terça-feira, 23 de novembro de 2010

O voo da serpente

23/11/2010
Agência FAPESP – Para quem tem ofidiofobia, a perspectiva de encontrar serpentes não no chão, rastejando, mas “voando” por sobre suas cabeças, está longe de ser das melhores. Mas é o que ocorre com algumas espécies encontradas no Sudeste Asiático, que são capazes de se deslocar pelo ar, de uma árvore a outra, ou das árvores para o solo.

Cientistas da Virginia Tech, nos Estados Unidos, analisaram os mecanismos por trás da inusitada capacidade dessas espécies e apresentaram os resultados em encontro da American Physical Society Division of Fluid Dynamics (DFD), na Califórnia, nesta segunda-feira (22/11).
O grupo registrou em vídeo os deslocamentos pelo ar de exemplares da Chrysopelea paradisi, que se atiraram do alto de uma torre de 15 metros de altura até o chão.

O voo da serpente
Pesquisadores analisam a dinâmica de movimentos de serpentes do Sudeste Asiático, que são capazes de planar por mais de 15 metros entre árvores ou até o chão (divulgação)

Os registros foram feitos com quatro câmeras instaladas em pontos diferentes, o que permitiu aos cientistas fazer uma reconstrução em três dimensões das posições do corpo do animal enquanto planava.
A análise da dinâmica de movimentos e das forças atuantes indicou que o réptil, apesar de se deslocar no ar por uma distância considerável com relação à dimensão de seu corpo, não atinge um estágio de equilíbrio com relação ao próprio movimento.

Ou seja, não chega a um ponto em que as forças geradas por seu corpo ondulado se contrapõem exatamente à força que puxa o animal para baixo, o que faria com que se movesse em velocidade e angulação constante. Por outro lado, a serpente também não cai simplesmente no chão.

“Em vez disso, ela é empurrada para cima, mesmo que se mova para baixo, porque o componente para cima da força aerodinâmica é maior do que o peso do animal”, disse Jake (John) Socha, um dos autores do estudo. O trabalho também será publicado na revista Bioinspiration and Biomimetics.

“Hipoteticamente, isso significaria que, se a serpente continuasse com esse deslocamento, acabaria mesmo se movendo para cima, o que seria algo ainda mais impressionate. Mas nosso estudo aponta que o efeito é apenas temporário e que a serpente acaba chegando ao chão após o deslocamento”, disse.
O artigo Non-equilibrium trajectory dynamics and the kinematics of gliding in a flying snake, de John J. Socha, poderá ser lido por assinantes da Bioinspiration and Biomimetics em ??
Mais informações: http://iopscience.iop.org/1748-3190

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