Esmalte do dente permite determinar sexo de esqueleto humano
Análise de fragmentos de proteína responsável pela formação da coroa
dentária ajudou a atribuir o sexo de remanescentes humanos de cerca de 5
mil ano.
RODRIGO DE OLIVEIRA ANDRADE |
Edição Online 20:17 27 de dezembro de 2017
Análise de fragmentos da proteína amelogenina permitiu identificação do sexo de esqueletos humanos de cerca de 5 mil anos.
A técnica se baseia na análise de fragmentos (peptídeos) da proteína amelogenina, responsável pela formação da coroa dentária, a parte visível dos nossos dentes. A amelogenina é codificada no cromossomo X, presente nos homens e nas mulheres, e no cromossomo Y, apenas nos homens, com poucas diferenças quanto às sequências de aminoácidos.
No estudo, os pesquisadores identificaram 23 diferenças entre a amelogenina codificada nos cromossomos Y e X. Em seguida, analisaram, às cegas, amostras de dentes humanos de múmias cujo sexo já era conhecido encontradas na região de Durham, na Inglaterra.
Os pesquisadores usaram uma pequena amostra do esmalte dentário das múmias e, em cada uma delas, foi aplicada uma solução ácida. O material dissolvido foi analisado em um espectrômetro de massa, usado para separar e identificar proteínas.
Após
ser coletada, amostra do esmalte dentário foi dissolvida e analisada em
um espectrômetro de massa, usado para separar e identificar proteínas.
O novo método apresenta-se como uma alternativa aos métodos empregados atualmente. “Hoje, para identificar o sexo de esqueletos, é preciso triturar dentes e ossos em uma solução específica para conseguir detectar o DNA por análise de PCR. Isso acarreta na destruição da amostra”, explica. “A vantagem da nova técnica é que ela não é invasiva, por se basear apenas na análise de proteínas presentes em uma pequena parte do esmalte dos dentes, que são preservados.”
Segundo ela, o próximo passo é analisar o desempenho da nova técnica em situações em que os ossos foram submetidos a altas temperaturas. “Sabe-se que nesses casos é difícil recuperar amostras de DNA”, explica a bióloga. “Vamos verificar se os peptídeos se mantêm bem preservados no esmalte do dente quando submetidos a situações similares às de incêndios”, completa.
Projeto
Busca e identificação de peptídeos de isoformas de amelogeninas codificadas especificamente a partir do cromossomo X ou do cromossomo Y em dentes humanos extraídos (nº 11/23963-3); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador responsável João Paulo Mardegan Issa (USP/Ribeirão Preto); Investimento R$ 31.919,17 (FAPESP).
Artigo científico
STEWART, N. A. et al. Sex determination of human remains from peptides in tooth enamel. PNAS. On-line. dec. 2017.
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