Planeta azul: quando o Sol ilumina céu e mar
Basta pensar na enorme mancha azul que é o céu sobre toda a
superfície terrestre e na extensão dos oceanos para termos a noção da
dominância da cor azul. Entender este predomínio implica uma viagem
sobre a interação da radiação solar com as matérias constituintes do
planeta.
Publicado em 16/09/2015
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Atualizado em 16/09/2015
Predomínio da cor azul no planeta é resultado das interações
entre radiação solar e matérias constituintes da Terra. (foto:
MR/FreeImages.
A cor é uma sensação produzida após a entrada de luz em nossos olhos.
A modificação da luz solar por interação com a matéria à nossa volta
(atmosfera, solo, objetos, plantas, animais, elementos das paisagens)
faz com que ela adquira características particulares que produzem em nós
a sensação de cores diferentes. Em realidade, não só a cor em si, mas
também o brilho, o contraste, a intensidade e outras características
associadas. Porém, vamos deter-nos na cor.
A abordagem mais simples ao fenômeno da cor baseia-se apenas na frequência da radiação que lhe dá origem. Para muitas aplicações práticas, a radiação pode ser descrita como um campo magnético e um campo elétrico perpendiculares e oscilantes. É ao campo elétrico de parte dessa radiação que podemos atribuir a responsabilidade pela percepção da cor.
A radiação visível de maior frequência é percebida em nosso cérebro como azul (anil/violeta, no limite), enquanto a de menor frequência, como vermelho. Entre esses extremos, temos a mesma paleta que nos oferece o arco-íris, com verde, amarelo e laranja. Misturando radiações de frequências diferentes, percebemos a cor resultante dessa mistura e, desse modo, temos à disposição uma gama de cores incrível, para tornar as paisagens naturais um fascínio cromático.
Já as frequências menores, quando próximas da frequência do vermelho, levam à sensação de calor, mas também não lhes associamos cores.
A radiação de que os nossos olhos tiram partido – que suscita o
sentido da visão e, por isso, chamamos visível – é simplesmente aquela
que mais abunda na superfície terrestre, conseguindo penetrar na água,
vinda da maior fonte de radiação a que a Terra se expõe: o Sol. Afinal,
evoluímos para usar a radiação mais abundante à nossa volta. De fato, a
fração visível do espectro eletromagnético é pequena se comparada com
toda a gama de radiação disponível para uso prático. A especialização
dos olhos em uma fração tão estreita do espectro eletromagnético parece,
à primeira vista, um desperdício sem sentido. Mas não é bem assim: os
olhos evoluíram naturalmente, segundo os princípios darwinistas
habituais de adaptação aos recursos disponíveis.
Um fenômeno igualmente fascinante, mas que envolve tanto reflexão quanto refração, é a passagem da luz por um diamante com a lapidação na forma de brilhante. Se a pedra for de boa qualidade, nenhuma radiação visível é absorvida – isto é, o diamante é de uma transparência pura –, e as medidas e os ângulos dos cortes são tais que a luz que entra nele é desviada e refletida para ser devolvida pelo topo, causando a sensação de brilho e luminosidade.
O azul do céu – também ele esplendoroso – pode ser explicado de forma semelhante. Ao penetrar a atmosfera, os raios solares são espalhados, desviados de sua trajetória original, como resultado das colisões com as moléculas de ar. O espalhamento da radiação azul – por conta de sua frequência mais alta – é mais pronunciado do que o do restante da radiação, fazendo dessa cor a dominante no meio. É isso que nos faz perceber o céu diurno como azul.
Miguel A. R. B. Castanho
A abordagem mais simples ao fenômeno da cor baseia-se apenas na frequência da radiação que lhe dá origem. Para muitas aplicações práticas, a radiação pode ser descrita como um campo magnético e um campo elétrico perpendiculares e oscilantes. É ao campo elétrico de parte dessa radiação que podemos atribuir a responsabilidade pela percepção da cor.
A radiação visível de maior frequência é percebida em nosso cérebro como azul (anil/violeta, no limite), enquanto a de menor frequência, como vermelho. Entre esses extremos, temos a mesma paleta que nos oferece o arco-íris, com verde, amarelo e laranja. Misturando radiações de frequências diferentes, percebemos a cor resultante dessa mistura e, desse modo, temos à disposição uma gama de cores incrível, para tornar as paisagens naturais um fascínio cromático.
- A fração visível do espectro eletromagnético é pequena se comparada com toda a gama de radiação disponível. (arte: Luiz Baltar)
Já as frequências menores, quando próximas da frequência do vermelho, levam à sensação de calor, mas também não lhes associamos cores.
A radiação visível de maior frequência é percebida em nosso cérebro como azul, enquanto a de menor frequência, como vermelho
Prismas, diamantes e céu
Como dito antes, a percepção da cor é dada como resultado da combinação da radiação que chega a nossos olhos. Quando se trata de luz vinda de uma fonte luminosa direta, a situação é simples. No entanto, a radiação pode sofrer transformações quando incide sobre a matéria que compõe nosso ambiente. Ela pode ser absorvida por determinados materiais, refletida ou ‘desviada’ (refratada). Talvez um dos exemplos de refração mais conhecidos seja o da luz solar passando através de um prisma de vidro e sendo ‘decomposta’ por este. No caso, as cores separam-se de forma clara, pelo fato de a radiação ter, no novo meio (vidro), um desvio que depende de sua frequência, o que faz com que diferentes cores emanem do prisma com ângulos diferentes.Um fenômeno igualmente fascinante, mas que envolve tanto reflexão quanto refração, é a passagem da luz por um diamante com a lapidação na forma de brilhante. Se a pedra for de boa qualidade, nenhuma radiação visível é absorvida – isto é, o diamante é de uma transparência pura –, e as medidas e os ângulos dos cortes são tais que a luz que entra nele é desviada e refletida para ser devolvida pelo topo, causando a sensação de brilho e luminosidade.
- Ao penetrar a atmosfera, os raios solares são espalhados, desviados de sua trajetória original, como resultado das colisões com as moléculas de ar. (arte: Luiz Baltar)
O azul do céu – também ele esplendoroso – pode ser explicado de forma semelhante. Ao penetrar a atmosfera, os raios solares são espalhados, desviados de sua trajetória original, como resultado das colisões com as moléculas de ar. O espalhamento da radiação azul – por conta de sua frequência mais alta – é mais pronunciado do que o do restante da radiação, fazendo dessa cor a dominante no meio. É isso que nos faz perceber o céu diurno como azul.
Miguel A. R. B. Castanho
Instituto de Medicina Molecular,
Faculdade de Medicina,
Universidade de Lisboa (Portugal), e
Instituto de Bioquímica Médica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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