Butantan batiza 17 novas aranhas em homenagem ao filme 'Predador'.
Posted: 10 Aug 2012 07:33 AM PDT
Novas espécies têm mandíbula diferenciada e são pequenas, diz
biólogo. Pesquisa integra projeto internacional que começou em 2006.
Rafael Sampaio
Do Globo Natureza, em São Paulo
Pesquisadores
do Instituto Butantan, em São Paulo, identificaram 17 novas espécies de
aranha nativas da Mata Atlântica. Os animais têm estrutura de quelícera
(mandíbula) diferente de outras espécies, se assemelhando aos vilões do
filme "Predador", segundo o biólogo Antonio Brescovit, um dos
responsáveis pela descoberta.
As quelíceras das novas aranhas são modificadas e os animais têm as
faces cheias de protuberâncias, diz Brescovit. O nome dado ao novo
gênero descoberto a partir das espécies, Predatornoops, é inclusive uma
homenagem ao filme "Predador". Entre as novas espécies, há várias que
foram batizadas relembrando personagens e atores do filme. A aranha
Predatoroonops schwarzeneggeri, por exemplo, é uma homenagem ao ator
Arnold Schwarzenegger, que atua na produção de Hollywood.
IMAGEM 1: Predatoroonops schwarzeneggeri, aranha batizada em homenagem a
ator (Foto: American Museum of Natural History/Divulgação)
Espécies pequenas
As espécies descobertas são pequenas e têm entre 1,8 e 2,1 milímetros,
segundo Brescovit. "Elas aparecem no solo, em estados como São Paulo,
Rio de Janeiro, até em Sergipe e no Sul, em Santa Catarina. O importante
é que haja vegetação, mesmo que seja de uma área alterada [onde um dia
houve Mata Atlântica]", pondera o pesquisador. Ele explica que alguns
exemplares das 17 espécies foram encontrados até no campus Butantã da
Universidade de São Paulo (USP), onde está localizado o instituto.
As quelíceras modificadas ocorrem basicamente nos machos das espécies.
Algumas hipóteses, segundo Brescovit, é que as estruturas sirvam para a
cópula ou defesa dos machos."Outra hipótese é que o macho da aranha
seguraria a fêmea com as quelíceras para a reprodução", diz o
pesquisador.
Ele avalia que o incêndio ocorrido no Instituto Butantan fez a pesquisa
demorar para sair. "Levou dois anos e meio para publicar, um pouco
atrasado por causa do incêndio. Já era para estar publicado no ano
passado", reflete.
(Foto: American Museum of Natural History/Divulgação)
Brescovit ressalta, no entanto, que nenhum material do estudo foi
perdido com o ocorrido. "Nossos escritórios não foram afetados. O que
foi perdido foi muito da coleção [de animais], que ficava no fundo do
prédio."
A descoberta faz parte de um projeto internacional, o Inventário
Planetário da Biodiversidade (PBI, na tradução do inglês), afirma o
pesquisador. Seis cientistas brasileiros fazem parte do grupo, sendo
dois de São Paulo, dois do Pará, um do Rio Grande do Sul e outro de
Minas Gerais.
Brescovit ressalta que o grupo brasileiro já identificou cerca de 70
espécies dentro do PBI, que começou em 2006. O estudo das 17 novas
espécies de aranhas foi publicado no boletim do Museu Americano de
História Natural.
Fonte: G1 Globo Natureza
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