quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Pesquisadores descobrem fóssil de réptil mais antigo do Estado do Rio

Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio

Descoberto fóssil de réptil mais antigo do Estado do Rio: "Crocodilo guerreiro"12 fotos

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O depósito de calcário no município de Itaboraí foi explorado de 1933 a 1984 pela Companhia Nacional de Cimento Portland Mauá, quando descobriram vários fósseis. Destaca-se um crânio encontrado articulado com a mandíbula (foto) e algumas vértebras do pescoço. 
 
Trata-se de um dos melhores exemplares de crocodilomorfos encontrado em rochas do Paleoceno em todo mundo, não apenas no Brasil. Esse material permaneceu por muito tempo sem ter sido preparado nas coleções do Museu de Ciências da Terra/CPRM Leia mais Julio Cesar Guimaraes/UOL
 
Pesquisadores do CPRM (Serviço Geológico do Brasil) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) anunciaram nesta quarta-feira (15) a descoberta do réptil fóssil mais antigo do Estado do Rio de Janeiro.

A nova espécie, que ganhou a alcunha de "crocodilo guerreiro do Rio" --Sahitisuchus fluminensis--, foi encontrada há mais de 70 anos, porém somente agora foi possível descrevê-la. Os pesquisadores estimam que o animal tenha sido extinto há 56 milhões de anos.

O crocodilo guerreiro do Rio seria, de acordo com o estudo, um "parente distante dos jacarés", porém com características que o diferenciam totalmente das três famílias nas quais estão classificados os jacarés e crocodilos --Alligatoridae, Crocodylidae e Gavialidae.

NOME XAVANTE

  • Júlio César Guimarães/UOL O nome Sahitisuchus fluminensis, que significa, em latim, "crocodilo guerreiro do Rio", foi escolhido pelo paleontólogo do Museu Nacional Alexander Kellner. Segundo ele, a escolha se deu há cerca de 8 anos, depois de uma sugestão de uma amiga que pesquisava a cultura indígena xavante
"O focinho dele, que é mais alto em comparação com os crocodilos, e o formato do crânio, por exemplo, tornam o crocodilo guerreiro uma espécie única no Brasil e no mundo. Embora hajam fósseis de animais do mesmo grupo na Argentina e na Bolívia, mas não com essas características", afirmou o paleontólogo André Pinheiro.

O Sahitisuchus fluminensis representa, segundo o CPRM, uma linhagem que sobreviveu ao fim da Era dos Dinossauros, há 65 milhões de anos. "Isso é o que torna essa descoberta tão especial. Ele teve o seu reinado na época dos dinossauros e sobreviveu ao processo de extinção. A partir disso, poderemos avançar no sentido de entender as demais espécies sobreviventes", explicou o paleontólogo do Museu Nacional Alexander Kellner.

O fóssil foi localizado em um depósito de calcário situado em São José, no município de Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Entre 1933 e 1984, o local foi explorado por uma empresa de cimento, e vários fósseis foram encontrados durante os trabalhos na mina, entre os quais o do crocodilo guerreiro do Rio.
"Quando esses fósseis apareciam, eles prontamente interrompiam a frente de trabalho e nos ligavam. Coletamos diversos fósseis em Itaboraí", explicou o professor e paleontólogo Diógenes de Almeida Campos.

Na avaliação do Serviço Geológico do Brasil, o fóssil se encontra em ótimo estado de preservação e está exposto no Museu de Ciências da Terra, na Urca, zona sul do Rio de Janeiro.
  • Divulgação Maior dinossauro carnívoro do Brasil foi descoberto em 2011; veja
Em vida, o animal --que pertence ao grupo dos sebecossúquios-- tinha aproximadamente dois metros de comprimento, e seu crânio foi considerado "moderadamente alto", com pelo menos 16 dentes na arcada superior. "Ele era um animal carnívoro, predador e muito oportunista. Se considerarmos que os últimos dentes não são muito afiados, observamos que ele tinha um perfil de alimentação variado, e se alimentava tanto das presas quanto de restos de animais mortos", declarou Pinheiro.

Todos os dentes têm os bordos serrilhados, o que seria, de acordo com o paleontólogo Diógenes de Almeida Campos, uma característica presente em outros sebecossúquios e que facilitava o ato de dilacerar a sua presa.

A pesquisa para descrever o Sahitisuchus fluminensis durou mais de dois anos, sendo um ano de preparação, seis meses de pesquisa e oito meses para publicação do artigo científico na revista Plos One. Segundo Kellner, os trabalhos custaram cerca de R$ 8 mil.

Local de descoberta do fóssil no Rio de Janeiro

  • André Pinheiro/UERJ
 

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