segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

 

GLOSSÁRIO EM SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA

 

ACCTRAN: do inglês “procedures that ACCelerates the evolutionary TRANsformation of a character”. Admite o surgimento anterior para uma posterior reversão.

 

ANAGÊNESE: modificação na forma (em um sentido amplo) de qualquer ramo filético, envolvendo heterocronia, mutação, recombinação, seleção, deriva genética, etc.

 

ANALOGIA: qualidade que identifica as estruturas análogas, ou seja, aquelas semelhantes na aparência, comumente de mesma designação, e de mesma função, mas sem uma base genealógica comum.

 

AUTAPOMORFIA: caracteres apomórficos exclusivos para um único ramo terminal em um cladograma.

 

APOMORFIA (=DERIVADO): a condição mais recente (no sentido temporal) de uma estrutura em uma série de transformação, surgida por modificação de uma condição anterior.

 

ARQUEOMORFIA: são as condições de caracteres presentes em um grupo, mas que são sinapomórficas para um nível mais abrangente de generalidade, ou seja, que são sinapomorfias de um grupo mais amplo do que aquele em foco.

 

ÁRVORES FILOGENÉTICAS: diagramas ramificados que refletem o modo pelo qual os táxons colocados nas extremidades relacionam-se historicamente; dendrograma que expressa relações filogenéticas tanto entre táxons terminais, quanto a grupos ancestrais e descendentes.

 

CARÁTER ou CARACTER: é a diferença entre partes ou entre estruturas de organismos diferentes, ou seja, quando há modificações envolvidas. É, portanto, um conceito abstrato e corresponde àquilo que foi modificado em uma estrutura; é a diferença entre a condição derivada e a primitiva.

 

CLADOGÊNESE: é a fragmentação espacial em um ramo filético (conjunto de populações que apresentam efetivamente fluxo gênico) em dois ou mais ramos isolados. Envolve, via de regra, um evento de vicariância ou dispersão.

 

CLADOGRAMA: é um dendrograma que expressa relações filogenéticas apenas entre táxons terminais (espécies ou grupos supra-específicos), evidenciadas por caracteres derivados compartilhados – sinapomorfias.

 

CONSENSO: síntese de informação entre cladogramas conflitantes.

 

CONVERGÊNCIA: caso de homoplasia em que em dois grupos genealogicamente distintos as condições plesiomórficas são alteradas, resultando na mesma condição apomórfica final (casos de homonímia).

 

DELTRAN: do inglês “procedures that DELays the evolutionary TRANsformation of a character”. Admite o surgimento posterior e independente caracterizando a convergência.

 

DENDROGRAMA: qualquer diagrama ramificado que conecta elementos.

 

ESTRUTURA: qualquer parte do corpo, qualquer expressão fenotípica com base genética, ou qualquer porção do DNA, como um locus gênico, por exemplo.

 

FILOGENIA: a genealogia dos grupos taxonômicos, isto é, a representação da seqüência com que surgiram ao longo do tempo. Representação das relações de parentesco entre os grupos taxonômicos.

 

GRUPO-IRMÃO: é o grupo externo monofilético mais próximo do grupo em estudo.

 

GRUPO MEROFILÉTICO: grupo que inclui um grupo ancestral e apenas parte dos seus descendentes.

 

GRUPO MONOFILÉTICO (= HOLOFILÉTICO): um conjunto de táxons incluindo um ancestral e todos os seus descendentes, ou ainda, grupo que compartilha um ancestral comum exclusivo. Obs.: o ancestral pode ou não ser reconhecido.

 

GRUPO PARAFILÉTICO: táxons cujos caracteres diagnósticos são primitivos (plesiomorfias); são grupos merofiléticos que resultam da exclusão de um ou mais grupos monofiléticos do menor grupo monofilético do qual fazem parte.

 

GRUPO POLIFILÉTICO: táxons cujos caracteres diagnósticos são homoplásicos; são grupos merofiléticos que resultam da exclusão de pelo menos um grupo parafilético do menor grupo monofilético do qual fazem parte.

