segunda-feira, 3 de julho de 2017

Perfil genético de diferentes populações de Aedes aegypti
Pesquisa é apresentada na Escola São Paulo de Ciência Avançada em Arbovirologia
Agência Fapesp
30/06/2017
Bactérias do gênero Chromobacterium
 
Durante a programação da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Arbovirologia, que ocorreu entre os dias 29 de maio e 9 de junho em São José do Rio Preto, SP, o pesquisador Jayme Augusto de Souza-Neto, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, apresentou os resultados mais recentes de sua linha de pesquisa, que compara o microbioma e o perfil genético de três diferentes populações de mosquitos Aedes aegypti.

Os espécimes foram coletados nas cidades de Botucatu (SP), Neópolis (SE) e Campo Grande (MS). Após alimentar os mosquitos em laboratório com sangue contaminado com o sorotipo 4 do vírus da dengue, o grupo observou que apenas 30% dos mosquitos coletados no interior paulista se contaminavam, enquanto o índice ficava entre 70% e 80% nas outras duas populações, originárias de locais onde a incidência de dengue é maior.

Por meio de técnicas de sequenciamento de genes em larga escala, o grupo identificou as espécies de bactérias que colonizavam o intestino dos mosquitos e observou que o microbioma presente nos grupos mais e menos suscetíveis era completamente diferente.

Os dados mostraram ainda que, enquanto em Botucatu a infecção alterou muito pouco a expressão gênica do mosquito, nas outras duas populações diversos genes foram ativados ou suprimidos em resposta ao vírus.

“Nós pensamos, inicialmente, que a diferença observada no microbioma poderia ter sido causada pela resposta imunológica desencadeada pelo vírus. Mas, quando reunimos várias populações em uma análise mais complexa, percebemos que os resultados se agrupam não pela suscetibilidade à infecção e sim pelo local de coleta dos mosquitos. Isso sugere que o microbioma seja definido pela geografia”, contou Souza-Neto.

A hipótese que o grupo da Unesp tenta comprovar é a de que o microbioma do Aedes é definido pela genética do mosquito. Esses dois fatores em conjunto – genoma e microbioma – determinariam se o inseto vai ou não ser infectado pelo vírus da dengue. A pesquisa conta com apoio da FAPESP e, segundo Souza-Neto, os resultados poderão abrir caminho para novas estratégias de controle da doença (Leia mais em: agencia.fapesp.br/21036/).

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