Ação humana pode dobrar a perda de biodiversidade
Degradação ambiental causada pelo homem pode ser tão ou mais prejudicial ao ambiente do que o desmatamento
RODRIGO DE OLIVEIRA ANDRADE |
Edição Online 12:19 5 de julho de 2016
Mesmo
áreas que cumpriram o Código Florestal, como esta floresta na Amazônia,
perderam entre 46% e 61% de sua diversidade biológica original.
Foram analisadas 371 parcelas florestais no Pará, estado onde foi desmatada 34% de toda a floresta amazônica entre 1988 e 2015. Usando como referência a presença de indivíduos das espécies de plantas, aves e insetos em matas intactas, os pesquisadores criaram um índice chamado “déficit de valor de conservação” (CVD, em inglês). O índice equivale à diferença entre o que se esperava encontrar e a perda real de diversidade produzida pela degradação florestal.
As medições revelaram que mesmo as áreas que cumpriam o Código Florestal, mantendo 80% da floresta como reserva legal, tinham um CVD de 39% a 54%. Isso significa que perderam entre 46% e 61% de sua biodiversidade original.
Extrapolando o resultado da análise das 371 parcelas florestais para todo o Pará, o grupo concluiu que a perda de biodiversidade causada pela degradação provocada pelo homem seria o equivalente ao desmatamento de 123 mil quilômetros quadrados— metade de toda a floresta que o Pará perdeu desde 1988. “Os dados indicam que o impacto da degradação pode ser bastante expressivo”, diz a bióloga Joice Nunes Ferreira, gestora do Núcleo de Meio Ambiente, Florestas e Ordenamento Territorial da Embrapa Amazônia Oriental e uma das autoras do estudo. Por isso, ela defende que a degradação receba dos programas de governo uma atenção semelhante ao desmatamento.
Artigo científico
BARLOW, J. et al. Anthropogenic disturbance in tropical forests can double biodiversity loss from deforestation. Nature. 29 jun. 2016.
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