domingo, 11 de setembro de 2011

Fóssil revela ancestral mais antigo dos mamíferos com placenta

Restos do animal têm 160 milhões de anos de idade.
Descoberta foi feita na província de Liaoning, na China.

Do G1, em São Paulo
O fóssil encontrado pela equipe liderada por Zhe-Xi Luo. (Foto: N. Matsunaga) 
O fóssil encontrado pela equipe liderada por
Zhe-Xi Luo. (Foto: N. Matsunaga)
Um fóssil encontrado em boas condições na província de Liaoning, no nordeste da China, é apontado pelos cientistas como o ancestral mais antigo dos animais com placenta - órgão que liga o feto de mamíferos como baleias e humanos ao útero da fêmea grávida.
Com 160 milhões de anos de idade, os ossos conservados do Juramaia sinensis revelam um animal pequeno, com dentes e patas dianteiras que permitiram aos cientistas classificá-lo. O estudo sobre a descoberta foi publicado na edição desta semana da revista "Nature".
A descoberta marca uma nova data para a separação dos mamíferos placentários dos marsupiais (como os cangurus) e dos monotremados (mamíferos que botam ovos como os ornitorrincos).
Com o fóssil recém-descoberto, os autores do trabalho - coordenados pelo paleontólogo Zhe-Xi Luo, do Museu de História Natural Carnegie, em Pittsburgh, nos Estados Unidos - descobriram que essa divisão aconteceu 35 milhões de anos antes do imaginado. Os restos do animal conservados foram analisados pelo cientista e outros três colegas da Academia Chinesa de Ciências Geológicas e do Museu de História Natural de Pequim.
Até então, o fóssil de mamífero placentário mais antigo conhecido era o Eomalia, revelado em 2002 por uma equipe de pesquisadores da qual Zhe-Xi Luo também participou. Este fóssil tinha 125 milhões de anos de idade.
Apesar do crânio incompleto, o fóssil foi encontrado com boa parte do esqueleto e até restos de pêlos. A arcada dentária e os ossos das patas dianteiras permitiram que a equipe chinesa classificasse o animal como mais próximo dos placentários vivos hoje em dia do que dos mamíferos da família dos cangurus - que carregam uma bolsa na qual o feto completa o seu crescimento antes de "nascer" de fato.
A pesquisa també traz novas informações sobre como os ancestrais dos mamíferos placentários conseguiram sobreviver em um ambiente hostil como o do período Jurássico. No caso do Juramaia, os membros dianteiros revelam um animal adaptado para escaladas.
Como na época a maioria dos mamíferos só conseguia ficar no solo, os pesquisadores chineses acreditam que a habilidade de subir em árvores pode ter originado a separação dos placentários.
A idade de "divergência evolucionária" - a época na qual uma espécie ancestral dá origem a duas linhagens diferentes de animais - é uma informação importante para os cientistas conhecerem como os seres vivos se desenvolveram ao longo do tempo. Este tipo de descoberta é facilitada hoje pelo desenvolvimento de técnicas de análise de DNA.
Ilustração mostra como seria o Juramaia sinensis ou 'Mãe Jurássica da China'. (Foto: N. Matsunaga)Ilustração mostra como seria o Juramaia sinensis ou 'Mãe Jurássica da China'. (Crédito: N. Matsunaga)

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