quarta-feira, 26 de abril de 2017

Fósseis apontam que mar cobria o interior de SP há 260 milhões de anos

Sítio arqueológico foi descoberto durante escavação em mina de calcário em Santa Rosa de Viterbo. Pesquisadores de universidades brasileiras e portuguesas reuniram dados em inventário geológico.




USP aponta que Santa Rosa de Viterbo, SP, era coberta por mar há 260 milhões
Um levantamento realizado por pesquisadores de sete universidades brasileiras e portuguesas apontou que há 260 milhões de anos o interior de São Paulo era coberto por água. O chamado “mar de Irati” tinha 1 milhão de quilômetros quadrados e acabou secando após uma série de mudanças geológicas.
Entretanto, fósseis de animais marinhos e vestígios de algas ainda podem ser encontrados em algumas regiões, como no município de Santa Rosa de Viterbo (SP), a 300 quilômetros da capital paulista, onde ficava uma das praias de água salgada, limpa, clara, rasa e quente, como descreve o estudo.
As primeiras descobertas ocorreram na década de 1970, durante os trabalhos de escavação em uma mina de calcário que, mais tarde, se tornou um sítio arqueológico. Agora, as informações foram reunidas em um inventário geológico, publicado na revista científica GeoHeritage.
O documento é assinado por geocientistas da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Florestal e Instituto Geológico de São Paulo.
Mar de Irati se estendia por 1 milhão de quilômetros quadrados em cinco estados, além de Uruguai, Paraguai e Argentina (Foto: Maurício Glauco/EPTV) Mar de Irati se estendia por 1 milhão de quilômetros quadrados em cinco estados, além de Uruguai, Paraguai e Argentina (Foto: Maurício Glauco/EPTV) 
Mar de Irati se estendia por 1 milhão de quilômetros quadrados em cinco estados, além de Uruguai, Paraguai e Argentina (Foto: Maurício Glauco/EPTV) 
 
Segundo os pesquisadores, os elementos que comprovam a existência do mar de Irati estão embaixo da terra, a até 25 metros de profundidade: os estromatólitos são rochas que se formam no fundo de mares rasos a partir de microrganismos solidificados, que se acumulam como um tapete de limo. 
Em Santa Rosa, com a retirada do calcário pela mineração, foram descobertos estromatólitos gigantes, que só haviam sido encontrados na Namíbia. O engenheiro de minas Marco Antônio Cornetti explica que esse tipo de rocha geralmente é pequeno, mas no interior de São Paulo há alguns com até três metros.
“Uma infinidade de algas morreu e o calcário começa a sedimentar em cima delas. Ninguém sabe por que essas algas não sedimentavam de forma plana, elas formam uma estrutura. Por que elas assumiram essa forma, ninguém sabe o motivo”, diz.
Engenheiro Marco Antônio Cornetti mostra os coprólitos, fezes fossilizadas de animais marinhos, encontradas em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV) Engenheiro Marco Antônio Cornetti mostra os coprólitos, fezes fossilizadas de animais marinhos, encontradas em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV) 
Engenheiro Marco Antônio Cornetti mostra os coprólitos, fezes fossilizadas de animais marinhos, encontradas em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV)
Cornetti trabalhou na pedreira em 1972, quando os primeiros indícios de vida marinha foram descobertos, e também atuou ao lado dos pesquisadores entre 2012 e 2015, na elaboração do inventário atual. Ele conta que o grupo também achou coprólitos, fezes fossilizadas de peixes e tartarugas. 

“Elas têm formas diferentes: uma mais cilíndrica e outra mais redonda. Isso vai mostrar a origem de um e de outro [animal]. Esses coprólitos e os restos de conchas estão nessa camada [de rocha], o que comprova ambiente marinho nesse local”, afirma. 

Nas áreas de mineração, os geocientistas ainda identificaram fragmentos de ossos de um vertebrado que antecedeu os dinossauros, o Mesosaurus brasiliensis. O animal vivia no mar de Irati e era parecido com um lagarto com um metro de comprimento, segundo Cornetti. 

“Ele ficava em cima do estromatólito, morria e caía entre dois estromatólitos. A onda ficava balançando e, por isso, você não encontra o corpo do Mesosaurus completo, porque a água do mar ficava balançando e separava todos os pedacinhos”, explica.
Estudo aponta fragmentos de Mesosaurus brasiliensis em rochas em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV) Estudo aponta fragmentos de Mesosaurus brasiliensis em rochas em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV) 
Estudo aponta fragmentos de Mesosaurus brasiliensis em rochas em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV)

