Mais um galho na árvore dos primatas
Descoberta nova espécie de macaco, restrita a uma pequena área no noroeste do Mato Grosso. Pesquisadores apontam que o achado pode ajudar a valorizar a única reserva extrativista do estado.
Por: Mariana Ferraz Publicado em 14/11/2011 | Atualizado em 14/11/2011
Cauda de tons laranjas e marrons chamou a atenção do pesquisador, que logo imaginou que se tratava de uma nova espécie de macaco. (foto: Julio Dalponte)
De distribuição aparentemente restrita à reserva, a espécie integra o gênero Callicebus, conhecido localmente como zogue-zogue, e ainda não recebeu seu nome científico, uma vez que o processo de descrição continua em andamento.
Os créditos da descoberta vão para os biólogos Júlio Dalponte, diretor executivo de uma empresa de serviços ambientais, e José de Souza e Silva Jr., do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Dalponte conta que os tons laranjas e marrons da cauda do animal chamaram sua atenção em meio a folhagem. "Quando vamos para o campo, temos uma imagem na cabeça do que pode ser encontrado no local e ficamos atentos a essas características. Assim, quando vi as cores da cauda do animal imaginei logo que se tratava de uma nova espécie."
O macaco recém-descoberto é de pequeno porte, como saguis e micos, o que o torna incapaz de atravessar rios com margens distantes cujas árvores não se encostam nas copas. Os pesquisadores acreditam que o fato pode ajudar a entender a distribuição do animal.
"Espécies do gênero Callicebus são restritas a interflúvios e a reserva está exatamente entre os rios Roosevelt e Guariba. Sabemos que o rio Roosevelt impede a passagem dos animais, mas ainda precisamos confirmar se o mesmo acontece com o Guariba", explica Dalponte, completando que há suspeita de que a margem direita deste último rio possa abrigar outra espécie de macaco nova para a ciência.
De olho na reserva
A Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt é parte de um pequeno mosaico de unidades de conservação em meio a uma área sob forte pressão da expansão agropecuária. Com 138 mil hectares e 52 famílias, trata-se da única reserva extrativista do Mato Grosso.Para Dalponte, a descoberta pode ajudar a valorizar o trabalho na reserva. "É uma descoberta que pode dar visibilidade ao local, ajudando a atrair recursos. Trata-se de uma área com forte interferência humana e poucas partes protegidas. Sua existência é um alento."
O pesquisador pretende voltar para o campo o mais brevemente possível para conhecer melhor a distribuição do animal e compará-la com a das outras espécies de macaco que ocorrem no local. Enquanto isso não acontece, Dalponte e o pesquisador do Museu Goeldi, José de Sousa e Silva Jr., pensam em como batizar a espécie.
"Pensamos em homenagear um dos mais antigos e importantes primatólogos do Brasil, o pesquisador Milton Thiago de Melo. Quase centenário, ele ainda não conta com animais batizados em sua homenagem."
A expedição na qual se descobriu a nova espécie foi promovida pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso, a empresa Mapsmut e a WWF-Brasil com o intuito de subsidiar a construção do plano de manejo da área.
Mariana FerrazCiência Hoje On-line/ AM
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