Resumão Educação
EDUCAÇÃO
Educar é promover o desenvolvimento
físico, intelectual e moral de um indivíduo, com o objetivo de
integrá-lo à sociedade, por meio da transmissão de valores e
conhecimentos acumulados. Toda sociedade, por mais simples que seja, tem
algum sistema de educação. Neste capítulo, no entanto, o termo educação
refere-se, no geral, ao sistema em que o aprendizado se dá de uma forma
organizada, numa sequência de etapas a ser vencidas sucessivamente, do
ensino fundamental ao superior – chamada de educação formal, oferecida
em escolas e universidades, que segue normas definidas pelo governo.
Essa educação formal é voltada principalmente para crianças e jovens.
Mas a crescente complexidade da vida em sociedade – resultante dos
avanços tecnológicos e traduzida na alta competição no mercado de
trabalho – exige que o cidadão dedique um período cada vez maior da vida
aos estudos.
EDUCAÇÃO NO MUNDO
No Ocidente, a origem da educação
formal, como a conhecemos, está ligada à Igreja Católica. Durante a
Idade Média, por volta do século XII, os monges constituem a maior parte
da população instruída da Europa. Pouco a pouco, os mosteiros, que já
tinham atividades voltadas para a formação intelectual dos monges,
passam a ter também escolas para as crianças e para os jovens da região
onde estavam instalados – num ensino baseado na manutenção das
hierarquias sociais e na valorização da fé religiosa.
No século XVIII, consolidadas as ideias
da revolução científica (que definiu um novo modo de enxergar o mundo
natural) e do Iluminismo, a nova ordem mundial imposta pela Revolução
Industrial desbanca a religião como força moldadora da educação. A
ciência e a razão passam a constituir o caminho para o aperfeiçoamento
do espírito humano e para a melhoria das condições materiais de vida da
sociedade. A burguesia do século XIX associa a essa visão laica da
educação um aspecto eminentemente prático e positivista, em busca do
progresso: a necessidade de preparar mão de obra capaz de lidar com a
crescente complexidade da tecnologia do mundo industrializado. A
escolarização cada vez maior de trabalhadores promove, sobretudo nos
países ricos, a expansão da educação. Nesse momento, nascem os sistemas
nacionais de educação.
A partir do século XX, a educação sofre
profundas transformações. A explosão demográfica mundial, o aumento das
diferenças entre pobres e ricos, a economia baseada na produção em
grande escala, a crescente dependência da ciência e da tecnologia e a
importância dos meios de comunicação de massa associam a educação ao
desenvolvimento das nações: supõe-se que, quanto mais educado for um
povo, maior será a riqueza da sociedade. Hoje, as teorias econômicas
reconhecem a educação como capital humano – uma ferramenta que não
apenas aumenta o desempenho individual de um trabalhador como é decisiva
para a geração de riquezas e para o crescimento econômico de um país.
Assim, as políticas voltadas para a melhoria dos sistemas educacionais
são muito valorizadas para diminuir as desigualdades sociais, e a
educação constitui um dos indicadores adotados por organismos
internacionais para medir o desenvolvimento de uma nação e a qualidade
de vida de sua população.
A disseminação da informática e a nova
ordem mundial imposta pela globalização quebram alguns dos paradigmas
mais consagrados dos modelos pedagógicos válidos até então. Em menos de
uma geração, o tradicional aprendizado por meio de livros passa a
conviver com as ferramentas audiovisuais e virtuais. Afora isso, a
internet permite uma propagação de valores e troca de informações jamais
vista entre sociedades e grupos antes relativamente isolados. Assimilar
as mudanças tecnológicas nos meios pelos quais se adquire conhecimento,
que vão além da educação formal, constitui grande desafio para os
educadores do século XXI.
EDUCAÇÃO NO BRASIL
A Igreja traz a educação formal para o
Brasil. Na segunda metade do século XVI, os jesuítas criam as escolas de
alfabetização para a catequese dos indígenas. Esse sistema de ensino,
que transmite valores e costumes europeus, serve à educação também dos
filhos dos colonos até meados do século XVIII.
Quando expulsa os jesuítas do Brasil, em
1759, Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, tenta implantar
um sistema educacional com objetivos mais pragmáticos. Estabelece a
secularização da educação e institui o ensino público no país. A
transferência da família real portuguesa para terras brasileiras, em
1808, resulta na fundação dos primeiros cursos superiores. Com a
proclamação da República, em 1889, o planejamento educacional brasileiro
cai numa gangorra, que alterna a importância das humanidades e das
ciências naturais. A educação passa por reformas periódicas, que alteram
objetivos e prioridades do ensino. Na maior parte do século XX, as
escolas públicas têm a função de preparar os estudantes para o ensino
superior.
Historicamente, o Brasil se atrasou na
implantação de uma rede nacional de ensino. Enquanto as colônias
espanholas na América abrigavam universidades já em meados do século
XVI, o país teve sua primeira universidade apenas em 1920, com a
Universidade do Rio de Janeiro. Ela foi o embrião da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, fundada em 1965. Onze anos depois da fundação
da primeira universidade, é feita uma reforma na educação, durante o
governo de Getúlio Vargas, que cria o Estatuto das Universidades e passa
a determinar o modelo do ensino superior. Alguns desafios básicos já
foram vencidos: atualmente, quase todas as crianças entram na escola. No
entanto, a porcentagem da população que se mantém nos bancos escolares
cai drasticamente à medida que se avança na faixa etária e no nível de
ensino.
ANALFABETISMO
Existem várias definições de
analfabetismo. No Brasil, são consideradas analfabetas as pessoas com
mais de 15 anos incapazes de ler e escrever um bilhete simples. Há
também o analfabetismo funcional, que se refere a adultos que têm nível
de instrução equivalente ao de três anos do ensino fundamental. Supõe-se
que essas pessoas não tenham condições de ler nem de compreender textos
relativamente simples. O analfabetismo é o principal indicador de
atraso educacional de um país, já que ler e escrever é o ponto
fundamental para o processo de aprendizagem do indivíduo na escola, de
seu desenvolvimento no mercado de trabalho e de participação da vida
social e política da nação.