Extinção

O mar de Irati se estendia pelos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e até partes do Uruguai, Paraguai e Argentina. Segundo os pesquisadores, movimentos geológicos fizeram quase toda água escoar para o oceano Atlântico.
“Na região de Uberlândia o solo foi levantando e foi expulsando o mar em direção à foz do Rio Paraná. Em Santa Rosa, ficou um mar fechado, com mais ou menos 3 mil hectares. Não entrou mais água, esse mar secou e na hora que foi secando, foi depositando calcário”, diz Cornetti.
O engenheiro explica que o Irati era um mar raso, com aproximadamente 200 metros de profundidade, e levou cerca de 20 milhões de anos para secar. Logo depois, a região virou um deserto e, lentamente, a vegetação foi se recompondo. As rochas existentes no local ajudaram a formar o maior reservatório de água do mundo: o Aquífero Guarani.
“Depois do mar, se formou um lago com lama argilosa. Aí, aparecem os derrames basálticos e a formação do que, todo mundo conhece, os aquífero Guarani, Botucatu e Pirabóia, que estão muito acima topograficamente dessa formação, são bem mais recentes”, diz.
Mineradora em Santa Rosa de Viterbo tem estromatólitos com até três metros de altura (Foto: Maurício Glauco/EPTV) Mineradora em Santa Rosa de Viterbo tem estromatólitos com até três metros de altura (Foto: Maurício Glauco/EPTV) 
Mineradora em Santa Rosa de Viterbo tem estromatólitos com até três metros de altura (Foto: Maurício Glauco/EPTV)
Vestígios do mar de Irati foram descobertos em mineradora em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV) Vestígios do mar de Irati foram descobertos em mineradora em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV) 
Vestígios do mar de Irati foram descobertos em mineradora em Santa Rosa de Viterbo, SP (Foto: Maurício Glauco/EPTV)

Do Dinosaurs Still Roam the Earth?

Why Cryptozoologists and Creationists Believe Dinosaurs Never Went Extinct 

One issue that gives paleontologists (and scientists in general) fits is the impossibility of proving a negative. For example, no one can demonstrate, with 100 percent certainty, that every single Tyrannosaurus Rex vanished off the face of the earth 65 million years ago; there's an astronomically slim chance that some lucky individuals managed to survive, and are happily breeding even now on a remote, and still undiscovered, version of Skull Island.





The same goes for any dinosaur you can name: Diplodocus, Velociraptor, the wishful-thinking list goes on and on.
This isn't simply a rhetorical issue. In 1938, a living Coelacanth--a prehistoric lobe-finned fish believed to have gone extinct at the end of the Cretaceous period--was caught off the coast of Africa. To evolutionary scientists, this was as shocking as if a snorting, snarling Ankylosaurus had been discovered in Siberia, and caused some quick rethinking about the casual use of the word "extinct." (The Coelacanth isn’t technically a dinosaur, of course, but the same general principle applies.)

"Living Dinosaurs" and Cryptozoology

Unfortunately, the Coelacanth mixup has bolstered the confidence of modern-day "cryptozoologists," researchers and enthusiasts (not all of them scientists) who believe that the so-called Loch Ness Monster is actually a long-extinct plesiosaur, or that Bigfoot may be a living Gigantopithecus, among other fringe theories.
Many creationists, too, are especially eager to prove the existence of living dinosaurs, since they believe this will somehow invalidate evolutionary theory (which it won't, even if that mythical Oviraptor is ever discovered wandering the trackless wastes of central Asia).

The simple fact is that, every single time reputable scientists have investigated rumors or sightings of living dinosaurs or other "cryptids," they’ve come up completely dry.


Once again, this doesn’t establish anything with 100 percent certainty--that old "proving a negative" bugaboo--but it is persuasive empericial evidence in favor of the total-extinction theory. (A good example of this phenomenon is Mokele-mbembe, a putative African sauropod that has yet to be conclusively glimpsed, much less identified, and probably only exists in myth.)

Many of these same people also cling to the idea that the "dragons" mentioned in the bible (and in European and Asian folk tales) were actually dinosaurs--and that the only way the dragon myth could have arisen in the first place is if a human being witnessed a living, breathing dinosaur and passed the story of his encounter down through countless generations. This "Fred Flintstone theory" is complete nonsense, of course--for more, see this article about dinosaurs and dragons.

Why Couldn't Dinosaurs Survive Into Modern Times?

Is there any evidence, beyond the lack of reliable sightings, that small populations of dinosaurs couldn't be living somewhere on the earth today? As a matter of fact, yes. It's easiest to dispose of the biggest dinosaurs first: if Mokele-mbembe was really a 20-ton Apatosaurus, that would imply the existence of a sizable population: a sauropod could only live for about 300 years, max, and its continued survival down to the present day would require a breeding population of at least dozens or hundreds of individuals.


If there were really that many dinosaurs roaming the Congo basin, someone would have taken a picture by now!
A more subtle argument relates to the differences in the earth's climate and geology 100 million years ago compared to today. Most dinosaurs were adapted to living in extremely hot, humid conditions, of the type that are found in only a few modern regions--which have yet to produce any proof of living dinosaurs. Perhaps more tellingly, the herbivorous dinosaurs of the Mesozoic Era feasted on plants (cycads, conifers, ginkgoes, etc.) that are extremely rare today. These plant-munchers lay at the base of the dinosaur food chain, so what hopes could there be of anyone encountering a living Allosaurus?

Are Birds Living Dinosaurs?

On the other hand, a question like "Did the dinosaurs really go extinct?" may be missing the point.
Any group of animals as numerous, diverse and dominant as dinosaurs were bound to pass off a huge chunk of their genetic material to their descendants, no matter what form those descendants took. Today, paleontologists have made an open-and-shut case that dinosaurs never really went extinct at all; they merely evolved into birds, which are sometimes referred to as "living dinosaurs."

This "living dinosaurs" motif makes even more sense if you consider not modern birds--which are mostly a tiny, docile lot compared to their distant ancestors--but the gigantic "terror birds" that lived in South America during the Cenozoic Era. The biggest terror bird of them all, Phorusrhacos, measured about eight feet tall and weighed in the neighborhood of 300 pounds--and it also hunted like a middleweight theropod dinosaur of the Jurassic or Cretaceous periods.

