segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Zaraapelta: um novo anquilossaurídeo

Zaraapelta
© Danielle Dufault
O Deserto de Gobi do Cretáceo tardio na Mongólia era "O Lugar" para se estar se você fosse um dos dinossauros encouraçados chamados de anquilossaurídeos, que fazem parte de um grupo maior, Thyreophora, o qual também inclui os Estegossaurídeos. Além das badlands do sul de Alberta, no Canadá, o Deserto de Gobi tem o maior número de espécies de anquilossaurídeos que viviam juntas no mesmo tempo e agora uma nova espécie da família foi identificada. 

A nova espécie, Zaraapelta nomadis, foi descoberta em 2000 por uma equipe liderada por Phil Currie e é nomeada hoje em um estudo dos pesquisadores Victoria Arbours, Demchig Badamgarav e Philip Currie, publicado no Zoological Journal of the Linnean Society
O nome Zaraapelta é uma combinação de termos mongóis e gregos, que significam "Ouriço" e "Escudo" em referência à aparência espinhosa do animal, sendo o nome "nomadis" uma homenagem feita à uma empresa mongol chamada Nomadic Expeditions, que vem facilitando o trabalho de campo paleontológico no deserto por quase duas décadas.
O Zaraapelta é conhecido de um crânio bem preservado que está faltando a ponta do focinho. Como alguns dos outros anquilossaurídeos conhecidos do Deserto de Gobi, o topo do crânio é espinhoso e irregular, com vários calombos. Este novo dino é ainda mais ostentoso que outros anquilossaurídeos mongóis, com um padrão elaborado de calombos e ranhuras atrás dos olhos. Na parte de trás do crânio existem chifres característicos com uma borda proeminente ao longo do topo. O crânio é parte das coleções do Centro Paleontológico Mongol de Ulaanbaatar.
Crânio do Zaraapelta
© Jessica Tansey
Um dos autores do trabalho, Arbour, diz que a ornamentação distinta e elaborada dos crânios de Saichania, Tarchia e Zaraapelta devem ter evoluído como um meio de se exibir para os membros do sexo oposto. Há muito tempo se pensa que outros tipos de dinos, como os hadrossaurídeos com crista e os ceratopsídeos com chifres e escudos, usavam seus ornamentos como atrativo sexual, mas a ideia ainda não havia sido aplicada aos anquilossaurídeos.
"Você pode pensar no osso como um item caro para seu corpo manter," ela explica. "Osso requer bastante nutrientes e energia metabólica para ser criado, por isso esse investimento precisa ser vantajoso de algum modo. Talvez os anquilossaurídeos tinham essa ornamentação para proteção, mas outra boa explicação é que os chifres e protuberâncias no crânio mostravam que o indivíduo era um bom partido, da mesma maneira que um pavão usa as penas da cauda para atrair a fêmea.
 
A pesquisa de Arbour durante seu PhD sobre anquilossaurídeos lhe deu uma reputação de autoridade na área, ela é a melhor pessoa para consultar sobre anatomia, hábitos e sobre a crescente árvore genealógica dos anquilossaurídeos. Ela estudou este grupo pelos últimos oito anos e ensinou paleobiologia a estudantes por todo o globo como uma das instrutoras do Dino 101 (eu, Patrick, inclusive concluí o curso \o), o primeiro curso intensivo de paleontologia online, oferecido pela Universidade de Alberta.
Além de nomear o novo anquilossaurídeo Zaraapelta, esse estudo também reexamina outras espécies previamente conhecidas da Mongólia e propõem a "ressurreição" de uma espécie que tinha sido descartada por pesquisadores anteriormente. 
 
A ciência de nomear organismos, chamada taxonomia, é mais dinâmica que a maioria das pessoas pensam, comenta Arbour. Algumas vezes, pesquisadores podem determinar que duas espécies de nome diferente representam um único animal (mesma espécie), então um dos nomes deve ser "aposentado". Por isso o mais antigo tem prioridade e permanece, o mais novo é descartado.
Esse foi o caso do anquilossaurídeo chamado Tarchia kielanae, que se pensava ser o mesmo que Tarchia gigantea. Mas agora novas informações de descobertas mais recentes incluindo esse estudo sugerem que o Tarchia kielanae deve ser mesmo uma espécie separada, então o nome foi revitalizado para voltar a uso.

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