De acordo com a Unesco, 775 milhões de
pessoas no mundo, com 15 anos de idade ou mais, são analfabetas. Segundo
a organização, 75% dos adultos analfabetos se concentram no sul da Ásia
– Bangladesh, China e Índia – e na África Subsaariana – na Nigéria. O
relatório do programa Educação para Todos 2012, da Unesco, afirma que,
com os efeitos da crise econômica global, há o perigo real de que muito
do progresso dos últimos dez anos possa parar ou ser revertido. Segundo o
relatório, a educação está em risco, e os países devem desenvolver
abordagens mais abrangentes para proteger as populações vulneráveis e
superar as desigualdades. A estimativa da organização é que haverá 710
milhões de analfabetos em 2015.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) de 2012, realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo da população
brasileira aumentou ligeiramente de 8,6% em 2011 para 8,7% em 2012 – o
que equivale a 13,2 milhões de pessoas. A Região Sul apresenta a menor
taxa, de 4,4%, e a Nordeste, a maior, de 17,4%. O Sudeste tem taxa de
4,8%, o Centro-Oeste, de 6,7%, e o Norte, de 10,0%. A população de 10
anos ou mais de idade atingiu, em 2012, uma média de 7,5 anos de estudo.
A taxa de analfabetismo funcional, conforme o IBGE, é de 18,3% em 2012.
MÉTODOS PEDGÓGICOS
O método pedagógico é o caminho que o
professor segue para educar os alunos. Todo método é construído sobre
teorias da aprendizagem e leva em conta o objetivo do ensino. Ele é
importante nos primeiros anos de escolarização, principalmente na
alfabetização, quando se espera que o aluno construa um arcabouço
psicológico e intelectual que lhe sirva de base para seguir se
desenvolvendo.
No decorrer da história, formalizaram-
se diversas teorias de aprendizagem e, por consequência, variados
métodos de ensino. Atualmente, a maioria das escolas não segue um único
método, mas, sim, uma mescla de ideias. Veja alguns dos principais
métodos pedagógicos em uso no Brasil.
ENSINO TRADICIONAL
Herança das escolas públicas francesas
do período iluminista, no século XVIII, as escolas que seguem o ensino
tradicional costumam ter um currículo com ênfase no conteúdo. O
professor está no centro do processo como o grande transmissor de
informações. O aluno deve demonstrar que compreendeu o que o professor
ensinou, submetendo-se a sistemas de avaliação que aferem a quantidade
de informação absorvida. Criticado nas décadas de 1970 e 1980, o ensino
tradicional volta a ganhar espaço nas escolas brasileiras no fim dos
anos 1990. Diante da avalanche de informações trazida pelos meios
audiovisuais, muitos pedagogos passaram a considerar a necessidade de
oferecer às crianças e aos jovens uma base sólida de informação que
sirva de sustentação para o desenvolvimento do espírito crítico.
MÉTODO CONSTRUTIVISTA
Método de aprendizagem baseado na teoria
desenvolvida pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980). No
construtivismo, o aluno está no centro do processo de aprendizagem. Cabe
ao docente pôr os alunos diante de situações variadas de modo que eles
próprios busquem soluções e construam o conhecimento com base em suas
experiências pessoais. O professor deve estimular nos estudantes a
curiosidade rumo à descoberta de novos conceitos, respeitando o
desenvolvimento e o amadurecimento de cada um.
Seguidora de Piaget, a psicóloga
argentina Emilia Ferreiro (1936-) analisou o processo de alfabetização
construtivista. Emilia deslocou a importância do ensinar para a do
aprender. Percebeu, por exemplo, que toda criança passa pelos mesmos
estágios de aprendizagem, superando suas limitações e familiarizando-se
com as normas da língua aos poucos. A alfabetização leva em conta as
representações e as interpretações que o próprio estudante dá à escrita.
MÉTODO MONTESSORI
Desenvolvido pela médica italiana Maria
Montessori (1870-1952), era destinado originalmente à educação de
crianças portadoras de deficiências mentais. Depois, foi estendido a
qualquer criança. Pretende estimular o espírito de iniciativa e a
responsabilidade da criança sobre o próprio aprendizado. Por intermédio
da autoeducação, ela deve alcançar maior domínio sobre seu corpo e sobre
o meio em que vive. Materiais didáticos variados, criados pela própria
autora, ativam as percepções sensoriais e motoras do aluno. As tarefas
do dia a dia fazem parte do currículo. As crianças devem cuidar, por
exemplo, da limpeza da sala de aula. As classes não são separadas por
faixa etária, mas pelo estágio de desenvolvimento motor e emocional dos
estudantes. O processo de alfabetização Montessori tem como referência o
método fonético, que considera o som das letras.
MÉTODO PAULO FREIRE
Processo de alfabetização de adultos
desenvolvido pelo educador pernambucano Paulo Freire (1921-1997). Para
Freire, o domínio da leitura e da escrita é uma forma de
conscientização, participação e superação de situações de opressão
social. O objetivo, então, é fazer com que os adultos aprendam a ler e a
escrever de forma crítica e contextualizada, e não mecânica. O método
Paulo Freire está associado ao movimento de educação popular e aos
centros de cultura popular que se formam no início da década de 1960,
principalmente nas regiões mais pobres do país, e tem como base os
trabalhos e as discussões em grupo. A fase inicial é o levantamento do
universo vocabular – palavras e expressões típicas ligadas ao trabalho
de cada integrante e com significado e sentido emocional no contexto do
grupo. Desse conjunto são selecionadas palavras geradoras, que,
decompostas em seus elementos silábicos, permitem a construção de novas
palavras.
MÉTODO PAULO WALDORF
Baseado na antroposofia, doutrina criada
pelo pesquisador austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), o método
pretende obter o desenvolvimento harmonioso do ser humano, integrando os
aspectos físico, emocional e espiritual. Foi empregado pela primeira
vez com filhos dos operários da fábrica Waldorf-Astoria, na Alemanha.