Granted, Phorusrhacos went extinct millions of years ago; there are no dinosaur-sized birds alive today. The point is, you don't need to posit the continued, mysterious existence of long-extinct dinosaurs; their descendants are in your backyard today, hopping around the bird feeder!


Fósseis apontam que mar cobria o interior de SP
 
Pesquisadores de universidades brasileiras e portuguesas reuniram dados em inventário
Por Jornal da EPTV 2ª edição
 
24/04/2017
Mar de Irati se estendia por 1 milhão de quilômetros quadrados em cinco estados, além de Uruguai, Paraguai e Argentina

Um levantamento realizado por pesquisadores de sete universidades brasileiras e portuguesas apontou que há 260 milhões de anos o interior de São Paulo era coberto por água. O chamado “mar de Irati” tinha 1 milhão de quilômetros quadrados e acabou secando após uma série de mudanças geológicas.

Entretanto, fósseis de animais marinhos e vestígios de algas ainda podem ser encontrados em algumas regiões, como no município de Santa Rosa de Viterbo (SP), a 300 quilômetros da capital paulista, onde ficava uma das praias de água salgada, limpa, clara, rasa e quente, como descreve o estudo.


As primeiras descobertas ocorreram na década de 1970, durante os trabalhos de escavação em uma mina de calcário que, mais tarde, se tornou um sítio arqueológico. Agora, as informações foram reunidas em um inventário geológico, publicado na revista científica GeoHeritage.


O documento é assinado por geocientistas da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Florestal e Instituto Geológico de São Paulo.


Segundo os pesquisadores, os elementos que comprovam a existência do mar de Irati estão embaixo da terra, a até 25 metros de profundidade: os estromatólitos são rochas que se formam no fundo de mares rasos a partir de microrganismos solidificados, que se acumulam como um tapete de limo.



Em Santa Rosa, com a retirada do calcário pela mineração, foram descobertos estromatólitos gigantes, que só haviam sido encontrados na Namíbia. O engenheiro de minas Marco Antônio Cornetti explica que esse tipo de rocha geralmente é pequeno, mas no interior de São Paulo há alguns com até três metros.


“Uma infinidade de algas morreu e o calcário começa a sedimentar em cima delas. Ninguém sabe por que essas algas não sedimentavam de forma plana, elas formam uma estrutura. Por que elas assumiram essa forma, ninguém sabe o motivo”, diz.



Cornetti trabalhou na pedreira em 1972, quando os primeiros indícios de vida marinha foram descobertos, e também atuou ao lado dos pesquisadores entre 2012 e 2015, na elaboração do inventário atual. Ele conta que o grupo também achou coprólitos, fezes fossilizadas de peixes e tartarugas.



“Elas têm formas diferentes: uma mais cilíndrica e outra mais redonda. Isso vai mostrar a origem de um e de outro [animal]. Esses coprólitos e os restos de conchas estão nessa camada [de rocha], o que comprova ambiente marinho nesse local”, afirma.



Nas áreas de mineração, os geocientistas ainda identificaram fragmentos de ossos de um vertebrado que antecedeu os dinossauros, o Mesosaurus brasiliensis. O animal vivia no mar de Irati e era parecido com um lagarto com um metro de comprimento, segundo Cornetti.


“Ele ficava em cima do estromatólito, morria e caía entre dois estromatólitos. A onda ficava balançando e, por isso, você não encontra o corpo do Mesosaurus completo, porque a água do mar ficava balançando e separava todos os pedacinhos”, explica.

Extinção
O mar de Irati se estendia pelos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e até partes do Uruguai, Paraguai e Argentina. Segundo os pesquisadores, movimentos geológicos fizeram quase toda água escoar para o oceano Atlântico.


“Na região de Uberlândia o solo foi levantando e foi expulsando o mar em direção à foz do Rio Paraná. Em Santa Rosa, ficou um mar fechado, com mais ou menos 3 mil hectares. Não entrou mais água, esse mar secou e na hora que foi secando, foi depositando calcário”, diz Cornetti.


O engenheiro explica que o Irati era um mar raso, com aproximadamente 200 metros de profundidade, e levou cerca de 20 milhões de anos para secar. Logo depois, a região virou um deserto e, lentamente, a vegetação foi se recompondo. As rochas existentes no local ajudaram a formar o maior reservatório de água do mundo: o Aquífero Guarani.


“Depois do mar, se formou um lago com lama argilosa. Aí, aparecem os derrames basálticos e a formação do que, todo mundo conhece, os aquífero Guarani, Botucatu e Piramboia, que estão muito acima topograficamente dessa formação, são bem mais recentes”, diz.

Dinosaurs and Dragons: The Real Story

Untangling the Dragon Myth, from Prehistory to the Modern Era 

In the 10,000 or so years since human beings became civilized, virtually every culture in the world has referenced supernatural monsters in its folk tales--and some of these monsters take the form of scaly, winged, fire-breathing reptiles. "Dragons," as they're known in the west, are usually depicted as huge, dangerous, and fiercely antisocial, and they almost always wind up being killed by the proverbial "knight in shining armor" at the end of a back-breaking quest.


