol

    Justiça seja feita, o hélio não só foi descoberto bem antes dos outros gases nobres, como também foi o primeiro elemento descoberto fora da Terra: seu nome deriva do grego "hélios" (Sol), porque a sua presença foi determinada na coroa solar, em 1868, através da técnica de espectroscopia, em que se usa um prisma ou malha de difração para decompor a luz em diversos comprimentos de onda. Como cada elemento tem uma "assinatura" espectral única, foi possível deduzir que uma linha amarela (587,5nm) - até então não observada - deveria ser de um novo elemento. Esse novo elemento só foi isolado na Terra em 1895, e é relativamente raro aqui porque é capaz de escapar para o espaço. Ironicamente, o hélio é o segundo elemento mais abundante no universo, atrás apenas do hidrogênio.

    Outros gases nobres

    O próximo gás nobre descoberto foi o argônio (que é relativamente abundante na Terra, com quase 0,93% da atmosfera). Esse gás foi descoberto em 1894, quando Rayleigh e Ramsay tentavam determinar porque o nitrogênio isolado do ar (após a remoção do oxigênio e gás carbônico por reação) era mais denso que o nitrogênio produzido por reação (decomposição de amônia).

    Os cientistas imaginaram que deveria haver um contaminante mais pesado no nitrogênio "do ar", ou algo mais leve no nitrogênio da amônia. Tratando o nitrogênio "do ar", com magnésio, para remover o N2, obtiveram um resíduo resistente a reações: o argônio. O nome argônio vem do grego "argos" ou "inativo", em referência à sua inércia química.

    Imaginando que outros gases pouco reativos poderiam ser isolados do ar (e completar a tabela periódica), Ramsay e Travers trabalharam intensamente para isolar, nessa ordem, o hélio (1895), o criptônio (do grego "kryptos", ou escondido - já que a sua quantidade no ar são ínfimos 0,0001%), o neônio (do grego "neo", ou novo) e o xenônio (do grego "xenos", estrangeiro). Os três foram isolados em 1898. O radônio, um gás radioativo cujo isótopo mais estável tem uma meia-vida de cerca de 4 dias, foi isolado em 1900 por Dorn. Por causa dessa curta meia-vida, o radônio é muito raro: apresenta-se com apenas 10-15ppm na atmosfera.

    Abundância e inércia química

    Por quê esses gases passaram tanto tempo desconhecidos? Afinal, já havia químicos em busca da sistematização das substâncias e elementos químicos há pelo menos dois séculos, à época desses isolamentos. Que o xenônio, por exemplo, tenha sido descoberto tarde, entende-se - afinal, é um elemento relativamente escasso. Mas o argônio? Há 25 vezes mais argônio no ar do que CO2!

    Ocorre que, sendo relativamente inertes, os gases nobres não participavam de reações e eram contabilizados como N2 ou como um erro experimental (erros de 1 ou 2% são considerados pequenos, dependendo da área em que se pesquisa). Só quando uma busca sistemática, feita sobretudo por Rayleigh, foi conduzida é que se isolou esses gases.

    Destilação fracionada do ar

    Outra razão importante para a demora no isolamento desses gases é a forma de separação. Afinal, remover os gases reativos (N2, O2, CO2, CO e outros) do ar é relativamente fácil. Mas, e quando se chega a uma mistura de gases nobres, como é que a separação pode ser feita? É aí que entra a destilação fracionada: os gases são liquefeitos e lentamente destilados, de forma que vão escapando da mistura de acordo com o seu ponto de ebulição. A tecnologia para essa liquefação, que exige temperaturas muito baixas, foi aperfeiçoada no final do século 19.

    Veja no quadro a seguir a temperatura de ebulição dos principais gases presentes no ar liquefeito:

    Gás
    Ponto de ebulição (oC)
    Abundância no ar (ppmv)
    Principais
    usos
    He -268,9 5 Resfriamento de ímas em equipamentos médicos; mergulhos de profundos
    Ne -245,9 18 Luminosos
    Ar -185,7 9300 Lâmpadas incandescentes, atmosferas inertes
    Kr -151 1 Luminosos e lâmpadas
    Xe -109 0,09 Lâmpadas
    N2 -195,8 790000 Matéria prima para adubos e indústria química
    O2 -183 200000 Matéria prima para a indústria, gás de uso hospitalar

    Devido à proximidade de pontos de ebulição, é mais difícil separar o Ar do O2 e o He do Ne. De forma geral, como a liquefação do ar é feita em larga escala, para obtenção de N2 e de O2, há uma produção suficiente de gases nobres - à exceção do hélio. Esse gás é produzido de forma mais barata a partir de gás natural (onde pode aparecer com até alguns %), mas tamanha é a sua utilidade em equipamentos biomédicos, que se prevê uma relativa escassez nos próximos anos. 
     
    *Júlio C. de Carvalho é engenheiro químico e professor do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR.

    Metano

    26/09/2011 - Por Marcus Cabral
     Fontes
    O metano é formado naturalmente em regiões onde existem matéria orgânica em decoposição. Somado a isso existe muitas fontes antropogênicas de metano que vem contribuíndo para seu aumento na concentração global na atmosfera, dentre estas fontes estão:
    O cultivo de arroz, queima de biomassa e a queima de combustíveis fosséis.

    A maior fonte de renovação do metano é uma reação química feita com o radical hidroxíla (OH) na troposfera (baixa atmosfera). Este processo natural é, no entanto, afetado pela reação do OH com outras emissões de gases feitas pelo homem, principalmente com o monóxido de carbono (CO) e pelos hidrocarbonos emitidos pelos motores de veículos.

    Concentração Atmosférica
    A presente concentração atmosférica global do metano é de 1.72ppmv, mais do que o dobro de sua concentração durante o período pré revolução industrial que era por volta dos 0.8ppmv.

    Contribuição
    Durante o período de 1765 a 1993, a contribuição do metano está por volta dos 0.5W/m² .

    Reducão
    Para estabilizar as concentrações de metano que se encontram presentes nos dias de hoje, seria necessário uma redução imediata de 15-20% das emissões globais desse gás.