Nas escolas que seguem o método, os alunos são agrupados por faixa
etária, e não por série, respeitando as diferentes etapas do
desenvolvimento biológico durante o processo de aprendizagem. O
professor acompanha a mesma turma do início dos estudos até os 14 anos. A
alfabetização completa-se na 2ª ou 3ª série. Valoriza, além das
disciplinas convencionais, a formação ética e estética: os estudantes
têm aulas de música, trabalhos artesanais e teatro.
DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
A Constituição Federal de 1988 garante a
educação como um direito social, ao lado de outros, como saúde,
alimentação, trabalho, moradia e lazer. Define como objetivos da
educação “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A Carta
Magna estabelece, também, as obrigações de todas as esferas do poder
público. À União compete organizar o sistema federal de ensino e o dos
territórios, financiar as instituições de ensino públicas federais,
distribuir e suplementar verbas e assistência técnica aos estados,
municípios e ao Distrito Federal. Estados e municípios devem trabalhar
integrados, cabendo aos municípios, prioritariamente, a educação
infantil e o ensino fundamental. Os estados e o Distrito Federal têm de
atuar principalmente nos ensinos fundamental e médio.
As principais diretrizes educacionais
brasileiras são detalhadas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que
determina a aprovação, pelo Congresso Nacional, de um Plano Nacional da
Educação (PNE), com metas a ser alcançadas em um prazo de dez anos.
Paralelamente a essas exigências constitucionais, o governo federal
estabelece, em 2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com
vista a elevar a qualidade do ensino brasileiro.
LEI DE DIRETRIZES E BASES
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) é a principal lei federal que regulamenta a educação no Brasil, de
acordo com a Constituição. Aprovada em dezembro de 1996, sob o nº
9394/96, a LDB é também conhecida como Lei Darcy Ribeiro, em alusão ao
educador que foi um de seus principais formuladores. Com 92 artigos, ela
reforça o direito de todo brasileiro ao acesso gratuito à educação
fundamental e prevê a gradativa extensão dessa condição ao ensino médio.
Detalha o papel da União, dos estados, dos municípios e do Distrito
Federal em relação à educação, articula suas ações e determina as
obrigações gerais das instituições de ensino, dos professores e dos
outros profissionais da área. Define os níveis da educação no Brasil,
apresenta referenciais curriculares e estabelece a carga horária mínima
para cada um, nas diversas modalidades.
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
O Plano Nacional da Educação (PNE),
previsto na Constituição Federal, cumpre a função de orientar os
esforços dos governos federal, estaduais e municipais para a melhoria na
educação brasileira. Complementando as orientações e diretrizes da Lei
de Diretrizes e Bases, o PNE estabelece metas qualitativas e
quantitativas gerais, a ser alcançadas em, no máximo, dez anos.
O
primeiro PNE foi instituído pela Lei nº 10.172, de 2001, e vigorou no
decênio 2001-2010. Entre seus objetivos gerais estavam: elevação do
nível de escolaridade da população, melhora na qualidade do ensino,
redução das desigualdades sociais e regionais quanto ao acesso à escola e
à permanência nela e abertura da gestão do ensino público à
participação da comunidade. O PNE estabelecia prioridade para os
investimentos na preparação de professores e profissionais da educação,
na manutenção das instalações e dos equipamentos escolares e na
existência de instrumentos que garantissem a frequência dos estudantes
na instituição. Uma das principais razões pelas quais algumas metas não
foram alcançadas foi a indefinição, no PNE, da origem dos recursos
necessários.
Em 2011, deveria ter sido inaugurado o
novo PNE. Alguns dos objetivos do primeiro plano que não foram atingidos
constam no projeto de lei, válido para o período 2011-2020. A nova
proposta tem dez diretrizes e 20 metas, e a maioria dos objetivos é
quantificavél por estatísticas, o que facilita sua aferição. Os
patamares mínimos de investimento no ensino e valorização da carreira
docente fazem parte do projeto. Em junho de 2012, foi aprovado pela
Câmara o investimento de 10% do PIB para a educação. Em setembro de
2013, tramitava no Senado e, se houver mudanças no texto, deverá voltar
para a Câmara para nova votação.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
O Plano de Desenvolvimento da Educação
(PDE), apresentado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2007, define
metas específicas para as escolas de cada estado e município, com base
no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ao aderirem ao
plano, os estados e municípios assumem o compromisso de elevar
gradativamente seu Ideb até 2021. O governo federal, por sua vez,
garante – por meio de cerca de 40 programas – recursos financeiros e
técnicos para ajudar as escolas e as regiões mais carentes do país. Mais
de 98% dos então 5.565 municípios brasileiros aderiram ao plano.
Destes, foram priorizados 1.242 municípios e 7.985 escolas públicas com
os índices mais baixos do país, que receberam a visita de técnicos do
MEC e elaboraram estratégias conjuntas para melhorar os indicadores.
Além do suporte técnico e financeiro do
MEC, o plano prevê investimentos na formação contínua de professores, na
construção de creches e pré-escolas, na criação de bolsas de estudo
para jovens de famílias com baixa renda e na universalização de
laboratórios de informática em escolas públicas. As ações propostas pelo
PDE envolvem, ainda, questões de infraestrutura que vão além dos
limites da sala de aula, como o acesso de 18 mil escolas à energia
elétrica e o financiamento para a renovação da frota de veículos para
transporte escolar das prefeituras e para a melhoria da saúde do
estudante. Mas a lentidão no repasse dos recursos atrasa boa parte dos
investimentos.
O plano trata também do estabelecimento
de uma política salarial para os docentes. Em julho de 2008, o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou projeto de lei que
institui o piso salarial nacional para os professores da rede pública.