Before we explore the link between dragons and dinosaurs, it's important to establish exactly what a dragon is. The word "dragon" comes from the Greek "dracon," which means "serpent" or "water-snake"--and, in fact, the earliest mythological dragons resemble snakes more than they do dinosaurs or pterosaurs. It's also important to know that dragons aren't unique to the western tradition; these monsters feature heavily in Asian mythology, where they go by the Chinese name "long."

What Inspired the Dragon Myth?

Identifying the precise source of the dragon myth for any particular culture is a near-impossible task; after all, we weren't around 5,000 years ago to eavesdrop on conversations or listen to folk tales! (See also 10 Mythical Beasts Inspired by Prehistoric Animals.) That said, though, there are three likely possibilities:
Dragons were mixed-and-matched from the most frightening predators of the day.
Until only a few hundred years ago, human life was nasty, brutish and short, and many people met their end at the teeth (and claws) of vicious wildlife. Since the details of dragon anatomy vary from culture to culture, it may be that these monsters were assembled piecemeal from familiar, fearsome predators: for example, the head of a crocodile, the scales of a snake, the pelt of a tiger and the wings of an eagle.

Dragons were inspired by the discovery of giant fossils. Ancient civilizations could easily have stumbled across the bones of long-extinct dinosaurs, or the mammalian megafauna of the Cenozoic Era. Just like modern paleontologists, these accidental fossil-hunters may have been inspired to visually reconstruct "dragons" by piecing together bleached skulls and backbones. As with the above theory, this would explain why so many dragons are "chimeras" that seem to have been assembled from the body parts of various animals.
Dragons were based on recently extinct mammals and reptiles. This is the shakiest, but the most romantic, of all dragon theories. If the very earliest humans had an oral tradition, they may have passed down accounts of creatures that went extinct 10,000 years ago, at the end of the last Ice Age. The dragon legend could have been inspired by dozens of creatures, ranging from the Giant Sloth to the Saber-Tooth Tiger to (in Australia) the giant monitor lizard Megalania, which at 25 feet long and two tons certainly attained dragon-like sizes!

Dragons, Dinosaurs and Christian Apologists

The above are the three likeliest explanations for the dragon myth. Now we come to the unlikeliest, but also the most popular (at least in the U.S.): the insistence by Christian fundamentalists that dragons actually *were* dinosaurs, since dinosaurs were created, along with all other living creatures, only about 6,000 years ago.

It's hard to categorically refute an argument based on such an outlandish claim. If, for example, a scientist says that carbon dating proves Tyrannosaurus Rex roamed the earth 65 million years ago, a fundamentalist might counter that modern science was created by Satan as a way to deceive unbelievers. By the same token, if you point out that Noah's Ark was too small to accommodate even a small fraction of known dinosaurs, a clever apologist will insist that Noah took along dinosaur eggs, not real, live dinosaurs!

Amusingly, some creationists have tried to meet modern scientists on their own terms, with an account of how dinosaurs (that is, dragons) breathed fire.
According to this story, dinosaurs belched the methane gas produced by their capacious digestive systems, then ignited it by gnashing their teeth! To support this argument, fundamentalists cite the well-known example of the bombardier beetle, which somehow evolved the ability to squirt a noxious, boiling, irritating chemical out of its rear end. (Rest assured that there isn't even a shred of evidence that dinosaurs breathed fire, and besides, this stunt would have instantly killed any Tarbosaurus that even attempted it.)

Dinosaurs and Dragons in the Modern Era

There aren't many (let's be honest, *any*) paleontologists who believe that the dragon legend was invented by ancient human beings who glimpsed a living, breathing dinosaur and passed the story down through countless generations. However, that hasn't prevented scientists from having a little fun with the dragon myth, which explains recent dinosaur names like Dracorex and Dracopelta and (further east) Dilong and Guanlong, which incorporate the "long" root corresponding to the Chinese word for "dragon." Dragons may never have existed, but they can still be resurrected, at least partway, in dinosaur form!

 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Bichos do Paraná

Fósseis de mamíferos e ave indicam a existência de uma antiga fauna desconhecida que viveu na região de Curitiba há 40 milhões de anos
MARCOS PIVETTA | ED. 254 | ABRIL 2017

© JOSE MANUEL CANETE / WIKIMEDIA COMMONS
Reconstituição de dois mamíferos extintos, semelhantes aos encontrados no sítio paranaense, o marsupial sparassodonte...
Reconstituição de dois mamíferos extintos, semelhantes aos encontrados no sítio paranaense, o marsupial sparassodonte…

Depois da extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos, as formas de vida animal terrestre tomaram um caminho singular em algumas partes do globo. Na América do Sul, que tinha se separado da África e ainda não estava conectada à América do Norte, surgiu uma ordem de mamíferos com placenta, a dos Xenarthra, hoje quase toda extinta, com exceção dos atuais tatus, preguiças e tamanduás. Também aqui apareceram as primeiras “aves do terror”, nome popular de carnívoros gigantes, igualmente desaparecidos da Terra, que eram incapazes de voar e pertenciam à família Phorusrhacidae. Exemplares dessa antiga fauna sul-americana que viveram entre 42 e 39 milhões de anos atrás – intervalo de tempo que, até agora, não tinha registros fósseis de vertebrados no Brasil – foram descobertos em um novo sítio paleontológico no Paraná.

