Os Estromatólitos e a Explosão da Vida na Terra
Não é um dos objetivos do presente trabalho discutir a origem e a
diversificação da vida sob prismas filosóficos ou religiosos, as
pesquisas realizadas se constituem numa tentativa de organizar fatos e
evidências científicas a fim de determinar a importância das primeiras
formas de vida a se estabelecerem sob a superfície do planeta Terra e de
que modo as mesmas podem estar associadas às modificações que há pelo
menos 570 Milhões de anos (M.a.) alteraram drasticamente as condições
ambientais do Globo Terrestre propiciando condições para um salto
evolutivo do planeta: o surgimento da vida aeróbica, sua explosão e
diversificação.
As primeiras formas de vida a se estabelecerem na Terra eram anaeróbicas
e embora vários cientistas tenham se aventurado em experimentos que
tentassem estabelecer a origem de tais formas, há ainda questões
fundamentais não respondidas. Não existe consenso. Estudiosos e
filósofos teorizaram através da hipótese conhecida como "Panspermia" que
a origem da vida na Terra se dá a partir do extra-terreno, dentre tais
propostas, uma das mais representativas é a de Arrhenius (1859 - 1927),
que apresenta os meteoritos como responsáveis pelo transporte da vida de
fora para a superfície do planeta.
A comunidade científica vivenciou e ainda vivencia fervorosos embates
teóricos entre os defensores da hipótese panspermista e os
representantes do "cenário corrente", de acordo com os quais a vida se
originou na Terra.
Diante da falta de evidências que comprovem uma ou outra hipótese sobre a
origem da vida, discutir a diferenciação e a evolução dos seres vivos é
uma tarefa possível, pois, os registros fósseis se apresentam como
"ferramentas" através das quais são estabelecidos contextos físicos,
químicos e ambientais para as formas de vida "gravadas" (icnofósseis) ou
fisicamente preservadas total ou parcialmente (somatofósseis). A partir
desses contextos, a evolução das formas de vida pode ser traçada.
Através do estudo de registros fósseis foi possível retroceder até a
aproximadamente 540 Milhões de anos e identificar registros deixados
pelas primeiras formas de vida - unicelulares e microscópicas.
Os registros mais antigos são icnofósseis conhecidos como Estromatólitos
- biossedimentos - que rementem a 3,5 bilhões de anos (B.a),
encontrados em Apex, na Austrália, como apresentamos na imagem 1.
Imagem 1: Microfósseis pré-Cambrianos. Os exemplares “e, f, g, h, i” são os mais antigos (3,465 B.a.), encontrados nos estromatólitos de Apex, na Austrália
Fonte: (J. W. Schopf et al. Nature, 416, 73, 2002).
Sendo as cianobactérias responsáveis pela biossedimentação que resulta
na formação de estromatólitos seres fotossintetizantes, é importante
procurar registros de fotossíntese em épocas remotas, assim, algumas
evidências podem ser consideradas:
1ª. Na Groelândia, a formação rochosa Isua foi datada em 3,8 Bilhões de
anos. Apesar de não conter nenhum organismo ou microorganismo
fossilizado, apresenta uma anomalia no ter de carbono da grafite
contida.
Os restos vegetais atuais apresentam o isótopo 12C e o isótopo encontrado na formação Isua é o 13C. Apenas a fotossíntese pode ser apresentada a fim de explicar tal anomalia no carbono.
Fonte: (J. W. Schopf et al. Nature, 416, 73, 2002).
2ª. Ocorreu a aproximadamente 3,7 Bilhões de anos a formação de imensos depósitos de Óxido de Ferro (BIF - Bandad Iron Formation).
Como nessa época não existia oxigênio livre na atmosfera do planeta, a
oxidação do ferro pode ter ocorrido a partir da ação de algas
fotossintetizantes que liberaram o oxigênio nos oceanos, possibilitando a
oxidação e a sedimentação do ferro, intercalado com outros sedimentos
como carbonatos, também abundantes nos oceanos.
Apenas a partir da oxidação de todo o ferro dos oceanos é que o oxigênio
pôde ser liberado para a atmosfera, o que se deu a aproximadamente 540
Milhões de anos, período que ficou marcado como a "Explosão do
Cambriano" onde surgiram seres multicelulares aeróbicos e a vida se
diversificou abundantemente.
As imagens 2 e 3 mostram como exemplo as faunas de ediacara
(Pré-Cambriano: aproximadamente 600 milhões de anos) e de Burgess Shale
(Cambriano: 520-515 milhões de anos).
Imagem 2: Fauna de Ediacara.
Alguma das espécies da diversidade biótica de Burgess Shale é descrita na figura por Sam Gon III e por John Whorrall.
Trilobites such as Olenoides serratus (1) were a minority among a diversity of arthropods such as Sidneyia (9),
Waptia (17), Helmetia (13), Sanctacaris (18), Tegopelte (15), Naraoia (16), Leanchoilia (10), Canadaspis (12),
Odaraia (19), Marrella (11), and Burgessia (14), as well as oddities such as Opabinia (24), Wiwaxia (26),
Hallucigenia (20), and the giant predator, Anomalocaris (28).
Trilobites such as Olenoides serratus (1) were a minority among a diversity of arthropods such as Sidneyia (9),
Waptia (17), Helmetia (13), Sanctacaris (18), Tegopelte (15), Naraoia (16), Leanchoilia (10), Canadaspis (12),
Odaraia (19), Marrella (11), and Burgessia (14), as well as oddities such as Opabinia (24), Wiwaxia (26),
Hallucigenia (20), and the giant predator, Anomalocaris (28).
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