A verdadeira origem das orquídeas
Fóssil de abelha contendo parte da planta revela que sua existência data da época dos dinossauros
Por: Fabíola Bezerra
Publicado em 29/08/2007
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Atualizado em 01/10/2009
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A análise do polinário permitiu inferir alguns atributos morfológicos das flores e a forma como eram visitadas e polinizadas pelos insetos. O fóssil de orquídea foi descrito com o nome científico Meliorchis caribea , pertencente à subtribo Goodyerinae, agrupamento que ainda tem representantes vivos na flora atual.
Singer ressalta que as orquidáceas têm alto grau de especialização. Trata-se do grupo mais diversificado de angiospermas (plantas com flores). Segundo ele, a maior parte das orquídeas apresenta seus órgãos reprodutores masculinos e femininos fusionados em uma estrutura chamada coluna. Além disso, têm uma pétala mediana geralmente maior e mais colorida ou destacada, chamada de labelo, cuja função principal é atrair e direcionar os polinizadores.
A evolução dessa interação entre orquídeas e agentes polinizadores, fundamental para a dispersão das plantas, ainda era desconhecida dos biólogos. A descoberta do fóssil de abelha associado ao polinário de uma orquídea permitiu demonstrar a antiguidade dessa relação. “Desde a época de Darwin, os biólogos evolucionários foram fascinados pelas adaptações da polinização por insetos exibidas pelas orquídeas”, diz Santiago Ramírez, pesquisador do Museu de Zoologia Comparada de Harvard e também autor do artigo.
Segundo Ramírez, a descoberta é de grande importância, pois é muito difícil obter o registro fóssil dessas plantas. Elas não florescem freqüentemente e estão concentradas em áreas tropicais, cuja umidade impede o processo de fossilização. Além disso, seu pólen só é disperso por animais – e não pelo vento – e se desintegra em contato com o ácido usado para extraí-lo das rochas.
A equipe também comparou a idade da orquídea com a de fósseis de outras plantas monocotiledôneas para investigar suas relações evolutivas e montar a árvore filogenética do grupo Orchidaceae. Os resultados indicam que o ancestral comum mais recente das orquídeas existentes viveu no período Cretáceo posterior, entre 84 e 76 milhões de anos atrás. “Devido à complexidade da estrutura morfológica das orquídeas, acreditava-se que elas tinham se desenvolvido mais recentemente, em uma época contemporânea à do homem. Diante da idade desse fóssil, percebemos que as orquídeas surgiram muito antes, no período dos dinossauros”, conta o biólogo.
Segundo os pesquisadores, a família das orquídeas era razoavelmente jovem na época da extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos. Eles acreditam que a grande diversificação das orquídeas tenha ocorrido logo após esse evento de extinção em massa que dizimou muitas das espécies do planeta no período entre o Cretáceo e o Terciário.
Fabíola Bezerra
Ciência Hoje On-line
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