LAGARTO SEM OLHOS E SEM PATAS É DESCOBERTO NO CAMBOJA (com resenha)
Cientistas anunciaram a descoberta de uma nova espécie de lagarto, sem olhos e sem patas, no Camboja, país do sudeste da Ásia.
O zoólogo Neang Thy, do Ministério do Meio Ambiente cambojano, e a organização de defesa ambiental FFI (Fauna & Flora International) encontraram a criatura, parecida com um verme ou uma cobra, na região das montanhas Cardamomo.
O zoólogo notou a presença do lagarto quando revirou um pedaço de madeira no chão da mata e capturou a criatura.
“Primeiro pensei que era uma espécie comum”, disse o zoólogo, que estuda répteis e anfíbios há quase dez anos no Camboja. Mas logo percebeu que se tratava de uma nova espécie.
O réptil evoluiu para viver embaixo da terra, perdendo as patas para conseguir passar pelo solo ao retorcer o corpo.
Thy e seus colegas confirmaram que esta é uma nova espécie e publicaram a conclusão na revista especializada “Zootaxa”.
O novo lagarto foi chamado de lagarto cego da Montanha Dalai (Dibamus dalaiensis), devido à montanha onde foi encontrado.
UM ANO
A bióloga Jenny Daltry, também da FFI, comentou que foi necessário quase um ano para ter certeza de que se tratava realmente de uma nova espécie.
“Eles tiveram que analisar todas as descrições científicas de todas as outras espécies (…) e analisar as espécies em museus”, disse Daltry à BBC.
“O que é realmente animador sobre isto é que esta foi a primeira vez que um cidadão cambojano descobriu uma nova espécie, juntou todas as provas científicas e publicou a descoberta.”
Daltry afirma ainda que existem vários outros lagartos sem patas na natureza, como uma espécie do Reino Unido.
Diferentemente das cobras, os lagartos sem patas não tem a língua bifurcada.
Além disso, a maioria das cobras tem apenas um pulmão, enquanto os lagartos têm dois, explica a cientista. “A maioria dos lagartos também conseguem piscar, algo que as cobras não conseguem. Mas este novo lagarto não tem olhos.”
Fonte: Folha
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Resenha do autor
Bem as vezes os zoólogos dão a sorte de encontrar animais como estes e até cobras com resquícios evolutivos. Em baleias isso é bastante evidente, na verdade nos mamíferos aquáticos isso é bastante evidente quando se avalia anatomicamente os membros superiores que fazem parte da nadadeira. A nadadeira geralmente segue o modelo anatômico de um membro terrestre.
Em animais como este, que apesar de ser um lagarto não mais é possível ver seus membros vestigiais como é possível ver em algumas serpentes. Há uma confusão muito grande sob como teria ocorrido a evolução dos repteis.
Muitas pessoas acreditam que os repteis com membros e dotados da visão surgiram de ancestrais sem membros e cegos. Uma enorme erro, quando na verdade todos os grupos dos tetrapodos surgiram com seus e alguns grupos os perderam.
A linhagem dos repteis surgiu junto com as linhagens dos mamíferos, de um amniota ancestral em comum. Ancestralidade dos lagartos Squamata data 230 milhões de anos, ou seja, do Permiano para o Triássico.
A diferenciação entre lagartos e serpentes se deu no Mesozóico, separando iguanas e camaleões dos outros lagartos serpentes e anfisbenas (Scleroglossa). Os Scleroglossa capturam suas presas utilizando a mandíbula e a quimiorrecepção com o uso da língua bífida e o órgão de Jacobson, enquanto os camaleões e iguanas usam as longas línguas.
O surgimento das serpentes não é claro pela ausência de fósseis, mas há duas hipóteses. A mais incomum afirma que seus ancestrais eram os mosassaurideos aquáticos e a outro hipóteses refere-se aos lagartos varanídeos.
A hipótese mais aceita é de os lagartos varanídeos eram criptozóicas, caçavam animais que se escondiam em galerias do solo. Embora pudessem ter olhos reduzidos pressões seletivas forçaram a preservação de olhos grandes quando adotaram um comportamento terrestre e não mais criptozóico. O surgimento da serpentes é dado como 135 milhões de anos, no final do Jurássico e a anatomia do olho com ausência de pálpebras evidencia a evolução destes animais.
Existem determinados genes que são responsáveis pela definição das posições anatômicas do indivíduo, são denominados genes Hox. O mais interessante é que estes genes são conservados em diferentes organismos, dos homens a ratos, repteis anfíbios, peixes, artrópodos e etc.
É bem possível que apenas mudanças das seqüências do DNA possam alterar a forma como estes genes interagem com outros genes, como ausência de apêndice abdominal em inseto e a sua presença em crustáceos.
O gene Hoxc6 é expresso na coluna vertebral, sinalizando onde deve ocorrer a transição entre vértebras cervicais e torácicas. Então se ocorrer um deslocamento da espressão gênica no corpo podemos definir planos corporais diferentes, como pescoços longos e pescoços curtos.
Em serpentes o deslocamento foi tão radical que não há formação das vértebras cervicais, perdendo o pescoço e aumentando as torácicas. O mais impressionante de tudo é que este gene é expresso tanto em serpentes quanto em gansos, mudando somente a região onde é expresso de acordo com o que a evolução moldou e prevê sob os aspectos genéticos e moleculares.
Portanto, tanto do ponto de vista anatômico quanto do ponto de vista genético/molecular é possível explicar claramente como os genes e a informação que eles carregam podem mudar drásticamente ao longo dos anos sob diferentes mecanismos e atuando de maneiras diferentes.
Só mais um ultimo detalhe que somente um biólogo evolucionista veria. A legenda apresentada na figura da reportagem original trás a informação “Nova espécie de lagarto é parecida com cobra; o réptil provavelmente perdeu as patas para viver embaixo da terra”. Existe um erro tremendo nesta afirmação que provavelmente não foi escrita por um especialista.
O réptil não perdeu as patas para viver de baixo da terra, isso soa como lamarckismo, ou certa intencionalidade. Temos mão para pegar as coisas ou pegamos as coisas porque temos mãos?
Quando temos mão para pegar as coisas acredita-se que ela foi criada intencionalmente para tal função. Quando as mão pegam, significa que elas adquiriram essa função após terem sido criadas (no caso, pela evolução, no grupos do tetrapodos). A forma com que se dispõem a informação na internet conta muito e pode gerar falsas ou errôneas interpretações sob a evolução das espécies.
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