Cinco estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso
do Sul e Ceará – levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a regulamentação,
argumentando que ela feriria a autonomia dos estados e municípios e
criaria custos que poderiam ultrapassar o teto determinado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Em abril de 2011, o STF decidiu pela
constitucionalidade da lei, mantendo o piso salarial nacional. O piso
deve ser reajustado anualmente com base no custo-aluno, definido pelo
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em 2013, o valor do
piso é de 1.567 reais.
ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
A educação escolar brasileira é dividida
em nível básico e nível superior. O nível básico tem três etapas –
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – e três
modalidades de ensino – educação especial, educação de jovens e adultos e
educação profissional.
No Brasil, existem 192.676 instituições
de educação básica – entre ensinos infantil, fundamental, médio,
especial e de jovens e adultos –, das quais 154.616 são públicas e
38.060, privadas, conforme o Censo da Educação Básica de 2012. Entre as
instituições de educação superior, do total da rede de 2.416 unidades,
304 são públicas e 2.112 são privadas, segundo o Censo da Educação
Superior de 2012. Enquanto o ensino básico é dominado pela rede pública
(80%), no ensino superior a maioria das instituições (87%) pertence à
rede privada.
O sistema educacional nacional é
responsabilidade direta do Ministério da Educação (MEC), o braço do
Poder Executivo federal encarregado de direcionar investimentos,
implementar políticas públicas e definir normas gerais para as ações dos
estados e municípios. O MEC (www.mec.gov.br) – com suas diversas
secretarias e autarquias – é o principal órgão responsável pelo ensino
superior público do país e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE). Uma dessas autarquias é o Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que promove estudos e
levantamentos sobre a educação brasileira, com o objetivo de subsidiar a
formulação e a implementação de políticas públicas para a área. A
pós-graduação é administrada por outra autarquia: a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável pela
autorização de funcionamento, pelo reconhecimento e pela avaliação dos
programas de mestrado e doutorado do país.
EDUCAÇÃO BÁSICA
É aquela que, em princípio, deve ser
proporcionada a todos os brasileiros com idade entre 0 e 17 anos. O
objetivo é fornecer às crianças e aos adolescentes uma bagagem de
conhecimentos e habilidades essenciais para que possam exercer a
cidadania e progredir no trabalho e nos estudos. Deve dar condições ao
educando de prosseguir os estudos numa área específica de seu interesse,
em etapas posteriores. A Lei de Diretrizes e Bases determina que, na
educação básica, a carga mínima anual seja de 800 horas, distribuídas
em, no mínimo, 200 dias letivos. O currículo deve incluir,
obrigatoriamente, língua portuguesa, matemática, estudo do mundo físico e
natural e da realidade social e política, principalmente do Brasil. As
escolas têm de oferecer, ainda, educação física, religiosa e, a partir
do 6o ano do ensino fundamental, pelo menos uma língua estrangeira
moderna, não especificada para o ensino fundamental, com a exigência de
que deve existir a oferta de espanhol para o ensino médio.
O Censo Escolar da Educação Básica 2012,
realizado pelo Inep, contabilizou cerca de 50,5 milhões de matrículas
em 2012 (veja o quadro). Desse total, 45,9% estão em escolas municipais e
37,0%, nas escolas das redes estaduais. O desempenho da educação básica
vem melhorando a cada ano, mas ainda não é satisfatório. Segundo a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012, a escolaridade
média da população brasileira com 10 anos ou mais é de 7,5 anos de
estudo, menos do que os nove necessários para concluir o ensino
fundamental, obrigatório no país. As mulheres são mais escolarizadas que
os homens, tendo em média 7,7 anos de estudo, enquanto os homens têm
7,3 anos de estudo. Em 2012, aproximadamente 60,8 milhões de pessoas
tinham pelo menos 11 anos de estudo. Por outro lado, 15,1 milhões de
pessoas de 10 anos ou mais de idade, o equivalente a 9,0%, eram sem
instrução e tinham menos de 1 ano de estudo.
EDUCAÇÃO INFANTIL
É a primeira etapa da educação básica,
oferecida em creches (até 3 anos de idade) e em pré-escolas (4 e 5
anos). Considerada uma complementação direta da ação da família e da
comunidade, tem como finalidade o desenvolvimento inicial da criança do
ponto de vista físico, psicológico, intelectual e social. Os principais
responsáveis pela oferta de vagas na educação infantil são os
municípios. Depois de aprovado o ensino fundamental obrigatório de nove
anos, em 2005, a educação infantil passou a destinar-se às crianças com
até 5 anos de idade. A partir de 2011, não é permitido que esse nível
atenda crianças de 6 anos.
Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) de 2013, passa a ser obrigatória a educação
gratuita a partir dos 4 anos, mas estados e municípios têm até 2016 para
se adaptar. O Censo da Educação Básica de 2012, do MEC, contabiliza
cerca de 7,3 milhões de crianças matriculadas nessa etapa de ensino –
cerca de 2,5 milhões em creches e 4,7 milhões em pré-escolas. O sistema
municipal de ensino responde por 63,1% das matrículas em creches e o
privado, por 36,5%. Nas pré-escolas, a maioria das matrículas também é
municipal – 74,1%. Na rede privada, esse percentual é de 24,7%.
ENSINO FUNDAMENTAL
O ensino fundamental já foi chamado de
1º grau, primário e ginásio e é oferecido, principalmente, pelas redes
municipais e estaduais. Esse nível de ensino teve sua duração mínima
ampliada de oito para nove anos pela Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de
2006. Com a alteração, o ensino fundamental passou a ser proporcionado
às crianças e jovens de 6 a 14 anos. A Constituição de 1988 estabelece
que é obrigação do Estado oferecer o ensino fundamental gratuitamente.
As escolas municipais são responsáveis
por 54,9% das matrículas e as estaduais, por 30,5%. A redução no número
de matrículas nessa etapa de ensino, registrada desde 2003, deve-se,
segundo o Inep, à queda na taxa de natalidade da população brasileira.
Dos brasileiros com idade entre 5 e 6 anos, cerca de 91,1% estão na
escola, e entre 11 e 13 anos, 84,6% estão nos anos finais do ensino
fundamental, de acordo com o IBGE – índice considerado bom por órgãos
internacionais, como a Unesco.