    O futuro da Amazônia

    29/09/2011
    Agência FAPESP – Cientistas de 14 instituições de pesquisa europeias e sul-americanas – incluindo o Brasil, a Bolívia, a Colômbia e o Peru – iniciaram um novo e ambicioso programa de pesquisa para prever o que poderá ocorrer com a Amazônia ao longo das próximas décadas.

     
    Cientistas sul-americanos e europeus iniciam pesquisa para prever os impactos do desflorestamento e das mudanças climáticas na floresta amazônica (Nasa)

    Intitulado Amazalert, o projeto tem como objetivo testar previsões que sugerem que, sob contínuas mudanças climáticas e desflorestamento, as florestas da região amazônica poderão estar vulneráveis a degradação em diversos aspectos, como no clima, águas e comunidades.
    O programa pretende avaliar o quanto essas previsões são prováveis e, em caso positivo, antecipar onde, como e quando isso deve acontecer. O orçamento é de 4,7 milhões de euros, financiados conjuntamente pelo European 7th Framework Programme e por organizações nacionais.
    A equipe é liderada pelos pesquisadores Bart Kruijt, da Universidade de Wageningen, nos Países Baixos, e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da Coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

    Os cientistas estudarão um possível sistema que detecte sinais de degradação de grandes dimensões na floresta, e que inclui um sistema de alerta caso uma situação de perda de floresta irreversível pareça provável.
    O Amazalert também avaliará impactos e efetividade de políticas públicas e medidas para a prevenção da degradação da Amazônia. Serão reunidas informações disponíveis em trabalhos anteriores sobre clima regional, sensibilidade das florestas e ciclo da água, desflorestamento, os impactos sobre as leis e respostas aos impactos na bacia amazônica.
    Os pesquisadores explorarão em detalhes observações resultantes de programas como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e simulações de mudanças climáticas globais, conduzidas pelos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
    O projeto também pretende melhorar a compreensão do papel do fogo, e como a população, agricultura e governos poderão responder às mudanças do clima e do meio ambiente.
    Segundo a equipe do programa, também serão envolvidos diretamente representantes de instituições e governamentais para que suas perspectivas sejam incluídas na modelagem e para auxiliar no desenvolvimento de um modelo para um sistema de alerta.
    Dentro de três anos, o projeto deverá fornecer um conjunto de ferramentas aprimoradas para avaliar e assessorar as tomadas de decisão na gestão futura da região amazônica, incluindo formas de monitorar o funcionamento da Amazônia para evitar mudanças irreversíveis em seus serviços ambientais.
    A reunião inaugural do projeto ocorrerá entre 3 e 5 de outubro no Inpe, em São José dos Campos.
    Mais informações: www.eu-amazalert.org

    quarta-feira, 28 de setembro de 2011

    Sobre a integridade ética da pesquisa

    (texto de trabalho; FAPESP, abril de 2011)

    Luiz Henrique Lopes dos Santos
    Membro da Coordenação Adjunta da Diretoria Científica da FAPESP e
    Professor Livre Docente, Departamento de Filosofia, FFLCH, USP

