domingo, 29 de setembro de 2013

Ameaças à Amazônia vão muito além das queimadas

23/09/2013
Por Elton Alisson

Agência FAPESP – Há outros tipos de ameaças à conservação da Amazônia, além do desmatamento, que ocorrem em pequena escala e em áreas de várzea da região – como a extração inadequada de madeira e o manejo inapropriado de recursos pesqueiros –, que podem gerar transformações tão importantes na floresta nas próximas décadas quanto as queimadas.
Esses fenômenos, contudo, são menos perceptíveis e não são facilmente detectáveis na paisagem por imagens aéreas, como são as próprias queimadas, por acontecerem no interior da floresta e fora do chamado “Arco do desmatamento amazônico” (região de borda do bioma que corresponde ao sul e ao leste da Amazônia Legal e abrange todos os estados da região Norte, mais Mato Grosso e uma parte do Maranhão). Por isso, podem passar despercebidos e não merecer a mesma atenção recebida pelos desmatamentos pelos órgãos fiscalizadores.

O alerta foi feito por Hélder Queiroz, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), durante o sétimo encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA-FAPESP Educação, realizado no dia 19 de setembro em São Paulo.
“A diminuição do desmatamento é, sem dúvida, muito importante para a conservação da Amazônia, mas ele não representa a única ameaça ao bioma”, afirmou Queiroz.
“Também há um grupo grande de ameaças, composto por transformações de habitat em pequena escala realizadas exatamente da mesma forma nos últimos 50 anos e de difícil detecção, mas que geram mudanças importantes na composição e na estrutura da floresta e cujos efeitos serão prolongados por muitas décadas”, estimou.

A extração inadequada de madeira da Floresta Amazônica, por exemplo, pode alterar o número de espécies de animais que vivem em uma determinada área da selva. Isso porque, de acordo com o pesquisador, algumas espécies de árvore cuja madeira tem grande valor comercial – e, por isso, são mais visadas – também podem ser importantes para alimentação da fauna.
A retirada dessas espécies de árvore de forma desordenada pode alterar a composição florística e, consequentemente, de espécies de animais de uma área da floresta, ressaltou Queiroz.
“A abertura de pequenas clareiras para remoção específica dessas espécies de madeira não é detectada pelas imagens de satélite porque, geralmente, elas têm poucos metros quadrados”, disse Queiroz.
“Ao final de três décadas, todas as espécies dessas árvores e, consequentemente, a fauna que dependia delas podem desaparecer da região”, alertou.

Pesca e caça inadequadas

Outra ameaça que está se tornando um problema na Amazônia, de acordo com o pesquisador, é a pesca desordenada da piracatinga (Calophysus macropterus) – espécie de peixe sem escama, apreciada para consumo, conhecida popularmente como “urubu d´água”, por ser carnívora e se alimentar de restos de peixe e outros animais.
Para a pesca do peixe na região amazônica está sendo utilizada como isca a carne de jacaré e de boto cor-de-rosa. Por causa disso, o número de botos cor-de-rosa – também conhecidos como botos-vermelhos (Inia geofrrensis) – diminuiu em diversas regiões da Amazônia, indicam dados de monitoramento da espécie na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Mamirauá fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

“A carcaça de um jacaré ou de boto cor-de-rosa vale, no máximo, R$ 100,00 na região amazônica e gera aproximadamente entre 200 e 300 quilos dessa espécie de peixe”, disse Queiroz.
“Além de uma crise pesqueira, esse problema representa um sistema de valoração da biodiversidade que está profundamente desequilibrado”, avaliou.

Já em terra, segundo o pesquisador, a caça desordenada de determinadas espécies de animais tem resultado no surgimento do que alguns autores denominaram no início da década de 1990 de “florestas vazias” – áreas de floresta em pé, mas nas quais as principais espécies de animais responsáveis pela reprodução, polinização e dispersão de sementes desaparecem em razão da caça desenfreada.
“A expressão cunhada para esse fenômeno – ‘florestas vazias’ – é romântica, mas o problema é preocupante e os efeitos dele são só percebidos ao longo de décadas”, avaliou Queiroz. “Os aviões ou satélites utilizados para monitoramento também não conseguem identificar essas regiões de floresta cujas árvores estão em pé, mas nas quais as espécies de animais estão sendo intensamente caçadas”, afirmou.

Florestas alagadas

Em geral, a maior parte dessas ameaças “imperceptíveis” ocorre nas chamadas florestas alagadas ou de várzea – que representam quase um quarto de toda a extensão da Amazônia, ressaltou o pesquisador.
Submetidas ao regime de alagamento diário, sazonal ou imprevisível – de acordo com o regime de chuvas –, essas regiões de baixas altitudes são alagadas por águas brancas, de origem andina, escoadas, principalmente, pelos rios Solimões e Madeira.
Como são muito produtivos – por suas águas receberem grandes cargas de nutrientes e sedimentos –, os recursos naturais das florestas de várzea da Amazônia são abundantes. Por isso, são densamente ocupadas desde o período pré-colombiano.
“Praticamente 75% da população amazônica [cerca de 8 milhões de pessoas] está diretamente inserida nesses ambientes de várzea ou em suas proximidades, vivendo, trabalhando e transformando essas regiões”, disse Queiroz.
“Isso significa que esses ambientes são mais ameaçados do que os localizados no ‘arco do desmatamento’, porque recebem maior impacto diário das populações, ainda que não sejam detectados na paisagem, como o desmatamento”, comparou.
Justamente por terem grande densidade populacional, é difícil criar Áreas Prioritárias para Conservação (Arpa) nessas regiões de floresta alagada, contou Queiroz. “Existem poucas áreas protegidas e muitas propostas de criação de Arpas em florestas alagadas da Amazônia”, afirmou.
Algumas delas são as RDS de Mamirauá e Amanã, que, juntas, somam quase 3,5 milhões de hectares da Amazônia.
Criada no início dos anos de 1980 com intuito de proteger o macaco uacari-branco (Cacajao calvus), a Reserva de Mamirauá começou a ser gerida no final dos anos 1990 pelo Instituto Mamirauá, que tem o objetivo de realizar pesquisa de conservação da biodiversidade.
Os pesquisadores da instituição fazem pesquisas voltadas principalmente para o manejo sustentável dos recursos naturais. E, mais recentemente, começaram a desenvolver tecnologias sociais voltadas ao tratamento de água e ao saneamento ambiental, entre outras finalidades.
“Desde 2010 estamos expandindo nossas ações. Atualmente elas atingem 150 mil pessoas. Mas esperamos chegar, nos próximos anos, a 1,5 milhão de pessoas”, contou Queiroz.

Redução do desmatamento

O evento na FAPESP também contou com a participação de Maria Lucia Absy, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Em sua palestra, Absy destacou a queda das taxas anuais de desflorestamento da Amazônia Legal, que, no total, caíram 84% no período de 2004 a 2012, segundo dados do Projeto Prodes, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).

“As ações de fiscalização e redução dos índices de desmatamento da Amazônia contam com o suporte fundamental dessa ferramenta e do Deter [Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, realizado pelo Inpe]”, ressaltou.

