Fóssil revela ancestral mais antigo dos mamíferos com placenta
Restos do animal têm 160 milhões de anos de idade.
Descoberta foi feita na província de Liaoning, na China.
O fóssil encontrado pela equipe liderada por
Zhe-Xi Luo. (Foto: N. Matsunaga)
Um fóssil encontrado em boas condições na província de Liaoning, no nordeste da China, é apontado pelos cientistas como o ancestral mais antigo dos animais com placenta - órgão que liga o feto de mamíferos como baleias e humanos ao útero da fêmea grávida.Zhe-Xi Luo. (Foto: N. Matsunaga)
Com 160 milhões de anos de idade, os ossos conservados do Juramaia sinensis revelam um animal pequeno, com dentes e patas dianteiras que permitiram aos cientistas classificá-lo. O estudo sobre a descoberta foi publicado na edição desta semana da revista "Nature".
A descoberta marca uma nova data para a separação dos mamíferos placentários dos marsupiais (como os cangurus) e dos monotremados (mamíferos que botam ovos como os ornitorrincos).
Com o fóssil recém-descoberto, os autores do trabalho - coordenados pelo paleontólogo Zhe-Xi Luo, do Museu de História Natural Carnegie, em Pittsburgh, nos Estados Unidos - descobriram que essa divisão aconteceu 35 milhões de anos antes do imaginado. Os restos do animal conservados foram analisados pelo cientista e outros três colegas da Academia Chinesa de Ciências Geológicas e do Museu de História Natural de Pequim.
Até então, o fóssil de mamífero placentário mais antigo conhecido era o Eomalia, revelado em 2002 por uma equipe de pesquisadores da qual Zhe-Xi Luo também participou. Este fóssil tinha 125 milhões de anos de idade.
Apesar do crânio incompleto, o fóssil foi encontrado com boa parte do esqueleto e até restos de pêlos. A arcada dentária e os ossos das patas dianteiras permitiram que a equipe chinesa classificasse o animal como mais próximo dos placentários vivos hoje em dia do que dos mamíferos da família dos cangurus - que carregam uma bolsa na qual o feto completa o seu crescimento antes de "nascer" de fato.
A pesquisa també traz novas informações sobre como os ancestrais dos mamíferos placentários conseguiram sobreviver em um ambiente hostil como o do período Jurássico. No caso do Juramaia, os membros dianteiros revelam um animal adaptado para escaladas.
Como na época a maioria dos mamíferos só conseguia ficar no solo, os pesquisadores chineses acreditam que a habilidade de subir em árvores pode ter originado a separação dos placentários.
A idade de "divergência evolucionária" - a época na qual uma espécie ancestral dá origem a duas linhagens diferentes de animais - é uma informação importante para os cientistas conhecerem como os seres vivos se desenvolveram ao longo do tempo. Este tipo de descoberta é facilitada hoje pelo desenvolvimento de técnicas de análise de DNA.
Ilustração mostra como seria o Juramaia sinensis ou 'Mãe Jurássica da China'. (Crédito: N. Matsunaga)
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