Com 4,28 bilhões de anos, elas trazem pistas importantes sobre a geologia da Terra primitiva
Publicado em 25/09/2008 | Atualizado em 14/10/2009
Foram descobertas no nordeste do Canadá as mais antigas rochas conhecidas da Terra, com idade estimada em 4,28 bilhões de anos. Elas são de uma época em que o planeta tinha poucas centenas de milhões de anos, e têm pelo menos 250 milhões de anos a mais que as rochas mais velhas de que se tinha notícia, encontradas no noroeste do mesmo país. O achado traz pistas valiosas sobre diversos aspectos do passado da Terra.
“Essas rochas vão nos ajudar a entender como os primeiros continentes foram formados e que processos geológicos estavam envolvidos na formação da crosta no início da história da Terra”, diz à CH On-line um dos autores da descoberta, o geólogo Jonathan O'Neil, da Universidade McGill (Canadá).
As amostras foram encontradas em formações com rochas feitas de óxidos de ferro precipitados em águas rasas – que os geólogos chamam de formações ferríferas bandadas. “Algumas dessas rochas trarão importantes informações sobre a atmosfera e os oceanos antigos”, conta O’Neil.
Segundo ele, a descoberta pode desvendar mistérios até mesmo sobre a vida primitiva na Terra. “Alguns geólogos acreditam que a precipitação de ferro nessas rochas provavelmente ocorreu graças à atividade bacteriana”, conta O’Neil. “Se isso estiver correto, essas formações ferríferas bandadas poderiam representar o mais antigo sinal de vida no planeta.”
A composição química do material é semelhante à de rochas vulcânicas alocadas em locais de choque entre placas tectônicas. “Estudar a composição química das rochas ajuda a entender como elas foram formadas e quais eram os processos geológicos que aconteciam”, afirma o geólogo.
Repositório de rochas antigas
As rochas foram apresentadas à comunidade científica em um artigo na revista Science desta semana, que analisa diferentes amostras encontradas, com idade entre 3,8 e 4,28 bilhões de anos. As rochas foram descobertas na região leste da baía de Hudson, no norte da província de Quebec.
As amostras foram recolhidas em um tipo de formação que os geólogos chamam de greenstone belt (cinturão de rochas verdes, em tradução literal). O sítio em questão era considerado pelos especialistas um repositório potencial de rochas antigas.
São raros resquícios da crosta primitiva da Terra, que tem idade estimada em 4,6 bilhões de anos. A maioria desse material foi triturada e reciclada seguidamente no interior do planeta desde a sua formação, em decorrência da dinâmica das placas tectônicas.
“Temos pouquíssimos vestígios da crosta primitiva para analisar e entender a evolução da Terra”, lamenta O'Neil. “Esse cinturão oferece uma oportunidade única para aprimorar nosso conhecimento sobre os primeiros 500 milhões de anos da história do planeta.”
Tatiane Leal
Ciência Hoje On-line
25/09/2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.