“Não é que seja errado desmatar uma área – desde que não seja grande – para fins produtivos. O errado é fazer isso aleatoriamente, sem metodologia e técnicas de manejo florestal”, avaliou Absy.
O próximo encontro do Ciclo de Conferências 2013 do Biota Educação será realizado no dia 24 de outubro, quando será abordado o tema “Ambientes marinhos e costeiros”.
Finalizando o ciclo, em 21 de novembro, o tema será “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”.
Organizado pelo Programa de Pesquisa em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP), o Ciclo de Conferências 2013 tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência.


sábado, 28 de setembro de 2013

A Mais Nova Ilha do Oceano Índico
Postado em 28/09/2013
O terremoto do dia 24 de setembro deste ano que ocorreu ao sul do Paquistão, e que também atingiu Nova Delhi, atingiu a magnitude de 7,7 na escala Richter e 9,2 na Mercalli
Portais que relatam o acontecimento de sismos, como o Wikisismos, citam que o terremoto colocou o país em alerta vermelho de tsunamis. De acordo com alguns meios de comunicação paquistaneses, o tremor durou cerca de dois minutos.
Após o susto, algumas pessoas já tomaram coragem suficiente para ir até a ilha e andar pelo local. Foto: Autor desconhecido
O resultado do tremor foram horas de pânico, destruição e o surgimento de uma ilha na província de Gwadar, no Paquistão. A ilha fica a 800m do continente e possui 13 metros de altura por 107 metros de diâmetro na parte exposta, e que aparentemente ainda continua aumentando. Informações sobre a parte submersa ainda não foram divulgadas.
Cientistas ainda calculam o impacto da formação da nova ilha e a força gerada para que ela surgisse. O último evento do tipo na região se deu em 1935 e matou cerca de 40 mil pessoas.
Tremores de 4 a 5 graus foram sentidos em praticamente todo o Anel de Fogo do Pacífico e há a probabilidade de estarem ligados a este evento. O mais forte dele, de 7 graus, se deu no Peru na tarde de hoje.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O que é Sistemática ? (Parte 1)
Pr: Marcus V. Cabral

Imagino que em algum momento lendo aqui no Blog Paleontologia Geral  você tenha se deparado com umas palavrinhas diferentes ou que têm um uso diferente do que está acostumado, como gênero, classe, ordem, reino entre outras. Que mistura esquisita, cada palavra estranha, confunde a cabeça da gente e faz uma bagunça danada não acha? Pois devo te dizer que não é bem assim, o objetivo dessas palavras é exatamente o oposto e é disso que vou falar hoje. Aos leitores de plantão que já sabem o que isso significa, não custa reler pra manter tudo fresco na memória, mas é para aqueles que perderam a explicação na escola e que não estão por dentro do assunto que estou direcionando este artigo! Vou tentar tornar tudo muito simples e tranquilo, fácil de entender. 

Como você já sabe, recentemente comecei uma nova graduação, desta vez em Ciências Biológicas, que é o curso que eu sempre sonhei em fazer. Estou adorando. Fica a dica, faça algo que você realmente goste como profissão se lhe for possível, não se arrependerá. E foi durante minhas aulas que surgiu a ideia desse post. Os leitores mais experientes podem até achar chato ou desnecessário e repetitivo, mas vou tratar aqui sobre Sistemática básica! Isso aí, você leu certo, Sistemática! Você não ia descomplicar as palavras e agora me vem com uma pior? 

Claro que vou explicar caro dinófilo, mas vamos com calma. Não é nada complicado se você prestar bem atenção e este artigo! Então fecha o Facebook, Twitter, desliga a música e se acomoda bem na cadeira pra aproveitar bem o texto!
Eu falei sobre o meu curso porque obviamente, nas aulas de um curso de Ciências Biológicas uma coisa de que se fala muito é a classificação sistemática, incluindo taxonômica e filogenética. Enquanto assistia uma aula lembrei que nem todos têm facilidade para entender esse assunto e embora eu esteja sempre explicando em doses homeopáticas nos artigos que escrevo, acho que seria legal um artigo mais completo. Primeiro vou tratar da classificação taxonômica Lineana, que veremos agora, deixando a filogenética mais pro final do artigo.
 A Sistemática é uma área da ciência dedicada ao estudo da variedade de seres vivos incluindo a criação de um meio para catalogação das diferentes espécies encontradas no planeta, extintas e viventes. Dentro da Sistemática temos duas áreas distintas, a Taxonomia que surgiu primeiro e a Filogenética, uma variação mais moderna com foco um pouco diferente da taxonomia.
Imagine o mundo como uma casa. Sabe quando a gente está arrumando a casa da gente, que cada coisa é colocada em um lugar específico? Na cozinha os utensílios como panelas, talheres, pratos, bacias, eletrodomésticos usados para cozinhar ou preparar qualquer alimento. Todos eles têm algo em comum, servem para de alguma maneira ajudar no processo de preparação ou armazenamento de comida.
Já na lavanderia ficam todas as coisas que têm em comum a função de ajudar na lavagem de roupas, sapatos e afins, no banheiro produtos ligados à higiene pessoal, na sala coisas para entretenimento, no quarto coisas que visam nosso descanso etc. Pelo menos de maneira genérica é assim que uma casa simples funciona né... claro que tem uns doidos como que em vez de organizar o quarto enchem de dinossauros de plástico... conhece alguém assim??? Bem não vem ao caso. Cada coisa possui seu devido lugar numa casa, de forma a manter tudo organizado e fácil de encontrar ou guardar quando preciso. A Taxonomia surgiu pelo mesmo motivo, ORGANIZAÇÃO!

Essa é palavra chave, pois o objetivo da taxonomia é oferecer um método de organização dos seres vivos da nossa grande casa, o Planeta Terra! Quem já teve aulas de biologia na escola deve lembrar do famoso Carolus Linnaeus (1707 - 1778) ou Carl Von Linné, chamado no português brasileiro simplesmente de Carlos Lineu. Ele é considerado o pai da taxonomia, pois foi ele quem introduziu o uso da Nomenclatura Binomial e a Classificação Científica e se preocupou bastante com a classificação das espécies, principalmente de animais. Este post vai focar principalmente nestas duas coisas. 
Lineu
© Alexander Roslin/Domínio Público
 
Como todo bom cientista, Lineu percebeu a falta de um meio prático de classificação e resolveu adotar um método, o qual publicou em seus livros, entre eles "Systema Naturae" e "Species Plantarum". Acredita-se que foi com base num método usado muitos anos antes pelos irmãos Gaspard Bauhin (1560 - 1624) e Johann Bauhin (1541 - 1613) para a classificação de plantas, também composto por duas palavras em latim, Lineu definiu alguns critérios que guiariam a classificação, sendo que eram principalmente baseados nas similaridades morfológicas e anatômicas dos animais e plantas, ou seja, dependendo de sua semelhança na aparência eram classificados juntos como pertencendo a um mesmo grupo ou categoria. Por exemplo, O Leão é mais parecido com o Tigre do que com o Jacaré, portanto seriam agrupados em uma categoria, enquanto que o Jacaré ficaria em outra junto com as Iguanas com quem se parece mais. 
Para abrigar os seres vivos Lineu criou 7 (sete) categorias e inseriu os seres vivos em cada uma de acordo com sua semelhança. As categorias eram organizadas de maneira hierárquica, em que um indivíduo compunha um grupo, vários desses grupos compunham um grupo maior ainda e assim por diante.

A lista de categorias oficiais em ordem hierárquica decrescente, ou seja, da maior (mais abrangente) para a menor (mais restritiva), é a seguinte:
  • Reino
  • Filo
  • Classe
  • Ordem 
  • Família
  • Gênero 
  • Espécie 
Temos a unidade básica que é a Espécie. Várias espécies juntas constituem um Gênero. Vários Gêneros constituem uma Família, que agrupadas constituem uma Ordem. Várias ordens constituem uma Classe, várias classes um Filo e vários filos compõem um Reino. Podemos comparar com vários sistemas usados hoje como o sistema métrico, onde cada unidade menor se agrupada com outras iguais forma um grupo ou unidade maior (ex: milímetros, que agrupados foram centímetros, ou metros que agrupados forma quilômetros).
Aposto que você deve estar se perguntando como sabemos o que é uma espécie e o que não é, para determinarmos o que são todas as outras categorias.
Bem, na ciência moderna existem várias definições de espécie, cada uma um pouquinho diferente da outra, mas todas de certo modo parecidas. Com o passar do tempo o conceito mudou para se adaptar às novas descobertas ou observações feitas sobre o conceito anterior. Atualmente aceita-se que:
Espécie é um grupo de indivíduos morfológica e genéticamente similares, vivendo no mesmo lugar o mesmo tempo e que se reproduzem entre si deixando descendentes férteis.
Se um animal cruza com outro e gera um descendente estéril, incapaz de reproduzir, os dois não são considerados como sendo a mesma espécie, ou seja, o filhote precisa ser capaz de reproduzir-se também para que seus pais sejam da mesma espécie. Um exemplo bem comum é o Cavalo e o Burro. O Burro, ou a fêmea Mula, são incapazes de se reproduzir, pois são híbridos surgidos do cruzamento entre o Cavalo e uma Jumenta ou um Jumento e uma Égua. Portando o Cavalo e a Égua não pertencem à mesma espécie do Jumento e da Jumenta. 
Devo ressaltar que, na época em que Lineu publicou suas obras, o idioma mais utilizado pelos estudiosos para publicar seus livros era o Latim (hoje em dia é o inglês), por isso ficou decidido que essa era a língua que padronizaria os nomes científicos. Além do mais, o latim hoje em dia é uma língua morta, ou seja, não há nenhum povo que fale oficialmente o latim no dia-a-dia e isso é vantajoso para evitar que algum povo seja privilegiado por sua língua ser escolhida para uso na classificação científica.

