segunda-feira, 9 de maio de 2011

Por: Bruno Fernandes Takano

O romeno E.G. Racovitza, ao publicar o seu “Essai sur les problèmes biospéologiques1 em 15 de maio 1907, fundou um ramo da biologia chamado Biospeleologia (do grego bios = vida; spelaion = caverna; logos = estudo) que ficou definido como a “ciência das formas de vida do ambiente subterrâneo”2. Atualmente, a Biologia Subterrânea (termo mais moderno e abrangente que Biospeleologia e Espeleobiologia) dedica-se ao estudo dos organismos que vivem no meio subterrâneo3, assim como interações entre as espécies e relações entre organismo e ambiente.

Diferentemente da espeleologia, que estuda cavernas (cavidades subterrâneas que permitem o acesso aos seres humanos), a Biologia Subterrânea tem como alvo de estudo todos os ambientes subterrâneos ou hipógeos (hypos = sob, embaixo; geos = terra). O meio subterrâneo compreende os conjuntos de cavidades interconectadas do subsolo, de tamanhos variáveis, formado por grandes redes de espaço heterogêneo e que podem ser preenchidos por ar ou água3. Desta maneira, são objetos de estudo da Biologia Subterrânea todos os espaços subterrâneos, por menores que sejam, que possibilitem a colonização de qualquer organismo.

O ambiente subterrâneo tem como característica mais marcante a ausência permanente de luz, exceto em locais em contato com o meio epígeo (epi = sobre, em cima; geos = terra). Essa e outras características impõem condições bastante difíceis à vida nesse meio. Por esse motivo, apenas os animais hipógeos ou epígeos com adaptações conseguem sobreviver nesse ambiente.
Os organismos encontrados em ambientes subterrâneos podem ser divididos nas seguintes categorias:
  • Troglófilos: são capazes de completar seu ciclo tanto no meio subterrâneo quanto no meio epígeo. São chamados de cavernícolas facultativos. Exs: grilos, opiliões.
  • Trogloxenos: necessitam retornar periodicamente à superfície para completar seu ciclo de vida. Exs: morcegos, sapos.
  • Troglóbios: espécies restritas ao meio subterrâneo, geralmente com modificações associadas ao isolamento neste ambiente. Exs: Aegla microphthalma (um crustáceo albino), bagre cego do PETAR.
Existem ainda os animais que adentram o ambiente subterrâneo acidentalmente ou mesmo à procura de alimento e, pela incapacidade de orientarem-se, não conseguem alimentar-se e morrem.
A Biologia Subterrânea busca responder questões como: que organismos vivem no meio subterrâneo? Como conseguem sobreviver em condições tão diferentes das da superfície? Como interagem entre si? Quais são suas características mais comuns e importantes? De onde vieram e como evoluíram até chegarem ao que são atualmente? Como protegê-los?3

Bibliografia

1 – Racovitza, E. G., 1907. Essai sur les problèmes biospéologiques (Biospeleogica I). Arch. Zool. Éxper. Gen., Paris, 4e Série, 6, 371–488, 1907.

2 - Negrea, Ş., 2007. Historical development of biospeleology in Romania after the death of Emile Racovitza. Trav. Inst. Spéol. «Émile Racovitza», t. XLV–XLVI, p. 131–167, Bucarest, 2006–2007.

3 – Trajano, E. & Bichuette, M. E., 2006. Biologia subterrânea: introdução. Redespeleo Brasil, São Paulo. 92 p. 2006.

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