sábado, 19 de setembro de 2015

Mapeamento do DNA do polvo explica inteligência do animal (14/09/2015)
Octopus bimaculoides
BiteYourBum.Com Photography / photo on flickr.

Muita gente não sabe, mas os cefalópodes (classe de moluscos marinhos à qual pertencem os polvos e as lulas) são os invertebrados mais inteligentes da Terra. Com cérebros grandes e bem desenvolvidos, esses animais são capazes de aprender tarefas complexas e resolver problemas elaborados. Buscando entender a biologia singular dos cefalópodes, um grupo internacional de pesquisadores sequenciou o genoma do Polvo-da-Califórnia (Octopus bimaculoides) e os resultados foram publicados na mais recente edição da revista científica Nature.

O time de estudiosos de instituições dos Estados Unidos, Alemanha e Japão descobriu grandes diferenças entre o genoma do polvo e de outros invertebrados. O cefalópode possui diversos rearranjos genéticos e seu DNA revela significativa expansão de genes envolvidos do desenvolvimento neural. Esse código genético deu origem a um sistema nervoso singular no qual o cérebro central está ao redor do esôfago e em que existem grupos de neurônios nos oito tentáculos, permitindo a esses braços movimentos independentes e, ainda assim, coordenados.

Com essa descoberta, os cientistas esperam entender quais são os genes envolvidos em habilidades como a troca de cor e de textura características desses animais. “Nós encontramos centenas de novos genes que não têm homólogos e podem estar envolvidos nesse processo de camuflagem único”, anunciou o professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e líder da pesquisa, Daniel Rokhsar.
O estudo detalhado do Octopus bimaculoides ajudará a compreender o passado evolutivo dessa classe de moluscos. Esse grupo surgiu nos oceanos há aproximadamente 400 milhões de anos e seu maior integrante, o amonite, foi extinto há 66 milhões de anos, juntamente com os dinossauros. “Os cefalópodes foram os primeiros seres inteligentes no planeta”, ressalta o Prêmio Nobel e professor do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, outra instituição participante do projeto, Sydney Brenner.
Fonte: Nature, Agosto de 2015

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