A influência da hibernação sazonal na vida dos lagartos
Estudo coletou amostras de sangue de seis teiús antes, durante e depois da hibernação
[28/02/2018]A aluna Gabriela De Sousa Martins defendeu hoje, 28 de fevereiro, sua tese de mestrado intitulada “Efeitos da variação metabólica sazonal sobre a hematologia e sistema bioquímico antioxidante de Salvator merianae (Squamata: Teiidae)”. O trabalho foi realizado por meio do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal.
Resumo:
Lagartos da espécie Salvator merianae possuem comportamento de hibernação sazonal, resultado de um ritmo fisiológico endógeno da espécie e caracterizado por redução drástica da taxa metabólica. Assim, há uma diminuição da atividade geral destes animais, os quais cessam sua movimentação e alimentação, além de reduzirem significativamente a frequência cardíaca e respiratória.
Dessa forma, a oscilação entre a estação ativa e hibernação em S. merianae tem como consequência uma exposição constante a situações de depleção e retomada do consumo de oxigênio, bem como de flutuações na formação de espécies oxidantes (EO), o que faz com que seja imprescindível a atuação de um sistema antioxidante eficaz que possa prevenir os danos oxidativos ao organismo destes animais.
Além disso, estes ajustes podem comprometer as células sanguíneas, uma vez que, em répteis, os valores hematológicos estão sujeitos a inúmeras alterações dependentes das condições fisiológicas e comportamentais às quais estão submetidos. Com isso, este estudo buscou avaliar as possíveis modificações na condição corporal geral, no metabolismo redox e perfil hematológico, decorrentes das mudanças fisiológicas e metabólicas únicas ocorridas no ciclo anual de S. merianae. Para isso foram utilizados seis espécimes de teiús, disponibilizados pelo Laboratório de Zoofisiologia Comparativa dos Vertebrados da UNESP de São José do Rio Preto – SP.
Os animais foram previamente pesados, a temperatura corpórea foi aferida e coletou-se amostras de sangue da veia caudal em três períodos: pré-hibernação (fevereiro), hibernação (julho) e despertar (agosto). O metabolismo redox consistiu na análise das enzimas antioxidantes, CAT, GPx, GR, G6PDH e GST, e biomoléculas oxidadas, enquanto o perfil hematológico foi avaliado por meio de hemograma.
Observou-se que durante o ciclo fisiológico de S. merianae os animais perdem relativamente pouca massa corpórea nos meses de hibernação, a qual é recuperada rapidamente no despertar. Além disso, a temperatura corporal oscila conforme o padrão comportamental dos animais nas diferentes estações do ano.
Com relação ao metabolismo redox, o aumento na atividade de algumas enzimas antioxidantes durante a hibernação e despertar, somado aos altos níveis de biomoléculas oxidadas, sugere que houve estresse oxidativo na condição hipometabólica, mas demonstra que estes animais são capazes de suportar oscilações no equilíbrio redox. Por fim, a hibernação em S. merianae demanda ajustes na série vermelha de modo a tornar o transporte de gases eficiente, e o hipometabolismo característico do período parece suprimir o sistema imune, como evidenciado na série branca do tecido sanguíneo.
Comissão Examinadora:
Prof.(A). Claudia Regina Bonini Domingos-Orientadora-Unesp/Sjrp
Prof.(A). Larissa Paola Rodrigues Venancio-Universidade Federal Do Oeste Da Bahia
Prof.(A). Kenia Cardoso Bícego-Fcav/Unesp
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