Tsintaosaurus reconstruído
Posted: 18/01/2014 - By Marcus Cabral
Tsintaosaurus: reconstrução antiga © Keiji Terakoshi |
Recentemente dois pesquisadores, Albert Prieto-Márquez
e Jonathan Wagner publicaram um artigo na revista online PLoS ONE
indicando que o que sabíamos sobre a crista bizarra do dinossauro
herbívoro Tsintaosaurus spinorhinus estava errado. Para falar a
verdade o crânio desse dinossauro sempre me pareceu extremamente
estranho e a existência de uma crista como aquela me parecia possível,
porém pouco prática. Pareceria bem frágil e fácil de quebrar, pouco útil
para exibição, lutas ou defesa. Mas agora uma revisão do fóssil parece
indicar que a crista de fato tinha um formato bem diferente, retirando o
título de "Dinossauro Unicórnio" do Tsintaosaurus.
Em 1958, Yang Zhongjian (também conhecido como C.C. Young) descreveu o Tsintaosaurus e
chegou à conclusão que os ossos da crista eram tubulares usados para
produzir sons. Hoje sabemos que sua análise foi falha e que os osso de
fato eram sólidos. O crânio não tem parte da premaxila na região do
focinho, onde deveria existir o resto da crista e os canais nasais
usados pelo animal para vocalizar. Wishampel e Horner (1990) debateram
que o Tsintaosaurus era um saurolophine, por causa da
crista simples, enquanto outros sugeriram que a crista estava
tafonomicamente distorcida, rotacionada para cima, fora da posição
natural (Taquet, 1991). Não é de hoje que Albert Prieto-Márquez e
Jonathan Wagner estudam o Tsintaosaurus, eles vêm tentando já faz tempo, organizar taxonomicamente um ramo de lambeosaurines somente das espécies que viveram na Eurásia, os Tsintaosaurini.
Examinando
não só o holótipo do crânio, mas também um parátipo, que é ainda menos
completo que o tipo e associado com material que foi inicialmente
rejeitado por Yang como algo sem importância, Prieto-Márquez e Wagner
assumiram que as premaxilas não eram somente mais extensas, como em
outros hadrossaurídeos, mas também que poderiam ter incluído uma crista
maior e elaborada, o que seria compatível com os lambeosaurine e
supriria a necessidade de encaixar evolucionariamente este gênero.
Muitas regiões do crânio sugerem que o design do crânio dos tsintaosaurini teria surgido depois do desenvolvimento de uma grande passagem em looping dentro da crista, que estaria presente antes do crescimento das nasais apontando para cima e para frente.
Prieto-Márquez
e Wagner (2013) realmente sugerem que Taquet (1991) estava correto em
parte, em que a crista estava desalinhada, mas em vez de posicioná-la
colada ao crânio como havia sido sugerido antes, Prieto-Márquez e Wagner
a rotacionaram mais para trás e a normalizaram em aparência. O crânio
assim lembra o de grandes lambeosaurines da Ásia oriental, como o Olorotitan e
sugere que havia uma regularidade no formato das cristas de
praticamente todos os lambeosaurines, até mesmo quando estavam se
formando.
Tsintaosaurus: crista retrabalhada © Prieto-Márquez e Wagner (2013) |
Provável caminho do ar pela crista © Prieto-Márquez e Wagner (2013) |
Essas novas reconstruções nos permitem reavaliar o que pensávamos que sabíamos sobre alguns dinossauros, que existem modelos clássicos para sua aparência e que muitas vezes podem estar simplesmente errados ou parcialmente incorretos. É como a ciência anda, corrigindo um erro depois do outro e respondendo uma questão enquanto duas novas surgem. Confira abaixo uma nova reconstrução atualizada desse intrigante dinossauro, feita por Vitor Silva.
Tsintaosaurus com a nova crista © Vitor Silva |
Devo
agradecer aqui a Vitor Silva, um jovem paleoartista brasileiro super
talentoso que frequentemente me dá permissão para usar suas ilustrações
no blog. Confiram a arte dele na página pessoal dele, Vitor Silva - Paleoartista!
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