                A expressão “integridade da pesquisa” (research integrity) vem sendo utilizada para demarcar um campo particular no interior da ética profissional do cientista, entendida como a esfera total dos deveres éticos a que o cientista está submetido ao realizar suas atividades propriamente científicas. No interior dessa esfera, pode-se distinguir, por um lado, o conjunto dos deveres derivados de valores éticos mais universais que os especificamente científicos. São dessa natureza aqueles que compõem o campo da chamada Bioética, derivados, por exemplo, do valor (não especificamente científico) que é o respeito à integridade física, psicológica e moral dos seres humanos e do interdito (não especificamente científico) de submeter animais a tratamento cruel. É enquanto pesquisador que um cientista se relaciona com os sujeitos e as cobaias de seus experimentos, mas não é por ser um pesquisador que ele deve preservar os direitos dos sujeitos de seus experimentos ou deve ponderar, no planejamento desses experimentos, o possível sofrimento de suas cobaias.
                Por outro lado, a ética profissional do cientista inclui um conjunto de deveres derivados de valores éticos especificamente científicos, isto é, valores que se impõem ao cientista em virtude de seu compromisso com a própria finalidade de sua profissão: a construção coletiva da ciência como um patrimônio coletivo. O princípio desse campo particular da ética profissional é: ao exercer suas atividades científicas, um pesquisador deve sempre visar a contribuir para a construção coletiva da ciência como um patrimônio coletivo, deve abster-se de agir, intencionalmente ou por negligência, de modo a impedir ou prejudicar o trabalho coletivo de construção da ciência e a apropriação coletiva de seus resultados. É a essa parte da ética profissional do cientista que remete a expressão “integridade da pesquisa”. Pretendo aqui explorar, em linhas gerais, o conceito de integridade da pesquisa e, em seguida, esboçar um balanço de como se vem lidando, no mundo, com as questões relativas à integridade da pesquisa.
                Antes disso, porém, cabe uma observação terminológica. Empregarei aqui a palavra “ciência” e seus cognatos em sentido bastante amplo. Para dispor de um termo suficientemente geral para meus propósitos, polêmicas epistemológicas à parte, chamarei de ciência todo corpo racionalmente sistematizado e justificado de conhecimentos, obtido por meio do emprego metódico de observação, experimentação e raciocínio. Essa definição ampla aplica-se às chamadas Ciências Exatas, Naturais e Humanas, bem como às disciplinas tecnológicas e àquelas ordinariamente incluídas entre as chamadas Humanidades. Chamarei de pesquisa científica toda investigação original que vise a contribuir para a constituição de uma ciência e chamarei deatividade científica toda atividade que vise diretamente à concepção e realização de pesquisas científicas, à comunicação de seus resultados, à interação científica entre pesquisadores e à orientação ou supervisão de processos de formação de pesquisadores.
    O compromisso de um cientista com a finalidade de sua profissão submete-o a deveres profissionais de duas espécies. Há, em primeiro lugar, os deveres do cientista concernentes à qualidade científica dos resultados de seu trabalho de pesquisa, seus deveres em relação ao avanço da ciência. Dado que o trabalho individual de um pesquisador apenas se efetiva como parte da construção coletiva da ciência e apenas contribui para que a ciência se constitua como patrimônio coletivo na medida em que é coletivizado, isto é, comunicado, todo pesquisador tem o dever de respeitar alguns pressupostos que acompanham toda comunicação científica.
    Quando se ouve ou se lê uma comunicação científica, pressupõe-se que o autor utilizou, para tratar de seu tema, os procedimentos que julgou serem cientificamente adequados a esse tratamento; pressupõe-se também que relatou fielmente os procedimentos que utilizou e seus resultados. As ações de um pesquisador que, intencionalmente ou por negligência, contrariam esses pressupostos constituem condutas eticamente inadequadas do ponto de vista da integridade da pesquisa. Entre elas, estão os tipos de conduta consensualmente tidos como os mais graves desse ponto de vista: a fabricação (ou invenção pura e simples) e a falsificação (ou manipulação intencional) de dados, informações. procedimentos e resultados.
    Há, em segundo lugar, os deveres do cientista perante a comunidade científica no interior da qual seu trabalho se efetiva como trabalho coletivo. Para que esse trabalho coletivo seja possível, é necessário que a comunidade se organize segundo regras, que governem a formação das reputações científicas (e, portanto, das relações de confiança profissional) e a distribuição das oportunidades, recompensas e sanções profissionais, bem como os modos de reprodução da própria comunidade. Ainda que muitas dessas regras tenham sido historicamente instituídas por consensos práticos e sejam, em princípio, mutáveis, elas devem existir para que o trabalho coletivo de produção da ciência seja possível, de modo que toda ação que, intencionalmente ou por negligência, as transgrida ameaça a eficácia do sistema coletivo de pesquisa e, portanto, o avanço da ciência.
    No que concerne às regras vigentes de formação de reputações e distribuição de oportunidades, recompensas e sanções profissionais, o conceito chave é o de autoria. Os pesquisadores ganham oportunidades de realizar suas pesquisas e são profissionalmente recompensados ou sancionados na medida de sua reputação científica, que é, por sua vez, estimada principalmente pelos resultados científicos que já obtiveram e comunicaram como sendo seus resultados. Dado um relato científico, pressupõe-se que, salvo indicação expressa em contrario, os pesquisadores expressamente identificados como seus autores apresentam tudo o que é relatado como sendo resultados que julgam ser originais de seu próprio trabalho de pesquisa. Ações que, intencionalmente ou por negligência, contrariem esse pressuposto contribuem para o estabelecimento de falsas reputações e para a distribuição cientificamente injustificada de oportunidades e recompensas. Nessa medida, minam as condições que hoje garantem a possibilidade do trabalho coletivo eficaz de construção da ciência e constituem condutas eticamente inadequadas do ponto de vista da integridade da pesquisa. Entre elas, a que é considerada mais grave é o plágio de textos ou idéias; além do plágio, a falsa indicação de autoria – a omissão, entre os autores de uma comunicação, do nome de alguém que fez uma contribuição cientificamente significativa para a obtenção dos resultados apresentados ou, inversamente, a inclusão do nome de alguém que não fez nenhuma contribuição dessa natureza.
    No que concerne às regras relativas à reprodução da comunidade científica, o conceito chave é o de tutoria. Pesquisadores em formação aprendem a fazer pesquisa científica fazendo pesquisas científicas sob a orientação ou supervisão de pesquisadores já qualificados e experientes, muitas vezes integrados nas equipes de pesquisa em que esses pesquisadores desempenham funções de direção. Enquanto instrumento de reprodução da comunidade cientifica, pressupõe-se que a tutoria seja sempre exercida em benefício da formação do tutelado como pesquisador independente. Ações que contrariem esse pressuposto (como, por exemplo, a utilização do tutelado apenas como mão de obra barata) constituem condutas eticamente inadequadas do ponto de vista da integridade da pesquisa, na medida em que minam as condições vigentes de reprodução cientificamente eficaz da comunidade científica e, portanto, as condições de continuidade da construção coletiva da ciência.
    Como lidar com as questões relacionadas à integridade da pesquisa? Até os anos 80 do século passado, predominava a crença difusa de que más condutas do ponto de vista da integridade da pesquisa seriam acontecimentos tão raros e excepcionais que não justificariam a preocupação com a formulação de políticas sistemáticas para a promoção e preservação da qualidade ética das pesquisas e com a criação de instrumentos institucionais e organizacionais para a implementação de tais políticas. Predominava a crença difusa de que o debate científico rotineiro e os mecanismos rotineiros de peer review seriam suficientes para coibir as más condutas científicas. Por tornarem alta a probabilidade de serem desmascaradas, esses mecanismos de controle recíproco entre os cientistas coibiriam as más condutas, fazendo delas iniciativas de alto risco; quando elas acontecessem, impediriam que acarretassem prejuízos graves para a ciência.