Pelos dados do Inep de 2012, a taxa
média de aprovação no ensino fundamental está em mais de 88,2%. O
Sudeste detém a maior taxa do país, com 91,9% dos estudantes aprovados. A
Região Nordeste apresenta a pior taxa de aprovação, 83,8%. Já a
porcentagem de abandono escolar brasileira em 2012 era baixa, de 2,7%.
No entanto, em alguns estados esse índice é muito maior: 7,5% em Alagoas
e 4,8% na Paraíba.
ENSINO MÉDIO
É a etapa final da educação básica e já
foi chamada de 2º grau e de colegial. Destina-se aos adolescentes com
idade entre 15 e 17 anos. Essa fase do ensino – atualmente considerada
essencial para muitas funções produtivas – ainda apresenta grandes
problemas, principalmente em relação ao acesso dos estudantes. Para os
jovens de 15 a 17 anos de idade, o percentual dos que frequentavam
escola foi de 84,2% em 2012, proporção superior à observada em 2011,
quando foi de 83,7%. Apesar do aumento, o acesso dos estudantes a essa
fase de ensino ainda é considerado baixo e bastante desigual. Entre as
pessoas de 18 a 24 anos de idade, a média nacional foi de 29,4%. O Norte
e Centro-Oeste se destacaram com os maiores percentuais de pessoas
estudando, com 32,0%. A Região Nordeste apresentou 29,4% em 2012.
Dos 8,3 milhões de matrículas no ensino
médio registrados em 2012, 86,0% estão nas redes estaduais. A rede
privada fica com apenas 13,0%. A participação da rede pública nessa
etapa de ensino tem crescido, no longo prazo. Há duas décadas, absorvia
cerca de 60% das matrículas; em 2012, representa 86,9%.
A taxa de abandono do ensino médio é
pior que a do ensino fundamental: em 2012, era de 9,1%. Entre os
estados, as diferenças são grandes – a maior taxa de abandono do país,
de Alagoas (18,6%), é quatro vezes maior que a de São Paulo, a mais
baixa (4,6%). Segundo o Censo Escolar, cerca de 78,7% dos matriculados
no ensino médio foram aprovados em 2012.
EDUCAÇÃO ESPECIAL
É a modalidade de ensino destinada a
crianças, jovens e adultos com deficiência física ou mental, aos
superdotados e àqueles que apresentam problemas de conduta. O direito à
educação especial é assegurado pela Constituição de 1988 e reafirmado
pela LDB. A educação especial deve ser oferecida da educação infantil ao
ensino superior, preferencialmente na rede regular. Nesse caso, é
chamada de educação inclusiva.
De acordo com o Censo Demográfico de
2010, dos cerca de 45,6 milhões de brasileiros portadores de
deficiência, 4,6 milhões tinham idade até 17 anos. Mas o Censo Escolar
de 2012 registra apenas 820.433 matrículas na educação especial. Ou
seja, ainda é grande a parcela de alunos especiais que não recebe apoio
pedagógico adequado. Do total de matrículas, 24,4% estão em escolas
especializadas ou classes especiais, da rede pública e privada, e os
restantes 75,6%, em escolas regulares. O número de matrículas em escolas
comuns cresceu muito nos últimos anos, passando de 30.334 em 2000 para
620.777 em 2012. Já entre as escolas e classes especiais, as quais
representam um ensino paralelo e segregado, houve diminuição, passando
de 300.520 para 199.656, no mesmo período. Para estimular a educação
inclusiva no país, em setembro de 2008 foi publicado o Decreto nº 6.571,
para beneficiar prefeituras que oferecerem educação especial em escolas
regulares, com atividades extraclasse, a alunos portadores de
deficiência. A partir de 2010, alunos matriculados em escolas comuns que
tenham atendimento educacional especializado no contraturno das aulas
são contados duas vezes na distribuição de recursos do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb). Assim, os municípios podem receber
até o dobro do valor do Fundo.
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Modalidade de ensino destinada às
pessoas que não terminaram o ensino fundamental ou o médio em cursos
regulares e na idade apropriada, a Educação de Jovens e Adultos (EJA)
era chamada no passado de supletivo. A LDB determina que jovens e
adultos nessa situação devem ter acesso gratuito a cursos e exames que
permitam a continuidade e a conclusão dos estudos.
De acordo com o Censo Escolar de 2012,
do total de 3,9 milhões de matrículas, 2,5 milhões estão no ensino
fundamental e 1,3 milhão, no ensino médio. Com relação à rede, 54,1%
encontram-se em escolas estaduais e 42,0%, em municipais. O número de
alunos concluintes dessa modalidade do ensino caiu de 860.192 em 2011
para 740.513 em 2012.
Apesar dessa queda, os cursos da EJA
estão entre os que mais crescem no país quando se considera um período
mais longo – o número de matrículas em 2012 é 25% maior que o de 2000.
Parte desse aumento está relacionada ao ingresso de alunos que precisam
concluir rapidamente os estudos a fim de entrar no mercado de trabalho e
que, tendo a idade adequada, trocam o ensino médio regular pelos
presenciais de jovens e adultos. A partir de 2009, o Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) passou a servir como prova de conclusão para
estudantes maiores de 18 anos que cursam a EJA.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A finalidade da educação profissional é
ajudar os jovens a inserir-se no mercado de trabalho e proporcionar aos
profissionais melhor qualificação. Esse tipo de educação teve início em
1909, quando o presidente Nilo Peçanha criou as Escolas de Aprendizes
Artífices, com o objetivo de formar mão de obra especializada para o
nascente setor industrial. A LDB deu um novo caráter à educação
profissional. Agora, ela complementa a educação básica e deve ser
cumprida paralela ou posteriormente a um curso regular. A formação
inicial e continuada de trabalhadores, nome oficial do curso de nível
básico, é destinada a qualquer pessoa, independentemente do grau de
escolaridade. A educação profissional técnica de nível médio é
direcionada a quem está cursando ou tenha concluído o ensino médio. O
aluno que faz simultaneamente o curso técnico de nível médio e o ensino
médio regular pode frequentar os dois cursos no mesmo estabelecimento de
ensino ou em outros estabelecimentos. A carga horária da parte
profissional varia de 800 a 1,2 mil horas, dependendo da área
profissional.