Você já deve ter cansado de ler aqui no blog nomes como Tyrannosaurus rex, Triceratops horridus, Stegosaurus armatus, Brachiosaurus altithorax entre outros, certo? Pois saiba que todos esses são nomes científicos dados aos dinossauros quando foram descobertos e note que todos eles apresentam uma configuração em comum. São escritos em Latim, com duas palavras ou dois nomes, daí o nome da classificação ser "binomial". Esse método surgiu para evitar a confusão que surgia quando se usavam nomes populares dos seres vivos, principalmente entre línguas diferentes. Imagina só como deveria ser complicado para um cientista antigamente explicar para outro que não falava sua língua a que ser vivo está se referido. Vamos ver por exemplo um animal  bem comum, o Cachorro. Cada língua chama o animal por um nome popular diferente. Enquanto temos aqui Cachorro, em inglês é Dog, em espanhol é Perro, em francês é Chien, em italiano é Cane, em polonês é Pies, em sueco é Hund e assim por diante, cada língua chamando o mesmo bicho por uma palavra diferente. Apesar de que nenhum ser vivo extinto e presente no registro fóssil fosse chamado por um nome popular, os nomes científicos também se aplicam a eles. Depois é que alguns ganharam nomes populares, muitos derivados do nome científico.
Utilizando um nome padrão científico que segue as mesmas regras em todos os países evita-se essa confusão. Assim o nome científico Canis lupus é imediatamente reconhecido como sendo o Lobo, e Canis lupus familiaris é a subespécie Cachorro ou Cão doméstico.
Mas Ikessauro, agora você usou 3 nomes, não eram dois apenas? Você não disse que os nomes científicos são BINOMIAIS, ou seja, compostos de dois nomes? Porque o nome do Cachorro é Canis lupus familiaris, com três nomes?
A explicação para isso é simples: normalmente quando um animal é aparentado a outro eles são postos no mesmo gênero. Vamos pegar como exemplo o Lobo (Canis lupus) e o Coiote (Canis latrans). Ambos são tão similares que pertencem a um mesmo gênero, Canis. Porém não são tão parecidos a ponto de serem considerados a mesma espécie, por isso o epíteto específico (a parte do nome que define a espécie) é diferente, neste caso lupus para o Lobo e latrans para o Coiote.
Mas e quando os dois animais são realmente parecidos e pertencem à mesma espécie, mas existe uma variação entre os indivíduos? Neste caso criou-se a categoria chamada de Subespécie, que é representada pelo terceiro nome, no caso do Cachorro esse nome é familiaris
Nós seres humanos somos exemplos de subespécie! A nossa espécie Homo sapiens surgiu há muito tempo, já era um homem muito mais complexo e inteligente que seus antepassados, mas nós da era moderna somos ainda mais adaptados, temos um nível de inteligência e organização social mais desenvolvido e algumas outras características que nos diferem do H. sapiens de 200 mil anos atrás. Por isso somos considerados como a subespécie Homo sapiens sapiens.
E aqui surge mais uma dúvida. Não eram apenas 7 categorias usadas para classificar os seres vivos? Sim, eram 7 as categorias originais e obrigatórias criadas para abrigar os seres vivos, porém com o passar do tempo a ciência evoluiu e observou-se a necessidade de novas categorias ou subcategorias para classificação, por isso foram criadas subespécies, superordens, superfamílias entre outras subcategorias, consideradas de uso facultativo. 
Dessa maneira podemos dizer que existem as categorias taxonômicas principais obrigatórias, que DEVEM ser usadas para classificar um ser vivo e as subcategorias facultativas, que podem ser usadas ou não de acordo com a necessidade ou objetivo da pesquisa. Mas existe uma regra que diz o seguinte: Se você usa uma categoria facultativa, há a obrigatoriedade de mencionar a categoria obrigatória imediatamente acima desta. Por isso no caso do cachorro eu sou obrigado a mencionar o gênero e epíteto específico Canis lupus antes de escrever a subespécie,  familiaris.
A princípio tínhamos 7 categorias, porém em 1990 o cientista Carl Woese propôs uma nova categoria maior ainda, que abrigaria os vários Reinos existentes, chamando essa categoria de Domínio. Essa categoria também pode ser chamada de Império ou Super-Reino. Maior que domínio somente o Superdomínio Biota, que abriga toda a vida existente. Podemos dizer então que são 8 as categorias obrigatórias, organizadas hierarquicamente assim:
  • Domínio
  • Reino
  • Filo
  • Classe
  • Ordem 
  • Família
  • Gênero 
  • Espécie 
Por último devo lembrar que  há sempre uma vantagem temporal na criação de um nome científico, ou seja, o nome que for criado primeiro é o que vale, no caso de uma mesma espécie ser nomeada duas vezes. Acontece com muito mais frequência do que se imagina, principalmente na paleontologia. É famoso caso do Apatossauro e Brontossauro. Primeiramente foi descoberto um dinossauro e nomeado Apatosaurus, pois era uma nova espécie. Depois de um tempo se descobriu novo esqueleto com partes faltantes e algumas diferenças leves se deu o nome de Brontosaurus. Algum tempo depois alguém percebeu que eram o mesmo animal e devido à regra o nome que prevaleceu foi Apatosaurus, ou seja, o primeiro a ser criado.
Até mesmo com seres vivos atuais isso acontece e é por isso que existem o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica e o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (que inclui plantas e apesar do nome também fungos entre outros). Estas instituições ou entidades regem quais nomes são válidos e como se deve proceder para nomear nova espécie ou renomear uma antiga, caso necessário.
Essa revisão breve e simples feita acima compreende o que se define como Sistemática Clássica, a qual usava somente a classificação lineana levando em consideração qualquer semelhança física entre seres vivos para agrupá-los. A partir daqui trataremos da Sistemática Filogenética.
Tendo em mente que a taxonomia lineana é útil, porém não fornece um meio completo de classificação por não levar em conta o aspecto evolutivo dos seres vivos. O alemão Willi Hennig percebeu isto, sendo um biólogo e especialista em insetos (entomólogo) realizou pesquisas e documentou seu novo método de classificação, que foi publicado em 1950. Porém somente em 1966 é que o livro foi traduzido para o inglês, assim permitindo que mais pesquisadores tivessem acesso e conhecessem a nova proposta que denominou de Sistemática Filogenética. Inicialmente a filogenética não foi completamente aceita pela comunidade científica, havendo tantos pesquisadores contra seu uso quanto havia a favor, porém com o tempo se tornou o que se define como paradigma, algo que é aceito como certo e toma lugar como principal teoria ou método científico, passando ser o mais usado. Hoje Hennig é conhecido com um dos biólogos e sistematas mais importantes para a biologia, denominado inclusive de "Pai da Sistemática Filogenética".
Willi Hennig
© Gerd Hennig
Para explicar bem a Filogenética eu precisaria fazer este texto muito mais longo do que já está e para evitar confusão e um sobrecarregamento de ideias resolvi dividir o tema em dois artigos, este sendo a parte 1 como pode ver no título. Vou dar uma ideia geral da filogenética e na continuação eu faço um aprofundamento na Filogenética.
A proposta de Hennig é baseada na evolução, ou seja, de que todos os seres vivos são em algum nível aparentados, alguns mais proximamente e outros nem tanto. Esse parentesco se dá porque todos os seres vivos descendem de um único Ancestral Comum (esse é um termo importante, então trate de lembrar dele), o ser mais primitivo surgido nos primórdios da Terra. Com o tempo esse ser vivo se diversificou e originou outras espécies, que originaram novas espécies e assim sucessivamente até que o planeta estava abrigando diversas formas de vida.
A intenção de Hennig não era apenas agrupar os seres vivos parecidos externamente e sim levar em consideração a história evolutiva, analisando que é parente de quem, em que grau e porque se chegou a essa conclusão. Por isso a ideia principal é a de que uma espécie seria nova se apresentasse uma característica nova, não presente anteriormente em seus ancestrais.
A intenção dele, imagino, era mostrar que espécie descende de quem até entendermos de onde vieram todos os seres vivos modernos e extintos, sendo nesse caso extremamente importante o estudo dos organismos fósseis. 
A partir dessa classificação pode-se entender qual espécie ou grupo de seres vivos existiram e em que momento da história evolutiva uma espécie se transformou em outra, ou ainda, se dividiu em duas ou mais espécies. Desta forma conseguimos saber por exemplo que as Aves descendem dos Dinossauros e que o Hipopótamo é mais aparentado às Baleias do que ao Rinoceronte e ao Elefante. A taxonomia não permitia entender estas relações de parentesco porque somente levava em conta análises morfológicas superficiais, principalmente a aparência externa do animal, planta etc.
Com a análise filogenética a nível molecular conseguimos entender muito mais aspectos e os estudos de anatomia comparada nos fornecem muitas pistas sobre quando e porque certas características surgiram em alguns seres vivos e em outros não. 
Na filogenia há uma busca para entender e montar os grupos naturais de seres vivos, ou seja, realmente entender seu parentesco e organizá-los taxonomicamente de forma que sua ancestralidade seja respeitada. Um clássico exemplo disso é o da classe dos Répteis (Reptilia), que normalmente são classificados pela sua aparência e contém as ordens Crocodilia, Rhynchocephalia, Squamata e Testudinata.
Porém sabe-se que os mamíferos e aves são descendentes de répteis, então répteis como se conhece hoje em dia, animais escamosos, de "sangue-frio" etc, não são considerados um grupo natural, pois não incluem todos os descendentes, especificamente as aves e mamíferos. A partir de todos estes estudos de taxonomia e sistemática é que surgiu a famosa "Árvore da Vida", representando o processo evolutivo mais aceito pela ciência.
A Árvore da Vida
© The Open University
Bem, acredito que a ideia geral do que é sistemática foi passada e vou deixar a parte mais técnica para outro artigo, pois a segunda parte conterá muito mais terminologias como apomorfias, cladogramas e afins e isso pode causar confusão. Espero ter conseguido explicar claramente, caso tenha dúvidas comente aqui e farei o possível para responder.

