O gigante do Acre
Pesquisadores reúnem fósseis e reconstituem jabuti gigante
que viveu há 8 milhões de anos na atual região do Acre. O animal pode
ser ancestral direto dos exemplares de grande porte encontrados nas
ilhas Galápagos.
Publicado em 20/05/2013
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Atualizado em 20/05/2013
Reconstituição do jabuti gigante. Quase duas vezes maior do
que os jabutis das Ilhas Galápagos, o exemplar do Acre é um possível
ancestral das espécies que habitam o arquipélago equatoriano. (foto:
Glauco Capper/ Ascom/Ufac)
Quem já ouviu falar dos grandes jabutis que habitam as ilhas
Galápagos, no Equador, talvez não saiba que eles podem descender de um
espécime que viveu no Brasil há 8 milhões de anos. Possível prova do
parentesco está nos fósseis de um jabuti gigante encontrado em Assis
Brasil, no Acre, que acaba de ser reconstituído por pesquisadores da
Universidade Federal do Acre (Ufac).
Com 1,65 metros de comprimento, um metro de altura e 90 centímetros de largura da carapaça, os fósseis do animal foram encontrados em 1995 e guardados na coleção do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Ufac. A iniciativa de reconstituir o animal partiu, 15 anos depois, de Edson Guilherme, zoólogo da instituição. “Eu sabia que tínhamos em nossa coleção partes fragmentadas de um jabuti que poderia ser o maior do mundo”, explica o pesquisador.
O local onde o jabuti viveu era, na época, coberto por grandes lagos e rodeado de florestas. Hoje, a área específica em que os fósseis foram descobertos abriga o rio Acre.
O pesquisador explica que fósseis de jabutis gigantes já foram encontrados em outros locais da América Latina, mas o exemplar descoberto no Acre compõe o maior e o mais completo já descrito. “No futuro, pretendemos apresentar um estudo detalhado da anatomia desse fóssil e estamos avaliando se ele pertence a uma nova espécie”, completa o zoólogo.
Guilherme destaca que, apesar da riqueza de fósseis, a região apresenta grandes desafios para quem decide explorá-la. “Durante seis meses do ano, a quantidade de chuvas não permite que escavemos as margens dos rios, que são áreas com maior quantidade de fósseis”, explica. “Além disso, as estradas não são pavimentadas e, com a chuva, não conseguimos acesso aos sítios fossilíferos localizados em terra firme.”
No período de estiagem, entre junho e setembro, a equipe da Ufac aproveita a trégua das chuvas para escavar. “Nessa época, conseguimos acesso aos sítios que ficam na beira do rio. Por conta dos bancos de areia, não conseguimos usar barco a motor e passamos a maior parte da viagem empurrando canoas cheias de equipamentos”, relata o pesquisador.
Atualmente, o grupo, sob coordenação do geógrafo Jonas Pereira de Souza Filho, trabalha na descrição de uma nova espécie de jacaré ancestral do jacaré-açu que vive hoje na Amazônia. Quem quiser conhecer o acervo do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas deve agendar uma visita pelo telefone (68) 3901-2500, no ramal 2531.
Mariana RochaCiência Hoje On-line
Com 1,65 metros de comprimento, um metro de altura e 90 centímetros de largura da carapaça, os fósseis do animal foram encontrados em 1995 e guardados na coleção do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Ufac. A iniciativa de reconstituir o animal partiu, 15 anos depois, de Edson Guilherme, zoólogo da instituição. “Eu sabia que tínhamos em nossa coleção partes fragmentadas de um jabuti que poderia ser o maior do mundo”, explica o pesquisador.
“Eu sabia que tínhamos em nossa coleção partes fragmentadas de um jabuti que poderia ser o maior do mundo”
Os fósseis encontrados compõem a estrutura quase completa do animal.
“Temos o plastrão – parte de baixo do casco – quase completo e cerca de
60% da carapaça”, diz o zoólogo. Não é possível saber qual era o peso do
animal, mas Guilherme acredita que poderia chegar a 200 quilos. “Esse
jabuti provavelmente se alimentava de tudo o que estivesse ao seu
alcance, como folhas, raízes, frutos e até carniça”, completa.O local onde o jabuti viveu era, na época, coberto por grandes lagos e rodeado de florestas. Hoje, a área específica em que os fósseis foram descobertos abriga o rio Acre.
Parentes em Galápagos
Segundo Guilherme, a possível relação entre o jabuti gigante do Acre e os que vivem nas ilhas Galápagos tem base em um questionamento feito pelo evolucionista Charles Darwin durante visita ao arquipélago. “Quando esteve lá, Darwin notou que em cada ilha do arquipélago havia espécies diferentes de jabutis gigantes, que são animais terrestres. Logo, surgiu a pergunta: como estes jabutis chegaram nessas ilhas remotas?”
“No passado, os jabutis gigantes que chegaram a Galápagos conseguiram
se estabelecer, mas os que ficaram na América do Sul foram extintos,
possivelmente por mudanças climáticas”
Na época, o próprio Darwin supôs que os jabutis chegaram a Galápagos
vindos da América do Sul agarrados a troncos isolados ou em balsas
formadas por árvores e galhos mortos. Hoje, jabutis de grande porte
habitam apenas esse arquipélago. “No passado, os jabutis gigantes que
chegaram a Galápagos conseguiram se estabelecer, mas os que ficaram na
América do Sul foram extintos, possivelmente por mudanças climáticas”,
acrescenta.O pesquisador explica que fósseis de jabutis gigantes já foram encontrados em outros locais da América Latina, mas o exemplar descoberto no Acre compõe o maior e o mais completo já descrito. “No futuro, pretendemos apresentar um estudo detalhado da anatomia desse fóssil e estamos avaliando se ele pertence a uma nova espécie”, completa o zoólogo.
Terra de gigantes
Além do imenso jabuti, o Acre abriga fósseis de diversos animais gigantes. “Um deles é o fóssil do Purussarus brasiliensis, o maior jacaré do mundo, além de preguiças gigantes, mastodontes, que são animais semelhantes aos elefantes, e toxodontes, que parecem hipopótamos”, diz Guilherme. Nos últimos 30 anos, os pesquisadores já catalogaram mais de 15 sítios fossilíferos em diversas partes do estado.Guilherme destaca que, apesar da riqueza de fósseis, a região apresenta grandes desafios para quem decide explorá-la. “Durante seis meses do ano, a quantidade de chuvas não permite que escavemos as margens dos rios, que são áreas com maior quantidade de fósseis”, explica. “Além disso, as estradas não são pavimentadas e, com a chuva, não conseguimos acesso aos sítios fossilíferos localizados em terra firme.”
No período de estiagem, entre junho e setembro, a equipe da Ufac aproveita a trégua das chuvas para escavar. “Nessa época, conseguimos acesso aos sítios que ficam na beira do rio. Por conta dos bancos de areia, não conseguimos usar barco a motor e passamos a maior parte da viagem empurrando canoas cheias de equipamentos”, relata o pesquisador.
Atualmente, o grupo, sob coordenação do geógrafo Jonas Pereira de Souza Filho, trabalha na descrição de uma nova espécie de jacaré ancestral do jacaré-açu que vive hoje na Amazônia. Quem quiser conhecer o acervo do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas deve agendar uma visita pelo telefone (68) 3901-2500, no ramal 2531.
Mariana RochaCiência Hoje On-line
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