A educação profissional se expande em
ritmo acelerado – o número de matrículas mais que dobrou entre 2001 e
2012, passando de 462.258 para 1.063.655. Para ampliar ainda mais o
acesso a esse tipo de educação, em outubro de 2011 o governo federal
lança o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec), que contém metas como o aumento da oferta de vagas e de
bolsas de estudo. De 2011 a 2013, foram ofertadas 5,5 milhões de vagas. A
meta é oferecer 7,9 milhões de vagas até o fim de 2014.
ENSINO SUPERIOR
Inclui cursos de graduação, sequenciais e
pós-graduação oferecidos em universidades, faculdades, centros
universitários ou de educação tecnológica. É destinado aos alunos que
completaram o ensino médio e voltado para áreas específicas de
conhecimento. Quem faz um curso superior está habilitado a praticar uma
profissão ou a se dedicar à vida acadêmica ou de pesquisador. Em geral,
os candidatos ao ingresso devem ser aprovados em um processo seletivo. O
principal exame de seleção do país ainda é o vestibular. A partir de
2009, o Enem passa a ser utilizado, também, como prova de ingresso no
ensino superior.
GRADUAÇÃO
São os cursos que preparam o aluno para
uma carreira acadêmica ou profissional. Existem três tipos: o
bacharelado, cujo diploma permite o pleno exercício da profissão; a
licenciatura, que prepara profissionais para ser professores na educação
básica; e a educação tecnológica, que dá uma formação mais técnica.
Segundo o Censo da Educação Superior, em
2012, as 2.416 instituições de ensino superior do país ofereceram
31.866 cursos de graduação – 65,7% na rede privada. Ingressaram 2,7
milhões de alunos, totalizando 7 milhões de graduandos. Em 2012, as
instituições de educação superior do país graduaram mais de 1 milhão de
estudantes.
A graduação a distância (EAD), na qual
parte das atividades é realizada em polos de apoio presencial e parte é
desenvolvida a distância, com a utilização de tecnologias da informação e
da comunicação, é uma modalidade ascendente no país. O número de
matrículas em cursos EAD representava apenas 0,2% do total da graduação
em 2001 e saltou para 15,8% (1.113.850 matrículas) em 2012. Predominam
as licenciaturas, cursos voltados para a formação de professores.
CURSOS SEQUENCIAIS
São uma alternativa de curso superior
que fornece formação acelerada e mais específica que a da graduação.
Existem dois tipos de curso sequencial. O sequencial de complementação
de estudos pode ser feito durante ou após a graduação. Como equivale a
uma extensão universitária e não confere diploma de ensino superior,
apenas certificado, sua conclusão não permite ingresso em programa de
pós-graduação. O outro tipo, o sequencial de formação específica, é
ministrado em até dois anos para quem concluiu o ensino médio. Pode
habilitar o profissional a exercer alguma especialidade na profissão,
mas nem todas as associações e conselhos profissionais aceitam essa
modalidade. Quem completa um curso sequencial de formação específica
recebe diploma de ensino superior e, por isso, pode participar de
processos de seleção para a pós-graduação lato sensu. Não é possível
ingressar na pós-graduação stricto sensu porque essa exige diploma em
curso superior de graduação.
PÓS-GRADUAÇÃO
Só pode ser feita por quem já tem
diploma de ensino superior. Segundo o Censo da Educação Superior, em
2012 o país tinha 203.717 pós-graduandos. Existem duas modalidades de
pós-graduação. Os cursos lato sensu, que são de especialização, não
concedem título nem diploma de mestre. Os cursos stricto sensu, que
formam pesquisadores, professores e profissionais de alto nível,
conferem diploma de mestre ou doutor. O mestrado pode ser feito após a
conclusão da graduação, e, ao seu final, deve ser apresentada uma
dissertação. É direcionado para a formação de professores, mas as
exigências do mercado acabaram criando mestrados profissionalizantes,
voltados para aspectos técnicos de determinada carreira. Qualquer
mestrado dá direito ao estudante de prosseguir os estudos num doutorado,
que tem como objetivo preparar pesquisadores. Para receber o título de
doutor, o aluno precisa defender uma tese perante uma banca de
especialistas.
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
A Constituição de 1988 estabelece que ao
menos 18% da receita de impostos da União e 25% da dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios devem ser investidos em educação.
Diversas Constituições estaduais e municipais, porém, ampliaram seus
percentuais de 30% para 35%. As despesas educacionais incluem a
remuneração e o aperfeiçoamento de professores, a manutenção de
instalações e equipamentos, os levantamentos estatísticos e a concessão
de bolsas de estudo, entre outros itens. Desde 1994, com a criação da
Desvinculação das Receitas da União (DRU), a educação vem perdendo
verba. O mecanismo da DRU, aprovado em 1994, permite ao governo
desvincular e aplicar em outras áreas 20% do total de impostos
arrecadados pela União, independentemente das vinculações previstas na
Constituição. Segundo o Ministério da Educação, desde 1996, o primeiro
ano da DRU, até 2008, o setor perdeu cerca de 100 bilhões de reais. Em
novembro de 2009, o Congresso aprova o fim da DRU para a educação, o que
aumenta as verbas para o setor. Com a nova medida, a DRU deixa de
incidir gradativamente no orçamento da educação: 12,5% em 2009, 5% em
2010 e nada a partir de 2011. A mudança amplia em cerca de 9 bilhões de
reais por ano o orçamento da educação a partir de 2011, pois a extinção
da desvinculação faz com que a área educacional receba integralmente 18%
do total de recursos arrecadados com impostos federais, como prevê a
Constituição.