Parasitas, às armas!  

Marcus V. Cabral - 27/09/2013 

Helicoverpa_armigera_GyorgyCsoka_Hungary Forest Research Institute
O alarme disparou e continua no volume máximo desde fevereiro de 2012, quando se fez a primeira avaliação dos estragos causados por uma lagarta invasora – Helicoverpa armigera – nas lavouras brasileiras. Ainda não se sabe bem como a praga veio parar no Brasil e não se descarta a hipótese de bioterrorismo (não seria a primeira nem a última vez). Mas já se tem certeza de que a espécie chegou muito bem armada para causar grandes danos. Armada, na verdade, até no nome, pois a palavra armigera, em latim, quer dizer “que porta armas”.

As estimativas de perdas ficam entre 1 e 2 bilhões (sim, com B) de reais, só nas safras deste ano de milho, soja e algodão, em quatro estados: Bahia, Mato Grosso, Distrito Federal e Paraná. O bichinho esfomeado ameaça também as plantações de tomate industrial – o do molho de macarronada – de Mato Grosso e Goiás, além de outras culturas no Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo e Pará.
H. armigera é velha conhecida dos agricultores da Índia e da Austrália, onde já causa danos há anos. Na fase adulta, é uma mariposinha de 4 centímetros, porém capaz de migrar para longe, em voos de até mil quilômetros, reproduzindo-se rapidamente onde quer que pouse!

Enquanto larva, traça de tudo, sem preferências por um único vegetal e sem distinguir plantas nativas de cultivadas. Fura, destroi e devora folhas, flores, frutos e, se bobear, até plástico. “Um produtor capturou algumas lagartas como amostra e, quando me trouxe, elas haviam comido o saco plástico onde ele as colocou”, conta o especialista em Toxicologia e Saúde Pública, Flávio Zambrone, da Planitox.

A pedido do governo da Bahia, Zambrone verificou a toxicidade de um novo pesticida – benzoato de emamectina – cujo uso foi autorizado às pressas pelo Governo Federal, no primeiro semestre deste ano, para enfrentar a nova praga. De acordo com sua avaliação, o produto pode causar problemas neurotóxicos, mas a margem de segurança é grande e o risco é semelhante ao de outros pesticidas químicos, restringindo-se a casos de intoxicação do aplicador. A persistência no ambiente é baixa, assim como a possibilidade de contaminação dos alimentos.

Ainda assim, “a identificação de agentes de controle biológico seria extremamente positiva, pois eles diminuiriam a população da praga e, consequentemente, diminuiria a necessidade de químicos”, pondera o toxicologista. E não é que existe uma vespinha brasileira – Trichogramma pretiosum – capaz de fazer diferença na guerra contra a tal lagarta Helicoverpa armigera?

Quem aposta nesses insetinhos parasitas de outros insetos é o entomólogo José Roberto Postali Parra, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). Ele trabalha há 40 anos com controle biológico de pragas e foi responsável por pesquisas que tornaram comum o uso de vespinhas do mesmo gênero (Trichogramma galloi) em canaviais, para controlar a broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea sacharalis).

“Hoje, cerca de 50% da área plantada com cana no Brasil é tratada com insumos biológicos”, comemora. Em sua opinião, o uso do controle biológico na soja deveria ser ampliado, devido ao potencial das vespinhas Trichogramma pretiosum contra diversas pragas, incluindo a lagarta voraz. “Um dos problemas é a produção em escala das vespinhas”, diz. “Desenvolvo a tecnologia em escala de laboratório, mas preciso repassar a empresas capazes de multiplicar as vespinhas e torná-las disponíveis para o produtor, em grande escala. Felizmente hoje já existem várias empresas especializadas nos insumos biológicos, algumas criadas por ex-alunos meus, a quem incentivei, pois a necessidade é grande”.

Outro problema é a cultura do agricultor, prossegue José Roberto Parra. “Muitos não acreditam que vespinhas tão pequenas podem acabar com uma praga. Mas esses insetos são muito específicos: quando a mariposa adulta põe os ovos, ela libera sinais químicos reconhecidos pela vespinha. Após localizar os ovos da mariposa, a vespinha fêmea deposita neles os seus ovos e isso impede o desenvolvimento das lagartas”.
De acordo com Dalva Gabriel, do Centro Experimental Central do Instituto Biológico do Estado de São Paulo, “a eficiência de parasitismo alcançada pela utilização de Trichogramma, visando à contenção de surtos populacionais de lagartas do algodoeiro, é da ordem de 70 a 80%”.

Para chegar a tanto, porém, é necessário municiar os parasitas com as armas e estratégias adequadas. É preciso, por exemplo, monitorar o desenvolvimento da praga; avaliar os níveis de infestação e liberar as vespinhas no momento certo (quando há ovos para ela parasitar); na quantidade certa (algo entre 50 a 100 mil vespinhas por hectare em 20 a 25 pontos diferentes) e com a tecnologia certa (cartelas que protegem as vespinhas contra as formigas e outros inimigos naturais).
Ou seja, não é só passar o trator e aplicar o pesticida para ver a praga morrer, como no caso dos químicos. Mas também não há nenhum risco de contaminação ambiental ou de intoxicação, nem mesmo os riscos relativos do novo inseticida. E, agora, ainda se trabalha a possibilidade de distribuir as vespinhas com aviões agrícolas, o que pode facilitar muito a rotina do controle biológico, redobrando as apostas nos parasitas para ganhar essa guerra!
Foto: Gyorgy Csoka/Hungary Forest Research Institute – Creative Commons (lagarta Heliocoverpa armigera)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

10 animais raros com adaptações bizarras

A natureza sempre encontra uma maneira de sobreviver, mesmo se isso significar mudanças bizarras. As espécies precisam se adaptar para viver melhor no seu ambiente. Confira dez animais raros que são exemplos fantásticos de adaptabilidade, mesmo que o resultado final seja algo completamente inesperado.