 

HOMOLOGIA: qualidade que identifica as estruturas homólogas, ou seja, aquelas que são encontradas em grupos taxonômicos distintos, podendo executar funções distintas ou não, com aparência semelhante ou não, mas que possuem uma origem embriológica e filogenética comum.

 

HOMOPLASIA: casos de semelhança derivada adquirida independentemente em grupos distintos (espécies ou outros táxons).

 

ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA: mensuração do número de eventos homoplásicos para um determinado caráter ou para um determinado cladograma. É sempre um número maior que zero e menor ou igual a 1 e que será tanto menor quanto maior for o número de eventos homoplásicos no cladograma.

 

OTIMIZAÇÃO: procedimento de encontrar o melhor cladograma possível para um determinado número de caracteres.

 

OUT-GROUP (=GRUPO-EXTERNO): grupo utilizado na comparação com o grupo que está se analisando e que traz a informação dos caracteres primitivos (plesiomórficos). Em teoria todos os seres vivos pertencem ao grupo externo, mas na prática é possível delimitar com maior precisão devido ao conhecimento prévio do sistemata.

 

PARALELISMO: caso de homoplasia em que, uma mesma condição plesiomórfica é alterada de modo idêntico, em dois grupos distintos, produzindo neles uma condição apomórfica semelhante.

 

 

 

PARCIMÔNIA: solução para o conflito de caracteres baseada na economia das hipóteses propostas na evolução do grupo em questão. Consequentemente, cladogramas que admitem o menor número de eventos de surgimento de caracteres apomórficos (passos no cladograma) são mais aceitáveis do que outros que admitem um maior número de eventos. A parcimônia eleva o valor do I. C.

 

PLESIOMORFIA (primitivo): a condição pré-existente de uma estrutura que foi alterada resultando em uma condição nova.

 

POLARIZAÇÃO: orientação da direção da evolução, ou seja, dizer qual caráter é primitivo e qual é derivado.

 

POLITOMIA: ausência de conhecimento acerca das relações filogenéticas entre os táxons terminais.

 

REVERSÃO OU PSEUDO-SIMPLESIOMORFIA: quando uma característica arqueomórfica (sinapomórfica para um nível mais abrangente) sofre uma apomorfia que resulta em uma forma final semelhante à plesiomórfica original.

 

SÉRIE DE TRANSFORMAÇÃO: é a seqüência linear de modificações que uma determinada estrutura sofreu, tornando-se sucessivamente mais derivada (obs.: a transformação é linear, a evolução como um todo, nunca é).

 

SIMPLESIOMORFIA E SINAPOMORFIA: compartilhamento dos estados plesiomórficos e apomórficos, por grupos taxonômicos. Diz-se que um determinado caráter é simplesiomórfico para um determinado grupo, ou sinapomórfico para um determinado grupo. De outra maneira, diz-se que um caráter é uma sinapomorfia ou simplesiomorfia de um grupo.

 

TÁXON TERMINAL: qualquer classe cujos elementos são organismos biológicos e cuja definição é alguma semelhança entre seus membros. OBS.: cladogramas são expressões das relações filogenéticas entre táxons distintos, não obrigatoriamente do mesmo ranking taxonômico.

 

 

BIBLIOGRAFIA INDICADA

 

 

AMORIM, D. de S. 1994. Elementos básicos de Sistemática Filogenética. São Paulo: Soc. Bras. Entom., xii+314p.

 

ELDREDGE, N. & CRACRAFT, J. 1980. Phylogenetic Patterns and the Evolutionary Process. New York: Columbia Universisty, viii+349p.

 

HENNIG, W. 1966. Phylogenetic Systematics. Urbana III: University of Illinois.

 

WILEY, E. O. 1981. Phylogenetics. The Theory and Practice of phylogenetic systematics. New York: John Wiley & Sons.

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