Meteorito no Piauí
Cratera de Santa Marta foi aberta por queda de rocha celeste
Das
pouco mais de uma dezena de crateras identificadas em solo brasileiro,
sete comprovadamente foram abertas pela queda de um meteorito ou cometa.
A mais recente a ganhar esse reconhecimento é a de Santa Marta, uma
estrutura circular com diâmetro de cerca de 10 quilômetros, perto da
cidade de Gilbués, no sul do Piauí. Durante o 76º Encontro Anual da
Sociedade Meteorítica, realizado entre o final de julho e início de
agosto no Canadá, os geólogos Alvaro Penteado Crósta, da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), e Marcos Alberto Rodrigues Vasconcelos,
pós-doutorando com bolsa da FAPESP, apresentaram evidências de que essa
cicatriz no relevo nordestino foi realmente causada pela colisão de um
meteorito.
Os pesquisadores estiveram na cratera no final do ano
passado e coletaram amostras de rochas sedimentares que exibem registros
macroscópicos e microscópicos do impacto de um corpo celeste: os
chamados cones de estilhaçamento ou shatter cones, estruturas
estriadas que lembram a ponta de uma árvore de Natal, e deformações
planares em cristais de quartzo. “Ainda não sabemos com certeza a idade
da cratera”, afirma Crósta, que em breve vai publicar um artigo
científico com mais detalhes sobre o trabalho. Eles estimam que Santa
Marta se formou entre 145 e 300 milhões de anos atrás, pois ali
encontraram rochas sedimentares que vão do período Cretáceo ao início do
Carbonífero.
A
localização da nova cratera, que foi identificada pela primeira vez em
mapas cartográficos na década de 1970 e posteriormente em imagens de
satélite, desperta a curiosidade dos pesquisadores. Afinal, Santa Marta
se situa numa área relativamente próxima a duas formações
comprovadamente surgidas em razão de impactos de rochas celestes: as
crateras de Serra da Cangalha, no Tocantins, e Riachão, no Maranhão. As
três estão dentro da bacia do Parnaíba e estão sendo estudadas em mais
detalhes pelo grupo da Unicamp em parceria com cologas do Museu de
História Natural de Berlim.
A quantidade de crateras encontradas
no Brasil é pequena quando comparada com as identificadas no mundo, que
passam de 180, com grande concentração na América do Norte, Austrália e
Europa. Isso não quer dizer que poucos meteoritos ou cometas caíram por
aqui. Eles caíam, mas seus vestígios foram apagados ou simplesmente não
puderam ser encontrados. “Ainda temos pouca pesquisa nessa área”,
comenta Crósta.
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