De um afloramento rochoso da formação geológica Guabirotuba, na divisa de Curitiba com o município vizinho de Araucária, uma equipe coordenada por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) encontrou dentes e fragmentos ósseos de 10 tipos distintos de mamíferos placentários: sete com carapaça, ancestrais dos extintos gliptodontes e dos atuais tatus, e três com casco, tecnicamente denominados ungulados. Entre os marsupiais, mamíferos com um envoltório em forma de bolsa para carregar filhotes, foram achados vestígios de três gêneros extintos, inclusive dos sparassodontes, predadores carnívoros que tinham grandes dentes caninos e atingiram o tamanho de um leopardo.
A maior parte da fauna de Guabirotuba é igual ou se assemelha aos mamíferos fósseis encontrados na província de Chubut, na Patagônia argentina, que viveram em um momento geológico conhecido como Barrancano, entre 42 e 39 milhões de anos atrás. Mas uma nova espécie até então desconhecida de tatu primitivo, o Proeocoleophorus carlinii, foi descrita no artigo científico que apresentou os achados do sítio paranaense, publicado neste ano no Journal of Mammalian Evolution. Os pesquisadores recuperaram uma grande quantidade de placas fossilizadas que compunham a carapaça do animal. “Começamos a estudar o novo sítio pelos mamíferos, pois alguns desses fósseis ocorrem apenas no intervalo Barrancano e funcionam como evidência para datação geológica”, explica o paleontólogo Fernando Sedor, coordenador científico do Museu de Ciências Naturais da UFPR e principal autor do estudo.

Esse é o caso dos vestígios do tatu primitivo do gênero Utaetus e do sparassodonte do gênero Nemolestes, ambos agora encontrados na capital paranaense. “Nos próximos trabalhos, devemos descrever ao menos duas novas espécies extintas de marsupiais”, diz o paleontólogo Eliseu Vieira Dias, professor da Unioeste, de Cascavel. Além dos mamíferos, o sítio de Curitiba ainda apresenta fósseis de peixes, anfíbios, tartarugas, crocodilomorfos, moluscos, uma “ave do terror” e rastros e marcas deixados nas rochas por invertebrados.

Os primeiros fósseis da formação Guabirotuba foram achados em 2010 pelos geólogos Antonio Liccardo, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), e Luiz Carlos Weinschütz, da Universidade do Contestado (UnC), de Santa Catarina, que ali encontraram um dente de crocodilomorfo. Posteriormente, Sedor e Dias iniciaram pesquisas sistemáticas na localidade, que levaram ao resgate de um conjunto mais amplo de fósseis.
© RÉGINE DEBATTY / WIKIMEDIA COMMONS
Um fóssil de“ave do terror”, parecido com o Paraphysornis brasiliensis, cujo modelo (à esq.) está em um museu na Áustria, foi achado na formação Guabirotuba
Um fóssil de“ave do terror”, parecido com o Paraphysornis brasiliensis, cujo modelo (acima) está em um museu na Áustria, foi achado na formação Guabirotuba

Novo tatu primitivo
 
No Brasil, além de Guabirotuba, existem apenas quatro formações geológicas conhecidas com fósseis de vertebrados do Paleógeno, período geológico entre 66 e 23 milhões de anos atrás: Maria Farinha, em Pernambuco, com material de idade entre 66 e 56 milhões de anos atrás; Itaboraí, no Rio de Janeiro (56 e 48 milhões de anos); Entre-Córregos, em Minas Gerais (35 e 30 milhões de anos); e Tremembé, na bacia de Taubaté, em São Paulo (28 e 16 milhões de anos). Mas só foram encontrados vestígios de mamíferos do Paleógeno em Itaboraí e em Tremembé. Em termos cronológicos, os fósseis de Curitiba apresentam, portanto, uma idade intermediária em relação às faunas extintas encontradas nessas duas formações. “Os mamíferos de Guabirotuba são um pouco mais novos do que os de Itaboraí e um pouco mais velhos do que os de Tremembé”, comenta Sedor. “Eles são de extrema importância para entender a evolução de algumas linhagens de mamíferos na América do Sul.”

A nova espécie de mamífero xenartro descoberta no Paraná recebeu o nome de Proeocoleophorus carlinii porque aparenta ser uma forma mais antiga e anterior do Eocoleophorus, um gênero extinto de tatu primitivo encontrado originalmente na região de Taubaté. Sedor e Dias esperam identificar outros casos semelhantes ao comparar os fósseis das formações Itaboraí, Tremembé e Guabirotuba, situadas em bacias do Sudeste que se originaram em razão do chamado Rift Continental do Sudeste do Brasil. Essa ruptura deu origem a diversas falhas que resultaram em um conjunto de vales com mais ou menos 100 quilômetros (km) de largura e que se estende por cerca de mil km, desde o litoral do Paraná até o Rio de Janeiro, passando por Curitiba e São Paulo.
© FERNANDO SEDOR
Fósseis de diferentes animais resgatados em Curitiba, como a mandíbula de um ungulado, o casco de uma tartaruga e o dente de um astrapotério
Fósseis de diferentes animais resgatados em Curitiba, como a mandíbula de um ungulado, o casco de uma tartaruga e o dente de um astrapotério.

