Pesquisadores da UFPE identificam espécie inédita de pterossauro
Publicado em 02/10/2014, às 17h09 | Atualizado em 11/11/2014, às 13h01
O fóssil foi encontrado no
Sítio São Gonçalo, no município de Santana do Cariri (CE)
Foto: divulgação UFPE
Pesquisadores das Universidades Federal de Pernambuco (UFPE), Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE) e Regional do Cariri (Urca) anunciaram
nesta quinta-feira (2) a descoberta de uma espécie de pterossauro,
encontrada em solo nordestino. O fóssil do Maaradactylus kellneri, que
viveu há 111 milhões de anos, foi encontrado no Sítio São Gonçalo, no
município de Santana do Cariri, no Ceará, distante 500 quilômetros da
capital Fortaleza. A apresentação da novidade aconteceu no Auditório Reitor João Alfredo, na Reitoria da UFPE, Campus Recife, onde foi exposto o crânio do animal, com dois fragmentos de dentes e a reconstrução em três dimensões do crânio e da mandíbula. A descoberta foi publicada na edição deste mês da revista científica neozelandesa Zootaxa.
Ilustração do pterossauro feita pelo paleoartista Maurílio Oliveira
Foto: divulgação
De acordo com as características
físicas do dinossauro, acredita-se que o animal se alimentava de
peixes. “A crista fina e os dentes à frente do crânio ajudavam a romper a
superfície da água para pegar os peixes”, explicou a professora Juliana
Sayão, do Centro Acadêmico de Vitória (CAV)/UFPE e do Programa de
Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências
(CTG), Campus Recife/UFPE.A docente integra a equipe de pesquisa junto com os professores Gustavo Oliveira (Departamento de Biologia/UFRPE) e Antônio Álamo Saraiva (Laboratório de Paleontologia/Urca), além do doutorando em Geociências Renan Bantim (UFPE), que analisou o fóssil na sua pesquisa de dissertação do Mestrado em Geociências da UFPE, sob a orientação de Juliana Sayão. Esta é a primeira vez que uma espécie de pterossauro é descrita por um grupo de pesquisadores sediado no Nordeste do País.
O fóssil do crânio foi coletado, em 2010, sobre o solo, sem necessidade de escavação, um fato comum no Sítio São Gonçalo (o terreno é uma propriedade privada e pertence ao diretor do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri/Urca, professor Plácido Cidade Nuvens). Na época, Renan Bantim era aluno de graduação do curso de Ciências Biológicas da Urca, então, o material foi guardado para estudo durante a pós-graduação dele, iniciada no ano seguinte, na UFPE.
A nova espécie de pterossauro é da Era Mesozoica, período Cretáceo, e viveu na região da Bacia Sedimentar do Araripe, localizada no sul do Ceará, alcançando os estados de Pernambuco e Piauí. Antes do Maaradactylus kellneri, a última identificação de uma nova espécie de pterossauro dentado (Anhangueridae) no local aconteceu em 2003.
O estudo de achados paleontológicos prossegue na Bacia Sedimentar do Araripe. Os professores Juliana Sayão e Gustavo Oliveira realizam duas excursões didáticas ao ano, cada um, com alunos de graduação e pós-graduação. Também são feitas coletas e escavações periódicas por grupos de pesquisadores no local.
O NOME - A origem do nome Maaradactylus remonta a uma lenda dos índios Cariri, que habitaram a região sul do Ceará. Os longos dentes do pterossauro fazem alusão à lenda de Maara, filha do chefe da tribo que, por um feitiço, foi transformada em um monstro com grandes dentes que atraía e abocanhava pescadores no rio. A terminação “dactylus” (do grego “dedo” – em alusão ao “dedo de voo”) é normalmente atribuída a animais desse gênero. Já kellneri homenageia o pesquisador Alexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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Pterossauro
É a 1ª vez que uma espécie de pterossauro é descrita por grupo de pesquisadores sediado no NordesteCrédito: UFPE
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