    Há cerca de trinta anos, começou a impor-se a percepção de que as más condutas científicas talvez não fossem tão raras e excepcionais como se pensava. Embora não haja dados empíricos que permitam afirmar com segurança que tenha havido, a partir dos meados do século XX, um crescimento, em termos proporcionais, do número de ocorrências de má conduta, pode-se conjeturar que tenha havido esse crescimento, em função da amplitude, complexidade e espalhamento crescentes do sistema de pesquisa mundial, em função da natureza cada vez mais interativa e competitiva desse sistema e em função das facilidades tecnológicas para a prática de ações fraudulentas, como, por exemplo, o plágio e a manipulação de imagens.
    Seja como for, ainda que o número de más condutas tenha crescido apenas proporcionalmente ao crescimento do sistema de pesquisa, na medida em que os efeitos das más condutas passaram a repercutir no trabalho de um número cada vez maior de pesquisadores, eles passaram a repercutir, em virtude de um efeito dominó, na qualidade dos resultados de um número cada vez maior de pesquisas. E, o que talvez seja o mais grave, passaram a prejudicar mais seriamente a fidedignidade pública da ciência. A ciência vive de sua credibilidade, não só porque depende cada vez mais de investimentos públicos e privados, mas principalmente porque, sem essa credibilidade, perde sua principal razão de ser: seu potencial de fazer diferença na vida das pessoas, por meio da ampliação do estoque de seus conhecimentos e dos meios de orientação racional de suas ações.
    O que se pode dizer com segurança é que os dados disponíveis sobre casos conhecidos, investigados e eventualmente punidos de má conduta científica nos últimos trinta anos certamente não refletem a amplitude atual do problema da integridade ética da pesquisa. Por exemplo, um estudo que analisa estatisticamente vários levantamentos realizados entre 1987 e 2005 conclui que, dos pesquisadores consultados nesses levantamentos, 2% confessaram já ter praticado má conduta grave e 33% confessaram já ter praticado conduta ao menos eticamente questionável; 14% declararam já ter observado a prática de má conduta grave e 72% declararam já ter observado a prática de conduta eticamente questionável por parte de outros pesquisadores. [1] Desde 2002, o Journal of Cell Biology vem testando as imagens incluídas nos artigos aceitos para serem nele publicados. Até 2006, verificou-se que 25% dos artigos aceitos continham imagens manipuladas de modo inadequado e, no caso de 1% dos artigos aceitos, essa manipulação afetava a credibilidade científica das conclusões. [2]
    Uma vez reconhecida a necessidade de submeter as questões relativas à integridade da pesquisa a um tratamento sistemático e institucional, formaram-se alguns consensos a respeito de como lidar com elas. É hoje um consenso que, diferentemente dos aspectos éticos das atividades científicas que não dependem essencialmente de valores especificamente científicos, os aspectos concernentes à integridade da pesquisa devem ser objeto de autorregulação e autocontrole pela comunidade científica. Cabe aos cientistas formular os princípios e valores especificamente científicos que definem o conceito de integridade da pesquisa, cabe aos cientistas definir, com base nesses princípios e valores, os critérios que permitam distinguir as boas e más condutas nas diferentes áreas da ciência, cabe aos cientistas aplicar esses critérios para a identificação, investigação e eventual punição das más condutas científicas.
    A caracterização de uma ação particular como boa ou má conduta científica muitas vezes depende de juízos que são de natureza propriamente científica e nem sempre são triviais. Nem sempre é trivial, e frequentemente requer perícia científica, distinguir que dados são relevantes e que dados não são relevantes para a confirmação ou não de uma hipótese científica, quando se trata de estabelecer se um certo artigo relata com fidelidade todos os dados relevantes para a ponderação do grau de corroboração que propõe para suas hipóteses. Nem sempre é trivial, e frequentemente requer perícia científica, determinar se as idéias expostas por um autor como suas são suficientemente semelhantes a idéias de outro autor para que essa exposição seja considerada como possível caso de plágio. Nem sempre é trivial, e frequentemente requer perícia científica, distinguir o erro involuntário, o erro por imperícia, da má conduta intencional e da má conduta negligente. E nem sempre é trivial, e frequentemente requer muita sensibilidade científica, distinguir o que é um desvio cientificamente injustificado de práticas científicas geralmente aceitas e o que é um desvio inovador cientificamente valioso.
    Na verdade, todo conceito ético é suscetível de aplicações que requerem algum grau de interpretação subjetiva, isto é, de interpretação não governada mecanicamente por regras universais. A tipificação de uma ação como correta ou incorreta depende, no mais das vezes, da aplicação de noções cujas fronteiras são indefinidas e, no mais das vezes, depende da consideração das circunstâncias particulares em que a ação é realizada. Nas situações em que as noções envolvidas se aplicam de maneira suficientemente inequívoca e as circunstâncias relevantes são identificáveis de maneira suficientemente inequívoca, a aplicação do conceito deixa-se governar, de maneira praticamente adequada, por um conjunto de regras universais, deixando pouco espaço para interpretações subjetivas. No entanto, quando isso não ocorre, nas situações que se incluem na zona cinzenta das noções envolvidas e nas quais os parâmetros circunstanciais relevantes não são suscetíveis de identificação inequívoca, a aplicação do conceito exige a intervenção essencial do que chamamos de bom senso, isto é, da capacidade de julgar irredutível à aplicação mecânica de regras e constituída a partir de um misto de talento natural e experiência.
    É um consenso que, exceto em situações extremas, a aplicação dos conceitos da ética da pesquisa, a tipificação das condutas científicas como boas ou más, requer essa espécie de bom senso – no caso, um bom senso científico, uma capacidade de julgar que envolve a familiaridade com o que é e o que não é cientificamente  relevante para essa tipificação. Isso reforça a idéia de que a esfera da ética da pesquisa deva ser objeto de autorregulação pela comunidade científica, ainda que não seja um consenso que essa autorregulação deva ser irrestrita., tendo em vista o risco do corporativismo e dos conflitos de interesse que a autorregulação irrestrita poderia acarretar.
    É um consenso que, no plano institucional, as instituições de pesquisa têm a responsabilidade principal por garantir que as pesquisas que nelas se realizam se conformem aos padrões da integridade ética da pesquisa. Por ser o ambiente próximo em que os pesquisadores desenvolvem sua atividade científica, ela dispõe dos meios mais ágeis e eficazes para promover entre seus pesquisadores os valores da ética da pesquisa, e também para implementar mecanismos de prevenção, identificação, investigação e punição de eventuais más condutas.
    É um consenso que o objetivo principal de uma política de promoção da integridade da pesquisa – principal na medida em que, de certo modo, inclui todos os demais – deve ser a formação de uma cultura da integridade, no sentido da palavra “cultura” em que ela remete ao arraigamento de certos valores na prática cotidiana, a tal ponto que o respeito a eles aconteça espontaneamente e o desrespeito a eles gere, no ambiente, uma sanção moral imediata. Para a formação dessa cultura, certamente é um elemento fundamental a percepção da punibilidade, a existência de procedimentos explícitos para a identificação, investigação e eventual punição de supostas más condutas, bem como de mecanismos institucionais para a aplicação desses procedimentos. No entanto, igualmente importantes são ações que visem a dar visibilidade contínua à questão da integridade, como, por exemplo, a instituição de programas de treinamento voltados a pesquisadores em formação, a divulgação de materiais educativos, a inclusão de compromissos formais com códigos de boa conduta em contratos de trabalho ou termos de concessão de bolsas e auxílios. O reconhecimento da importância do componente pedagógico no contexto de uma política de promoção da integridade é uma consequência imediata do fato de que a distinção entre boas e más condutas científicas não é um assunto trivial, exigindo não apenas boa fé, mas também competências de natureza especificamente científica.
    Se é um consenso que, no plano institucional, a responsabilidade principal pela manutenção da integridade da pesquisa cabe às instituições de pesquisa, vem se formando também o consenso de que outras instâncias institucionais devem compartilhar, em maior ou menor grau, essa responsabilidade, o consenso de que as ações necessárias para a garantia da integridade da pesquisa implicam a articulação de esforços de diferentes instituições e órgãos, em diferentes instâncias envolvidas no fomento e na realização das pesquisas. Particularmente, as agências de fomento vêm desempenhando, em muitos países, um papel central no que concerne à formulação e aplicação de políticas de integridade.
