quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Efeitos bioquímicos e estrogênicos do diuron em tilápias do Nilo
Pesquisa foi realizada na Unesp de Rio Preto
Assessoria de Comunicação e Imprensa
22/02/2017

Andréia Arantes Felício defendeu a Tese de Doutorado intitulada “Efeitos bioquímicos e estrogênicos do N-(3,4-diclorofenil)-N,N-dimetilureia (diuron) e seus metabólitos, isoladamente ou em associação com alquilfenóis em tilápias do Nilo ( Oreochromis niloticus)”. A pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), Câmpus da Unesp em São José do Rio Preto.

Resumo

O Brasil é o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo e, para que esta demanda seja suprida, muitos compostos químicos são aplicados nas culturas, visando controlar o surgimento e proliferação de pragas. Assim, faz-se o uso dos praguicidas, dentre eles, o diuron (N-(3,4-diclorofenil)-N,N-dimetiluréia), que é aplicado em plantações ao redor do mundo. 

O diuron pode ser biodegradado em outros três principais compostos o 3,4-dicloroanilina (DCA), 3,4-diclorofenilureia (DCPMU) e 2,4-diclorofenil-N-metilureia (DCPMU). Normalmente, o diuron é aplicado nas plantações juntamente com os alquilfenóis etoxilatos (APE), como o nonilfenol etoxilato (NPE) e o octilfenol etoxilato (OPE), compostos que facilitam a dispersão do diuron. 

Alguns estudos têm demonstrado que tanto o diuron quanto os alquilfenóis podem causar alterações enzimáticas e/ou estrogênicas em diversos organismos. Dentre as enzimas que podem ser alteradas, estão as enzimas de biotransformação, tanto de fase I (7-etoxirresorufina-O-deetilase – EROD, 7-pentóxiresorufinaO-desalquilase – PROD, 7-benzilóxiresorufina-O-desalquilase – BROD e a P450 aromatase), quanto as de fase II (glutationa-S-transferase – GST) e as proteínas de fase III (resistência a multixenobioticos – MXR). 

Outros parâmetros que podem sofrer alterações são os antioxidantes (superóxido dismutase – SOD, catalase – CAT, glutationa peroxidase – GPx, glutationa redutase – GR, glutationa-6-fosfato desidrogenase – G6PDH, aldeído desidrogenase – ALDH e peroxidação lipídica), que são os responsáveis pelo controle entre a produção e o combate às espécies reativas de oxigênio (ERO). Dentre os parâmetros endócrinos que podem ser alterados, e então utilizados como biomarcadores, estão as enzimas CYP3A e a 17β-hidroxiesteróide desidrogenase (17β-HSD) e ainda a proteína vitelogenina (Vtg). 

Assim o objetivo deste trabalho foi avaliar, em tilápias do Nilo (Oreochromis nilotucus) (1) quais os efeitos do diuron e seus metabólitos, em associação ou não, em diferentes concentrações e (2) quais os efeitos do diuron, seus metabólitos e os alquilfenois, em associação ou não em diferentes concentrações no fígado e nas brânquias de peixes expostos por 7 dias, utilizando os seguintes parametros, EROD, BROD, PROD, GST, MXR, SOD, CAT, GPx, G6PDH e peroxidação lipídica (MDA).
Em uma terceira etapa, o objetivo do trabalho foi (3) avaliar parâmetros endócrinos em tilápias mozambique (Oreochromis mossambicus) expostas ao diuron, seus metabólitos e alquilfenóis, em associação ou não, em diferentes concentrações, expostas por 7 dias, em fígado e cérebro dos peixes expostos, analisando os seguintes parâmetros: 17β-HSD, P450 aromatase, CYP3A, vitelogenina e a biotransformação do xenobiótico (in vitro). 

Os resultados demonstraram que, em tilápias do Nilo expostas a esses contaminantes nas concentrações e no tempo de exposição utilizados, todos os biomarcadores analisados sofreram alguma alteração após a exposição, alguns mais expressivos como a EROD, MDA, GPx e G6PDH e outros menos. Os resultados obtidos após a exposição de tilápias mozambique aos contaminantes também nos mostraram alterações, confirmando que esses compostos podem ser considerados desreguladores endócrinos, já que todos os parâmetros endócrinos analisados foram alterados. 

Assim, os resultados obtidos nos mostraram que realmente o diuron, seus metabólitos e os alquilfenóis podem causar alterações bioquímicas em tilápias do Nilo e mozambique, expostos à concentrações ambientalmente relevantes por sete dias, sendo os metabólitos e os APs os principais compostos a causar alterações nos parâmetros analisados.

Comissão Examinadora

Prof.(a). Dr.(a). Eduardo Alves De Almeida (Orientador) - Universidade Regional De Blumenau
Prof.(a). Dr.(a). Claudia Bueno Dos Reis Martinez - Universidade Estadual De Londrina
Prof.(a). Dr.(a). Gisela De Aragão Umbuzeiro - Universidade Estadual De Campinas
Prof.(a). Dr.(a). Larissa Paola Rodrigues Venancio - Universidade Federal Do Oeste Da Bahia
Prof.(a). Dr.(a). Igor Dias Medeiros - Universidade Federal De São Paulo

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