quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fora da África mais cedo

Estudo recente sugere que humanos saíram do continente africano 60 mil anos antes do que se pensava, seguindo uma rota diferente da traçada por pesquisas anteriores. 
 
Por: Cássio Leite Vieira
 
Publicado em 31/03/2011 | Atualizado em 31/03/2011
Fora da África mais cedo
Sítio de escavação em Jebel Faya, nos Emirados Árabes Unidos, onde foram encontradas peças que empurram a saída dos humanos da África 60 mil anos para trás. (foto: Science/ AAAS) 
 
A maioria das evidências aponta que os humanos modernos deixaram a África pelo mar Mediterrâneo ou pela costa arábica há 60 mil anos. Agora, achados prometem dobrar essa cifra temporal.
Machadinhas, raspadores e perfuradores. Esse é o conjunto de peças com as quais a equipe de Hans-Peter Uerpmann, da Universidade Eberhard Karls (Alemanha), quer dobrar a idade da saída dos humanos modernos, que surgiram há cerca de 200 mil anos no continente africano.

Os objetos – cuja idade varia de 100 mil a 125 mil anos – foram achados no sítio arqueológico em Jebel Faya, nos Emirados Árabes Unidos.
Para os autores do estudo – publicado em janeiro na Science –, as peças são semelhantes àquelas feitas com base em técnica usada por humanos ainda mais primitivos do leste africano. Portanto, argumentam eles, não foi preciso a presença de inovação tecnológica para os humanos saírem da África.
Objetos encontrados em escavações
Machadinhas, raspadores e perfuradores – com cerca de 100 mil anos – foram encontrados por pesquisadores da Universidade Eberhard Karls (Alemanha) no sítio arqueológico em Jebel Faya, nos Emirados Árabes Unidos. (foto: Science/ AAAS)

Estreito mais estreito

Com base nos achados, os humanos teriam saído da África não pelo norte do continente, seguindo o mar Mediterrâneo, mas por um caminho mais ao sul, atravessando o estreito de Bab al-Mandab, que separa o continente da península arábica.
Nessa jornada, o clima deu lá sua ajuda. Segundo os pesquisadores, por volta de 130 mil anos, Bab al-Mandab era mais seco – e, portanto, mais estreito –, por causa da flutuação do nível dos mares na época. A península arábica era também mais úmida que hoje, com maior cobertura vegetal e a presença de uma rede intricada de rios e lagos, em função de mudanças climáticas.
Humanos teriam saído da África não pelo norte do continente, mas por um caminho mais ao sul, atravessando o estreito de Bab al-Mandab.
 
Essas alterações do clima, segundo os autores, ocorreram por causa do chamado último período interglacial, época em que a temperatura média da Terra era mais alta do que a de hoje.
Ao chegar à península arábica, os humanos modernos teriam se dirigido ao chamado Crescente Fértil (no caso, região formada pelas bacias do rio Tigre e Eufrates). A partir daí, haveria mais ou menos um consenso sobre as rotas: eles teriam se dirigido à Europa e à Índia, de onde a migração se dividiu em dois braços, um seguindo para Oceania e Austrália, e outro para o estreito de Bering, a partir do qual chegaram à América do Norte e desceram para a Central e do Sul.

Cássio Leite VieiraCiência Hoje/ RJ

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