    Grosso modo, podemos classificar os países em um espectro de três tipos, conforme o modo como, em cada um deles, se lida institucionalmente com a questão da integridade da pesquisa. Em um extremo do espectro, estão os países em que reina a anarquia. É o caso do Brasil, mas também de países de peso científico considerável, como a França. Neles, não há políticas sistemáticas de promoção e prevenção, não há mecanismos institucionais permanentes destinados a lidar com a questão da integridade. Eventuais alegações de más condutas são tratadas de maneira casuística, não havendo procedimentos previamente definidos e concebidos para garantir investigações e decisões imunes à percepção de enviesamento, por corporativismo ou conflitos de interesse, e respeitadoras da reputação dos investigados e de seu direito a presunção de inocência.
    No outro extremo do espectro estão países que dispõem de uma estrutura institucional já relativamente complexa para lidar com a questão da integridade, uma estrutura coordenada por órgãos dotados de poder e dever legalmente atribuídos para fazê-lo. É o caso dos Estados Unidos, e também da Noruega e Dinamarca. Nos Estados Unidos, foi legalmente estabelecido, em 1993, que, no caso de pesquisas financiadas com recursos federais, a competência das instituições de pesquisa para lidar com as questões de integridade deve ser limitada pela supervisão de órgãos federais associados às agências de fomento, mas independentes delas, órgãos que respondem diretamente ao Congresso. Foi criado um órgão para esse fim no Departamento de Saúde, com competência sobre as pesquisas financiadas pelos National Institutes of Health (Office of Research Integrity – ORI); o órgão corregedor da National Science Foundation (NSF Office of Inspector General – NSF OIG) passou a cumprir essa tarefa em relação às pesquisas apoiadas pela NSF. Esses órgãos supervisionam e aconselham as instituições de pesquisa no que diz respeito às suas atividades de promoção da integridade da pesquisa e de prevenção e investigação de possíveis más condutas. Se julgarem necessário, podem conduzir autonomamente investigações e sugerir punições.
    Em 2000, a Secretaria de Política Científica e Tecnológica do governo americano publicou a Federal Policy on Research Misconduct, aplicável a todos os órgãos federais que financiam pesquisas e, indiretamente, às instituições de pesquisa que recebem esse financiamento. Esse instrumento legal define um conjunto mínimo de procedimentos obrigatórios no caso de denúncias de más condutas. Com base nesse documento, o ORI e o OIG elaboraram códigos de procedimentos bastante minuciosos, aplicáveis às investigações conduzidas tanto por eles como pelas instituições de pesquisa. As linhas gerais desses códigos tornaram-se, a partir de então, paradigmáticas, estando presentes em muitos códigos posteriormente elaborados em outros países. Eis algumas dessas linhas gerais.
    (1) Cabe tratar as más condutas diferentemente, conforme seus diferentes graus de gravidade. São consideradas más condutas graves típicas a fabricação e a falsificação de dados, informações, procedimentos e resultados, assim como o plágio. São consideradas ordinariamente más condutas menos graves, por exemplo, a atribuição incorreta de autoria, o chamado (talvez inadequadamente) auto-plágio, a ocultação de potenciais conflitos de interesse, a conservação inadequada dos registros de pesquisa, a omissão de dados de modo a dificultar a replicação de experimentos, a retenção injustificada de informações de modo a dificultar que a linha de pesquisa seja desenvolvida por outros pesquisadores.  Os procedimentos de investigação previstos no caso de denúncias de más condutas graves são rigorosos e complexos, impondo-se às instituições de pesquisa o dever de segui-los. A obediência a esses procedimentos é diretamente supervisionada pelos órgãos associados às agências de fomento. No caso de más condutas menos graves, confere-se às instituições de pesquisa maior autonomia no tratamento de denúncias e investigações. Algumas más condutas consideradas mais leves podem ser tratadas apenas internamente pelas instituições de pesquisa, sob o argumento de que, tornadas públicas denúncia e investigação, a mancha na reputação dos denunciados já seria pena severa demais para a pouca gravidade da má conduta em questão.     
    (2) Cabe garantir aos denunciados por más condutas científicas, no curso de processos de investigação, o direito à presunção de inocência e à preservação de suas reputações. Na medida do possível, esses processos devem transcorrer confidencialmente e o denunciado deve ser mantido a par de todas as suas etapas do processo, com direito de resposta a todas as acusações levantadas e direito de recurso no final do processo, em caso de veredito adverso.
    (3) As punições devem ser proporcionais à gravidade das más condutas identificadas. Para estimar o grau de gravidade de uma má conduta, deve-se considerar se ela foi intencional ou apenas fruto de negligência, se foi um caso isolado ou obedeceu a um padrão regular de comportamento e em que medida foi prejudicial ao avanço e à fidedignidade da ciência.
    As agências de fomento americanas influenciaram diretamente o estabelecimento, nas instituições de pesquisa, de órgãos e instrumentos institucionais permanentes destinados a tratar dos diferentes aspectos da questão da integridade da pesquisa. A concessão de bolsas de pós-graduação e pós-doutorado, por exemplo, é condicionada ao compromisso de que o bolsista receba treinamento regular para lidar com questões de integridade. Toda instituição de pesquisa que pretenda receber recursos federais deve ter um órgão encarregado não apenas de receber denúncias e coordenar investigações de más condutas, mas também de desempenhar funções educativas e consultivas.
    No meio do espectro, estão países onde não existem órgãos centralizados legalmente instituídos para regular e supervisionar as atividades das instituições de pesquisa relativas à integridade da pesquisa, mas onde as agências nacionais de fomento assumem de fato funções regulatórias. É o caso da Alemanha, Reino Unido, Canadá e Austrália. Na Alemanha, essas funções são desempenhadas pela Deutsche Forschungsgemeinschat (DFG) e, no Reino Unido, Canadá e Austrália, pelos conselhos centrais das agências nacionais de fomento. As agências publicam códigos de conduta e de procedimentos para tratar de casos de má conduta e condicionam a concessão de bolsas e auxílios à aceitação dessas códigos, bem como à implementação de políticas de prevenção de más condutas.
    Na Alemanha, criou-se a figura do ombudsman, com funções exclusivamente consultivas. A motivação para isso foi, em primeiro lugar, o reconhecimento da importância de se ter mecanismos institucionais para o aconselhamento dos pesquisadores sobre questões de integridade da pesquisa, já que nem sempre é clara, mesmo para o pesquisador qualificado, a fronteira entre as boas e más condutas; em segundo lugar, o reconhecimento da importância de serem distintas as instâncias responsáveis pelo aconselhamento dos pesquisadores e aquelas responsáveis pela investigação e eventual punição de más condutas, pois quem procura aconselhamento deve ter garantia de confidencialidade e alguém com funções investigativas não pode dar essa garantia.  A DFG mantém um ombudsman para cada uma das três grandes áreas do conhecimento e requer que haja um ombudsman em cada instituição de pesquisa beneficiária de seus auxílios e bolsas.
    No Reino Unido, há uma organização privada – mantida por órgãos governamentais, agências de fomento, universidades e instituições privadas envolvidas com a pesquisa – que fornece consultoria e orientação, sobre questões gerais e casos particulares concernentes à integridade da pesquisa, para instituições, pesquisadores e o público em geral. É a UK Research Integrity Office (UKRIO), criada em 2006. Faz aconselhamentos confidenciais a pessoas e instituições sobre casos de possíveis más condutas  (em 2010, fez consultoria em 60 casos), presta consultoria a programas institucionais de educação e treinamento e presta assessoria em investigações institucionais de má conduta. Embora não tenha poderes legais, nem mesmo regulatórios, elaborou um Procedimento para a Investigação de Má Conduta em Pesquisa e umCódigo de Conduta para a Pesquisa que foram adotados, com leves modificações, pelas instituições de pesquisa e pelas agências de fomento do país. Além disso, promove pesquisas empíricas sobre o estado da integridade da pesquisa no país e no mundo e sobre a eficácia de políticas de promoção e prevenção.

