Investigação científica de fósseis Ardipithecus ramidus iniciada na Etiópia há 17 anos revela os primeiros passos evolucionários de nossos ancestrais.
Uma investigação intensiva levou à descoberta de um esqueleto feminino de 4,4 milhões de anos, chamado Ardi. Os resultados dessa pesquisa que começou no deserto da Etiópia há 17 foram publicados na Science de ontem (dia 01/10). Essa descoberta inaugura um novo capítulo da evolução humana, pois revela os primeiros passos evolucionários que nossos ancestrais adotaram após derivarmos de um ancestral comum, os atuais chimpanzés.
"A recente anatomia que descrevemos em nosso trabalho altera fundamentalmente nossa compreensão das origens humanas e sua antiga evolução”, observa o anatomista do projeto e biólogo evolucionário, C. Owen Lovejoy, da Kent State University.
A peça central do esqueleto de Ardi e os outros hominídeos com quem convivia, além das rochas, solo, plantas e animais que constituíam seu mundo, foram analisados em laboratórios do mundo todo. O Ardipithecus era uma criatura das florestas, com um cérebro pequeno, braços longos e pernas curtas. A pélvis e os pés mostram uma forma primitiva de caminhar ereto, porém o Ardipithecus também era capaz de subir em árvores, com seus longos e grandes dedos que lhe permitiam agarrar, assim como os macacos.
Segundo Tim White, co-diretor do projeto e paleontólogo do Centro de Pesquisas em Evolução Humana da University of California, em Berkeley, "O Ardipithecus não é um chimpanzé. Ele não é um humano. Ele é o que costumávamos ser".
Ardi é hoje o esqueleto mais antigo de nosso gênero (hominídeo) da família dos primatas. Essas descobertas revelam os primórdios da evolução humana na África, que precederam o famoso Australopithecus, apelidado de Lucy e ajudam a esclarecer questões sobre como os hominídeos se tornaram bípedes.
“Esses são os resultados de uma missão científica do nosso passado africano”, avalia o co-diretor e geólogo do Laboratório Nacional de Los Alamos, Giday Wolde Gabriel.
O Discovery Channel apresentará no próximo dia 11 de outubro, às 20 hs, um documentário sobre a história do Ardipithecus Ramidus. Discovering Ardi é o resultado de dez anos de colaboração entre o projeto de pesquisas Middle Awash e o Primary Pictures de Atlanta. O diretor Rod Paul e sua equipe trabalharam com os cientistas a fim de revelar detalhes sem precedentes na cobertura dessa revelação do Ardipithecus Ramidus, grande parte realizada na Etiópia.
Por meio das autorizações concedidas pelo governo etíope, as gravações iniciais ocorreram em 1999 e foram seguidas por três filmagens adicionais na área de pesquisas no deserto, além de cenas registradas no Museu Nacional, em Adis-Abeba. Outras tomadas foram realizadas no laboratório do cientista de projetos da Universidade de Tóquio, Gen Suwa, e em locações nos Estados Unidos.
O especial, com estréia mundial inicia sua história com a descoberta, em 1974, do Australopithecus Afarensis, em Hadar, nordeste da Etiópia. Apelidado de “Lucy,” esse esqueleto de 3,2 milhões de anos era, na época, o esqueleto de hominídeo mais antigo já encontrado. Foram necessários 15 anos para que uma equipe internacional de especialistas de elite pudesse ─ delicada, meticulosa e metodicamente ─ remontar Ardi e seu mundo perdido e revelar a sua importância.
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