10. Lobo-guará

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O lobo-guará, ou Chrysocyon brachyurus, é um membro da família dos canídeos, que inclui cães, lobos e raposas. Com seu pelo avermelhado e orelhas eretas, o lobo-guará se parece muito com a típica raposa vermelha, com uma gritante exceção: tem pernas longas e delicadas que parecem mais com as de uma gazela africana. Apesar de seu nome, lobos-guarás não são realmente lobos – estão apenas distantemente relacionados com eles. Acredita-se que suas pernas são uma adaptação para ajudá-lo a sobreviver nos campos da América do Sul. Em um infinito mar de capim alto, sua única defesa é a capacidade de observar predadores antes que eles possam chegar até ele. Suas orelhas também são adaptadas para as pastagens, permitindo que o lobo-guará escute o ligeiro farfalhar de roedores, seu prato predileto.

9. Lêmure voador

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Como o esquilo voador, o lêmure voador, ou Galeopterus variegatus, desenvolveu uma forma única de se mover entre as árvores do seu ambiente nativo, usando dobras de pele que se estendem entre os seus membros, para deslizar de galho em galho. Lêmures voadores vivem suas vidas inteiras nas copas de florestas tropicais do Sudeste Asiático. Seus pés e pernas são bem adaptados para escalada, mas são quase inúteis no solo, o que significa que cair no chão é uma receita quase certa para a morte. A membrana de sua pele tem apenas um milímetro de espessura e cobre uma área de superfície de cerca de seis vezes o tamanho do resto do seu corpo quando totalmente aberta. Lêmures voadores podem deslizar mais de 100 metros em um salto, sem cair mais de 10 metros durante o voo. Seu nome é enganador, porque ele não é nem um lêmure, nem realmente voa. Na verdade, é um tipo de animal chamado colugo.

8. Gazela-girafa

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A gazela-girafa (Litocranius walleri), que é um antílope, tem uma aparência esquisita com pescoços extremamente alongados e pernas finas, que lhes proporcionam uma oportunidade única de alimentação. Ao invés de pastar na grama como a maioria dos antílopes, elas ficam em pé sobre as patas traseiras para se alimentar quase que exclusivamente das folhas e brotos das árvores de acácia que pontilham as savanas africanas. Não é nenhuma surpresa que elas tenham evoluído para tirar proveito de tal fonte de alimento: existem 91 espécies de antílopes no mundo, e a maioria vive na África com o gazela-girafa. Com esse tipo de competição, alguém precisava ramificar-se em uma dieta diferente. Infelizmente, enquanto suas pernas longas e finas são perfeitas para comer folhas de acácia, são extremamente frágeis, e tem havido vários casos desses fofos animais quebrando ossos enquanto corriam na savana. Isso mostra que a especialização em uma área pode deixar outra deficiente.

7. Golfinho de Irrawaddy

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O golfinho de Irrawaddy, ou Orarella brevirostris, é uma espécie que vive principalmente no sudeste da Ásia, particularmente na Baía de Bengala, ao largo da costa leste da Índia. Intimamente relacionado com baleias orca, golfinhos de Irrawaddy se adaptaram não através de uma característica física, mas sim através de um comportamento único. Ao longo dos anos, eles desenvolveram uma espécie de parceria com pescadores locais: eles conduzem cardumes de peixes em direção às redes dos pescadores, e em troca comem os que querem dentre os animais presos impotentes. Este é um exemplo incrível de adaptação da natureza à influência humana, e não há nenhum outro exemplo (no mundo selvagem) de interação deste tipo. Há, inclusive, vários relatos de casos judiciais do século 19 em que um pescador processava outro porque “seu” Irrawaddy tinha ajudado o rival.

6. Veado de topete

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Veados estão no topo da lista de animais amigáveis para a maioria das pessoas. Eles são tímidos, herbívoros, saltitantes. Além disso, não têm grandes presas. O veado de topete, da China, porém, se esqueceu dessa última parte. Nomeado pelo pequeno tufo de pelo preto no topo de sua cabeça, a sua característica mais marcante é, no entanto, os grandes dentes de vampiro que crescem para fora de suas bocas. Esses dentes são usados em brigas entre os machos. Eles até têm chifres, mas como são relativamente pequenos, uma vez que um dos veados cair no chão, o segundo vai imediatamente procurar seu ponto vulnerável com suas presas, que podem chegar a 2,5 cm. Como se isso já não os tornassem bizarros, eles também já foram vistos se alimentando de carniça, uma observação extremamente rara no mundo dos veados, para dizer o mínimo.

5. Cyphonia clavata

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Isso não é uma formiga empoleirada em outro inseto, é uma espécie bizarra de soldadinho chamada Cyphonia clavata, que evoluiu para crescer uma protuberância realista em forma de formiga em suas costas. O Cyphonia escolheu esse inseto por ele ser notoriamente difícil de predar, o que lhe confere uma proteção e o faz parecer pouco apetitoso aos predadores. Esta espécie foi descoberta pela primeira vez em 1788 por Caspar Stroll, um entomologista da Alemanha, e pode ser encontrada nas florestas tropicais da América Central.

4. Muntjac

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Muntjac, ou Muntiacus muntjac, é um pequeno cervo nativo do sul da Ásia. Eles têm várias características únicas que não são encontradas em outros cervos. Quando pressentem algum perigo, fazem um som que se assemelha a um latido curto de um cão, alertando outros veados no rebanho a fugir. Dependendo do risco, os latidos podem durar mais de uma hora. Eles também possuem dentes caninos pequenos que usam durante a época de acasalamento. No entanto, ao contrário dos veados de topete, muntjacs têm chifres maiores que crescem de uma forma incrivelmente original no topo de suas cabeças.

3. Maria-leque

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Aves muitas vezes apresentam grandes ornamentos de penas que usam durante rituais de acasalamento. O pavão é um ótimo exemplo desse comportamento, mas uma outra ave menos conhecida e igualmente impressionante com plumas coloridas é a maria-leque (Onychorhynchus coronatus coronatus). Relativamente pequena, com 16,5 cm de comprimento, ela é encontrada principalmente na selva amazônica da América do Sul. Enquanto a maioria das espécies de aves têm apenas um sexo que exibe cores vibrantes (geralmente o macho), nessa espécie ambos os sexos exibem grandes plumas em cima de suas cabeças. A fêmea é geralmente amarela, e o macho vermelho alaranjado. Esses pássaros só exibem sua crista de penas durante a época de acasalamento ou ao ser manuseados por seres humanos.

2. Formiga anzol

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No Parque Nacional Virachey do Camboja, em colônias de milhões de indivíduos, vive uma espécie única de formiga: a formiga anzol, ou Polyrhachis bihamata. O que é tão incomum sobre ela é a dupla de ganchos que crescem de suas costas. Como seria de se esperar, eles são mecanismos de defesa. Em 2007, um cientista descobriu em primeira mão que tais espinhos não eram apenas afiados o suficiente para penetrar na pele, como também “engancham” com eficiência a formiga a seu atacante – o que naturalmente é bom para a colônia, mesmo que seja péssimo para a formiga enganchada. Quando sua colônia está ameaçada, essas formigas também se ligam umas as outras para criar um grande grupo, o que torna quase impossível para qualquer predador atacar apenas um indivíduo.

1. Salamandra ET

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Até agora, esta espécie de salamandra recém-descoberta não tem um nome, mas foi apelidada de “salamandra ET” por causa de sua semelhança com o extraterrestre do filme de 1982. Encontrada nas florestas tropicais do Equador, ela possui uma adaptação verdadeiramente incrível: não tem pulmões. O animal “respira” por meio de sua pele, absorvendo o oxigênio do ar em torno dele. Mais expedições estão sendo planejadas para explorar a biosfera única da floresta equatoriana, e espera-se descobrir mais sobre essa salamandra nada atraente.