    abril de 2011



    [1] Fanelli, D., “How Many Scientists Fabricate and Falsify Research? A Systematic Review and Meta-Analysis of Survey Data”, PLoS ONE | www.plosone.org 11 May 2009 | Volume 4 | Issue 5 | e5738.
    [2] V. carta do editor do Journal Of Cell Biology ao presidente da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (20 de fevereiro de 2006) em http://rupress.typepad.com/files/nas_letter.pdf

    The Dinosaurs of Terra Nova

    Episode One - "Genesis"

    By , About.com Guide

    As you might expect, most of the first hour of the two-hour Terra Nova premiere is devoted to setting up this show's premise. It's the 22nd century, and the world's environment is such a sooty, overcrowded shambles that people have to use "rebreathers" just to survive. One lucky nuclear family, the Shannons, is chosen to join the next "pilgrimage" to Terra Nova: a lush, green, unspoiled Eden located 85 million years in the past, during the late Cretaceous period. After a few dramatic complications--including dad having to break out of a high-security prison, where he's been sent for illegally siring a third adorable child--the family, along with dozens of others colonists, walks through a pulsing wormhole straight into the middle of Terra Nova.

    Brachiosaurus - Terra Nova's First Sauropod

    It's no coincidence that the first dinosaur sighting in Terra Nova pays homage to a comparable scene in the first Jurassic Park movie. Glancing up soon after her arrival, little Zoe Shannon sees a herd of Brachiosaurus just outside the colony's perimeter; one of these gentle sauropods even bends its neck down and grabs a leafy branch out of her hands (raising her a few feet off the ground in the process). Later, Zoe's know-it-all older sister, Maddy, explains to a lovestruck boy that Brachiosaurus doesn't just eat plants, but supplements its diet with small lizards. (In fact, most paleontologists believe that Brachiosaurus, and other sauropods like it, was a strict herbivore.)

    Carnotaurus - Terra Nova's First Theropod

    The next dinosaur to pop up in Terra Nova is temperamentally (and dietetically) the exact opposite of Brachiosaurus. Venturing outside the gate with the colony's commander, Nathaniel Taylor, dad Jim Shannon witnesses a pack of Carnotaurus chasing down a pair of armored vehicles (in a nifty shot, one of these theropods bites the head off a truck's unfortunate driver). The Carnotaurus are stopped short of the colony by some high-tech weapons, which deter them humanely rather than killing them (rather like a dog's sonic barrier). The Carnotaurus is portrayed convincingly, even if its arms seem a bit too long for its body; in fact, this predator had the most comically undersized arms in the entire dinosaur bestiary.

    The last dinosaur to be featured in Terra Nova's premiere, the Slasher, is sure to be the most controversial. Unlike Brachiosaurus and Carnotaurus, the Slasher isn't identified by genus, but it appears to be a cross between a Monolophosaurus (note the single prominent crest on its head) and the "Velociraptors" from Jurassic Park (which were actually much bigger Deinonychus individuals), with the incongruous addition of a deadly, whiplike tail. The Slasher clearly isn't a raptor (it lacks feathers, as well as single, oversized claws on each of its hind feet), yet the Terra Nova team has leaked the made-up genus name "Acceraptor" to fan sites. What's more, as far as paleontologists can tell, the only dinosaurs capable of wielding their tails like whips were sauropods, not theropods!
    In any event, one suspects that this fearsome dinosaur has been named the "Slasher" as a kind of cinematic pun. Teen heartthrob Josh Shannon and his new buddies sneak out of Terra Nova to go swimming and drink moonshine, and they soon find themselves in the dark, huddled inside their damaged vehicle, being picked off one by one by a herd of ravenous Monolophosaurus/Deinonychus/Acceraptor. Anyone who's ever seen a classic 1980's slasher flick will pick up the reference instantly, though more fastidious dinosaur fans are bound to be disappointed.

