GLOSSÁRIO EM SISTEMÁTICA
FILOGENÉTICA
ACCTRAN: do inglês “procedures that ACCelerates the evolutionary
TRANsformation of a character”. Admite o surgimento anterior para uma
posterior reversão.
ANAGÊNESE: modificação na
forma (em um sentido amplo) de qualquer ramo filético, envolvendo heterocronia,
mutação, recombinação, seleção, deriva genética, etc.
ANALOGIA: qualidade que
identifica as estruturas análogas, ou seja, aquelas semelhantes na aparência,
comumente de mesma designação, e de mesma função, mas sem uma base genealógica
comum.
AUTAPOMORFIA: caracteres
apomórficos exclusivos para um único ramo terminal em um cladograma.
APOMORFIA (=DERIVADO): a
condição mais recente (no sentido temporal) de uma estrutura em uma
série de transformação, surgida por modificação de uma condição anterior.
ARQUEOMORFIA: são as
condições de caracteres presentes em um grupo, mas que são sinapomórficas para
um nível mais abrangente de generalidade, ou seja, que são sinapomorfias de um
grupo mais amplo do que aquele em foco.
ÁRVORES FILOGENÉTICAS:
diagramas ramificados que refletem o modo pelo qual os táxons colocados nas
extremidades relacionam-se historicamente; dendrograma que expressa relações
filogenéticas tanto entre táxons terminais, quanto a grupos ancestrais e descendentes.
CARÁTER ou CARACTER: é a
diferença entre partes ou entre estruturas de organismos diferentes, ou seja,
quando há modificações envolvidas. É, portanto, um conceito abstrato e
corresponde àquilo que foi modificado em uma estrutura; é a diferença entre
a condição derivada e a primitiva.
CLADOGÊNESE: é a
fragmentação espacial em um ramo filético (conjunto de populações que
apresentam efetivamente fluxo gênico) em dois ou mais ramos isolados. Envolve,
via de regra, um evento de vicariância ou dispersão.
CLADOGRAMA: é um
dendrograma que expressa relações filogenéticas apenas entre táxons
terminais (espécies ou grupos supra-específicos), evidenciadas por
caracteres derivados compartilhados – sinapomorfias.
CONSENSO: síntese de informação
entre cladogramas conflitantes.
CONVERGÊNCIA: caso de
homoplasia em que em dois grupos genealogicamente distintos as condições
plesiomórficas são alteradas, resultando na mesma condição apomórfica final
(casos de homonímia).
DELTRAN: do inglês “procedures that DELays the evolutionary TRANsformation of a character”.
Admite o surgimento posterior e independente caracterizando a convergência.
DENDROGRAMA: qualquer diagrama
ramificado que conecta elementos.
ESTRUTURA: qualquer parte do
corpo, qualquer expressão fenotípica com base genética, ou qualquer porção do
DNA, como um locus gênico, por
exemplo.
FILOGENIA: a genealogia
dos grupos taxonômicos, isto é, a representação da seqüência com que surgiram
ao longo do tempo. Representação das relações de parentesco entre os grupos
taxonômicos.
GRUPO-IRMÃO: é o grupo externo monofilético
mais próximo do grupo em estudo.
GRUPO MEROFILÉTICO: grupo que
inclui um grupo ancestral e apenas parte dos seus descendentes.
GRUPO MONOFILÉTICO (=
HOLOFILÉTICO): um conjunto de táxons incluindo um ancestral e todos os seus
descendentes, ou ainda, grupo que compartilha um ancestral comum exclusivo.
Obs.: o ancestral pode ou não ser reconhecido.
GRUPO PARAFILÉTICO: táxons
cujos caracteres diagnósticos são primitivos (plesiomorfias); são
grupos merofiléticos que resultam da exclusão de um ou mais grupos
monofiléticos do menor grupo monofilético do qual fazem parte.