Arqueólogos acham restos de casa construída há 3.000 anos na Amazônia



Equipe internacional de arqueólogos descobriu na Amazônia equatoriana os
restos de uma casa construída há cerca de 3.000 anos. A construção mais
antiga da região amazônica foi erguida no formato oval, com 17 metros de
comprimento e 11 de largura, mostram as marcas das pilastras achadas no
sítio perto de Puyo, na província de Pastaza – até um tronco de árvore,
enterrado de cabeça para baixo na camada freática, foi usado como coluna
da residência (à direita).

http://taberna.inpauta.com/wp-content/uploads/2013/09/arqe.jpg

Arqueólogos franceses e equatorianos descobriram na Amazônia do Equador
os restos de uma casa construída há cerca de 3.000 anos, a mais antiga
da região amazônica, segundo disse o arqueólogo Stéphen Rostain, diretor
da pesquisa.

“Encontramos buracos de fornos e vestígios de cerâmica e pedras”, disse
Rostain ao explicar que o que acharam foram “as marcas da casa mais
antiga da Amazônia no Equador”, perto de Puyo, na província de Pastaza.

Rostain detalhou que encontraram o lugar há dois anos e abriram o campo
em julho quando cavaram um metro de profundidade e aproximadamente 90
metros quadrados de diâmetro.

A descoberta “é totalmente nova, ninguém tem conhecimento dela”,
assegurou o especialista ao comentar que, quando fizeram as prospecções
há dois anos, encontraram uma forma do que seria uma fornalha.

“As fornalhas construídas com pedras são geralmente muito antigas, de
entre 1.800 a.C. e 500 a.C.. Tiramos algumas amostras que nos remeteram
a uma data de 3.000 anos, e este ano encontramos todas as marcas de
pilastras com as quais conseguimos reconstruir (em papel) a casa”, disse.

Em uma gráfica, o especialista mostrou os pontos que disse
corresponderem às marcas das pilastras. “Reconstituindo isso, temos uma
casa em formato oval, parecida às casas atuais, mas a diferença é que
essa tem 3.000 anos. É a casa mais antiga de toda a Amazônia (…), mais
antiga inclusive que as conhecidas no Brasil”, afirmou.

A “maior descoberta”, disse, foi o fato de, quando a casa foi
construída, terem usado o tronco de uma árvore como pilastra,
colocando-o de cabeça para baixo, enterrado na camada freática: “Isso
economiza o trabalho humano, não é necessário talhar o tronco e assim a
árvore não cresce novamente”, comentou.

As marcas achadas mostram que a casa foi construída no formato oval, com
17 metros de comprimento e 11 de largura. “A sua construção é um pouco
parecida com a atual dos achuar e dos quichua”, e a maior diferença é a
fornalha feita de pedra, disse o diretor do projeto, que comentou que
deram o nome de Pambay à cultura da zona pelo rio próximo.

Entre outras coisas, a organização do 3º Encontro Internacional de
Arqueologia Amazônica, que é realizado nesta semana em Quito, não lhe
permitiu avançar mais no estudo de dados vinculados com o achado: “Agora
sabemos como mais ou menos era a casa dos moradores de há 3.000 anos”.

“Ao sabermos as plantas que comiam vamos saber qual era a sua dieta; com
a cerâmica, vamos conhecer sua arte, pelo tipo de lugar onde construíram
a casa, conheceremos a relação que tinham com o meio ambiente”, declarou.

O especialista francês, que começou com as escavações há mais de 15 anos
no Equador, diz sentir-se “feliz” pela descoberta e garante que “tocar
algo que não foi tocado durante três mil anos sempre é um prazer”.

“Somos procuradores de tesouros, como se fôssemos umas crianças”,
comentou entre risos quem sugeriu a criação de um museu na região onde
foi feita a descoberta.

O especialista francês garantiu que ainda há muito por descobrir da
Amazônia, onde há savanas, pântanos, montanhas e uma grande
biodiversidade. “São 7 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, o
tamanho dos Estados Unidos ou da Europa”, exemplificou.

“Na Europa digamos que há 30 idiomas e dez famílias linguísticas. Na
Amazônia, no mesmo território, atualmente temos 200 idiomas e 80
famílias linguísticas”, comentou, acrescentando que, por outro lado,
existe essa diversidade pois os indígenas eram nômades.

Segundo ele, não se sabe muito da rede de caminhos que havia pela
Amazônia e lamentou que esta ainda seja vista como um “mundo selvagem”
onde agora a densidade da população é de 0,5 habitante por quilômetro
quadrado, mas onde havia lugares “com 10, 15, 20 habitantes por
quilômetro quadrado; até 100 no litoral das Guianas”, disse.

“Estou falando de uma Amazônia muito povoada, todos interligados, mas
com idiomas diferentes. Era como a rede da web, mas com seres humanos”,
disse Rostain, que lembra que, quando começou, há 35 anos, a trabalhar
na Amazônia, havia “menos de 10″ arqueólogos trabalhando nos sete
milhões de quilômetros quadrados. Agora são centenas neste “continente
verde”, concluiu.

Arqueólogos

franceses e equatorianos descobriram na Amazônia do Equador os restos de
uma casa construída há cerca de 3.000 anos, a mais antiga da região
amazônica, segundo disse o arqueólogo Stéphen Rostain, diretor da
pesquisa. “Encontramos buracos de fornos e vestígios de cerâmica e
pedras”, disse Rostain ao explicar que o que acharam foram “as marcas

domingo, 15 de setembro de 2013

Novo mamífero fóssil da China

Chong-Xi Yuan (Institute of Geology, Pequim) e colegas descreveram na Science uma nova espécie de mamífero do grupo dos multituberculados. Encontrado em rochas jurássicas (de 160 milhões de anos) da China, Rugosodon eurasiaticus é o representante mais primitivo desse grupo conhecido até o momento. Ele mostra o desenvolvimento de feições na região do pé que foram fundamentais para o sucesso evolutivo dos multituberculados durante o Cretáceo, quando se tornaram as formas de mamíferos dominantes.

Evolution’s Clock Ticked Faster at the Dawn of Modern Animals

         
Michael Lee
Explosive evidence. New research combines data from living arthropods like this centipede with the fossil record of its 515-million-year-old ancestor, the trilobite, to measure the speed of evolution’s “big bang.”

Five hundred thirty million years ago, the number and diversity of life forms on Earth mushroomed. This so-called Cambrian explosion kept Charles Darwin, the father of evolution, awake at night, as he worried that his theory of natural selection couldn’t explain the sudden proliferation of species. Now, researchers have combined evidence from the fossil record with clues in the genes of living species to estimate the speed of that evolutionary explosion. Their finding—that the rate of change was high, but still plausible—may put Darwin’s fears to rest.

The dawn of the Cambrian period divides two very different Earths. In one, primitive, mostly single-celled creatures “sat on the mud and did very little,” says evolutionary biologist Matthew Wills of the University of Bath in the United Kingdom. In the other, life forms as diverse as our modern fauna roamed the planet. The abrupt appearance of these creatures in the fossil record “gave Darwin a headache,” Wills says, and critics of evolution have argued that the tree of life couldn't possibly produce so many branches and bear such a variety of fruit so quickly.
Some scientists explained away this dilemma by claiming that the fossil record is deceptive. Perhaps, they speculated, the first representatives of modern animal groups appeared long before the Cambrian period, but had tiny, soft bodies what were not easily preserved as fossils. But based on fossil evidence, most paleontologists believe the “fuse” on the explosion must have been short, with new life forms proliferating only a few tens of millions of years before the Cambrian period. Just how quickly would species have to evolve to squeeze in all these new developments?  “No one has actually tried to quantify just how fast the rates were,” says Michael Lee, an evolutionary biologist at the University of Adelaide in  Australia and the South Australian Museum, who led the new research. “They just literally took Darwin’s word that they must have been pretty fast.”
So Lee and colleagues estimated that speed by studying the evolution of arthropods—Earth’s most diverse phylum, which includes insects, crustaceans, and arachnids. They looked at how changes evolved in both the genetic code and the anatomy of arthropods, comparing 62 different genes and 395 physical traits. For any two branches of the arthropod family tree—centipedes and millipedes, for example—they picked out important physical differences and variations in genetic sequence in modern specimens. Then, using evidence from the fossil record about how quickly the two branches diverged, the group calculated roughly how fast genetic and anatomical differences must have emerged for each lineage over time.

