quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cientistas encontram DNA humano de cerca de 400 mil anos


  • Divulgação
    Desde 76 se trabalha na recuperação dos restos ósseos de pelo menos 28 indivíduos para encontrar DNA
A jazida espanhola de Atapuerca (norte) abriga o DNA humano mais antigo encontrado até agora, já que um fêmur achado no local foi datado com cerca de 400 mil anos.

A parceria entre a equipe de Atapuerca e o Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva permitiu sequenciar o DNA mitocondrial mais antigo obtido até agora, um homem primitivo, segundo publica a revista "Nature".

O genoma corresponde a um fêmur da La Sima de los Huesos de Atapuerca e, segundo o artigo da "Nature", só no permafrost (solo gelado) foi possível recuperar anteriormente algum DNA desta antiguidade, embora não fosse humano.

O trabalho, que é assinado por outros os três co-diretores de Atapuerca, diz que as particulares condições da La Sima de los Huesos, uma jazida isolada há milhares de anos nas profundezas de um sistema cárstico, permitiram uma conservação excepcional dos ossos humanos.

A La Sima de los Huesos, que faz parte do complexo de Atapuerca, declarado Patrimônio da Humanidade, é a jazida que proporcionou, em um só lugar, mais restos de uma espécie de fósseis de hominídeos.
Desde o ano 1976 se trabalha na recuperação dos restos ósseos de pelo menos 28 indivíduos, cujos esqueletos estão completos, embora seus ossos se encontram muito fragmentados, dispersos e misturados, o que dificulta a reconstrução.

A espécie representada na La Sima de los Huesos mostra uma combinação de características arcaicas junto com outras neandertais, por isso que se considera relacionada evolutivamente com estas últimos.
A equipe de Matthias Meyer do Instituto Max Planck já havia sequenciado, há pouco tempo, o genoma completo de um urso precedente da mesma jazida e encontrado junto aos fósseis humanos.
Foi preciso, para isso, desenvolver novas técnicas analíticas por conta da degradação extrema do material genético.

Os pesquisadores compararam a continuação do genoma extraído do Fêmur XIII de La Sima de Los Huesos com o das espécies mais próximas, tanto vivas, concretamente humanos atuais e grandes símios, como fósseis: neandertais e denisovanos.
A partir dos dados genéticos, os pesquisadores calcularam uma idade aproximada para o fóssil da La Sima de los Huesos de 400 mil anos, muito parecida à estimada para o urso, que deve ter vivido na serra de Atapuerca há 430 mil anos.

Os denisovanos são considerados parentes muito distantes dos neandertais, dos quais se separaram há cerca de 700 mil anos.

Quase não se tem informação morfológica dos denisovanos, cujos restos foram descritos na caverna Denisova, na Sibéria meridional, por isso que não é possível estabelecer comparações anatômicas com os fósseis da La Sima de los Huesos.

Em entrevista concedida à Agência Efe, o cientista Juan Luis Arsuaga considera que poder obter o DNA de restos de hominídeos de há 400 mil anos é uma revolução tanto no plano metodológica como pelas expectativas que abre a futuras pesquisas.

Arsuaga, que é diretor científico do Museu da Evolução Humana de Burgos, quer ver o debate que se abre perante as consequências da sequenciamento do genoma quase completo de um fêmur de Atapuerca.
Segundo Arsuaga, chegar a sequenciar o genoma quase completo a partir de sequências "ultracurtas" de DNA extraídas de um fêmur é complexo e, no caso concreto dos restos achados na la Sima de los Huesos é um "marco cientista histórico", porque se trata de restos de 400 mil anos.

No entanto, Arsuaga lamentou que até agora os achados só foram comparados com restos muito mais recentes, porque só se conhece a sequência genética dos humanos atuais, os neandertais e os denisovanos.

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