quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

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Parques invadidos por milícias de palmiteiros e caçadores
Pesquisadores da Unesp publicam estudo sobre o tema
[04/01/2017]
Correu pela internet, na semana passada: as girafas correm risco de extinção. Das nove subespécies existentes em 21 países, cinco apresentaram redução sensível em suas populações. Os cálculos indicam que existiam 155 mil delas em 1985, contra menos de 100 mil, agora. Basta fazer as contas e prever que, nesse ritmo


O que me assusta, na verdade, é que, se animais tão singulares como as girafas seguem este dramático caminho, o que dizer de espécies sem tanto simbolismo, que poucos conhecem ou sequer já ouviram falar? Você, por exemplo, sabe dizer o que é um irará, uma queixada ou um tapiti?


Há poucos meses, pesquisadores brasileiros concluíram o maior esforço amostral já realizado na Mata Atlântica. O trabalho, que levou cinco anos, consistiu em registrar a presença de grandes mamíferos.


 Ao final, 44 espécies foram contabilizadas ao longo de 4 mil km percorridos na floresta. E, à medida que os cientistas se embrenhavam na mata em busca das informações, foram percebendo que não estavam sós. Mateiros em busca de palmitos, caçadores e traficantes de animais são presença diuturna na Mata Atlântica do Sudeste, principalmente em sua faixa mais rica, exuberante e biodiversa: as proximidades da Serra do Mar.

Aqui, dizem os pesquisadores, o estado praticamente abandonou os parques e reservas. Em algumas áreas, há um fiscal (repito, um fiscal), para patrulhar um território equivalente a centenas de campos de futebol. E isso, sem veículo (ou sem gasolina) e comunicação em boa parte do ano. E nas áreas com presença de caçadores, a biomassa dos mamíferos cai assustadores 98%!

Um funcionário de uma das maiores reservas paulistas contou:  “Fico envergonhado de dizer isso, mas não posso fazer nada. Trabalho praticamente sozinho e já fui ameaçado diversas vezes, inclusive, com uma espingarda encostada na minha cabeça”. No entorno das reservas e parques, não é difícil encontrar moradores que já se acostumaram com a rotina de caçadores e traficantes.
Diante da inação dos superiores, alguns criaram estratégias próprias. “Um gringo veio aqui e nos ensinou a deixar alguns indícios da nossa presença pela floresta. A ideia é que isso não deixe os bandidos tão à vontade”. Há vários relatos, invariavelmente feitos de cabeça baixa, com evidente temor, mas também uma boa dose de sofrimento.

Mauro Galetti, professor do Departamento de Ecologia da Unesp, e autor do estudo, explica:  “Boa parte dos parques estaduais perdeu mais de 60% dos funcionários que faziam a proteção. Agora, os parques estão sendo invadidos por milícias de palmiteiros e caçadores”. Ricardo Bovendorp, também da Unesp, completa: “A Serra do Mar do estado de São Paulo, apesar de protegida por parques estaduais e estações ecológicas, vem sofrendo com cortes e financiamentos nos últimos anos. Com a ausência de proteção, isso poderá definir o futuro dos mamíferos na Mata Atlântica”.

Caso não baste o insulto que representa tal situação, sempre é bom lembrar… sem mamíferos, a floresta não sobrevive e, sem a floresta, a nossa qualidade de vida estará, no mínimo, irremediavelmente comprometida.

Singularidade verde e amarela
 
Das cerca de 460 espécies de mamíferos brasileiros conhecidas até hoje, cerca de 130 vivem na Mata Atlântica.

Possivelmente, 50 são endêmicas, ou seja, só vivem ali e em mais nenhum outro lugar do planeta.

Entre elas estão: onça pintada; bugio; muriqui; jaguatirica; lontra; cachorro do mato vinagre; gato maracajá; jupará; caxinguelê; guariba; cateto; e cuíca.

Publicado originalmente em

http://www.beachco.com.br/v2/sustentabilidade/abandonados.html
Site Beach&Co

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