sábado, 30 de maio de 2015

O que é a imunidade adquirida?

     A defesa específica, também conhecida por imunidade adquirida, constitui a terceira linha de defesa. Inclui um conjunto de processos através dos quais o organismo consegue reconhecer os agentes invasores e consequentemente destrui-los através de receptores da membrana, presentes em células linfoides. Ocorre geralmente após uma exposição a um determinado agente invasor, sendo que, contrariamente ao que acontece com a defesa não específica, a resposta do organismo ao agente invasor melhora a cada novo contacto. Uma vez ativo este processo é extremamente eficaz e dirigido especificamente contra certos elementos estranhos.

  Assim sendo verificam-se duas das características do sistema imunitário:

  • especificidade: ação específica para cada um dos agentes invasores
  • memorização: o sistema imunitário memoriza os agentes invasores desde o seu primeiro contacto 

As substâncias que desencadeiam uma resposta específica são os antígenos.

    

       Mecanismos  de defesa específicos:

     Os antígenos são componentes moleculares como bactérias, vírus e toxinas que fazem desencadear uma determinada resposta isto é, uma resposta especifica.
    Para dar essa resposta intervêm vários mecanismos, sendo o mecanismo de identificação/reconhecimento da responsabilidade dos linfócitos B e linfócitos T. Estes linfócitos possuem a capacidade de identificar um número praticamente infinito de elementos estranhos ao organismo, tornando-se assim, células imunocompetentes. O mecanismo de reação consiste na resposta do sistema imunitário na preparação dos agentes específicos que vão intervir no processo. Por último, temos a ação dos agentes do sistema imunitário que neutralizam ou destroem as células/moléculas estranhas.

         Os órgãos  linfóides podem ser classificados em:
-) Órgãos linfoides primários: timo e medula óssea vermelha (local em que os linfócitos se diferenciam e atingem a maturação).
-) Órgãos linfoides secundários ou periféricos: baço, gânglios linfáticos, amígdalas e tecido linfático organizado por  exemplo gânglios linfáticos. É nestas estruturas que ocorre o desenvolvimento da resposta imunitária.  


     Na imunidade específica intervém o sistema linfoide, constituído por tecidos e por órgãos que são coletivamente designados por órgãos linfoides e células efetoras que são os linfócitos.

     Como se diferenciam os linfócitos?

  
                                                                                         Figura 1 - Diferenciação dos linfócitos B e T.
                                                https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw9urIFzBKtl-NxeQoDDFQQdO_8V4J9FaHlSa3xVBoGl1vZhUHLOnIZnqdz45m4Dsf8ItCbfdZM0Hv0PyiKnzCay8RnhMO8p-MKVF0NXSOrTMsiQ5fdnz3LfafCSdIcUZ5wS8q4V5iAsA/s1600/Imagem1.jpg

     As células diferenciam-se em diferentes locais sob a influência destes. Os linfócitos T como podemos observar na imagem, diferenciam-se no timo e estão sob a sua influência, enquanto que os linfócitos B continuam o seu desenvolvimento na medula óssea. 
     É no interior do timo que os linfócitos T completam o seu amadurecimento, resultante da aquisição de diferentes tipos de moléculas da membrana que vão funcionar como receptores, sendo que os linfócitos B adquirem estes receptores ainda na medula óssea. 
     Após o desenvolvimento dos respectivos receptores, os linfócitos tornam-se células capazes de dar uma resposta imunitária. Depois disto, os linfócitos B e T, já com os seus receptores, passam para a corrente sanguínea, sendo que a sua maioria migra para tecidos e órgãos linfoides. 


     Imunidade passiva e imunidade activa

      A imunidade activa ocorre quando o próprio organismo consegue produzir anticorpos e linfócitos ativos capazes de combater moléculas estranhas. Esta imunidade dura normalmente vários anos e, por vezes, até a vida toda.
      A imunidade passiva consiste na passagem/transferência de anticorpos (produzidos por um animal ou ser humano), que tenham sido ativamente imunizados contra o antígeno. A imunidade passiva é temporária, durando apenas alguns meses, mas é bastante rápida e de eficiente proteção. A imunidade passiva natural mais comum é a passagem de anticorpos da mãe para o feto através da placenta e depois do parto através do leite materno. A imunidade artificial  pode ser feita através de uma transfusão de sangue.


                              [Ativa e Passiva[4].png]
                                                                                        Figura 2- Imunidade passiva e activa


   
Figura 3- Imunidade passiva


          Vacinação
      A vacinação é um processo que faz com que a imunidade adquirida ativa ocorra contra determinadas doenças. As vacinas são preparações que são introduzidas no organismo com intuito de estimularem a produção de anticorpos para reagirem contra os antígenos e contra as doenças por estes provocadas tornando, assim, o organismo imune.

     Existem três tipos de vacinas:
  • As de microrganismos completos;
  • Vacinas recombinantes;
  • Vacinas de partes de microrganismos.


     As vacinas de microrganismos completos podem dividir-se em dois tipos de vacinas:
  • vacinas vivas atenuadas ( o microrganismo é obtido a partir de um indivíduo ou animal infectado e depois do microrganismo ser atenuado, vai diminuir o risco de poder haver uma infecção, podendo ser usado nas vacinas). O exemplo de uma dessas vacinas é a vacina contra a varicela.
  • vacinas mortas ou inatas ( nestas vacinas os microrganismos são mortos através do uso do calor ou de um tratamento químico, assim não há o risco de poder haver alguma infecção provocada por estes microrganismos).

     O segundo tipo de vacinas, as vacinas recombinantes, são produzidas através de microrganismos geneticamente modificados, assim sendo a vacina continua a conter os antígenos que vão estimular o sistema imunitário, mas não possui o agente patogênico. Uma grande vantagem desta vacina é que ela protege-nos de diversas doenças ao mesmo tempo.

     Por último, as vacinas de partes de microrganismos estimulam o sistema imunitário, uma vez que contém antigênico. Estas vacinas unem partes de microrganismo com proteínas, o que ajuda a aumentar a nossa resposta imunitária.


                  
          A Memória imunitária relacionada com a vacinação: 

     Já foi acima referido que uma das características da imunidade adquirida é a memorização, e assim sendo, partindo deste princípio, a vacinação é utilizada na imunização do nosso organismo. Começando por clarificar melhor o que é a memória imunitária, sabemos que quando ocorre uma infecção, os mecanismos de defesa específicos do nosso organismo são sempre mobilizados, no entanto, o sistema imunitário vai reagir de maneiras diferentes, conforme se trate do primeiro contacto com o agente infeccioso, ocorrendo uma resposta imunitária primária, ou de contactos subsequentes, ocorrendo então, uma resposta imunitária secundária, que será mais rápida, de maior intensidade e de duração mais longa. 

    Comentário: o que já foi dito acerca das vacinas, uma vez que estas desencadeiam uma resposta imunitária primária, ocorre uma produção de células de memória. Enquanto as células efetoras sobrevivem, em regra, um curto espaço de tempo (apenas alguns dias), as células da memória ficam armazenadas nos órgãos linfoides periféricos, vivendo durante muito mais tempo, estando assim prontas para posteriormente defender o nosso organismo caso este volte a ser invadido pelos mesmos agentes patogênicos, ocorrendo então uma resposta secundária.  

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