Os estudos comparativos de vertebrados não vão se limitar aos mamíferos. Em parceria com os colegas do Paraná, o paleontólogo Herculano Alvarenga, fundador e diretor do Museu de História Natural de Taubaté, deverá analisar os vestígios do exemplar de “ave do terror” achado na capital paranaense. “Eles realmente acharam um Phorusrhacidae”, explica Alvarenga, especialista em aves fósseis. “Ele é menor que o nosso Paraphysornis brasiliensis, mas pode ser o primeiro representante de ‘ave do terror’ que viveu durante o Eoceno [época geológica entre 55 e 36 milhões de anos atrás].” O paleontólogo de Taubaté descobriu um esqueleto quase completo do Paraphysornis brasiliensis e descreveu a espécie, um predador de 2 metros de altura que aterrorizava o Vale do Paraíba com seu bico em forma de gancho há 23 milhões de anos.

Artigo científico
 
SEDOR. F. A. et al. A new South American paleogene land mammal fauna, Guabirotuba formation (Southern Brazil). Journal of Mammalian Evolution. v. 24, n. 1, p. 39-55. mar. 2017.

Espinhos repletos de veneno

Glândula situada na extremidade das cerdas produz secreção tóxica da lagarta-de-fogo
RODRIGO DE OLIVEIRA ANDRADE | ED. 254 | ABRIL 2017

© EDUARDO CESAR
Lonomia obliqua, responsável por 500 casos de intoxicação por ano no Brasil
Lonomia obliqua, responsável por 500 casos de intoxicação por ano no Brasil

É no ápice das cerdas que recobrem o dorso das lagartas-de-fogo que se encontra a glândula responsável pela produção de seu veneno, um coquetel de toxinas que em contato com a pele humana pode causar sérios problemas de saúde e, em casos extremos, matar. A identificação da célula produtora de veneno da taturana Lonomia obliqua resulta do trabalho de pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo. Sob a coordenação da bióloga Diva Denelle Spadacci-Morena, do Laboratório de Fisiopatologia, eles analisaram as cerdas da lagarta com o auxílio de um microscópio eletrônico de varredura, capaz de ampliar a imagem dezenas de milhares de vezes, e identificaram a existência de uma célula responsável pela produção da peçonha.

Há algum tempo se sabe que outras lagartas, como as taturanas do gênero Automeris, possuem uma glândula de veneno em seus pelos. Mas havia dúvida sobre o que se passava com as lagartas-de-fogo, que já foram qualificadas popularmente de assassinas por causa dos acidentes fatais. Antes da equipe do Butantan, outros pesquisadores também investigaram as cerdas da Lonomia. Como não encontraram a glândula, inferiram que o veneno devia ser produzido no interior do corpo da taturana — para eles, as cerdas funcionariam apenas como tubos que transportam a secreção para fora.

Além de identificar a célula produtora de toxina, os pesquisadores do Butantan constataram que o veneno, depois de produzido, fica armazenado na extremidade dos pelos. “Um leve esbarrão é o suficiente para romper a ponta e liberar o líquido”, diz Diva, primeira autora do artigo que descreveu o achado em setembro de 2016 na revista Toxicon. Curiosamente, não são todas as cerdas que produzem a peçonha, um líquido de cor alaranjada. Alguns dos pelos liberam hemolinfa, um fluido esverdeado responsável pelo transporte de nutrientes pelo corpo da lagarta.

Comum nas propriedades rurais do Sul do Brasil, essas taturanas podem alcançar 6 centímetros de comprimento. Elas são os exemplares imaturos (larva) de uma mariposa marrom, cujas asas, quando abertas, lembram uma folha seca. As lagartas nascem de ovos depositados em troncos e folhas das árvores e passam por seis estágios de desenvolvimento até se transformarem na mariposa adulta. Como larva, vivem em grupos de mais de 80 indivíduos, que, apesar das cerdas verdes, costumam ser confundidos com a casca das árvores. É nessas situações que ocorrem os acidentes mais graves.

© EDUARDO CESAR
Extraídas com uma tesoura, as cerdas da taturana são depois maceradas e liberam o extrato usado na produção do soro antilonômico no Instituto Butantan
Extraídas com uma tesoura, as cerdas da taturana são depois maceradas e liberam o extrato usado na produção do soro antilonômico no Instituto Butantan

Pequenas quantidades do veneno provocam, já nos primeiros minutos, queimaduras na pele, inchaço local e um leve mal-estar. Em grandes quantidades, no entanto, a peçonha pode desencadear depois de alguns dias distúrbios hemorrágicos e até insuficiência renal. “Nesses casos, se não for tratado, o indivíduo começa a sangrar pelo nariz e pela gengiva e a perder sangue pela urina”, explica o entomólogo Roberto Moraes, um dos autores do estudo da Toxicon. Uma proteína específica do veneno, a Lopap, altera a coagulação sanguínea e facilita a ocorrência de hemorragias.

Relatos de acidentes com a Lonomia começaram a surgir em fins dos anos 1980, sobretudo no norte do Rio Grande do Sul. À época, cerca de 300 pessoas se feriram somente em Passo Fundo, onde a lagarta é mais comum. Ao todo, por ano, são registrados no Brasil cerca de 500 acidentes. Por causa da gravidade dos casos, pesquisadores do Laboratório de Imunoquímica do Instituto Butantan, sob coordenação do imunologista Wilmar Dias da Silva, iniciaram, em 1994, a produção de um soro neutralizador do veneno. A médica Fan Hui Wen, responsável pelo Laboratório de Artrópodes do Butantan, coordena atualmente a produção desse antídoto, elaborado a partir de um extrato das cerdas da lagarta, que, depois de purificado, é injetado em cavalos. Todos os anos o Butantan recebe de agricultores cerca de 3 mil lagartas, quantidade que permite produzir 10 mil ampolas do soro, o suficiente para atender os acidentes que ocorrem no país.

