Faz menos de 20 anos desde a última vez que acordamos com as manchetes proclamando que 1 milhão de espécies serão extintas (ver R. J. Ladle et al. Nature 428, 799; 2004).

Manchetes quase idênticas estão sendo geradas em todo o mundo com a publicação do resumo do relatório de avaliação global da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Apesar de muitos conservacionistas ficarem contentes com a publicidade, ela corre o risco de prejudicar os achados mais detalhados deste importante relatório quando for publicado ainda este ano.

Em ambos os casos, a figura da extinção é uma extrapolação baseada na riqueza de espécies prevista e não documentada. Tais manchetes são alvos fáceis para o lobby antiambientalista e assim poderiam minar a credibilidade e legitimidade do relatório e da ciência da conservação em geral.

The doom and gloom of the report summary is intended to mobilize conservation action (see N. Knowlton Nature 544, 271; 2017). But the more often such claims are made, the more likely they are to be met with apathy. What we need is a more nuanced use of extinction rhetoric, one that aligns scientific evidence of documented and predicted extinctions with cultural frames, institutional frameworks and organizational interests.

Nature 569, 487 (2019)
doi: 10.1038/d41586-019-01618-4