domingo, 2 de março de 2014

Mudanças Climáticas: Efeitos observados atribuídos às mudanças climáticas

02 de março de 2014.

Fonte: http://elementalsolucoes.com.br - saiba mais acessando o site!

A série “Mudanças Climáticas: Tudo Sobre!” possui o objetivo de fornecer um guia completo de informações acerca do assunto de forma a esclarecer certos pontos e desmistificar outros. O debate atualmente se concentra apenas em certas questões e acaba negligenciando grande parte do conteúdo, que é altamente necessário para enriquecer o debate para a tomada correta de decisões.
Confira as outras partes da série: Parte 1, Parte 2 e Parte 3.


4. EFEITOS OBSERVADOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Alguns efeitos atribuídos às mudanças climáticas podem ser observados em todo o mundo. No Japão, por exemplo, milhões de pessoas celebram o desabrochar das árvores cerejeiras marcando o início de uma estação mais quente. Estas celebrações são documentadas a mais de mil anos. Dois cientistas então, recentemente analisaram estes dados e descobriram que a partir de 1800 a temperatura média do ar em março começou a se elevar lentamente.
Durante este mesmo período, a data na qual as árvores desabrochavam começou a ser marcada antes do dia na qual normalmente acontecia. Hoje em dia, o evento já ocorre diversos dias antes da data habitual segundo os registros.
Flores da cerejeira (Foto: Reprodução)
Semelhante à questão das cerejeiras, alguns cientistas observaram que alguns pássaros estão nascendo e cantando em uma época antes da habitual durante o ano. Pássaros migradores estão chegando mais cedo e borboletas também estão aparecendo mais cedo. Além disso, as linhas de árvores nas montanhas, a qual é controlada pela temperatura do ar, vem avançando a altitudes mais elevadas na Europa.
Enquanto que estas mudanças ecológicas não são muito ameaçadoras sob a perspectiva humana, outras são. Os mosquitos da malária, por exemplo, estão sendo encontrados em altitudes que antes eram muito frias para eles. Em algumas parte da Califórnia e Austrália, formigas de fogo (saúvas) estão migrando para regiões que antes eram muito frias para que elas conseguissem sobreviver.

4.1 POLOS NORTE E SUL

O Ártico e a Antártida fazem parte da criosfera, e são as regiões que experimentam as mudanças mais rápidas devido ao recente aquecimento da atmosfera da Terra. Estas regiões são as mais vulneráveis devido ao poderoso efeito do albedo do gelo. Uma incrível representação do aquecimento polar pode ser encontrado nas florestas “bêbadas” da Sibéria. Larix e espruces (árvores comuns da região) são comumente vistas inclinadas e crescendo em estranhos ângulos. Por quê? Devido derretimento do antes contínuo solo congelado, ou permafrost, na qual suas raízes se aprofundaram, dos últimos anos. Ao se descongelar, o solo fica mais maleável e as árvores começam a se inclinar enquanto que o solo embaixo afunda.
Florestas bêbadas da Sibéria (Foto: Reprodução)
Mais ao norte, o nível de gelo no mar Ártico vem abaixando tanto em extensão quanto em concentração. Em 2007, a menor extensão no mar de gelo foi medida desde 1970, e a passagem norte foi aberta para comércio e exploração. Com a diminuição da extensão e concentração do mar de gelo, os ursos polares acabam sendo impactados, uma vez que seu habitat também diminui. O mar de gelo é uma parte vital de sua área de caça, e diminuições recentes deste gelo vem reduzindo enormemente o seu acesso a certas presas.
Em adição à redução no mar de gelo, o derretimento superficial da camada de gelo na Groelândia vem aumentando nos últimos anos, especialmente em suas bordas. Este derretimento vem levando ao surgimento de piscinas maiores e riachos que se formam no topo desta fina camada quilométrica de gelo.
No outro lado do mundo, a calota de gelo Larsen B na Antártida colapsou recentemente, enviando grande parte do gelo ao oceano. Esta seção da calota de gelo da Antártida era mais ou menos tão grande quanto o estado americano de Rhode Island e era ligado à plataforma de gelo nos últimos 12 mil anos. Os cientistas então estão acompanhando de perto o gelo da Antártida já que quase 2/3 da água doce do mundo reside lá.

4.2 A RESPOSTA DOS OCEANOS

Algumas mudanças mais dramáticas trazidas pelo recente aquecimento têm sido observadas por cientistas preocupados com a questão dos oceanos no planeta. Observações feitas em recifes de coral no mundo todo revelam uma alarmante taxa de branqueamento (não causado por cloro). Com os oceanos tentando captar a abundância de CO2 e absorver cerca de 80% do calor acrescentado pelo aumento do dos gases do efeito estufa ao sistema Terra-Atmosfera, a água inevitavelmente acaba esquentando. Com o aumento gradativo desta temperatura nos últimos 40 anos, o delicado equilíbrio ambiental na qual envolvem estes recifes de corais pelo mundo todo vem sendo perturbado, levando ao seu branqueamento.
Sob condições mais quentes, a taxa na qual as algas, as quais são partes importantes deste ecossistema, realizam fotossíntese é muito alta para que os corais consigam gerenciar. Como resultado, os corais acabam se livrando destas algas, o que leva á exposição do esqueleto branco dos corais.
Outra consequência do aquecimento dos oceanos é o aumento do nível dos mares. Desde 1880, o nível do mar já aumentou em 20 centímetros. O aumento é associado ao aumento do degelo das calotas polares e à expansão termal dessas águas. Uma consequência interessante deste aumento do nível do mar é o desaparecimento da ilha New Moore, bastante disputada entre Bangladesh e Índia. Ambos os países reivindicaram esta ilha rasa e inabitada devido à uma especulação de que havia reservas de óleo embaixo dela. Contudo, em 2010, o oceano a engoliu.
Coral sem alga com seu esqueleto branco a mostra (Foto: Reprodução)

4.3 AUMENTO DA DESERTIFICAÇÃO
Com o planeta se ajustando a temperaturas mais quentes, a proliferação da seca em algumas regiões vem afetando dramaticamente as populações humanas. O Sahel, por exemplo, é uma região de fronteira entre o deserto do Saara, no norte da África e as florestas tropicais, que ocupam a parte central do continente. Esta região vem experimentando a desertificação com o Saara constantemente se expandindo em direção sul. Desde 1970, a quantidade de precipitação na região vem sendo marcada abaixo do normal. A combinação de excesso de irrigação e as recentes mudanças climáticas fez com que a região se tornasse inabitável, forçando milhões a se realocarem para outro território.
Faixa laranja destaca a região do Sahel (Foto: Reprodução)

Créditos para o autor: João Barata - Engenheiro ambiental formado pela PUC-Rio, e gerente de projetos da Elemental Soluções.

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