Projeto
 
Identificação e caracterização das toxinas com atividade hemolítica da lagarta Lonomia obliqua e da glândula produtora das toxinas: Estudo bioquímico e morfológico (nº 01/07643-7); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisadora responsável Ida Sigueko Sano Martins (Instituto Butantan);
Investimento R$ 127.423,13.

Artigo científico
 
SPADACCI-MORENA, D. D. et al. The urticating apparatus in the caterpillar of Lonomia obliqua (Lepidoptera: Saturniidae). Toxicon. 1º set. 2016.

Serpentes atlânticas

Estudo revela como esses répteis se distribuem pela mata atlântica.

Muçurana-da-serra (Mussurana montana), espécie adaptada às regiões serranas. (foto: Check List Journal – CC-BY-NC-ND)
 
A mata atlântica, que já se estendeu por mais de um milhão de quilômetros quadrados do Piauí ao Rio Grande do Sul, hoje se encontra completamente fragmentada, reduzida a 16% de sua exuberância original, de acordo com as estimativas otimistas. Ainda assim, essa floresta mantém parte de sua grandiosidade, abrigando uma rica biodiversidade, da qual uma fração significativa é endêmica, ou seja, não existe em outro lugar.

A vegetação da mata atlântica varia ao longo de sua extensão devido à presença de climas variados, com regimes de temperatura e precipitação diferentes em cada região. Portanto, é de se esperar que a fauna que nela habita também apresente variações.

Para entender melhor como a fauna está organizada em uma região tão ampla e diversa como a mata atlântica, é necessário aplicar uma técnica conhecida como regionalização. Por meio dela, é possível dividir uma região geográfica em porções menores com base nos grupos de espécies de cada área.

Foram compiladas 218 localidades, que juntas contabilizaram 198 espécies de serpentes
Em um estudo recente, analisamos quais processos causariam a regionalização das serpentes na mata atlântica.

Procuramos informações sobre as serpentes da mata atlântica na literatura especializada e consultamos dezenas de especialistas que colaboraram com dados valiosos sobre estudos que conduziram.

Ao final, foram compiladas 218 localidades, que juntas contabilizaram 198 espécies de serpentes. Esse número sobe para 219 espécies se considerarmos algumas serpentes que não foram encontradas pelos inventários compilados – espécies endêmicas de ilhas, como a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) ou muito raras, como a jiboia-de-Cropan (Corallus cropanii).




A caninana (Spilotes pullatus) pode ser encontrada ao longo de todo o bioma da mata atlântica. (foto: Antônio Bordignon)
 
Os resultados encontrados mostram que as comunidades de serpentes na mata atlântica podem ser divididas em seis sub-regiões. Embora algumas espécies sejam observadas por quase todo o bioma, como a cobra-cipó (Philodryas olfersii) e a caninana (Spilotes pullatus), há serpentes que só vivem no norte da mata atlântica, como a corredeira-da-mata (Dendrophidion atlantica) e outras encontradas apenas no sul, como a nariguda-da-praia (Xenodon dorbignyi). Há também espécies típicas de outros biomas que podem ser encontradas no oeste da mata atlântica, como a cobra-d’água-de-Herrmann (Hydrodynastes bicinctus).

A pesquisa também indicou que a organização geográfica dessas seis sub-regiões pode estar ligada ao clima, especialmente às variações na temperatura e na quantidade de chuvas ao longo da mata atlântica. Serpentes são animais ectotérmicos e, como tal, dependem das condições ambientais para regular a temperatura do corpo. Em regiões tropicais, a dificuldade das serpentes não é se manter aquecidas, mas refrigeradas. Por isso, a quantidade de chuvas também é importante, pois serpentes bem hidratadas estariam menos sujeitas ao superaquecimento.

Outro achado interessante é que a variação climática ao longo dos últimos milênios também ajuda a explicar como as diferentes espécies de serpentes se distribuem na mata atlântica nos dias de hoje. Áreas com relevo complexo, como regiões serranas, teriam sido menos afetadas pelas mudanças ambientais no passado, possuindo maior estabilidade climática e possibilitando a sobrevivência histórica de espécies adaptadas a esse tipo de hábitat, como a muçurana-da-serra (Mussurana montana).

A regionalização das serpentes da mata atlântica é um passo importante para compreendermos melhor vários aspectos da biologia desses animais. Se fatores climáticos como a temperatura e a chuva influenciam a distribuição e a sobrevivência das serpentes, o que poderá acontecer se o cenário de mudanças climáticas sob influência humana não for controlado? Pesquisas que busquem responder essas e outras perguntas poderão auxiliar no planejamento de estratégias para a conservação dessa exuberante floresta tropical e de sua rica biodiversidade.

Henrique Caldeira Costa
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Minas Gerais
Antônio Jorge S. Argôlo
Departamento de Ciências Biológicas
Universidade Estadual de Santa Cruz
Mario Ribeiro Moura
Instituto de Biologia
Universidade Federal de Uberlândia

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Influência da inundação na absorção de carbono em florestas
Pesquisa é orientada por professor da Unesp de Rio Claro
Fonte: Instituto Mamirauá
 
19/04/2017
 
Uma pesquisa, desenvolvida no Instituto Mamirauá, busca estimar o papel das florestas alagáveis da Amazônia na absorção de carbono do bioma, diante de um cenário de mudanças climáticas. Integrando diferentes metodologias de análise, o projeto propõe esclarecer a variação da produtividade vegetal da floresta em diferentes níveis de inundação no ambiente de várzea amazônica.

