Habitantes do Nordeste pré-histórico
Equipe internacional de cientistas anuncia duas novas
espécies fósseis de anfíbios encontradas no Nordeste brasileiro. Datadas
de cerca de 278 milhões de anos, elas ajudam a entender como a vida
ressurgiu no hemisfério Sul após um período glacial.
Publicado em 05/11/2015
|
Atualizado em 06/11/2015
Reconstrução artística de habitat lacustre tropical com 278
milhões de anos na região de Teresina, incluindo ‘Timonya anneae’ (à
esquerda, em tom mais claro) e ‘Procuhy nazariensis’ (à direita).
(ilustração: Andrey Atuchin)
Mais um capítulo da pré-história brasileira: uma equipe internacional
de cientistas anuncia nesta quinta-feira (05/11) a importante
descoberta de fósseis de anfíbios que viveram no período Permiano –
aproximadamente 278 milhões de anos atrás. Anteriores aos dinossauros,
as duas espécies inéditas de anfíbios arcaicos carnívoros foram
descobertas na cidade de Timon, no Maranhão, e Nazária, no Piauí. O
estudo, assinado por cientistas do Brasil, do Reino Unido, da Argentina,
da África do Sul, da Alemanha e dos Estados Unidos, foi publicado na revista Nature Communications.
Juan Carlos Cisneros, paleontólogo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) que participou da descoberta, explica que, durante o período Permiano, a Terra ainda se recuperava de uma glaciação. “Neste período, os continentes estavam unidos formando a Pangeia e a América do Sul estava deslocada ao sul da linha do Equador. A América do Norte e a América do Sul estavam ligadas, porém, havia uma grande barreira de montanhas entre elas. O mar ocupava boa parte da Amazônia”, conta.
É até difícil para nós, leigos, imaginar como era o planeta naquela época – felizmente, descobertas como esta ajudam a desvendar a aparência e os habitantes da Terra no passado. “Esse tipo de achado é uma peça importante do enorme quebra-cabeça que é a evolução e diversificação da vida no passado longínquo do nosso planeta”, comemora Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Somente os fósseis têm esse poder de descortinar mundos muito deferentes do atual”.
Uma das espécies recém-descritas, nomeada Timonya anneae e encontrada no Maranhão (seu nome homenageia a cidade de Timon, onde foi descoberta), era um pequeno anfíbio inteiramente aquático, com cerca de 40 centímetros de comprimento e membros curtos. “Timonya era uma excelente nadadora, seu corpo longo estava adaptado a uma natação serpenteante, no estilo das enguias”, conta Cisneros.
“A descoberta complementa em grande medida o nosso panorama sobre o passado remoto do Brasil e do planeta. Agora, sabemos que, no início do período Permiano, quando condições climáticas adversas imperavam no sul da América do Sul e da Pangeia – pois o planeta se recuperava de uma longa glaciação –, no norte da América do Sul, onde as condições eram mais amenas, a vida estava florescendo terra adentro”, disse Cisneros à CH Online.
Kellner aponta, ainda, que este é mais um dos motivos que justificam a alocação de recursos brasileiros na paleontologia. “Investir na coleta de fósseis fará com que as contribuições brasileiras tenham maior destaque no cenário mundial, internacionalizando a pesquisa realizada no nosso país”, aposta.
Everton Lopes
Instituto Ciência Hoje/ RJ
Juan Carlos Cisneros, paleontólogo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) que participou da descoberta, explica que, durante o período Permiano, a Terra ainda se recuperava de uma glaciação. “Neste período, os continentes estavam unidos formando a Pangeia e a América do Sul estava deslocada ao sul da linha do Equador. A América do Norte e a América do Sul estavam ligadas, porém, havia uma grande barreira de montanhas entre elas. O mar ocupava boa parte da Amazônia”, conta.
É até difícil para nós, leigos, imaginar como era o planeta naquela época – felizmente, descobertas como esta ajudam a desvendar a aparência e os habitantes da Terra no passado. “Esse tipo de achado é uma peça importante do enorme quebra-cabeça que é a evolução e diversificação da vida no passado longínquo do nosso planeta”, comemora Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Somente os fósseis têm esse poder de descortinar mundos muito deferentes do atual”.
Uma das espécies recém-descritas, nomeada Timonya anneae e encontrada no Maranhão (seu nome homenageia a cidade de Timon, onde foi descoberta), era um pequeno anfíbio inteiramente aquático, com cerca de 40 centímetros de comprimento e membros curtos. “Timonya era uma excelente nadadora, seu corpo longo estava adaptado a uma natação serpenteante, no estilo das enguias”, conta Cisneros.
- Crânio e parte do esqueleto de um jovem ‘Timonya anneae’, anfíbio arcaico que habitou lagos tropicais do Nordeste durante o período Permiano. Este espécime foi encontrado em Timon (MA). (foto: Juan Cisneros)
Para contar a história das Américas
Como a vida se espalhou pelo hemisfério Sul após o degelo? Como as espécies brasileiras se assemelham ou se diferenciam das demais? Os novos fósseis podem ajudar a responder essas e outras questões. Segundo Cisneros, as espécies encontradas aqui são parentes de espécies que habitaram o sul dos Estados Unidos no mesmo período, porém com algumas diferenças ósseas, provavelmente ocasionadas pelo clima e geografia distintos.“A descoberta complementa em grande medida o nosso panorama sobre o passado remoto do Brasil e do planeta. Agora, sabemos que, no início do período Permiano, quando condições climáticas adversas imperavam no sul da América do Sul e da Pangeia – pois o planeta se recuperava de uma longa glaciação –, no norte da América do Sul, onde as condições eram mais amenas, a vida estava florescendo terra adentro”, disse Cisneros à CH Online.
- Paleontólogo caminha em pedreira no município de Nazária (PI), onde uma das espécies foi encontrada. (foto: Kenneth Angielczyk).
Kellner aponta, ainda, que este é mais um dos motivos que justificam a alocação de recursos brasileiros na paleontologia. “Investir na coleta de fósseis fará com que as contribuições brasileiras tenham maior destaque no cenário mundial, internacionalizando a pesquisa realizada no nosso país”, aposta.
Instituto Ciência Hoje/ RJ
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