    Terra Nova Scorecard, Episode One ("Genesis")



    De aves a paisagens áreas, livro ensina a fotografar natureza- 27/09/2011 - 21h00

    da Livraria da Folha
    O livro "Fotografia de Natureza: Teoria e Prática" (Europa, 2010), do fotógrafo profissional Luiz Claudio Marigo, é um guia completo para pensar luz, enquadramento, ritmo e cores na hora de fazer registros de animais, plantas e paisagens.



    Fotografo ensina técnicas para fazer registros da natureza
    Fotografo ensina técnicas para fazer registros da natureza
    Ricamente ilustrado com fotos tiradas pelo profissional e por amigos, a publicação reúne reflexões sobre fotometria, exposição, tipos de lente, uso de refletores, flash e a temperatura da cor.

    O especialista ensina técnicas para se sair bem com diferentes seres vivos e situações como pássaros, mamíferos, répteis, insetos, plantas, paisagens, registros aéreos e pessoas na natureza.
    Marigo dedica um capítulo para os cuidados a se tomar ao armazenar as fotos no computador. Nele, fala das intervenções digitais para alterar contraste e luz e os formatos mais interessantes para salvar os arquivos.
    Por fim, o fotógrafo dá dicas ao leitor sobre como vender o peixe e conseguir clientes para comprar as imagens.
    *
    "Fotografia de Natureza: Teoria e Prática"
    Autora: Luiz Claudio Marigo
    Editora: Europa
    Páginas: 210
    Quanto: R$ 47,92 (preço promocional, por tempo limitado)
    Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

    terça-feira, 27 de setembro de 2011

    Adoçantes: ciclamato, sacarina e aspartame

    Aprenda a diferença entre os adoçantes

    Você sabe a diferença entre ciclamato, sacarina e aspartame? Pode afirmar exatamente o que são edulcorantes? Conhece os edulcorantes calóricos e os não calóricos? Fique por dentro do assunto e saiba como utilizar os adoçantes sem prejudicar o sabor dos alimentos e, principalmente, a sua saúde.

    Os adoçantes dietéticos são, em sua maioria, compostos a partir de substâncias não calóricas, naturais ou sintéticas, conhecidas como edulcorantes. Estes edulcorantes são mais doces que o açúcar branco e responsáveis pelo sabor dos adoçantes de mesa.

    Dentro das dosagens permitidas, essas substâncias ainda são uma opção bem mais saudável para o paciente diabético do que o açúcar. Suas particularidades começam na classificação em dois grupos principais: as calóricas e as não calóricas.

    As substâncias calóricas (ou edulcorantes calóricos) são mais utilizadas para diluir ou dar textura ao adoçante ou ao alimento dietético, do que propriamente adoçar o produto.

    É bom saber que o consumo excessivo de produtos contendo edulcorantes calóricos pode provocar elevação na taxa glicêmica ou diarréia. Por isso, pegue leve e fique atento à fórmula do que vai consumir. A frutose e o sorbitol, edulcorantes mais utilizados, podem ser consumidos desde que estejam dentro da dieta prescrita pelo médico. Mas o paciente precisa estar bem compensado e saber que eles vão trazer mais calorias às suas refeições . É um erro comum pensar que esses alimentos podem ser comidos à vontade, só porque são dietéticos.

    Aliás, comer compulsivamente produtos diet ou se exceder nas doses dos adoçantes, além de elevar a glicose, prejudica o paladar. Isto porque a maioria provoca um gosto residual amargo após certa quantidade.

    A cada dia as indústrias estão encontrando mais alternativas para o paciente desfrutar do paladar dos alimentos sem precisar sair da dieta. Mas é importante conhecer o que se está levando para casa. Não basta apenas saber as características dos edulcorantes. É fundamental se habituar a ler o rótulo dos produtos, tentando identificar cada ingrediente.

    Com a nova legislação sobre diets e lights, esta tarefa ficou ainda mais fácil, já que as empresas são obrigadas a incluir na embalagem todos os itens, sem exceção. Outra dica importante é observar se vem escrito: "isento de açúcar" ou "indicado para diabéticos", além do registro do Ministério da Saúde.

    A Organização Mundial de Saúde também estabelece uma quantidade diária adequada para o consumo destes produtos. O cálculo é simples, basta multiplicar seu peso pela IDA (Ingestão Diária Aceitável) de cada substância.

    Edulcorantes não calóricos

    Ciclamato
    Sacarina
    Acesulfame-k
    Steviosídeo
    Sucralose
    Aspartame (a exceção à regra: apesar de calórico, na dosagem recomendada tem calorias desprezíveis, por causa do seu poder de adoçamento).

    É importante lembrar, no entanto, que os edulcorantes não calóricos podem possuir algumas calorias, apesar de praticamente despresíveis.

    Edulcorantes calóricos

    Sorbitol (presente na ameixa, cereja, maçã e pêssego)
    Manitol (presente nos vegetais)
    Xilitol.
    Lactose (açúcar do leite)
    Frutose (açúcar das frutas)
    Malto dextrina (extraída do milho).

    Conheça as características principais dos edulcorantes:

    Sacarina - Primeira substância adoçante sintética a ser descoberta (1878), tem poder adoçante 500 vezes maior do que a sacarose. Em altas concentrações deixa sabor residual amargo, e não é metabolizado pelo organismo. É de fácil solubilidade e estável em altas temperaturas. Em 1986 foi comprovada sua segurança para a saúde através de diversos trabalhos técnicos-científicos. IDA correspondente a 5 mg/kg de peso corpóreo.

    Ciclamato - Descoberto em 1939, só entrou no mercado a partir da década de 50. Como a sacarina, é outro edulcorante artificial largamente usado no setor alimentício, sendo aplicado em adoçantes de mesa, bebidas dietéticas, geléias, sorvetes, gelatinas etc. Já foi liberado nos EUA da suspeita de ser cancerígeno. Com o menor poder adoçante, é 40 vezes mais doce que a sacarose, não calórico e possui sabor agradável e semelhante ao açúcar refinado (apresentando um leve gosto residual). Não é metabolizado pelo organismo, nem perde a doçura quando submetido a altas/baixas temperaturas e meios ácidos. IDA correspondente a 11 mg/kg de peso corpóreo.

