Poluição: lixo, esgoto e metais pesados ameaçam os rios do Brasil
Se a importância de se
buscar o uso racional da água no dia a dia já é comumente disseminada
no meio empresarial e entre a população, a crise hídrica em São Paulo
evidencia a urgência da situação. Ainda que rios, lagos e córregos
abasteçam regiões inteiras e desempenhem um papel fundamental na vida de
todos, a preservação dos cursos d'água no Brasil está longe de ser a
ideal.
De acordo com uma
pesquisa desenvolvida pela ONG SOS Mata Atlântica, o cenário não é nada
favorável: apenas 11% dos rios brasileiros analisados foram considerados
de boa qualidade, enquanto 35% receberam a classificação de “ruins” e
5% estavam em situação crítica. O restante, 49%, é considerado pela
organização como regular.
Os piores índices
encontrados pelo estudo se localizam nos centros urbanos. Falta de
tratamento de esgoto, lançamento ilegal de efluentes industriais e
desmatamento, são as principais fontes de contaminação e poluição dos
recursos hídricos.
Os melhores índices,
por sua vez, estão em áreas protegidas pela lei, como a bacia do Alto
Tietê, na Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos, em São Paulo;
em Extrema (MG), na APA Fernão Dias e no Espírito Santo, no município
de Santa Teresa, conhecido como Santuário Capixaba da Mata Atlântica. O
levantamento foi realizado em 177 pontos de 96 rios em sete estados
brasileiros.
De onde vem a poluição?
Convenções
internacionais estabelecem que qualquer tipo de material ou substância
que interfira no equilíbrio de um determinado ecossistema é considerado
um poluente. Neste sentido, a degradação dos nossos rios possui várias
causas, inclusive o comportamento inadequado ou conivente da população
ao fazerem o descarte de seus resíduos de forma irregular ou não
cobrarem de empresas e governos uma postura mais sustentável.
No caso das águas, os
principais e mais comuns poluentes são esgoto doméstico, petróleo e seus
derivados, metais pesados, substâncias organocloradas (poluentes
orgânicos persistentes) e o lixo. Veja abaixo como cada um dos fatores
impacta na sociedade e como você pode fazer para diminuir o dano ao
recurso natural mais precioso do planeta:
Esgoto doméstico
Com o lançamento do esgoto ou efluente doméstico
não tratado nos rios, há um aumento da matéria orgânica na água, o que
faz com que o equilíbrio local seja afetado, ocorrendo o aumento de
determinados microrganismos e a dificuldade de desenvolvimento de
outros. Esse processo, conhecido como eutrofização,
pode levar ao surgimento de microalgas e ao sufocamento de peixes e
outras espécies, além da transmissão de doenças presentes nas fezes
humanas para outros consumidores da água. Sem citar o fato de que o
esgoto doméstico pode estar contaminado com substâncias tóxicas não
orgânicas.
Neste caso, é preciso
conhecer bem qual a destinação correta para cada tipo de esgoto
produzido pela residência/indústria, além de procurar se informar sobre a
existência ou não de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) na região e
sua eficiência.
Efluentes industriais
O lançamento de efluentes provenientes das atividades
industriais em rios, lagos e córregos provocam um sério desequilíbrio no
ecossistema. As alta cargas poluentes presentes nesse tipo de resíduo
provocam efeitos tóxicos nos seres vivos do local, podendo se acumular
em seus organismos, influenciando também a rotina do ser humano, podendo
causar doenças e, em casos mais graves, até a morte. Veja mais em nosso
artigo “Conheça as doenças causadas pelo “não tratamento” do esgoto”.
Metais pesados
Geralmente resultantes de processos industriais,
substâncias como o mercúrio, o chumbo e o cádmio são classificados como
metais pesados e têm uma capacidade tóxica altíssima. Eles se acumulam
no organismo e podem causar sérios problemas, como câncer ou outras
doenças.
A medida para se evitar esse tipo de desastre cabe às
indústrias: todo os rejeitos do processo produtivo devem ser
corretamente destinados. Além disso, essas empresas precisam ser
fiscalizadas e monitoradas. Caso a indústria não realize o tratamento
adequado, esses metais serão lançados nos rios, contaminando todo o
curso de águas.
Poluentes Orgânicos Persistentes (POP)
Os poluentes orgânicos persistentes (POP) são
organoclorados que não se degradam facilmente na natureza e surgem da
produção de pesticidas e plásticos. Um exemplo de POP é o DDT, muito
usado na década de 70 em produtos de controle de pragas agrícolas.
Atualmente, como seus efeitos altamente nocivos são conhecidos, ele é
proibido. Mas é papel do consumidor sempre verificar se há presença
desse tipo de substância naquilo que consome.
Lixo
Se em terra firme o lixo mal destinado já traz sérias
consequências, imagina em alto mar, sem o menor controle? Através das
praias ou mesmo de esgotos sendo despejados diretamente nos rios, o lixo
chega diretamente à fauna marítima, sem contar as embarcações, tais
como veleiros, cargueiros ou navios turísticos, que despejam seus
resíduos nas águas. Nesse cenário, os animais muitas vezes confundem
plástico e vidro com seus alimentos naturais e morrem engasgados ou
sufocados.
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