They found that when some early branches of the arthropod family tree were splitting off, creatures were evolving new traits about four times faster than they did in the following 500 million years. The creatures' genetic codes were changing by about .117% every million years—approximately 5.5 times faster than modern estimates, the group reports online today in Current Biology. Lee calls this pace “fast, but not too fast” to reconcile with Darwin’s theory.
This combined model for genes and anatomy represents “quite a stride forward,” Wills says. The results not only show that the evolutionary clock ticked much faster around the time of the Cambrian, but also hint at what may have sped it up. The fact that genes and anatomy evolved at roughly the same rate suggest that pressures to adapt and survive in a world of new, complex predators drove both, the authors speculate. Innovations such as exoskeletons, vision, and jaws created new niches and evolution sped up to fill them. Wills agrees that the new research makes this explanation for the Cambrian explosion “look a lot more probable now.”

Others caution that such analysis is in its infancy. “It’s an excellent first step,” says Douglas Erwin, a paleontologist at the Smithsonian Institution in Washington, D.C., but the exact rates of evolution in the study might not be reliable. He points out that while the study uses fossil data to determine when a given arthropod branch emerged, it doesn’t include the known characteristics of these extinct ancestors in its comparisons of physical traits, which involve only living creatures.
Some of the assumptions the authors make in estimating these emergence dates are also problematic, says Philip Donoghue, a paleobiologist at the University of Bristol in the United Kingdom. But he believes future iterations of this approach—incorporating fossil traits into the analysis—will yield a powerful new tool: “All the cool kids will be doing it soon.”
Evolution’s Clock Ticked Faster at the Dawn of Modern Animals
 
15-09-2013

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Michael Lee
Explosive evidence. New research combines data from living arthropods like this centipede with the fossil record of its 515-million-year-old ancestor, the trilobite, to measure the speed of evolution’s “big bang.”

Five hundred thirty million years ago, the number and diversity of life forms on Earth mushroomed. This so-called Cambrian explosion kept Charles Darwin, the father of evolution, awake at night, as he worried that his theory of natural selection couldn’t explain the sudden proliferation of species. Now, researchers have combined evidence from the fossil record with clues in the genes of living species to estimate the speed of that evolutionary explosion. Their finding—that the rate of change was high, but still plausible—may put Darwin’s fears to rest.

The dawn of the Cambrian period divides two very different Earths. In one, primitive, mostly single-celled creatures “sat on the mud and did very little,” says evolutionary biologist Matthew Wills of the University of Bath in the United Kingdom. In the other, life forms as diverse as our modern fauna roamed the planet. The abrupt appearance of these creatures in the fossil record “gave Darwin a headache,” Wills says, and critics of evolution have argued that the tree of life couldn't possibly produce so many branches and bear such a variety of fruit so quickly.

Some scientists explained away this dilemma by claiming that the fossil record is deceptive. Perhaps, they speculated, the first representatives of modern animal groups appeared long before the Cambrian period, but had tiny, soft bodies what were not easily preserved as fossils. But based on fossil evidence, most paleontologists believe the “fuse” on the explosion must have been short, with new life forms proliferating only a few tens of millions of years before the Cambrian period. Just how quickly would species have to evolve to squeeze in all these new developments?  “No one has actually tried to quantify just how fast the rates were,” says Michael Lee, an evolutionary biologist at the University of Adelaide in  Australia and the South Australian Museum, who led the new research. “They just literally took Darwin’s word that they must have been pretty fast.”
So Lee and colleagues estimated that speed by studying the evolution of arthropods—Earth’s most diverse phylum, which includes insects, crustaceans, and arachnids. They looked at how changes evolved in both the genetic code and the anatomy of arthropods, comparing 62 different genes and 395 physical traits. For any two branches of the arthropod family tree—centipedes and millipedes, for example—they picked out important physical differences and variations in genetic sequence in modern specimens. Then, using evidence from the fossil record about how quickly the two branches diverged, the group calculated roughly how fast genetic and anatomical differences must have emerged for each lineage over time.

They found that when some early branches of the arthropod family tree were splitting off, creatures were evolving new traits about four times faster than they did in the following 500 million years. The creatures' genetic codes were changing by about .117% every million years—approximately 5.5 times faster than modern estimates, the group reports online today in Current Biology. Lee calls this pace “fast, but not too fast” to reconcile with Darwin’s theory.

This combined model for genes and anatomy represents “quite a stride forward,” Wills says. The results not only show that the evolutionary clock ticked much faster around the time of the Cambrian, but also hint at what may have sped it up. The fact that genes and anatomy evolved at roughly the same rate suggest that pressures to adapt and survive in a world of new, complex predators drove both, the authors speculate. Innovations such as exoskeletons, vision, and jaws created new niches and evolution sped up to fill them. Wills agrees that the new research makes this explanation for the Cambrian explosion “look a lot more probable now.”

Others caution that such analysis is in its infancy. “It’s an excellent first step,” says Douglas Erwin, a paleontologist at the Smithsonian Institution in Washington, D.C., but the exact rates of evolution in the study might not be reliable. He points out that while the study uses fossil data to determine when a given arthropod branch emerged, it doesn’t include the known characteristics of these extinct ancestors in its comparisons of physical traits, which involve only living creatures.

Some of the assumptions the authors make in estimating these emergence dates are also problematic, says Philip Donoghue, a paleobiologist at the University of Bristol in the United Kingdom. But he believes future iterations of this approach—incorporating fossil traits into the analysis—will yield a powerful new tool: “All the cool kids will be doing it soon.”

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Dinossauros: Gigantes da Patagônia (2007)
Por: Marcus V. Cabral

© IMAX

Hoje assisti mais um filme que eu nunca tinha visto, um documentário feito para IMAX em 3D e posteriormente lançado em Blu-ray, chamado "Dinosaurs: Giants of Patagonia" (Dinossauros: Gigantes da Patagônia, em português). Esse documentário foi lançado já faz um bom tempo, 6 anos, porém justamente pela dificuldade de acesso a ele é que nunca havia visto. Não há versão em DVD de acordo com meu conhecimento. Enfim, o filme é claro trata dos dinossauros encontrados na Patagônia, Argentina, com foco no Cretáceo, época em que viveram alguns dos maiores animais que já pisaram nesse planeta. 
 
Confesso que a curiosidade que eu tinha de ver este filme era grande, em parte porque pouco se fala dele na internet. Não é como "Caminhando com os Dinossauros", que todo paleo aficionado conhece, pois foi lançado especialmente para os cinemas IMAX, cuja exibição é em 3D e foca muito na qualidade de imagem e gráficos de alta resolução para impressionar o espectador. Cinemas IMAX não são comuns e filmes feitos para essas salas são geralmente exclusivos, não indo para a TV, por isso a divulgação é pequena.
Pelas imagens que havia visto na internet, parecia ser um filme muito bom e cheio de conteúdo interessante, principalmente porque conta com a participação do paleontólogo profissional Rodolfo Coria, da Argentina. Mas antes de opinar no filme, vamos a um breve resumo da história e conteúdo.

O filme começa mostrando um meteoro e nossa galáxia, depois fala da Argentina e dos dinossauros em geral, mostrando cenários muito bonitos, mencionando diferenças entre o planeta de hoje e no Cretáceo. Os primeiros animais que vemos são répteis marinhos, um Ictiossaurídeo cuja espécie não foi mencionada e um Liopleurodon.  O estranho é que embora muitos dinossauros tenham ficado não identificados, eles foram posteriormente reconhecidos como algum gênero conhecido da Argentina, mas o Ictiossaurídeo não foi, nem sequer seu gênero foi definido.
 