“Hoje, há uma grande discussão sobre mudanças climáticas e sabemos que a Amazônia é, de um modo geral, um sumidouro de carbono atmosférico. Ela sequestra e armazena parte significativa do carbono da atmosfera, que está causando uma mudança no clima. Mas os dados são da Amazônia como um todo. Se formos considerar as florestas alagáveis, temos apenas uma aproximação, uma suposição. Então, queremos refinar esses números”, explicou Jefferson Ferreira-Ferreira, autor da pesquisa e técnico do Instituto Mamirauá – que atua como uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

O professor doutor do Instituto de Geociências e Ciência Exatas (IGCE) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Thiago Sanna Freire, orienta Jefferson na pesquisa. Ele afirma que as mudanças causadas pelo clima na Amazônia “podem levar a uma reorganização e redistribuição significativa das comunidades vegetais das várzeas, com efeitos diretos sobre a biodiversidade e a biogequímica desses ecossistemas”. Segundo o professor, a “análise dos registros históricos de dados hidrológicos para os grandes rios amazônicos já sugere uma intensificação do ciclo hidrológico nas últimas décadas, e predições usando modelos hidrológicos indicam que pode haver uma intensificação e aumento na frequência e recorrência de eventos extremos de seca e cheia, aos quais a vegetação não se encontra adaptada”.

Monitorando o ambiente

Para realizar uma parte do trabalho, foram instaladas seis parcelas florestais – áreas delimitadas que funcionam como “amostras” de florestas na pesquisa – em diferentes tipos florestais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá: várzea baixa, várzea alta e chavascal, que passam por níveis diferentes de alagação. As áreas estão sendo monitoradas regularmente. São coletadas amostras de serrapilheira, que é a matéria orgânica depositada na floresta, composta por folhas, galhos, flores, frutos e outros. A ideia dessa etapa, como explica Jefferson, é compreender como a floresta devolve, ao ambiente, o carbono absorvido em forma de gás da atmosfera.

A pesquisa também conta com a análise de imagens de satélite, visando extrapolar as estimativas para áreas maiores dentro da Reserva. “A ideia é compreender como diferentes regimes de inundação influenciam a produtividade de um mesmo tipo florestal e captar essa heterogeneidade da paisagem. Então, uma vez que conseguimos mapear a duração da inundação e as fitofisionomias para áreas maiores, conseguimos expandir este dado, que a gente está olhando só localmente e em campo, para áreas maiores”, comentou Jefferson, que é geógrafo e também trabalha com Geotecnologias no Instituto Mamirauá.

Previsão da Inundação

Os eventos extremos de cheia e seca costumam ser características conhecidas das mudanças climáticas. De acordo com Jefferson, uma contribuição importante da pesquisa será o desenvolvimento de uma modelagem da inundação na região contemplada pelo projeto. A partir disto, seria possível prever o período e o nível de inundação das áreas, o que contribuiria para o desenvolvimento de medidas para conter prejuízos ou para o planejamento das atividades econômicas praticadas pelas comunidades ribeirinhas.

Isso será possível com base em análises estatísticas dos dados de monitoramento do nível da água realizado, desde 1999, pelo Instituto Mamirauá na unidade de conservação. O modelo poderia demonstrar espacialmente a duração anual da inundação, de acordo com o autor. “Se este modelo de inundação evoluir como estamos esperando, ele pode ser usado para muitas coisas como, por exemplo, o manejo madeireiro ou para saber se os lagos estão conectados ou acessíveis num determinado momento do ano e planejar a pesca”, contou Jefferson.

Anéis de crescimento

Outra metodologia utilizada pela pesquisa será a dendroecologia, que é a análise das informações ecológicas contidas nos anéis de crescimento de algumas espécies de árvores. Jefferson comenta que, com as amostras da madeira, é possível reconstruir a história do crescimento das árvores e também obter informações sobre o ambiente, em cada ano de vida daquele indivíduo. “Na literatura, temos uma lista de mais ou menos oitenta espécies cujos anéis de crescimento são marcados pela inundação. Vamos selecionar as espécies que ocorrem ao redor das parcelas que instalamos, para amostrar os anéis de crescimento”, disse.

O geógrafo acredita que a pesquisa pode melhorar as estimativas globais sobre o sequestro de carbono e para apoiar iniciativas como políticas de mitigação de efeitos climáticos causados pela emissão de carbono a partir da degradação ambiental. “Queremos refinar esses números e dar um retorno para a comunidade científica do que acontece, afinal, nesses ambientes de florestas alagáveis”, completou.

A pesquisa é realizada no Instituto Mamirauá, como o projeto de doutorado de Jefferson na Universidade Estadual Paulista (Unesp) – campus Rio Claro, e conta com a colaboração de pesquisadores do Instituto Mamirauá, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Escola de Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” na Universidade de São Paulo, da University of California Santa Barbara e da Jet Propulsion Laboratory da National Aeronautics and Space Administration (NASA). O estudo é realizado com o financiamento da National Geographic Society e da NASA.