Por que todos os macacos não evoluíram para humanos?
Uma das perguntas que mais se ouve sobre a evolução humana é: “se o homem evoluiu do macaco, por que os macacos não evoluíram para humanos?”.
Essa pergunta pode parecer que faz sentido para um leigo que pensa que
os humanos são o pináculo da evolução, mas não tem lógica para biólogos.
É o equivalente a perguntar “por que todas as bananas
não evoluíram para maçãs?”.
Os seres humanos
não evoluíram de macacos, orangotangos, gorilas ou chimpanzés. Somos
todos – humanos, gorilas, símios, orangotangos – espécies modernas que
seguiram diferentes caminhos evolutivos, apesar de termos compartilhado um ancestral comum com alguns primatas, como os símios africanos.
A
linha do tempo da evolução humana é longa e controversa, com lacunas
significantes. Os especialistas não chegaram a um acordo sobre a maioria
dos pontos de início e fim de várias espécies, então o gráfico envolve
estimativas importantes.
Dizer
que somos mais “evoluídos” que nossos primos peludos é um erro do ponto
de vista biológico – experimente ver quanto tempo você dura pelado no
coração do Congo sem sequer uma faca, e então volte para dizer quem é
que está em vantagem evolutiva. Nesse e em muitos outros casos, a
evolução não “conduz” os outros símios a se tornarem mais humanos.
Portanto, é um erro pensar que somos o ápice da evolução, ou o objetivo
da evolução dos outros animais. Os macacos, orangotangos e outros
primatas não foram extintos pela mesma razão que todo o resto da vida no
planeta: são adaptados a seus respectivos ambientes.
A ideia que
macacos querem todos ser humanos é pretensiosa demais e está enraizada
no conceito fundamentalmente errado de que os seres existem para evoluir
e os humanos seriam o ápice da vida animal. A evolução maximiza a reprodutividade,
não inteligência. Os símios pelo mundo ainda existem porque seu
ambiente encorajou o sucesso reprodutivo de indivíduos com material
genético diferente do nosso.
A
ideia de que uma espécie vive para evoluir é colocar o carro na frente
dos bois. Mutações genéticas acontecem o tempo todo, sem fanfarra e
geralmente sem nenhuma mudança mensurável no estilo de vida do
organismo. Em geral, as mutações que têm mais probabilidade de serem
passadas para as futuras gerações são as que são úteis para a
sobrevivência do indivíduo ou da espécie.
A
“utilidade” de uma mutação depende bastante de fatores ambientais como
comida, predadores e clima, além de pressões sociais. A evolução é uma
questão de preencher nichos ecológicos e sociais.
Em
resumo, a evolução é um processo contínuo de tentativa e erro, do qual
os primatas modernos ainda fazem parte — assim como as bananas e as
maçãs — mas cada um está sujeito às pressões do seu ambiente natural e
social próprios, e são estas pressões que fazem a diferença na evolução,
além das mutações.
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