GRUPO POLIFILÉTICO: táxons
cujos caracteres diagnósticos são homoplásicos; são grupos merofiléticos que
resultam da exclusão de pelo menos um grupo parafilético do menor grupo
monofilético do qual fazem parte.
HOMOLOGIA: qualidade que
identifica as estruturas homólogas, ou seja, aquelas que são encontradas em
grupos taxonômicos distintos, podendo executar funções distintas ou não,
com aparência semelhante ou não, mas que possuem uma origem embriológica e
filogenética comum.
HOMOPLASIA: casos de
semelhança derivada adquirida independentemente em grupos distintos (espécies
ou outros táxons).
ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA:
mensuração do número de eventos homoplásicos para um determinado caráter ou
para um determinado cladograma. É sempre um número maior que zero e menor ou
igual a 1 e que será tanto menor quanto maior for o número de eventos
homoplásicos no cladograma.
OTIMIZAÇÃO: procedimento de
encontrar o melhor cladograma possível para um determinado número de
caracteres.
OUT-GROUP
(=GRUPO-EXTERNO): grupo utilizado na comparação com o grupo que está se
analisando e que traz a informação dos caracteres primitivos (plesiomórficos).
Em teoria todos os seres vivos pertencem ao grupo externo, mas na prática é
possível delimitar com maior precisão devido ao conhecimento prévio do
sistemata.
PARALELISMO: caso de
homoplasia em que, uma mesma condição plesiomórfica é alterada de modo idêntico,
em dois grupos distintos, produzindo neles uma condição apomórfica semelhante.
PARCIMÔNIA: solução para o
conflito de caracteres baseada na economia das hipóteses propostas na evolução
do grupo em questão. Consequentemente, cladogramas que admitem o menor número
de eventos de surgimento de caracteres apomórficos (passos no cladograma) são
mais aceitáveis do que outros que admitem um maior número de eventos. A
parcimônia eleva o valor do I. C.
PLESIOMORFIA (primitivo):
a condição pré-existente de uma estrutura que foi alterada resultando em uma
condição nova.
POLARIZAÇÃO: orientação da
direção da evolução, ou seja, dizer qual caráter é primitivo e qual é derivado.
POLITOMIA: ausência de
conhecimento acerca das relações filogenéticas entre os táxons terminais.
REVERSÃO OU
PSEUDO-SIMPLESIOMORFIA: quando uma característica arqueomórfica (sinapomórfica
para um nível mais abrangente) sofre uma apomorfia que resulta em uma forma
final semelhante à plesiomórfica original.
SÉRIE DE TRANSFORMAÇÃO: é a
seqüência linear de modificações que uma determinada estrutura sofreu,
tornando-se sucessivamente mais derivada (obs.: a transformação é linear, a
evolução como um todo, nunca é).
SIMPLESIOMORFIA E SINAPOMORFIA:
compartilhamento dos estados plesiomórficos e apomórficos, por grupos
taxonômicos. Diz-se que um determinado caráter é simplesiomórfico para um
determinado grupo, ou sinapomórfico para um determinado grupo. De outra
maneira, diz-se que um caráter é uma sinapomorfia ou simplesiomorfia de um
grupo.
TÁXON TERMINAL: qualquer
classe cujos elementos são organismos biológicos e cuja definição é alguma
semelhança entre seus membros. OBS.: cladogramas são expressões das relações
filogenéticas entre táxons distintos, não obrigatoriamente do mesmo ranking
taxonômico.
BIBLIOGRAFIA
INDICADA
AMORIM, D. de S. 1994. Elementos
básicos de Sistemática Filogenética. São Paulo: Soc. Bras. Entom., xii+314p.
ELDREDGE, N. & CRACRAFT, J. 1980. Phylogenetic
Patterns and the Evolutionary Process. New York: Columbia Universisty,
viii+349p.
HENNIG, W. 1966. Phylogenetic Systematics.
Urbana III: University of Illinois.
WILEY, E. O. 1981. Phylogenetics. The
Theory and Practice of phylogenetic systematics. New York: John Wiley &
Sons.
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