Somos então levados às planícies desérticas da Argentina, onde conhecemos o paleontólogo Rodolfo Coria, renomado pesquisador argentino que começa nos contar sobre suas experiências na busca por dinossauros. Sempre acompanhando suas andanças por belos cenários onde fósseis foram achados, ouvimos a história do achado do Argentinossauro e então somos transportados para 90 milhões de anos atrás, para ver o bichão em "carne e osso".
© IMAX

© IMAX

Além de ver o Argentinossauro em um cenário muito bonito, vemos como seriam seus ninhos e a aparição de um dinossauro carnívoro pequeno e emplumado chamado Unenlagia, apelidado de Sharp Feathers ("Penas Afiadas", em português). Ele ataca os ovos dos Argentinossauros no ninho. Um pequeno macho Argentinossauro que acaba de nascer é apelidado de Strong One ("O Forte" em inglês). 
© IMAX
Como de praxe o narrador vai explicando sobre os dinos e sua época, apresentando fatos descobertos pelos paleontólogos. Cenários pré-históricos aparecem com pterossauros sobrevoando, sendo que em certo momento um deles se aproxima e voa em direção à câmera, nos permitindo ver que se trata de um Anhanguera, embora o narrador não o identifique. Aparecem outros pequenos herbívoros também não identificados, que segundo informações dadas fora do filme seriam do gênero Gasparinisaura e também Anabisetia. Outro pterossauro que aparece é o Pterodaustro, porém não é identificado também.
Em seguida vemos novamente o Dr. Coria, chegando a um local onde ele observa e registra pegadas de dinossauros no chão, enquanto ele mesmo narra a cena, comentando dos aspectos interessantes da vida de paleontólogo e sobre como foi a descoberta do Giganotosaurus.
© IMAX
A partir da pegada, que claramente é de um terópode grande, voltamos ao Cretáceo para ver um ninho de Giganotossaurídeo, com um dos pais que aparece expulsando o Unenlagia que tentava roubar os ovos e outro Giganotossaurídeo que também surge ali por perto. O Giganotossaurídeo observa um filhote nascer, todo emplumado, o qual nos é apresentado como uma fêmea apelidada de Long Tooth ("Dente Longo" em inglês). Em seguida mais alguns cenários belos e explicações do narrador, até começar a debater a possibilidade dos Argentinossauros serem atacados por predadores.
© IMAX

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Então volta o Dr. Coria a explicar sobre mais um achado, o de 7 indivíduos de uma mesma espécie de dinossauros juntos, predadores chamados Mapusaurus, do mesmo porte do Giganotossauro. Isso comprovou que eles caçavam em grupo e que talvez unindo suas forças pudessem ter alguma chance atacando um Argentinossauro. Revela-se então que Long Tooth é na verdade um Mapussauro e em seguida ela e outros da sua espécie atacam um Argentinossauro ferido do bando de Strong One. O ataque é mal sucedido, não conseguem derrubar o saurópode e Long Tooth acaba jogada no chão com um golpe de cauda do gigante, com os demais olhando para ela, dando a entender que a devorariam por ter sido ferida.
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A partir daí não parece haver mais eventos significantes na vida dos dois personagens centrais, apenas explicações e um corte para o Cretáceo Superior da América do Norte. No céu Quetzalcoaltus aparece voando e no espaço o cometa se aproxima, entra na atmosfera e por um breve momento um Tyrannosaurus rex caminha tranquilo enquanto pedaços do meteoro cortam o céu como estrelas cadentes. Em seguida o choque devasta tudo, só mostrando um grupo de saurópodes vivos após o impacto. Eles andam em um local desolado, até que um deles cai morto, porém os demais o ignoram e continuam em frente cabisbaixos. Tais saurópodes não são identificados e parecem bem com os Argentinossauros, embora no site Wikipedia estejam identificados como Alamosaurus.
O narrador explica que ainda restam dinossauros, as aves e por fim o Dr. Coria aparece novamente, para deixar mais uma mensagem.
Ao todo, são pelo menos 15 gêneros de animais pré-históricos retratados, mas os peixes e uma libélula tiveram muito pouca atenção e ficam até esquecidos, não sendo nem mencionados na maioria das listas de espécies do filme disponíveis na internet. Confira a lista de gêneros a seguir:
  • Gasparinisaura (Não identificado no filme)
  • Argentinosaurus
  • Giganotosaurus (Apenas mencionado)
  • Mapusaurus
  • Unenlagia (Muitas vezes chamado apenas de raptor)
  • Anabisetia (Não identificado no filme)
  • Liopleurodon
  • Quetzalcoatlus
  • Anhanguera (Não identificado no filme)
  • Pterodaustro (Não identificado no filme)
  • Ictiossaurídeo (Não identificado no filme)
  • Tyrannosaurus rex
  • Alamosaurus (Não identificado no filme)
  • Libélula (Não Identificada)
  • Peixes (Não identificados)
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Agora que você está sabendo o que do filme trata, vou fazer uns comentários de opiniões pessoais que tive ao ver o vídeo e um pouco também de opiniões de li por aí e que concordo. Bem, as imagens do documentário, em questão de qualidade, são muito boas. Ainda mais vendo em resolução alta, as imagens são impressionantes. Porém o filme não oferece muito além disso.
Os dinossauros mostrados são bem populares, com exceção de um ou outro, ou seja, nada de novidade aí. A ideia de usar um paleontólogo profissional e que de fato é da região abordada foi um ponto forte, afinal, dá mais credibilidade, pois o sujeito fala com conhecimento e não apenas lendo um roteiro que lhe foi preparado.
Pelo que percebi, a ideia do filme era que nós espectadores nos identificássemos de alguma maneira com os personagens principais, o Argentinossauro macho "Strong One" e a Mapusaurus gêmea "Long Tooth", mas isso não acontece tão bem quanto em outros documentários, como foi com o famoso "Big Al" num dos especiais da BBC.
Mal dá tempo da audiência se acostumar com os personagens, eles nascem e crescem de uma cena pra outra, não há um acompanhamento de sua vida nem nada. Isso porque o filme é em sua maioria composto de cenas de paisagens bonitas com ângulos de câmera aéreos entremeadas por aparições do Dr. Coria explicando as coisas. O objetivo da IMAX parece ter sido apenas agradar o consumidor visualmente e não no conteúdo. Animais que aparecem passaram despercebidos e identificados, em outros casos informações pela metade aparecem. Um problema que encontrei foi o fato de passarem metade do filme chamando os predadores de "Giganotossauros" e só no final dizer que se tratava na verdade de um Mapussauro. Tá certo que os animais são parentes, mas não quer dizer que dá pra sair por aí trocando o nome de um por outro. Até que a comunidade científica oficialmente aceite que são do mesmo gênero, ambos os dinos são diferentes, em gênero e espécie e portanto devem ser desde o início tratados como tal. A ideia dos produtores parece ter sido de primeiramente chamar o predador apenas por um nome baseado no grupo, como se fosse Giganotossaurídeos, mas não deixo isso claro e pode confundir quem assiste. De uma hora para outra começam a dizer que o dino não é mais um Giganotossauro e sim um Mapussauro. Quem é leigo em paleontologia, e que convenhamos, compõe a maior parte do público alvo do filme, fica meio perdido.
A parte de computação gráfica, texturização e cores dos animais é realista, mas seus movimentos muitas vezes deixam a desejar e em alguns momentos podemos perceber que a texturização não foi tão caprichada. É uma qualidade boa, mas não chega a ser tão boa quanto a de outros documentários, principalmente se comparados aos da BBC.
Um ponto forte do longa é que se mantém firme em relação aos fósseis, somente apresentando hipóteses baseadas em achados reais. Outro aspecto interessante é que várias cenas foram elaboradas de modo a intensificar o efeito 3D com que é apresentado no cinema, como por exemplo, quando animais (peixes, pterossauros) se deslocam em grande velocidade bem na direção da câmera, criando o famoso efeito de sair da tela. Isso acontece quando o Ictiossauro não identificado persegue um cardume de peixes que nada em direção à tela e quando um Anhanguera também se dirige velozmente na mesma direção.
Esses comentários são, é claro, opiniões pessoais minhas e não devem ser tomados como certos sem prévia análise do filme. Assista o filme abaixo disponível no YouTube para tirar suas conclusões. O filme parece estar completo, porém em inglês sem legendas em português. Não vi o filme completo pelo site, então não sei se falta alguma parte, embora pela duração pareça estar inteiro.
Ao que tudo indica o filme não foi lançado no Brasil nem em Blu-ray, porém existe a versão estrangeira, que infelizmente não traz legendas em português. Uma vez que essa é a única opção, temos que nos contentar e esperar que um dia seja disponibilizado em português.
Por enquanto é isso pessoal, se curtiu a resenha curte a postagem, compartilha no Facebook, Twitter, etc. Comenta aqui no blog também, isso é muito importante para incentivar mais postagens. Abraço e até a próxima!