    Aspartame - Edulcorante artificial descoberto em 1965. Possui sabor agradável e semelhante ao açúcar branco, só que com potencial adoçante 200 vezes maior, permitindo o uso de pequenas quantidades. Seu valor energético corresponde a 4 calorias/grama. Muito usado pela indústria alimentícia, principalmente nos refrigerantes diet. Sensível ao calor, perde o seu poder de adoçamento em altas temperaturas. A doçura também poderá diminuir quando muito tempo armazenado. É contra-indicado a portadores de fenilcetonúria, uma doença genética rara que provoca o acúmulo da fenilalanina no organismo, causando retardo mental. IDA correspondente a 40 mg/kg de peso corpóreo.

    Acesulfame-k - Criado em 1960, é o adoçante sintético de maior resistência ao armazenamento prolongado e a diferentes temperaturas. Adoça 200 vezes mais que a sacarose, seu gosto doce é percebido de imediato e em grandes doses deixa um leve sabor residual amargo. Não é calórico e nem metabolizado pelo organismo. Pode ser usado como adoçante de mesa e numa infinidade de produtos. Embora seja rapidamente absorvida, 99 % da substância é eliminada em 24 horas pela urina, de forma inalterada.Vários estudos demonstraram ausência de indícios cancerígenos ou mutações na célula. IDA correspondente a 15 mg/kg de peso corpóreo.

    Stevia Rebaudiana - Descoberta em 1905 e muito difundida no Japão, esta planta é originária da fronteira do Brasil com o Paraguai. Das suas folhas se extrai o steviosídeo, edulcorante natural de sabor doce retardado com poder adoçante 300 vezes maior do que a sacarose. Tem boa estabilidade em altas ou baixas temperaturas. Pode ser consumida sem nenhuma contra-indicação por qualquer pessoa. Não produz cáries, nem é calórica, tóxica, fermentável ou metabolizada pelo organismo. IDA correspondente a 5,5 mg/kg de peso corpóreo.

    Sucralose - Descoberta em 1976, esta substância acaba de ser aprovada pela Administração de Drogas e Alimentos (FDA), dos EUA. Trata-se de um edulcorante sintético com poder adoçante 600 vezes maior do que a sacarose. Não é calórico e possui sabor agradável. Também não é metabolizada pelo organismo, sendo eliminada por completo em 24 horas pela urina. Estável a temperaturas altas e baixas e em longos períodos de armazenamento. Pode ser usada como adoçante de mesa, em formulações secas (como refrescos e sobremesas instantâneas), em aromatizantes, conservantes, temperos, molhos prontos, compotas, etc. Não produz cáries, além de reduzir a produção de ácidos, responsáveis pela sua formação. IDA correspondente a 15 mg/kg de peso corpóreo.

    Sorbitol - Substância natural presente em algumas frutas, algas marinhas etc. Tem o poder edulcorante igual ao da sacarose e similar ao da glicose, não sendo aconselhável a pacientes obesos e diabéticos mal controlados. Calórico, fornece 4 calorias/grama e ao ser absorvido se transforma em frutose no organismo. A frutose é transformada em glicose no fígado, mas como o processo é lento, não altera significativamente a glicemia. Não provoca cáries, não é tóxico e apresenta boa estabilidade. Resiste, sem perder seu potencial adoçante, a processos de aquecimento, evaporação e cozimento.

    Dicas: doses acima de 20 a 30 gramas/dia produzem efeito diurético e acima de 30 a 70 grama/dia causam diarréia. Em algumas pessoas esses efeitos ocorrem mesmo em doses baixas, como 10 gramas/dia. O sorbitol (assim como o manitol e o xilitol) aumentam a perda de minerais pelo organismo, principalmente o cálcio, podendo também provocar a formação de cálculos. Até hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS) não atribuiu um limite para a IDA do sorbitol, deixando a critério do bom senso do usuário.

    Manitol - Tem valor calórico equivalente ao da sacarose (4 calorias/grama), o poder edulcorante 70% superior e um sabor levemente adocicado e refrescante. Não produz fermentação no organismo, mas provoca um significativo efeito laxativo quando ingerido em doses elevadas. Quando absorvido pelo organismo estimula a secreção de insulina ao ser parcialmente convertido em glicose, porém não causa hiperglicemia. A OMS estabelece uma dose diária máxima de 50 a 150 mg / kg de peso corpóreo.

    Xilitol - Fornece 4 calorias/grama e sabor semelhante ao da sacarose, apresentando uma sensação refrescante na saliva, que aumenta quando associado ao aroma de menta. É considerado um dos melhores preventivos contra cáries. Precaução: doses acima de 30 g/dia podem provocar diarréia quando consumido pela primeira vez. A OMS não estabeleceu um limite para a IDA e o FDA (USA) indica o consumo na quantidade necessária para o adoçamento desejado.

    Frutose - É um edulcorante natural, de sabor agradável e extraído do açúcar das frutas. É importante o diabético estar bem compensado para usar produtos à base de frutose, já que a substância tem 4 calorias/grama. É uma vez e meia mais doce que a sacarose, com poder de adoçamento 173 vezes maior. Excesso de frutose pode causar aumento de triglicerídeos e pessoas com problemas no metabolismo de lipídios e gorduras devem evitar o consumo desse edulcorante. Estudos comprovam que o uso por tempo prolongado dificulta a absorção do cobre, mineral importante na síntese da hemoglobina (responsável pela pigmentação dos glóbulos vermelhos).

    Lactose - Açúcar extraído do leite muito usado como diluente nos adoçantes de mesa. Fornece 4 calorias/grama e precisa da presença de insulina para ser metabolizado no organismo. Seu potencial edulcorante é cerca de 15 % maior que a sacarose

    Malto dextrina - Açúcar extraído do milho, também muito usado como diluente nos adoçantes artificiais. Como a lactose, é insulino-dependente e tem 4 calorias/grama, sendo cerca de 50% mais doce que a sacarose.

    Dextrose - Outro açúcar derivado do milho com ampla aplicação na indústria alimentícia. Sua doçura é cerca de 70% maior que a da sacarose. Possui 4 calorias/grama e também necessita insulina para sua metabolização.

    Com essas informações, vocês poderão selecionar, junto com o médico, os adoçantes que mais lhe pareçam adequados.

    Por: Sociedade Brasileira de Diabetes 

    Fonte: http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com