Asteroide e vulcões levaram dinossauros à extinção, diz estudo
Novo estudo publicado na Science traz provas
de que impacto no México acelerou erupções na Índia e combinação das
catástrofes provocou a última grande extinção, há 66 milhões de anos
01 Outubro 2015 | 18h58
Ao longo de mais de 30 anos paleontólogos e geólogos têm debatido o papel dos dois grandes eventos na última grande extinção em massa, ocorrida no período Cretáceo. Enquanto alguns consideravam as erupções irrelevantes, outros afirmavam que o impacto havia sido fundamental.
O novo estudo se baseia nos dados mais precisos até hoje sobre as erupções vulcânicas antes e depois do impacto do asteroide, que ocorreu na região do planalto de Deccan, na Índia, formando um grande conjunto de campos de lava conhecido como Deccan Traps (foto).
Tanto o impacto do asteroide como o vulcanismo cobriram o planeta com uma camada espessa de poeira e fumaça nocivas, modificando drasticamente o clima e levando inúmeras espécies à extinção.
"Com base na datação que fizemos da lava, podemos ter bastante certeza que o vulcanismo e o impacto ocorreram durante um período de 50 mil anos de extinção. Por isso, é um tanto artificial distinguir entre ambos como mecanismos de destruição: os dois fenômenos claramente estavam em curso ao mesmo tempo", disse um dos autores do estudo, Paul Renne, da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.
"Será basicamente impossível atribuir os efeitos atmosféricos reais dos dois fenômenos. Eles aconteceram simultaneamente", afirmou Renne.
Os geólogos afirmam que o impacto mudou abruptamente o sistema de bombeamento dos vulcões, produzindo modificações importantes na química e na frequência das erupções.
Depois dessa mudança, as erupções vulcânicas de longo prazo provavelmente atrasaram a recuperação das espécies por 500 mil anos após a "fronteira KT", termo que remete ao limite entre o fim do período Cretáceo e o início do período Terciário.
Na fronteira KT, segundo os autores do estudo, há uma imensa lacuna de registros fósseis de grandes animais terrestres e de pequenos animais marinhos, indicando que a biodiversidade demorou a se recuperar.
"A biodiversidade e a assinatura química do oceano levaram cerca de meio milhão de anos para realmente se recuperarem depois da fronteira KT. Esse intervalo de tempo coincide com a duração da aceleração do vulcanismo", explicou Renne.
Outro dos autores, Mark Richards, também professor da Universidade de Califórnia em Berkeley - e o primeiro cientista a propor que o impacto de um asteroide ou cometa aumentou os fluxos de lava de Deccan Traps - diz que não se pode afirmar qual dos dois eventos realmente decretou a sentença de morte para a maior parte da vida na Terra. Mas, segundo ele, é cada vez mais difícil negar a ligação entre o impacto e o vulcanismo.
"Se nossos dados de alta precisão continuarem a deixar esses três eventos - impacto, extinção e aumento do vulcanismo - cada vez mais próximos, as pessoas terão que aceitar a alta probabilidade de uma coneção entre eles. O cenário que estamos sugerindo - de que o impacto desencadeou o vulcanismo - de fato explica o que antes nos parecia ser uma coincidência inimaginável", disse Richards.
Alguns argumentaram que erupções vulcânicas gigantescas na Índia, ocorridas no mesmo período, haviam sido o principal motivo das extinções. Outros acreditavam que as erupções de Deccan Traps haviam sido um fator menor e a verdadeira destruição havia sido causada pelo impacto do asteroide, que deixou uma imensa cratera, apelidada de Chicxulub, na península de Yucatan, no México peninsula, and viewed the Deccan Traps eruptions as a minor sideshow.
No início de 2015, Richards, Renne e outros oito geocientistas propuseram o novo cenário: o impacto desencadeou erupções vulcânicas por todo o planeta, de maneira mais catastrófica na Índia, e os dois eventos combinados causaram a extinção do fim do Cretáceo.
Antes, em 2014, para testar a hipótese, a equipe coletou amostras de lava de diversas partes de Deccan Traps, a leste de Mumbai, registrando fluxos do início do processo - várias centenas de milhares de anos antes da extinção - e do seu final, cerca de 500 mil anos depois da extinção. Com tecnologias de datação de alta precisão, eles estabeleceram a cronologia das amostras de lava e a mudança na taxa dos fluxos ao longo do tempo.
Segundo os autores, os vulcões de Deccan Traps, que estavam em erupção de forma contínua e lenta, dobraram seu ritmo, com fluxos de lava mais volumosos, que cessavam de tempos em tempos e voltavam a explodir com grande intensidade.
Isso explica, de acordo com eles, porque houve uma mudança no bombeamento subterrâneo de lava, que alimenta os fluxos na superfície. "Câmaras de magma subetrrâneas que eram pequenas antes do impacto se abriram. Com isso, essas câmaras passaram a levar mais tempo para se encher de lava, mas quando entravam em erupção, cuspiam quantidades muito maiores", explicou Renne.
Segundo Richard, grandes terremotos de magnitude 9 ou 10 poderiam também ter aumentado os fluxos de lava em Deccan Traps. Mas as modificações simultâneas nos fluxos de lava e o impacto no fim do Cretáceo parecem ser mais que uma mera coincidência.
"Essas modificações são consistentes com uma taxa acelerada de produção de magma e de erupções que podem ter sido resultado de grandes terremotos como os que foram criados pelo impacto de Chicxulub", disse.
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