ANTROPOCENO: UMA NOVA ERA
GEOLÓGICA?
CABRAL, M.V.1,2
1Centro
Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 2Docente;.
RESUMO
Os cientistas estão
avaliando se a força e o resultado das atividades humanas na Terra são tão
grandes e realmente expressivos que possam dar origem a uma nova época
geológica, o Antropoceno. Para o início desta época há várias datas debatidas e
estudadas, a exemplo da revolução industrial ou a era nuclear, e têm por
embasamento as marcas humanas nos estratos geológicos. Nas décadas que
sucederam a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, os habitantes que viviam
há milhares de anos no local morreram aos milhões à custa das doenças levadas
pelos europeus, bem como às guerras. O trágico drama ficou evidente na própria
Terra: em 1610, a
concentração de CO2 atingiu um valor mínimo que permaneceu deixou
registros nas camadas de gelo na Antártica. A relação entre o dióxido de
carbono e a mortandade é simples. Milhões de hectares de terra que eram
anteriormente cultivados por aqueles povos foram abandonados. As florestas, nesses
locais, voltaram a crescer e removeram muito dióxido de carbono da atmosfera, fato
que levou a uma diminuição da concentração deste gás. Esta é uma das múltiplas memórias sobre a história
da humanidade que os geólogos podem encontrar nos gelos e sedimentos mundo
fora. A nossa espécie terá cerca de 200.000 anos de existência, um piscar
de olhos na vida da Terra com os seus 4,5 bilhões de anos. E, no entanto, o
rasto que fomos deixando é incontornável. Desde o fabrico de utensílios de
pedra para a caça, que terá feito desaparecer muitas espécies de grandes
mamíferos, passando pelo aparecimento da agricultura e das primeiras cidades,
até à revolução industrial e ao lançamento de bombas nucleares, as atividades
humanas ficaram registradas nos sedimentos dos últimos milhares de anos. Por
tudo isto, surgiu recentemente a expressão "antropoceno", usada de um
modo informal na geologia, arqueologia ou sociologia, para denominar a atual
época geológica, dominada pelas atividades humanas, cujas consequências são
visíveis nas alterações climáticas, na perda de biodiversidade e no aumento da
acidez dos oceanos. Mas o conceito não tem o estatuto oficial da União
Internacional das Ciências Geológicas (UICG), a entidade que define as unidades
de tempo geológicas. Segundo esta união, a época que estamos agora a viver não
é o Antropoceno, mas sim o Holoceno, iniciado no final da última era glacial,
há cerca de 11.700 anos. Isso poderá vir a mudar. Para se tornar oficial, o
Antropoceno tem primeiro, de ser bem documentado, ou seja, os geólogos e outros
cientistas têm de encontrar, nas camadas estratigráficas da Terra, as marcas
deixadas pelas atividades humanas que representam uma mudança global. Estas
marcas terão de estar associadas a uma data.
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