Zaraapelta: um novo anquilossaurídeo
Zaraapelta
© Danielle Dufault |
O Deserto de Gobi do Cretáceo tardio na Mongólia era "O Lugar" para se
estar se você fosse um dos dinossauros encouraçados chamados de
anquilossaurídeos, que fazem parte de um grupo maior, Thyreophora, o qual também inclui os Estegossaurídeos. Além das badlands do
sul de Alberta, no Canadá, o Deserto de Gobi tem o maior número de
espécies de anquilossaurídeos que viviam juntas no mesmo tempo e agora
uma nova espécie da família foi identificada.
A nova espécie, Zaraapelta nomadis, foi descoberta em 2000 por
uma equipe liderada por Phil Currie e é nomeada hoje em um estudo dos
pesquisadores Victoria Arbours, Demchig Badamgarav e Philip Currie,
publicado no Zoological Journal of the
Linnean Society.
O nome Zaraapelta é uma combinação de termos mongóis e gregos,
que significam "Ouriço" e "Escudo" em referência à aparência espinhosa
do animal, sendo o nome "nomadis" uma homenagem feita à uma empresa mongol chamada Nomadic Expeditions, que vem facilitando o trabalho de campo paleontológico no deserto por quase duas décadas.
O Zaraapelta é conhecido de um crânio bem preservado que está
faltando a ponta do focinho. Como alguns dos outros anquilossaurídeos
conhecidos do Deserto de Gobi, o topo do crânio é espinhoso e irregular,
com vários calombos. Este novo dino é ainda mais ostentoso que outros
anquilossaurídeos mongóis, com um padrão elaborado de calombos e
ranhuras atrás dos olhos. Na parte de trás do crânio existem chifres
característicos com uma borda proeminente ao longo do topo. O crânio é
parte das coleções do Centro Paleontológico Mongol de Ulaanbaatar.
Um dos autores do trabalho, Arbour, diz que a ornamentação distinta e elaborada dos crânios de Saichania, Tarchia e Zaraapelta devem
ter evoluído como um meio de se exibir para os membros do sexo oposto.
Há muito tempo se pensa que outros tipos de dinos, como os hadrossaurídeos com crista e os ceratopsídeos
com chifres e escudos, usavam seus ornamentos como atrativo sexual, mas
a ideia ainda não havia sido aplicada aos anquilossaurídeos.
"Você pode pensar no osso como um item caro para seu corpo manter," ela
explica. "Osso requer bastante nutrientes e energia metabólica para ser
criado, por isso esse investimento precisa ser vantajoso de algum modo.
Talvez os anquilossaurídeos tinham essa ornamentação para proteção, mas
outra boa explicação é que os chifres e protuberâncias no crânio
mostravam que o indivíduo era um bom partido, da mesma maneira que um
pavão usa as penas da cauda para atrair a fêmea.
A pesquisa de Arbour durante seu PhD sobre anquilossaurídeos lhe deu uma
reputação de autoridade na área, ela é a melhor pessoa para consultar
sobre anatomia, hábitos e sobre a crescente árvore genealógica dos
anquilossaurídeos. Ela estudou este grupo pelos últimos oito anos e
ensinou paleobiologia a estudantes por todo o globo como uma das
instrutoras do Dino 101 (eu, Patrick, inclusive concluí o curso \o), o
primeiro curso intensivo de paleontologia online, oferecido pela
Universidade de Alberta.
Além de nomear o novo anquilossaurídeo Zaraapelta, esse estudo
também reexamina outras espécies previamente conhecidas da Mongólia e
propõem a "ressurreição" de uma espécie que tinha sido descartada por
pesquisadores anteriormente.
A ciência de nomear organismos, chamada taxonomia, é mais dinâmica que a
maioria das pessoas pensam, comenta Arbour. Algumas vezes,
pesquisadores podem determinar que duas espécies de nome diferente
representam um único animal (mesma espécie), então um dos nomes deve ser
"aposentado". Por isso o mais antigo tem prioridade e permanece, o mais
novo é descartado.
Esse foi o caso do anquilossaurídeo chamado Tarchia kielanae, que se pensava ser o mesmo que Tarchia gigantea. Mas agora novas informações de descobertas mais recentes incluindo esse estudo sugerem que o Tarchia kielanae deve ser mesmo uma espécie separada, então o nome foi revitalizado para voltar a uso.
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