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO (FNDE)
É uma autarquia do MEC que capta
recursos e executa ações para o desenvolvimento da educação básica no
Brasil. Esses recursos são destinados aos estados, ao Distrito Federal,
aos municípios e a organizações não governamentais para atendimento às
escolas públicas de educação básica. São contribuintes as empresas em
geral e as entidades públicas e privadas vinculadas ao Regime Geral da
Previdência Social, que devem destinar 2,5% do valor total das
remunerações pagas ou creditadas por elas para o FNDE
(salário-educação). Dos recursos, 60% são repassados como cotas
estaduais e municipais, 30% como cotas federais e 10% são utilizados
pelo FNDE em ações como o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o
Programa Nacional do Livro Didático, o Programa Dinheiro Direto na
Escola e os programas de transporte escolar. Em 2013, o orçamento do
FNDE foi de 55,2 bilhões de reais
FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO (FUNDEB)
É o mecanismo de distribuição de
recursos aos estados e municípios para a educação. O objetivo é permitir
o acesso de todos à educação básica, melhorar a qualidade do ensino e
valorizar o profissional da educação. Os recursos do fundo provêm de um
percentual dos impostos arrecadados em estados e municípios – que
começou com 16,6% em 2007 e atinge a meta de 20% desde 2009 –, além de
um complemento da União, de 10% da contribuição total dos estados e
municípios. Somando todas essas contribuições, em 2012 os recursos
estimados para o Fundeb devem se aproximar de 114 bilhões de reais.
FUNDO DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR (FIES)
O Fies é um programa de crédito
educativo destinado a universitários da rede privada. O percentual
mínimo de financiamento é 50%, podendo chegar a 100%. É calculado
observando- se a renda familiar per capita de cada estudante, que paga
até 50 reais, a cada três meses, para abater o saldo devedor enquanto
está estudando. Após a formatura, o financiamento começa a ser
amortizado. No início de 2012, segundo o MEC, 1.536 instituições de
ensino superior privadas participaram do programa, o que representa 73%
das 2,1 mil da rede privada de ensino superior, com dados do Censo da
Educação Superior de 2012. Com a reformulação do Fies, em 2010 as
inscrições ao programa se tornaram permanentes, ou seja, o estudante
pode solicitar o financiamento em qualquer época do ano. Outras mudanças
importantes foram a diminuição dos juros para o pagamento da dívida,
que baixaram de 6,5% para 3,4% ao ano, e o aumento do prazo para a
quitação do empréstimo, que foi ampliado para até três vezes o tempo de
duração do curso, acrescido de 12 meses. Além dessas alterações, o MEC
decidiu que o fiador, antes necessário para conseguir o empréstimo do
Fies, deixa de ser uma exigência para as instituições que aderirem ao
Fundo Garantidor de Crédito. A partir de 2011, para requisitar o
financiamento é necessário ter prestado o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem).
UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI)
O programa concede bolsa de estudo
integral a estudantes que apresentem renda familiar máxima de um salário
mínimo e meio e bolsa parcial (50%) àqueles que possuem renda familiar
de até três salários mínimos, em cursos de graduação e sequencial de
instituições privadas. Para se inscrever no programa, é preciso prestar o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) (veja o texto abaixo) e obter a
nota mínima exigida pelo MEC. As escolas participantes ficam isentas da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), do
PIS/Pasep, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do
Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). Desde o início do programa, em
2005, até 2013, foram concedidas 1.920.312 bolsas. Em 2013, o ProUni
ofereceu 252.374 bolsas de estudo. Desde 2008, estudantes com bolsa de
50% do ProUni podem financiar os outros 50% com recursos do Fies.
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
O Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia ligada ao MEC,
tem seis instrumentos para avaliar a qualidade do ensino e o rendimento
da educação dos estudantes no Brasil, sendo três na educação básica e
três no ensino superior. Os resultados de cada indicador servem de
fundamento para a definição de políticas públicas, em busca de melhoria
da qualidade do ensino.
ENEM
O Enem foi criado em 1998, pelo
Ministério da Educação (MEC), com o objetivo principal de avaliar o
desempenho dos estudantes ao término do ensino médio. De caráter não
obrigatório, o exame é anual e destinado àqueles que estão concluindo ou
já concluíram esse nível de ensino. Em 2013, 7,1 milhões de estudantes
se inscreveram para fazer a prova. Desde o seu início, o Enem é usado
como alternativa aos vestibulares, ou seu complemento, por muitas
universidades brasileiras. Atualmente, mais de 1,3 mil faculdades fazem
do exame um instrumento complementar do vestibular. A prova, que passou
recentemente por uma reformulação, verifica a capacidade do aluno de
utilizar seu potencial de raciocínio crítico, de resolver problemas e de
avaliar seu papel na sociedade, sendo composta de uma parte objetiva e
uma redação. A partir de 2009, o Enem ampliou sua importância e agora
cumpre quatro funções.
O exame tem papel fundamental com
respeito ao financiamento para quem estuda em universidades privadas. O
Enem é utilizado como critério de seleção para os alunos que pretendem
concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni).
Desde 2011, a participação no exame é obrigatória também para ingressar
no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
Recentemente, o Enem ganhou mais duas
importantes funções. Em março de 2009, o então ministro da Educação,
Fernando Haddad, anunciou que a avaliação substituiria o vestibular de
grande número de universidades federais naquele mesmo ano. Para isso,
foi instituído o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que funciona com
as notas do Enem. Com o resultado da prova, o estudante pôde se
inscrever, em 2013, para concorrer a aproximadamente 300 mil vagas nas
universidades públicas do país que participaram do processo. A adesão é,
até agora, voluntária, e as instituições podem manter seus
vestibulares, mas o MEC incentiva a adesão das universidades federais
com aumento de verbas educacionais para as que se ligarem ao sistema –
no início de 2013, 115 instituições federais participaram.
