O sexto sentido do tubarão-martelo
por Fábio Paschoal em 5 de abril de 2012
Imagine um caçador de tesouros que balança o detector de metal de um lado para o outro. Quando caça, o tubarão martelo se comporta da mesma maneira, porém seu detector percebe eletricidade e vem embutido na cabeça. O tesouro que ele procura são peixes escondidos na areia do fundo do mar.
Mas como isso acontece? Segundo Guilherme Fernandez Gondolo, mestre em biologia animal e coordenador do Curso de Licenciatura Plena em Biologia da Universidade Estadual do Piauí, os tubarões possuem ampolas de Lorenzini, poros recheados com uma espécie de geleia, capazes de captar impulsos elétricos de baixa intensidade gerados pela respiração ou batimento cardíaco dos animais. “As ampolas de Lorenzini estão distribuídas por todo o corpo do tubarão, mas estão mais concentradas na cabeça.” Afirma Gondolo.
Todos os tubarões possuem esse sentido extra e, apesar de não emitirem descargas tão fortes como o poraquê (que vimos no post passado), são considerados peixes-elétricos.
Mas o tubarão-martelo é diferente. Sua cabeça de formato estranho, responsável por seu nome, acomoda uma quantidade maior de ampolas. Isso lhe permite caçar sem precisar utilizar a visão, habilidade necessária a um predador que sai para jantar de noite, na escuridão do oceano. Existem nove espécies de tubarão-martelo, sendo duas vulneráveis e duas ameaçadas de extinção, segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês)
Na Região Neotropical (que vai do sul do México até o sul da América do Sul), além do tubarão-martelo e do poraquê, é possível encontrar uma grande variedade de peixes-elétricos. “No grupo de peixes ao qual o poraquê pertence (Ordem Gymnotiformes), existem mais de 150 espécies descritas no Neotrópico. Mas, destas todas, somente o poraquê gera descargas de centenas de Volts. Todas as outras espécies também possuem um órgão elétrico, mas descarregam em baixas voltagens”, afirma José Antônio Alves Gomes, especialista em peixes elétricos da Amazônia e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa). Segundo ele, a costa brasileira ainda conta com raias elétricas, que podem gerar descargas de até 200 Volts e um peixe da Família Uranoscopídae que produz choques de até 20 Volts.
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