Outra função que o Enem assumiu, a
partir de 2009, foi ser a prova de conclusão do ensino médio para
estudantes maiores de 18 anos que cursam EJA (Educação de Jovens e
Adultos). A prova substitui o antigo Exame Nacional para a Certificação
de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e, nesse caso, avalia as
habilidades e competências de jovens e adultos que estão cursando o
ensino médio. O estudante pode fazer o Enem em qualquer etapa da EJA e,
se conseguir tirar a nota necessária, recebe o certificado sem a
necessidade de fazer o curso até o fim.
SAEB
SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (SAEB)
A partir de 2005, o governo federal
passou a aferir a qualidade da educação básica por meio de duas
avaliações, reunidas sob o nome de Saeb – a Avaliação Nacional da
Educação Básica (Aneb), que analisa o sistema educacional de cada
unidade da federação, da rede pública e privada, e é chamada
popularmente de Saeb, e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar
(Anresc), com foco nas unidades escolares da rede pública, conhecida
como Prova Brasil.
A cada dois anos, a prova do Saeb é
aplicada aos alunos do 5º ano (4ª série) e do 9º ano (8ª série) do
ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. As questões – que valem
500 pontos – não têm como objetivo avaliar os estudantes, mas sim
identificar por amostragem as falhas no sistema educacional, a fim de
definir políticas públicas de ensino e áreas prioritárias para
investimento. Em 2011, os resultados para o ensino médio pioraram se
comparados com os da penúltima avaliação, de 2009. As notas de língua
portuguesa diminuíram 1,2 ponto, passando de 268,8 em 2009 para 267,6 em
2011. Já as notas de matemática decresceram, apesar de crescerem 0,8 em
relação a 2009, passando de 274,7 para 273,9. Os estudantes do 5º e do
9º ano do ensino fundamental apresentaram melhor rendimento em suas
notas do Saeb apenas em matemática. Entre os alunos do 9º ano, a média
subiu de 248,7 para 250,6 pontos. Em português, a nota diminuiu,
passando de 243,9 pontos em 2009 para 243,0 em 2011. O MEC declarou que
pretende mudar a fórmula de cálculo do Ideb a partir de 2013.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (IDEB)
Criado pelo Plano de Desen-volvimento da
Educação, o Ideb é um indicador da qualidade do ensino que varia numa
escala de 0 a 10. O índice é calculado sobre números do Censo Escolar da
Educação Básica, que registra os dados de aprovação por escola,
município e estado, e das avaliações do Saeb e da Prova Brasil.
A média do Ideb de 2011 apresentou leve
avanço em relação ao índice de 2009, principalmente nos anos iniciais do
ensino fundamental (1ª a 4ª séries ou 2º a 5º anos), cujo índice saltou
de 4,6 para 5,0. Já nas classes dos anos finais (5ª a 8ª séries ou 6o a
9o anos), quase não houve crescimento: o índice subiu de 4,0 para 4,1. O
mesmo ocorreu no ensino médio, no qual o Ideb foi 3,6 em 2009 e 3,7 em
2011. Para melhorar o índice, o MEC estabeleceu metas a ser alcançadas
até 2021. O objetivo é que o Brasil tenha os mesmos índices que os
países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) – 6 na 4ª série, 5,5 na 8ª série e 5,2 no ensino médio.
SINAES
Criado em 2004, o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (Sinaes) engloba três componentes: a
Avaliação dos Cursos de Graduação, que confirma e renova o
reconhecimento dos cursos, leva em conta a qualificação do corpo
docente, a organização didático-pedagógica e as instalações físicas da
instituição; a Avaliação Institucional compreende uma autoavaliação
feita pelos estabelecimentos de ensino e uma avaliação externa,
realizada por uma comissão do MEC; e, por fim, o Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (Enade) afere o rendimento dos graduandos com
relação ao programa estudado. É realizado anualmente pelos alunos do
primeiro e do último ano da graduação. A cada ano, o governo federal
define algumas áreas a ser avaliadas. A aplicação é por amostragem, e os
alunos que forem sorteados são obrigados a prestar o exame, sob pena de
não obter o diploma. Como o antigo Provão (que vigorou de 1996 a 2003),
o Enade atribui conceitos em uma escala de cinco níveis.
AVALIAÇÃO CAPES
Os programas de pós- graduação stricto
sensu têm a qualidade aferida pela Capes. A avaliação é feita a cada
três anos, por comissões de professores e pesquisadores com experiência
na formação de mestres e doutores. Entre os critérios de análise,
constam a proposta e os objetivos do programa, a qualificação do corpo
docente e a produção científica de professores, alunos e ex-alunos. Cada
programa recebe um conceito, numa escala de 1 a 7, em que 1 e 2 levam
ao descredenciamento do curso e 6 e 7 equivalem a padrões
internacionais. O conceito mínimo exigido para o reconhecimento do
programa pelo governo federal é 3.
Em 2010, segundo a última avaliação da
Capes, o número de cursos de mestrados e doutorados cresceu 20,8% em
relação a 2007 – a avaliação da instituição é trienal –, passando de
3.394 para 4.099. Dos 2.718 programas de pós-graduação avaliados, 2,7%
obtiveram notas 1 ou 2; 32%, nota 3; 33,6%, nota 4; 20,6%, nota 5; 6,8%,
nota 6; e 4,1%, nota 7. Em relação à última avaliação da Capes,
realizada em 2007, 71% dos cursos mantiveram a nota, 19% aumentaram e
10% tiveram as notas reduzidas.
ÍNDICE GERAL DE CURSOS DA INSTITUIÇÃO (IGC)
Criado em 2008, o IGC considera a
graduação e a pós-graduação para conferir um conceito geral a cada
instituição. A avaliação da Capes é utilizada para medir a qualidade da
pós-graduação. Na graduação, a aferição é feita pelo Conceito Preliminar
de Curso (CPC), composto de três indicadores: o Enade, o Indicador de
Diferenças entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) e as
variáveis de insumo, ou seja, a qualidade do corpo docente, da
infraestrutura física e dos recursos didático-pedagógicos.
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